Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda

Homenagem
Por Padre João Francisco Ribeiro (*)
PADRE
SIMõES:
pilar da arte e da fé
No dia 20 de janeiro de 2009, o clero de Mariana perdia um de seus mais ilustres confrades
e o povo de nossa Arquidiocese, em especial Ouro Preto, um grande mestre e guardião da
religiosidade e da cultura. Padre José Feliciano da Costa Simões foi pároco, por mais de 40 anos,
da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, onde milhares de fiéis e centenas de padres foram prestar-lhe
a última homenagem, na manhã do dia 21.
Filho ilustre da histórica Ouro Preto, patrimônio
da humanidade, padre Simões nasceu no dia 18
de dezembro de 1931, sendo seus pais Bianor
Simões Coelho e Gabriela Baeta da Costa Simões.
Em Ouro Preto iniciou seus estudos, dando sequência
a eles em Belo Horizonte e em Mariana, onde
terminou o 2º grau e cursou Filosofia e Teologia no
Seminário São José. Foi ordenado presbítero no
dia 1º de dezembro de 1957, pela imposição das
mãos de dom Daniel Tavares Baeta Neves, então
arcebispo coadjutor, no governo de dom Helvécio
Gomes Pimenta.
Padre Simões exerceu seu ministério presbiteral
em várias paróquias: Nossa Senhora da Conceição,
em Ouro Preto; Acesita; Mercês; Ponte Nova; Entre
Rios de Minas e Santa Cruz do Escalvado. Ministrou
Arte Sacra no Seminário de Mariana; foi professor e
coordenador disciplinar do Colégio Arquidiocesano
de Ouro Preto. Foi sub-capelão militar e coadjutor
de padre João Castilho, na Paróquia Nossa Senhora
do Pilar. Após a morte do padre João Castilho,
foi nomeado pároco daí, onde passou durante este
tempo profícuo, dedicando-se à arte e à cultura, e à
preservação da cultura religiosa.
Quando Tancredo Neves foi governador de
Minas Gerais, foi conselheiro do Instituto Estadual
de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). Recentemente,
era o representante da Arte e da Cultura da
América Latina na Unesco e conselheiro ad hoc do
Patrimônio Histórico Nacional.
Inegável reconhecer o legado deixado pelo
padre Simões. Com seu jeito singular, reservado,
quase tímido, defendia com vigor e sabedoria os
44 - CECO/Casa dos Contos - Maio de 2009
valores éticos, religiosos e culturais da nossa gente.
Perdemos a companhia de uma figura singular.
Ganhamos a garantia que, junto de Deus, ele estará
zelando por nós, pela preservação da fé e da arte.
Nossas orações se voltam a Deus para pedir-lhe que
saibamos reconhecer, através do exemplo do padre
Simões, o esplendor da divindade eterna, estampada
no jeito mineiro de construir templos, na sua religiosidade
vista nas ruas enfeitadas na Semana Santa e
nas celebrações repletas de fervor e beleza. Muitos
podem dizer que preservar a história é ter os pés no
passado. Mas como negar que, para construir um
futuro melhor, devemos olhar para trás, tanto para
os fatos como para os exemplos deixados, através
dos tempos, por aqueles que se dedicam a mudar a
realidade. Num mundo onde os valores éticos e morais
estão perdendo o significado, uma dor triste nos
rodeia ao lembrarmos que o padre Simões partiu.
Ao mesmo tempo, uma certeza permanece em nosso
peito. A semente plantada por ele há de produzir
frutos. Já os vemos. Muitos são os admiradores do
padre Simões e tantos são outros que também arregaçaram
com ele as mangas em prol da sua causa.
Alegremo-nos e voltemos nossas preces a Deus,
agradecendo a companhia do padre Simões neste
tempo aqui na terra. Que seu exemplo espalhe entre
nós a vontade de lutarmos pela paz e pele cuidado do
patrimônio de Deus, que é cada ser humano. E lutarmos
pela preservação de nossa identidade, manifestada
na nossa fé e na nossa cultura. Que do céu, padre
Simões seja o nosso “pilar da arte e da fé”.
(*) Padre João Francisco Ribeiro
é Diretor da Editora Dom Bosco.