O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa
O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa
O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Em casa,<br />
em Pigalle,<br />
on<strong>de</strong> recebeu<br />
o Ípsilon<br />
mente bom, por isso vamos ajudarte!”<br />
Aceitar dinheiro governamental<br />
significa transigir e não fazer aquilo<br />
que se <strong>de</strong>seja mesmo fazer <strong>de</strong> uma<br />
forma artística.<br />
Mas também se po<strong>de</strong> estar refém<br />
do mercado, da popularida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> compromissos com alguém<br />
que é exterior.<br />
Claro que sim, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da forma como<br />
se utiliza o que temos à mão.<br />
Quando parto para um trabalho façoo<br />
a partir <strong>de</strong> um prisma artístico. O<br />
<strong>de</strong>safio é esse. Mas mais tar<strong>de</strong> começo<br />
a pensar na utilização pragmática daquilo<br />
que estou a fazer. Ou seja, aspiro<br />
a ser popular e tento criar oportunida<strong>de</strong>s<br />
para mim próprio, no sentido<br />
do meu trabalho ser comunicado. Faço<br />
imensa música que não edito porque<br />
sei que não terá qualquer valida<strong>de</strong><br />
em termos <strong>de</strong> mercado. O facto <strong>de</strong><br />
me divertir a fazê-la não significa que<br />
tenham que ouvi-la.<br />
O filme fará o circuito habitual<br />
das salas <strong>de</strong> cinema?<br />
Vai ser exibido das mais diversas formas,<br />
em circuitos <strong>de</strong> distribuição ou<br />
festivais. Até agora foi exibido em salas,<br />
em sessões especiais, em que as<br />
pessoas vêem e pagam o seu bilhete.<br />
Depois, normalmente, faço o meu<br />
“show” <strong>de</strong> piano. Nesse mo<strong>de</strong>lo já fiz<br />
em L.A., Nova Iorque, Montreal, Toronto,<br />
Tóquio, Londres, Paris.<br />
O filme acaba por ser<br />
consequência <strong>de</strong> um álbum on<strong>de</strong><br />
entregou a produção a Boys<br />
Noize, que nem sequer é alguém<br />
com afinida<strong>de</strong>s consigo.<br />
Des<strong>de</strong> que ele fez uma remistura <strong>de</strong><br />
“My moon my man”, que escrevi com<br />
Feist, que me apercebi que era alguém<br />
capaz <strong>de</strong> ir além da música <strong>de</strong> dança.<br />
E acertei. É um <strong>gran<strong>de</strong></strong> músico. A tonalida<strong>de</strong><br />
do álbum foi escolha <strong>de</strong>le, o<br />
que me <strong>de</strong>ixou livre para outras coisas.<br />
Foi tudo tão fácil que <strong>de</strong>cidi fazer<br />
o filme. Cheguei a um ponto em que<br />
comecei a interrogar-me: “porque é<br />
que isto está a ser tão fácil? Não era<br />
suposto!” No fim do processo, que<br />
costuma ser esgotante, tinha muita<br />
energia extra que não consumira e<br />
resolvi fazer o filme.<br />
Os seus álbuns são sempre<br />
muito diferentes. Não é comum<br />
acontecer na pop, on<strong>de</strong> existe<br />
uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>. Esse<br />
propósito <strong>de</strong> fazer diferente é<br />
<strong>de</strong>finido previamente ou só no<br />
final dá por isso?<br />
Cada álbum tem que ser um <strong>de</strong>safio.<br />
É uma <strong>de</strong>cisão consciente, mas não é<br />
um “statement”. Há <strong>de</strong>z anos diziamme<br />
que a minha música era muito diversificada<br />
e que isso era um problema.<br />
Não sabiam como me situar. A<br />
solução foi criar uma ligação entre<br />
todas essas músicas, que sou eu, a personalida<strong>de</strong><br />
Gonzales, a filosofia, as<br />
batalhas ao piano, o recor<strong>de</strong> do Gui-<br />
“Há certas condições<br />
em que um homem<br />
só, ao piano, po<strong>de</strong><br />
ser abatido, mas<br />
dou luta”<br />
Ípsilon • Sexta-feira 5 Novembro 2010 • 15