Edição 29 - Revista Algomais

Alexandre Albuquerque
n Juninho está feliz no Lyon onde pretende encerrar a sua carreira no futebol
tem dificuldade para acertar o time. Acho
que até lá o Brasil terá melhores condições
de jogo.
Am | E Juninho Pernambucano...
Juninho | Meu tempo já passou. Depois
da Copa do Mundo de 2006 optei por não
mais pensar em seleção brasileira. Ser selecionado
é muito prazeroso, mas desgasta
muito. Acho que a renovação tem que existir
mesmo.
Am | Os grandes astros dos times europeus
são estrangeiros. O que está
havendo com os clubes? Por que a
preferência pelos estrangeiros quando
na Europa tem tantos bons jogadores?
Juninho | Os estrangeiros fazem a dife-
rença dos times. Os clubes investem muito,
geralmente em jogadores de seleção que
chamam atenção do público e da imprensa.
Mas todo time europeu tem sempre um
grande jogador formado em casa, mas que
não chama tanta atenção.
Am | Hoje o futebol europeu é uma
meta do iniciante brasileiro. Que orientação
você daria a um jovem jogador
de 16,17 anos no futebol europeu?
Juninho | O momento da transferência é
importante. Ele não deve ir para a Europa
tão cedo nem esperar demais para ir. Como
hoje está mais difícil a transferência para os
grandes centros, deve-se dar atenção aos
novos mercados, como a Coréia, Japão,
Ucrânia, China, lugares que antes ninguém
queria jogar. A prioridade do jogador ini-
ciante deve ser a estabilidade financeira.
A carreira de jogador é muito curta, entre
10 a 15 anos. Ele tem que aproveitar muito
rápido para não passar dificuldade. Durante
esse período não dá para fazer outra coisa.
O conselho que daria é que é preciso muito
profissionalismo e treinamento.
Am | Têm futuro os jogadores com
maus hábitos?
Juninho | Qual o jovem que não gosta de
balada? Mas o jogador de futebol sério tem
que fazer sacrifício. Ele tem que se preservar
fisicamente para jogar bem 10 anos, 15
anos. Por ser uma pessoa pública, ele tem
de respeitar os torcedores, a história do clube.
Hoje em dia esse tipo com maus hábitos
está ficando sem espaço. Aquele que não
se cuida perde oportunidades e vê o mercado
fechar. Os contratos são mais longos
e se não render profissionalmente ele vai
ter dificuldade para fazer um novo contrato.
No Brasil, o jogador tem de melhorar muito
esse aspecto.
Am | As atitudes recentes de Ronaldo
Fenômeno – que se envolveu com travestis
- e de Ronaldinho Gaúcho – que se
dedicou à balada em Barcelona – prejudicam
a imagem do jogador de futebol.
Ele deve ter responsabilidade social?
Juninho | Deve ter sim, principalmente os
dois Ronaldos, que são ídolos no Brasil e no
estrangeiro. Geralmente, o primeiro presente
que se dá aos garotos é uma bola e eles
dizem sempre que querem ser jogador de futebol.
A responsabilidade do ídolo, portanto,
é grande. O que acontece é o seguinte: o jogador
do grande circuito do futebol começa a
ganhar dinheiro com facilidade e muito rapidamente.
Isso muda a personalidade de alguns,
altera a relação com os torcedores. Para mim
é muito difícil criticar outro profissional, mas
acho que todo jogador tem que dar um bom
exemplo, principalmente para as crianças.
Am | A preocupação com o social tem
motivado alguns craques do futebol a
criarem instituições para educar e proteger
crianças carentes. Aqui no Recife
você apóia o Lar do Neném que abriga
crianças abandonadas ou vítimas da
violência doméstica. Isso é válido?
Juninho | Todo dia agradeço a Deus por
u uu
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