1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom
1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom
1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Continuidade</strong> e des<strong>Continuidade</strong><br />
a idade Média<br />
Uma exegese geralmente espiritual ou alegórica com propósitos<br />
morais proveu, então, a forma aceitável pela qual os Testamentos<br />
deveriam se relacionar. Quatro “sentidos” da Escritura (literal,<br />
alegórico, tropológico e anagógico), definidos primariamente por<br />
Orígenes e Agostinho, foram separados da “letra” e do “espírito”<br />
do texto e perceptíveis em João Cassiano († 435). Estes dominariam<br />
a exegese medieval, particularmente no que se refere <strong>ao</strong> AT<br />
em relação <strong>ao</strong> NT. Isso pode ser visto nas palavras de importantes<br />
comentaristas medievais como Isidoro de Sevilha (c. 560-636), Beda,<br />
o Venerável (c. 673-735), e Ambrósio Autperto († 781). Durante a<br />
Idade Média essa tradição tornou-se diferenciada e regularizada<br />
em modos monásticos e escolásticos de reflexão teológica. Embora<br />
frequentemente mescladas, a teologia monástica buscava na Bíblia<br />
um texto para a vida litúrgica e devocional. A implicação disso é<br />
que os vários níveis espirituais de significado na Bíblia foram ressaltados<br />
como ajudas à vida moral. A teologia escolástica, impulsionada<br />
pela curiosidade e pelo questionamento dialético, fez maiores<br />
exigências filosóficas sobre o texto. Tal teologia se defrontaria mais<br />
diretamente com o problema de outras fontes de conhecimento e<br />
como essas fontes desafiariam um ou ambos os Testamentos. 15<br />
O período carolíngio trouxe um despertamento <strong>ao</strong>s estudos<br />
bíblicos. Entretanto, somente no século XVII começamos a encontrar<br />
coisas de interesse à nossa pergunta. Por exemplo, o desenvolvimento<br />
da teologia monástica na obra de indivíduos como Rupert de Deutez<br />
(c. 1075-1129/30), Bernardo de Clairvaux (1090-1153), Ricardo de São<br />
Vítor († 1173), Joaquim de Fiore (1132-1202) e Boaventura (c. 1217-<br />
1274) mostra uma aprofundada interpretação espiritual da Escritura,<br />
que une os Testamentos por meio da elaborada figurae para ilustrar<br />
o movimento de tempo em direção <strong>ao</strong> julgamento final concomitante<br />
com as virtudes adequadas a cada período da história. Quando a<br />
teologia escolástica atingiu certo ápice em Tomás de Aquino, o mesmo<br />
aconteceu em relação à teologia monástica com referência à história<br />
em Joaquim de Fiore e com respeito à alma, em Boaventura. Joaquim<br />
é de particular interesse. Seu elaborado plano de tipos e figuras do<br />
AT foi composto por uma grade semelhante, discernida no livro de<br />
Apocalipse, para criar uma explosiva visão tripartida da história. Isso<br />
aniquilou os grupos ortodoxos e dissidentes que criam na iminência<br />
do milênio na Reforma e durante seu período. 16<br />
22