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Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda

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História<br />

proibindo os católicos de frequentarem<br />

ou participarem de suas ativi<strong>da</strong>des. Em<br />

28 de setembro do mesmo ano, uma<br />

Provisão do Inquisidor Geral de Portugal,<br />

Nuno <strong>da</strong> Cunha, noticiava o ato do Papa<br />

reprovando “umas certas socie<strong>da</strong>des e<br />

agregações intitula<strong>da</strong>s De Liberi Muratori,<br />

vulgo pedreiros livres”, determinando que<br />

se fizesse cumprir a dita ordem em todo o<br />

Reino de Portugal, incluindo obviamente o<br />

Brasil. Como se não bastasse, em 18 de<br />

maio de 1751 o Papa Benedito XIV lançou<br />

contra a Maçonaria a Bula Provi<strong>da</strong>s<br />

Romanorum Pontificium, confirmando o<br />

Disfarce nas academias<br />

Fato ain<strong>da</strong> pouco conhecido e estu<strong>da</strong>do<br />

é o de que o inconfidente mineiro<br />

Cláudio Manoel <strong>da</strong> Costa - utilizando-se<br />

do pseudônimo Glauceste Satúrnio - fundou,<br />

no ano de 1768, em Vila Rica, a<br />

Arcádia Ultramarina, instituição subordina<strong>da</strong><br />

à Árcádia Romana. Sabe-se que<br />

os integrantes (dentre os quais estavam<br />

Tomás Antônio Gonzaga, Manuel Inácio<br />

Silva Alvarenga, Inácio José de Alvarenga<br />

Peixoto e Domingos Vi<strong>da</strong>l de Barbosa<br />

Lage, todos envolvidos com a Inconfidência)<br />

possuíam nomes simbólicos e que<br />

suas composições literárias reclamavam<br />

melhor sorte para Minas e para o Brasil,<br />

não se restringindo ao mero lirismo.<br />

Registre-se que Cláudio era também membro<br />

<strong>da</strong> Academia Brasílica dos Renascidos,<br />

sedia<strong>da</strong> na Bahia, socie<strong>da</strong>de que<br />

acabou sendo fecha<strong>da</strong> por determinação<br />

do governo português principalmente em<br />

razão do envolvimento com militares maçons<br />

franceses.<br />

A Arcádia Ultramarina teria sido, para<br />

alguns autores, a primeira instituição<br />

paramaçônica a congregar “pedreiroslivres”<br />

em Minas Gerais. A propósito,<br />

percebem os leitores mais atentos que<br />

na poesia de Cláudio Manuel <strong>da</strong> Costa<br />

teor <strong>da</strong> bula expedi<strong>da</strong> em 1738, o que<br />

implicou em recrudescimento <strong>da</strong> perseguição<br />

aos maçons.<br />

Em razão <strong>da</strong> forte repressão <strong>da</strong> Igreja<br />

aos chamados “pedreiros livres”, não<br />

se concebia a publici<strong>da</strong>de de Lojas ou<br />

de agrupamentos maçônicos explícitos,<br />

o que levou os obreiros <strong>da</strong> Arte Real a<br />

procurarem formas diferentes e disfarça<strong>da</strong>s<br />

para se reunirem, o que se deu,<br />

sobretudo, através <strong>da</strong> criação de “Academias”<br />

supostamente dedica<strong>da</strong>s às<br />

pesquisas científicas e a manifestações<br />

literárias.<br />

existem mensagens e inserções altamente<br />

significativas sob a ótica maçônica,<br />

o que evidencia – ao menos – o seu<br />

conhecimento sobre parte <strong>da</strong> doutrina e<br />

<strong>da</strong> simbologia <strong>da</strong> Ordem.<br />

Enquanto Cláudio versejava em Vila<br />

Rica, na Europa as perseguições aos<br />

maçons se acirravam.<br />

Veja-se a título de exemplo esse trecho do Epicédio I:<br />

Estes frutos são dessa doutrina,<br />

Que bebeste na cândi<strong>da</strong> oficina<br />

De uma ética inata: ali se alcança<br />

Aquela inalterável confiança,<br />

Que em ti saber firmar, mostrando ao mundo,<br />

Com desprezo <strong>da</strong> inveja, o mais profundo,<br />

Positivo esplendor, que te reserva,<br />

Superior à emulação proterva.<br />

Buscas o Autor <strong>da</strong> nobre arquitetura?<br />

Queres saber quem ergue essa estrutura,<br />

O dórico, o coríntio frontispício?<br />

Esse mármore o diga: mas o indício<br />

Na pedra se não grava: eh! que a pie<strong>da</strong>de<br />

Lhe encurtou esse alento na vai<strong>da</strong>de.<br />

<br />

CECO/Casa dos Contos - Maio de 2009 - 13

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