Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda
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Entrevista<br />
“ Ser mineiro<br />
é uma<br />
vocação,<br />
é uma<br />
graça.”<br />
C<br />
30 - CECO/Casa dos Contos - Maio de 2009<br />
omo na maior parte de sua vi<strong>da</strong> eclesial, evita polêmicas (“Se eu disse alguma<br />
coisa que possa magoar alguém, por favor, não publique”, pede ao final <strong>da</strong> entrevista),<br />
mas não abre mão <strong>da</strong> defesa de princípios e dos valores, dentre os quais destaca a<br />
família: “Humanamente, meu encantamento maior é a família”. Instituição, aliás, que ele vê<br />
ameaça<strong>da</strong>, principalmente pela permissivi<strong>da</strong>de excessiva veicula<strong>da</strong> pelas novelas de TV.<br />
Diz que uma situação familiar na infância, quando conviveu ao mesmo tempo ‘com<br />
dois pais e duas mães’, o ensinou a não tomar partido, mas a buscar sempre o equilíbrio,<br />
e não encara essa circunstância como problemática: “Durante a ditadura, por<br />
exemplo, eu era tido como comunista pelos<br />
militares e direitista pelos estu<strong>da</strong>ntes e isso<br />
foi essencial para que eu pudesse aju<strong>da</strong>r<br />
os universitários presos.” Efetivamente, na<br />
Confederação Nacional dos Bispos do<br />
Brasil (CNBB), <strong>da</strong> qual foi vice-presidente,<br />
sua atuação ora era considera<strong>da</strong> progressista,<br />
ora era taxa<strong>da</strong> de conservadora e<br />
ele jamais teve alinhamento automático<br />
com qualquer dos grupos em que a enti<strong>da</strong>de<br />
muitas vezes se dividia. “A CNBB não tem<br />
lados, tem pessoas diferentes e grupos que<br />
se juntam mais, mas no essencial a gente está<br />
sempre junto”, diz.<br />
Outro bom exemplo de sua disposição<br />
para não tomar partido está no fato de,<br />
atleticano fervoroso, ter tido em Felício<br />
Brandi, talvez o mais importante presidente<br />
do Cruzeiro Esporte Clube, um grande amigo,<br />
de quem, inclusive, fez o casamento.<br />
Reconhece a construção <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
Católica de Minas Gerais, atual PUC<br />
Minas, como sua principal obra, cita Dom<br />
João de Rezende Costa, a quem substituiu,<br />
e o Papa João Paulo II como os seus principais<br />
exemplos de vi<strong>da</strong> e defende a ação do<br />
Papa Bento XVI à frente <strong>da</strong> Igreja como uma<br />
cruza<strong>da</strong> em defesa <strong>da</strong> família. Confessa, sem<br />
comentários, que não indicou seu sucessor,<br />
mas defende o atual processo de escolha dos<br />
bispos, embora não o considere ideal.<br />
Nasceu em Minas Novas quase por<br />
acaso, mas suas raízes estão mesmo em Itamarandiba,<br />
onde nasceram os pais e os outros 15 irmãos e onde passou a maior parte<br />
do tempo em que não estava no Seminário. Confessa-se “apaixonado” pelo Vale do<br />
Jequitinhonha e faz questão, inclusive, de não abandonar o linguajar de sua gente.<br />
Nesta entrevista à Revista do Ceco / Casa dos Contos, Dom Serafim Fernandes de<br />
Araújo, que irá completar 85 anos de i<strong>da</strong>de em 13 de agosto deste ano, fala um pouco<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, <strong>da</strong> igreja e, inclusive, de política.