TECNOLOGIAS PARA O MANEJO DE RESÍDUOS NA PRODUÇÃO ...
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7.0 O uso racional dos dejetos como adubo orgânico<br />
7.1. Introdução<br />
81<br />
Adilson Zamparetti – Ciram/Epagri<br />
João Paulo Gaya – Engº Agrônomo<br />
A utilização de dejetos de suínos como fertilizante do solo tem sido difundida com<br />
base em aspectos econômicos, uma vez que representa um recurso interno das<br />
propriedades rurais, contendo nutrientes e matéria orgânica com potencial de aumentar a<br />
produtividade de grãos e a fertilidade do solo. Assim, esta prática tem sido considerada<br />
como um importante fator agregador de valor aos resíduos da atividade suinícola. Segundo<br />
as pesquisas conduzidas pela Embrapa Milho e Sorgo, os resultados agronômicos e<br />
econômicos da produção de grãos (milho e soja) com adubação de dejetos de suínos,<br />
mostram altas produtividades (6.000 a 7.800 kg/ha) e uma melhor relação custo/benefício da<br />
ordem de 38 a 63% (Konzen, et al. 1998, 2000, 2001, 2003). A adubação orgânica, com<br />
dejetos de suínos é um recurso disponível nas propriedades rurais, trazendo como<br />
conseqüência a redução dos custos de produção e uma maior margem de lucro para os<br />
produtores, fundamentais para a sustentabilidade econômica da suinocultura. Porém, o que<br />
tem sido observado nas regiões produtoras é o uso de dejetos sem critério algum,<br />
extrapolando muitas vezes a capacidade do solo em receber esses dejetos, causando<br />
poluição do ar, das águas superficiais e subterrâneas, do próprio solo, e também toxidez<br />
para as plantas, uma vez que as mesmas não conseguem absorver a grande quantidade de<br />
nutrientes aplicada. Para uma utilização adequada dos dejetos como fertilizante, com o<br />
mínimo risco de poluição, não basta apenas levar em conta a sua composição. Faz-se<br />
também necessário um estudo adequado do solo envolvendo análises físico químicas, para<br />
ver a sua composição, a determinação de sua classe de uso e aptidão e a necessidade<br />
nutricional da cultura que será implantada.<br />
Na maioria das regiões produtoras, no Brasil, os dejetos são manejados na forma<br />
líquida, o que pode agravar o risco de poluição. Esses dejetos podem apresentar grandes<br />
variações na sua composição, dependendo do sistema de criação, do manejo adotado e,<br />
principalmente, da quantidade de água utilizada na higienização das instalações ou<br />
desperdiçada nos bebedouros. Um dos fatores responsáveis pela baixa concentração de<br />
nutrientes é, sem dúvidas, a sua grande diluição em água. O excesso de água, além de<br />
reduzir o potencial fertilizante do esterco, faz com que aumentem significativamente os<br />
custos com armazenamento, transporte e distribuição por unidade de nutriente aplicada na<br />
lavoura. Cada litro de água desperdiçado representa uma perda significativa para o<br />
produtor, pela redução da qualidade fertilizante do esterco e pelo aumento dos custos de<br />
transporte e distribuição.<br />
7.2. Análise do solo<br />
O levantamento do solo é o primeiro passo a ser realizado para orientar o uso dos<br />
dejetos como adubo. Para tanto, são levados em conta o seu uso atual, a declividade da<br />
gleba, a pedregozidade, a profundidade e a drenagem. Em solos muito rasos, declivosos e<br />
pedregozos a aplicação dos dejetos deve ser criteriosa para que os mesmos possam<br />
infiltrar no solo, evitando assim sua chegada nos corpos d’água. Um correto manejo do solo<br />
também é fundamental para evitar a erosão e as perdas de nutrientes. Sempre que possível,<br />
deve-se evitar as operações de revolvimento do solo, para não provocar a oxidação da<br />
matéria orgânica, que é de fundamental importância para a sustentabilidade da atividade<br />
agrícola. Várias técnicas podem ser adotadas para evitar os problemas supracitados, dentre<br />
elas destacam-se o sistema de plantio direto (SPD) e o cultivo mínimo. Nesses sistemas o<br />
revolvimento do solo não é realizado e os restos culturais permanecem em cobertura,<br />
evitando o impacto direto das chuvas e a erosão. A adoção desses sistemas, aliados a um<br />
correto manejo dos dejetos, pode aumentar os teores de matéria orgânica no solo, tendo por