1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom
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<strong>Continuidade</strong> e des<strong>Continuidade</strong>: o <strong>debate</strong> <strong>ao</strong> longo da história da igreja<br />
Teodoro de Mopsuéstia fez mais para esclarecer o pensamento<br />
antioqueno, separando textos da Escritura que se aplicavam<br />
somente à história daqueles que continham um elemento preditivo.<br />
Ele chegou a ponto de dizer que Cantares, normalmente entendido<br />
como uma alegoria entre Cristo e a alma ou a igreja, foi escrito por<br />
Salomão para celebrar seu casamento com uma princesa egípcia.<br />
Embora Teodoro não negasse a interpretação alegórica, sua obra<br />
sustentou claramente a sugestão e levantou a questão acerca da<br />
possibilidade e do modo em que se deve separar na história a área<br />
sagrada e a secular, um assunto que realçava a preocupação cristológica<br />
com o nestorianismo. 10<br />
Tanto Alexandria como Antioquia aprofundaram as perspectivas<br />
teológicas sobre o inter-relacionamento dos Testamentos.<br />
Entretanto, na primeira isso aconteceu às expensas da história, e na<br />
segunda, às custas do mistério ou da espiritualidade. O alegorismo,<br />
mostrado em teólogos tão eminentes como Cirilo de Alexandria<br />
e os pais capadócios, no Oriente, e Hilário de Poitiers e Ambrósio<br />
de Milão, no Ocidente, afetou a exegese medieval de uma forma<br />
dominante. As ideias desenvolvidas em torno de Antioquia forneceram<br />
a perspectiva para a pregação de João Crisóstomo (c. 347-407).<br />
Elas influenciaram também Jerônimo e outros doutores da igreja,<br />
que, não obstante, muito deveram <strong>ao</strong> alegorismo de Alexandria. Os<br />
princípios articulados por Antioquia continuaram a testemunhar a<br />
importância da história e se tornaram influentes, de uma forma mais<br />
dominante, nos anos da Reforma Protestante.<br />
os doutores da igreja<br />
De acordo com Tertuliano, os teólogos do século III ilustraram<br />
a harmonia existente entre os Testamentos. Isso foi estabilizado e<br />
fixado com autoridade por quatro teólogos no século seguinte que<br />
deram liderança à igreja. Três – Jerônimo, Agostinho e Gregório, o<br />
Grande – são de interesse para nós. Eles são também importantes<br />
no sentido de que completam um processo de redefinição espiritual<br />
do milênio, iniciado com Orígenes, segundo o qual as promessas de<br />
Deus dadas a Israel serão aplicadas à igreja.<br />
Encontramos o nome de Jerônimo (c.342-420) ligado <strong>ao</strong> traba -<br />
lho de dar forma <strong>ao</strong> AT. Jerônimo se destacou mais do que Orígenes,<br />
Atanásio ou Rufino na defesa da Bíblia hebraica e na divisão da<br />
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