Edição 29 - Revista Algomais

Alexandre Albuquerque
Cozinha globalizada
Quem freqüenta o centro do Recife
sabe onde encontrar cerveja gelada, papo
inteligente e petiscos diferentes: Bar Central.
Agora, o que até mesmo os mais assíduos
notívagos precisam descobrir são
os pratos da despretensiosa cozinha da
casa, comandada pelos irmãos André e
Ísio Rosermberg. Literalmente globalizada,
ela ganha novos pratos que transitam pelas
influências judaica, árabe, indiana, regional
ou chinesa. Uma miscelânea de sabores,
um cardápio sem rumo, certo? Errado. Para
começar, o Central oferece duas linhas de
pratos, com e sem carne. A partir daí, decidimos
por onde ir.
O cardápio vegetariano resulta da vivência
dos donos, reminiscências das visitas aos
antigos restaurantes vegetarianos do Recife
nos idos da década de 80, e das viagens a
Israel e Índia. Os pratos sem carne são um
diferencial do Bar Central. E de tão bons
vêm saciando a fome até dos carnívoros.
Há petiscos como o falafel - os bolinhos de
grão-de-bico e especiarias muito apreciados
nos países árabes e cuja origem é uma das
grandes polêmicas da gastronomia -, ou a
judaica varenikes. Destaque para a somosa,
o tradicional pastel indiano, que tem uma
versão recheada com ricota, cenoura e uva
passa e tempero deliciosamente picante. Par
perfeito para uma cerveja.
Voltando aos pratos, quero destacar
o inusitado filé ao molho de wasabi ou raiz
forte, com fetuccine na manteiga de alecrim.
Patrícia Raposo
praposo@uol.com.br
Serviço
Bar Central
Rua Mamede Simões, 144, Boa Vista
Fone: (81)3222.7622
De segunda a sexta, das 12h às 2h
Sábados, das 20h às 2h.
Cartões: Diners, Visa e Máster.
Uma combinação muito ousada, pois a raiz
forte, que nós brasileiros nos acostumamos
a usar quase que exclusivamente para
acompanhar o sushi, vira um molho surpreendente,
dando um sabor extremo ao filé. A
massa é equilibradamente aromatizada, pois
na manteiga, o alecrim dissolve seu sabor
acentuado e perfuma com discrição o fetuccine.
A criação é do cozinheiro João Batista,
que também criou outro prato muito bom, o
filé de peixe grelhado com molho de laranja e
gengibre. Vem com batatas sauté, douradas
pela cúrcuma, e arroz de brócolis com alho.
Os pratos vegetarianos sofrem influência
indiana, o que garante sabor, já que não faltam
especiarias. Eles integram o cardápio Dahba,
com duas opções de menu, sobremesas, petisco
e até de Lassi, a tradicional bebida com
iogurte, água de rosas e cardamomo.
Aqui a novidade é o arroz com sementes
de papoula, dahl de grão de bico, berinjelas
com bolinhos de ricota ao molho
de tomate, além de uma porção de pão
indiano (frito) e chutney de manga. O dahl
é um cozido que leva o garam massala,
mistura aromática de seis temperos (anis
estrelado, cravo, canela, cominho, coentro
em semente e cardamomo). Esses pratos,
elaborados em panelas por onde não passam
carnes, são feitos pelas mãos de uma
cozinheira vegetariana chamada Sarvesvari,
uma devota Hari Krishina. Dão uma
idéia do que são as exóticas comidas do
Oriente.
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