Edição 29 - Revista Algomais
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66 > > agosto<br />
Última página<br />
Falta de respeito ou displicência?<br />
É o mínimo que se pode dizer da velha<br />
prática de realizar consertos em vias públicas<br />
que se arrastam por, pelo menos, o dobro do<br />
tempo que levariam se fossem feitos 24 horas<br />
por dia, sábados, domingos e feriados.<br />
Se não, que outra explicação há para o<br />
fato absolutamente óbvio de que é injustificável<br />
encerrar às 18h (ou antes) um trabalho<br />
que deveria ser continuado pela noite adentro,<br />
justamente no horário em que o fluxo de veículos<br />
é menos intenso, para recomeçar às 8h da<br />
manhã (ou mais tarde), justamente no horário<br />
em que o fluxo é mais intenso? Que outra explicação há para que<br />
não se trabalhe durante os sábados, domingos e feriados, também<br />
quando o fluxo é sensivelmente menor?<br />
Para quem se vê, por obrigação profissional, compelido a trafegar<br />
pelas ruas e avenidas do Recife nos horários de maior fluxo e se depara<br />
com consertos que se arrastam morosamente por dias, quando<br />
não meses inteiros, há poucas coisas mais irritantes e psicologicamente<br />
mais desanimadoras da crença em uma sociedade civilizada.<br />
Engarrafamentos monstruosos, sensivelmente piorados por conta de<br />
uma insensibilidade pública absolutamente injustificável.<br />
No momento, duas dessas ocorrências ganham, disparadas,<br />
o título das mais enervantes e, por isso mesmo, são exemplos<br />
acabados de como não se deve proceder: o conserto da Avenida<br />
Domingos Ferreira e a lombada colocada embaixo da passarela interditada<br />
em frente aos Hospital das Clínicas da UFPE, na BR 101,<br />
Cidade Universitária, próxima ao antigo edifício da Sudene. Duas<br />
obras-primas de desrespeito ao cidadão. Na Domingos Ferreira, foi<br />
anunciada a interdição de uma faixa de cada lado e o prazo de um<br />
mês para realização dos serviços. Duas faixas de cada lado, um<br />
mês sem trabalho noturno, milhares de horas pedidas e milhões de<br />
24 horas por dia<br />
“Sempre que<br />
posso, telefono<br />
para os órgãos<br />
responsáveis, em<br />
especial para a<br />
CTTU.”<br />
Francisco Cunha<br />
franciscocunha@revistaalgomais.com.br<br />
reais de prejuízos individuais depois, o trânsito<br />
foi desviado para diminuir o engarrafamento<br />
gigante que produz.<br />
No que diz respeito à fatídica lombada,<br />
a sorte do cidadão motorizado passante (em<br />
transportes individuais e coletivos) é bem menor<br />
ainda. Colocada em virtude da interdição da<br />
passarela aérea, a lombada provoca, nas horas<br />
de maior fluxo, engarrafamentos monstruosos,<br />
tanto no sentido norte quanto sul. A alegação<br />
das autoridades responsáveis (?) é que a lombada<br />
permanecerá até que seja concluída a licitação<br />
para recuperação da passarela. O prazo<br />
para isso está estimado em, pasmem os leitores, três infindáveis meses.<br />
Ao leigo parece inaceitável o argumento de que não é possível a<br />
realização de outra modalidade legal de contratação dos serviços necessários<br />
de recuperação, amplamente justificável pela emergência.<br />
Por questões de natureza certamente burocráticas, milhares de<br />
horas perdidas e milhões de reais gastos ou deixados de ganhar, além<br />
da paciência torrada de milhares de pessoas. Tudo por falta daquela<br />
atenção mínima que as autoridades responsáveis estão obrigadas a<br />
prestar ao público, àquele público que é também contribuinte e cidadão.<br />
Precisam saber que não estariam fazendo nenhum favor mas,<br />
única e exclusivamente, cumprindo a sua obrigação mais elementar.<br />
A nós, cidadãos, cabe protestar, reclamar, exigir respeito.<br />
Sempre que posso, telefono para os órgãos responsáveis, em especial<br />
para a CTTU. A despeito do atendimento majoritariamente<br />
atencioso, quando reclamo das obras abandonados pelas ruas,<br />
recebo a resposta de que não é com a CTTU mas, sim, com outro<br />
órgão da prefeitura ou do governo do Estado. Ora, tudo que diz<br />
respeito ao trânsito, sobretudo o que atrapalha, tem que ser de<br />
responsabilidade da CTTU. Apesar da resposta padrão, insisto.<br />
Um dia serei ouvido.