13.04.2013 Views

O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa

O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa

O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

As vozes interiores <strong>de</strong> M<br />

Uma modista, uma Espanha <strong>de</strong>scosida numa Europa rota, e um livro, “O Tempo entre Costuras”,<br />

quase sem tempo agora, nem para autógrafos. E tudo numa dúzia e tal <strong>de</strong> meses, um fenómeno.<br />

menos importante do que as pessoas <strong>de</strong>la, contada a quente, entre Tetuán, Madrid<br />

Livros<br />

Maria Dueñas é uma estreante<br />

na ficção: até escrever “O Tempo<br />

entre Costuras” e se<br />

transformar num sucesso<br />

transatlãntico (mais <strong>de</strong> meio<br />

milhão <strong>de</strong> livros vendidos em<br />

20 países e 12 línguas<br />

diferentes), era apenas uma<br />

filóloga da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Múrcia<br />

24 • Sexta-feira 5 Novembro 2010 • Ípsilon<br />

Até há um ano e picos, Maria Dueñas<br />

era só uma filóloga da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Múrcia, virada para os livros dos<br />

outros. Foi em 2009. Agora tem milhares<br />

<strong>de</strong> pessoas viradas para o livro<br />

<strong>de</strong>la, uma história <strong>de</strong> aventuras e <strong>de</strong>sventuras<br />

e um fenómeno <strong>de</strong> vendas<br />

que gosta <strong>de</strong> ver como um golpe da<br />

“sorte”.<br />

“O Tempo entre Costuras” (Porto<br />

Editora), que obrigou a novíssima<br />

escritora espanhola a uma roda-viva<br />

<strong>de</strong> sessões <strong>de</strong> lançamento dos dois<br />

lados do Atlântico – uma <strong>de</strong>las há dias<br />

em <strong>Lisboa</strong>, quando conversou connosco<br />

–, é o reencontro com Tetuán,<br />

a antiga capital do Marrocos Espanhol,<br />

nome tão frequente nas conversas<br />

da família como esquecido nas<br />

memórias do seu país. Daí a i<strong>de</strong>ia.<br />

“Para mim ouvir o nome da cida<strong>de</strong><br />

era uma coisa natural. Mas a seguir<br />

<strong>de</strong>i-me conta <strong>de</strong> que para o resto das<br />

pessoas não era tão comum. Uma parte<br />

da nossa história está muito esquecida”,<br />

diz, sem ar <strong>de</strong> queixa, porque<br />

o que quis foi resgatar uma cida<strong>de</strong><br />

“on<strong>de</strong>, a meias com os militares, borbulhava<br />

também uma socieda<strong>de</strong> como<br />

qualquer outra”. Resultado: um<br />

“boom” <strong>de</strong> vendas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que uma<br />

editora (a Temas <strong>de</strong> Hoy) imprimiu<br />

timidamente uns 3.500 exemplares,<br />

para ver o que dava. O que <strong>de</strong>u já vai<br />

em mais <strong>de</strong> meio milhão <strong>de</strong> livros vendidos<br />

em 20 países e 12 traduções, e<br />

fez a autora <strong>de</strong>ixar por instantes a aca<strong>de</strong>mia<br />

e os livros dos outros.<br />

“Prefiro pensar que tudo isto foi<br />

um golpe <strong>de</strong> sorte”, diz, a sorrir, confrontada<br />

com o facto <strong>de</strong> estar a beliscar<br />

tiragens como as <strong>de</strong> Pérez-Reverte,<br />

que o “El País” consi<strong>de</strong>rou o escritor<br />

mais completo da língua<br />

castelhana.<br />

Um saltinho à história, que na edição<br />

portuguesa tem 628 páginas. Sira<br />

cresce num bairro pobre <strong>de</strong> Madrid,<br />

a costurar, a alinhavar, a pespontar,<br />

entre linhas, botões, e pachorrentos<br />

gatos ao sol, pois ainda não se ouve<br />

Primo <strong>de</strong> Rivera nem chegou 1936. Um<br />

dia troca um rapaz generoso por outro<br />

<strong>de</strong> brilhantina, que a <strong>de</strong>ixa, em Marrocos,<br />

abandonada, roubada e cravada<br />

<strong>de</strong> dívidas. E com um bebé que não<br />

nascerá. Refaz a vida em Tetuán, on<strong>de</strong><br />

se torna uma estilista <strong>de</strong> referência<br />

e amiga da inglesa Rosalinda,<br />

que a convence a voltar à capital<br />

espanhola e a espiar para os serviços<br />

secretos britânicos – acabara<br />

a guerra civil e começava a<br />

mundial, e era preciso evitar<br />

que a Espanha se voltasse para<br />

Hitler, a quem Franco, como<br />

se sabe, <strong>de</strong>via favores. A aventura<br />

também passa pelo antigo<br />

Hotel do Parque, no Estoril,<br />

nesse tempo cheio <strong>de</strong><br />

gente <strong>de</strong> gabardinas <strong>de</strong> golas<br />

levantadas. No fim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

escapar a um atentado congeminado<br />

por um português, o<br />

Silva, amigo do volfrâmio da<br />

Panasqueira e dos alemães, e <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!