1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom
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<strong>Continuidade</strong> e des<strong>Continuidade</strong><br />
Esse método, usado por Clemente de Alexandria (155-c. 220),<br />
foi melhor desenvolvido por Orígenes com respeito às Escrituras<br />
cristãs. A interpretação histórica ou literal sempre foi fundamental.<br />
Entretanto, o AT em particular estava cheio de enigmas. Era uma<br />
alegoria ou símbolo espiritual. O significado – e de certo modo a<br />
nova dispensação – estava oculto no antigo com discutível consideração<br />
pela história. Foi trabalho do exegeta encontrar o significado<br />
espiritual. A influência de Orígenes foi ampla. Ela não somente<br />
aprofundou a perspectiva teológica de sua própria época, embora<br />
com significativas imperfeições, como também se tornou a base<br />
para muita exegese medieval, na medida em que buscava encontrar<br />
diferentes compreensões figurativas do texto construído sobre sua<br />
superfície ou sentido literal. Esse sistema deu esperanças para uma<br />
aprofundada apropriação teológica da Escritura. O AT e o NT foram<br />
mostrados para apresentar os mesmos ensinos; somente o estilo de<br />
conhecimento deles foi diferente. As imperfeições desse método<br />
repousam na perda da realidade histórica e na abertura de brechas<br />
para o desenvolvimento de um sistema espiritual imaginário de<br />
salvação promovido posteriormente por pensadores gnósticos que<br />
o estenderam <strong>ao</strong> NT. 8<br />
O alegorismo encontrou oposição nos teólogos associados à<br />
“escola” exegética encontrada em Antioquia da Síria. O formato desse<br />
movimento é visto em pensadores como Luciano († 312), Diodoro<br />
de Tarso (c. 330-c.390), e especialmente Teodoro de Mopsuéstia (c.<br />
350-428). Diodoro oferece uma definição mais penetrante de alegoria<br />
(Gl 4.24), mais adequadamente denominada “tipologia”, indicando<br />
a direção de interesse entre esses comentaristas no sentido de<br />
discernir uma relação mais forte entre os Testamentos. Esse relacionamento<br />
foi visto como correspondência, não simplesmente simbolismo.<br />
Acreditava-se estar presente na própria Escritura (Is 51.9-16;<br />
Gl 4.24). Eventos e pessoas numa revelação anterior eram “tipos”<br />
das que apareceriam depois. Dessa forma, o significado espiritual<br />
e o sentido histórico do texto estavam intimamente ligados. Pela<br />
percepção (theoria) podia-se discernir tanto a realidade histórica<br />
quanto o propósito espiritual de um texto colocado dentro de um<br />
quadro mais claro da evolução gradual da revelação (verdade mais<br />
completa sobre Cristo é encontrada nos Evangelhos, não numa interpretação<br />
do AT). Isso teve a vantagem de oferecer uma compreensão<br />
mais integral da unidade da Bíblia. A alegoria pareceu perder isso<br />
por associações não confiáveis ou desautorizadas. 9<br />
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