1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom
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<strong>Continuidade</strong> e des<strong>Continuidade</strong>: o <strong>debate</strong> <strong>ao</strong> longo da história da igreja<br />
enfatizassem a abordagem metodológica crítico-histórica de todo o<br />
cânon. Entretanto, o que poderia ser um árido intelectualismo, estava<br />
agora associado a novas visões avançadas da história, separadas<br />
dos Testamentos e com mais valor poético.<br />
o séCulo XiX<br />
Immanuel Kant (1724-1804) leva-nos diretamente às perguntas<br />
do século. Crítico de ceticismo cada vez maior (como em David<br />
Hume), Kant esforçou-se para compreender os limites do conhecimento.<br />
Ele deixou pouco espaço para a metafísica, antevendo, assim,<br />
o romantismo de Schleiermacher, o idealismo hegeliano, o reino<br />
moral de Ritschl e o Deus distante de Kierkegaard. Nisso ele deu<br />
continuidade <strong>ao</strong> padrão de crítica do século anterior, acrescentando<br />
que os estímulos de consciência eram superiores no AT. Em lugar<br />
de uma imposição de fora e de uma sujeição <strong>ao</strong> governo de Deus<br />
por natureza, ele defendeu uma percepção interior e uma prática de<br />
moralidade oriunda da vontade autônoma, não dependente, sobre a<br />
lei heteronômica ou o poder submisso <strong>ao</strong> governo de Deus. 29<br />
O idealismo moral e o progressivismo histórico esboçado por<br />
Kant ajudaram a completar o cenário para o desenvolvimento da<br />
“alta” crítica como foi desenvolvida originariamente na Alemanha.<br />
Na obra de Friedrich Schleiermacher (1768-1834) essa crítica reivindicou<br />
oferecer orientação à igreja para uma fé mais esclarecida.<br />
Fundamentando a autoridade religiosa na “percepção de<br />
absoluta dependência de Deus”, ele rejeitou as partes de ambos<br />
os Testamentos mais distantes de um profundo senso interior<br />
de divindade. O AT era, de fato, de muito maior valor do que a<br />
mitologia grega. Ambas as tradições constituíram caminhos de preparação<br />
para o evangelho. A filosofia de G. W. F. Hegel (1770-1831)<br />
e a teologia de F. C. Baur (1792-1860) provavelmente melhor representam<br />
o progressivismo histórico do período. Em ambas, a religião<br />
dos judeus foi parte de uma contínua realização de uma verdade<br />
mais completa da história. A crítica bíblica de Julius Wellhausen<br />
(1844-1918) pode muito bem ser vista suportando estas e também<br />
mais recentes premissas racionalistas, em sua articulação do desenvolvimento<br />
gradual da religião hebraica desde uma forma animista<br />
nômade até a criação de um sistema racional de leis. De formas<br />
diferentes Adolf Harnack (1851-1930) conduziu seu progressismo<br />
de volta à busca pelo autêntico passado de Jesus, pondo de lado<br />
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