1 Continuidade e descontinuidade: o debate ao ... - Viverpontocom
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<strong>Continuidade</strong> e des<strong>Continuidade</strong><br />
texto. Aqui, como em outra parte, a teologia de Tomás de Aquino<br />
(c. 1225-1274) deu forma resumida. Aquino enfatizou o sentido<br />
literal do texto (ST 1a.I.10), mostrando a tendência natural de sua<br />
filosofia. Embora não temendo a alegoria, ele argumenta que o<br />
sentido literal exibe o peso completo da intenção do autor. Podia<br />
existir um sentido espiritual, mas seu lugar era de edificação, não<br />
de prova. Era conhecido por Deus e podia ser discernido à luz<br />
de revelação posterior. Aquino colocou em evidência um tríplice<br />
argumento contra a alegoria: (1) ela é suscetível de engano; (2)<br />
sem um método claro ela leva à confusão; e (3) ela carece de um<br />
senso de integração adequada da Escritura. 18<br />
Alguns, como Pedro Auriol e Nicolau de Lyra (c. 1270-1340),<br />
continuaram a linha dos que ofereceram uma leitura mais aguçada<br />
dos Testamentos. Nicolau de Lyra inspirou-se na obra de exegetas<br />
judeus, particularmente o comentarista Rashi (1040-1105). Seu<br />
comentário enfatizava uma compreensão “literal dupla” do texto.<br />
Tanto a intenção de Deus quanto a do autor humano podiam ser<br />
designadas como sentido literal adequado do texto. Dir-se-ia mais<br />
tarde a respeito de Lyra que ninguém, desde Jerônimo, havia contribuído<br />
tanto para a compreensão do AT quanto ele. 19<br />
a renasCença e a reforMa<br />
A obra de Martinho Lutero (1483-1546) ficou em débito<br />
com a obra de Lyra, como também com as correntes derivativas<br />
mais amplas da Renascença. Sua crítica a Roma começou com o<br />
sistema sacramental e a teologia escolástica; depois continuou a<br />
questionar a exegese. Lutero insistiu na autoridade e suficiência<br />
da Escritura em oposição à tradição da igreja. Entendidos pela<br />
fé e pela iluminação do Espírito (Weimar, VII, 96-98), ambos os<br />
Testamentos da Escritura estavam abertos a todos os cristãos. A<br />
revelação, seja preparatória ou progressiva, teve uma história que<br />
o Espírito possibilitou ser compreendida. Lutero rejeitou os significados<br />
“espirituais” tradicionais ou a quádrupla interpretação da<br />
Escritura e foi na direção de um único significado do texto, exceto<br />
onde uma interpretação espiritual tinha a clara intenção do autor.<br />
Essa abordagem histórica do AT foi um fator central na teologia<br />
da Reforma. Entretanto, a questão do seu sentido literal em relação<br />
<strong>ao</strong> NT permaneceu legítima. Lutero seguiu Lefèvre d’Etaples e<br />
argumentou que os escritores do AT estavam conscientes da vinda<br />
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