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1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom

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<strong>Continuidade</strong> e des<strong>Continuidade</strong><br />

Existe algum senso de perspectiva histórica em Justino Mártir<br />

(c. 100-c.160). Em sua Primeira apologia ele oferece um esquema um<br />

tanto completo de profecia e cumprimento (p. ex., XXXI, XLIX). Seu<br />

Diálogo com Trifão apresenta um incipiente federalismo: os cristãos<br />

são chamados da mesma forma que Abraão (CXIX). Entretanto, o AT<br />

ainda parece mais um livro cristão do que judeu (Trifão, XI–XIV). Há<br />

também uma percepção de que todas as testemunhas de Deus foram<br />

cristãs, seja pelo judaísmo (VIII) ou pela cultura grega (no caso de<br />

Platão, p. ex., LIX–LX). Justino tem uma percepção razoavelmente<br />

bem definida de figuras e imagens que prenunciam a verdade cristã<br />

mais completa, uma ideia propositadamente desenvolvida por um<br />

contemporâneo, Mileto de Sardes. Entretanto, é Ireneu (c. 130-c.<br />

200) que começa a oferecer reflexão histórica mais profunda sobre<br />

a questão do inter-relacionamento dos Testamentos. Em Contra as<br />

heresias, Ireneu argumenta que Deus vem a nós de duas maneiras:<br />

na história e por meio de seu Filho. A Escritura esboça os caminhos<br />

pelos quais a Trindade se manifesta gradativamente a nós (IV, 22).<br />

A ordem e o contexto de eventos se relacionam com estágios do<br />

desenvolvimento da humanidade (IV, 13-15). O AT, cheio de imagens<br />

e tipos, aponta o caminho na direção da revelação mais completa de<br />

Deus, que é Cristo (IV.10.26). É também usado para dar orientação<br />

em descrever a futura felicidade do milênio na terra (V) subsequente<br />

à segunda vinda de Cristo (de acordo com Justino Mártir, Hipólito e<br />

Tertuliano). Ireneu rebateu a especulação gnóstica dizendo que foi<br />

o mesmo Deus que veio até nós em Cristo, bem como em diferentes<br />

períodos da história (IV, 5, 12), e posteriormente estabeleceria<br />

seu reino tangível. Os argumentos de Ireneu irão influenciar tanto<br />

as questões hermenêuticas como as questões de evolução histórica,<br />

à medida que estas surgirem das tentativas de inter-relacionar os<br />

Testamentos. 5<br />

Nem todos no século II viram a relevância do AT em relação<br />

<strong>ao</strong> NT. Os mestres que se opunham a Ireneu viram pouca necessidade<br />

da antiga revelação. Marcião do Ponto († c. 160), um dos<br />

mais famosos, desenvolveu um plano de salvação gnóstico que<br />

argumentava sobre uma dicotomia radical entre a velha e a nova<br />

dispensações. Seu sistema teológico, construído com base em<br />

um dualismo sistemático, postulava dois deuses, o deus da lei<br />

e da antiga revelação e o deus do evangelho, pai de Jesus Cristo.<br />

Geralmente, estes eram opostos, ou seja, um deus bom e um deus<br />

mau. A história e a materialidade foram denegridas. A salvação era<br />

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