13.04.2013 Views

O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa

O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa

O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ock’n’roll?”, gritavam zangados e<br />

acusadores, ro<strong>de</strong>ados que estavam<br />

nesse distante 2000 por coisas<br />

inenarráveis – Papa Roachs e<br />

Drowning Pools e Disturbeds e Limp<br />

Bizkits – há muito atiradas para o<br />

rodapé dos rodapés da história.<br />

Depois, todos sabem o que<br />

aconteceu. Apareceram os Strokes e<br />

explodiram os White Stripes, os<br />

Mooney Suzuki adaptaram a “rave<br />

up” dos Yardbirds a uma nova era e<br />

os Black Rebel Motorcycle Club, em<br />

volume altíssimo, com a guitarra a<br />

<strong>de</strong>sdobrar-se numa massa sonora<br />

feita <strong>de</strong> ácido blues e reverberação<br />

constante, com o baixo a provocar<br />

danos consi<strong>de</strong>ráveis ao esqueleto (só<br />

lhe faz bem ser chocalhado daquela<br />

maneira), atacaram-nos com<br />

estrondo, aglomerando a escola Brian<br />

Jonestown Massacre, o balanço Jesus<br />

& Mary Chain e a iconografia marginal<br />

do rock’n’roll (o bom cabedal dos<br />

Velvet a <strong>de</strong>stacar-se) num power-trio<br />

voraz, todo ele urgência e abandono a<br />

essa coisa do rock’n’roll que eles não<br />

sabiam on<strong>de</strong> raio se tinha metido.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que o homónimo<br />

álbum <strong>de</strong> estreia, editado em 2001,<br />

não mais seria superado pela banda<br />

<strong>de</strong> São Francisco, lógico seria falar em<br />

seguida <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cadência<br />

prolongada, <strong>de</strong> como é impossível<br />

voltar ao lugar on<strong>de</strong> se foi feliz, etc,<br />

etc. Mas os Black Rebel Motorcycle<br />

Club, que mantêm a rota<br />

Broken Social Scene: muitos<br />

em palco para a <strong>gran<strong>de</strong></strong> festa<br />

Dez anos <strong>de</strong>pois, os Black Rebel<br />

Motorcycle Club ainda não<br />

per<strong>de</strong>ram a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos<br />

transportar para o “wild si<strong>de</strong>”<br />

do rock’n’roll<br />

praticamente inalterada,<br />

exceptuando a viragem acústica <strong>de</strong><br />

“Howl” – folk rock e blues tratados<br />

com o tom bombástico <strong>de</strong> um John<br />

Bonham -, nunca entraram realmente<br />

em <strong>de</strong>cadência. Foi-se o<br />

“momentum” e, contra isso, nada<br />

po<strong>de</strong>m. Contudo, ao vê-los em<br />

concerto no DVD que acompanha<br />

“Live”, editado no ano passado,<br />

sente-se que ainda pen<strong>de</strong> sobre eles<br />

uma salvadora con<strong>de</strong>nação: o tal grito<br />

fundador continua a ser aquilo que os<br />

mantém <strong>de</strong> pé, escondidos sob luz<br />

negra, procurando hipnose colectiva<br />

sobre uma torrente <strong>de</strong> flashes.<br />

Há um álbum editado este ano,<br />

“Beat The Devil’s Tattoo”, e também<br />

uma nova baterista, Leah Shapiro,<br />

no lugar do fundador Nick Jago (o<br />

homem da drogaria, que saiu por<br />

não controlar a drogaria), mas isso<br />

dos álbuns é, neste contexto,<br />

pormenor secundário. Interessa a<br />

experiência do concerto, a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a banda nos<br />

transportar para um qualquer “wild<br />

si<strong>de</strong>” que ainda faça sentido em<br />

2010, <strong>de</strong>z anos passados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

os ouvimos pela primeira vez.<br />

Depois <strong>de</strong>, em 2002, terem<br />

actuado no festival Sudoeste, os<br />

Black Rebel Motorcycle Club<br />

regressam a Portugal. Segunda-feira,<br />

sentados na Aula Magna, vamos vê-<br />

los em <strong>Lisboa</strong>. Em pé, no<br />

regressado, regressado, renovado renov e<br />

“relocalizado” Ha Hard Club, lá os<br />

receberemos receberem terça no<br />

Porto. M.L.<br />

A festa<br />

indie in<br />

São tudo menos uma banda “indie”<br />

normal, a começar na geometria<br />

variável da sua formação e a acabar<br />

na regularida<strong>de</strong> com que lançam<br />

novos discos. Demoraram cinco<br />

anos a lançar um novo álbum <strong>de</strong><br />

originais, mas a espera valeu a pena:<br />

“Forgiveness Rock Record”, o disco<br />

dos canadianos Broken Social Scene<br />

<strong>de</strong>ste ano, é uma feliz colecção <strong>de</strong><br />

canções, com um corrupio <strong>de</strong><br />

vocalistas, guitarras na melhor<br />

tradição indie, euforia movida a<br />

trompetes, pop sem mácula (“All to<br />

all”) e momentos que cabiam no<br />

cancioneiro Pavement (“Water in<br />

hell”).<br />

Ao vivo, como comparávamos em<br />

Maio, em Barcelona, no festival<br />

Primavera Sound, e po<strong>de</strong>remos<br />

repetir na Aula Magna e na Casa da<br />

Música, as mil e uma possibilida<strong>de</strong>s<br />

da música dos Broken Social Scene<br />

são matéria para uma festa que<br />

lembra, no método, os compatriotas<br />

Arca<strong>de</strong> Fire, mas sem a tendência<br />

para fazer canções maiores do que a<br />

vida. É nessa discrição, aliás, que<br />

resi<strong>de</strong> a beleza das suas canções.<br />

Explicou Andrew Whiteman, um<br />

<strong>de</strong>les, ao Ípsilon: “Somos como [o<br />

pintor] Jackson Pollock: atiramos<br />

tudo o que temos e <strong>de</strong>pois<br />

organizamos, <strong>de</strong> maneira que faça<br />

sentido. Pelo menos para nós”. Não<br />

só para eles, dizemos nós: há uma<br />

imensa minoria à espera <strong>de</strong>les em<br />

Portugal. P.R.<br />

Clássica<br />

Jordi Savall<br />

e a ciência<br />

da música<br />

Jordi Savall leva à Casa da<br />

Música e à Gulbenkian o<br />

programa “Istambul”, que<br />

associa a música do Império<br />

Otomano do século XVII<br />

ao repertório tradicional<br />

sefardita e arménio. Cristina<br />

Fernan<strong>de</strong>s<br />

Hespèrion XXI<br />

Direcção Musical <strong>de</strong> Jordi Savall.<br />

Porto. Casa da Música - Sala Suggia. Pç. Mouzinho<br />

<strong>de</strong> Albuquerque. Amanhã, às 18h. Tel.: 220120220.<br />

20€.<br />

<strong>Lisboa</strong>. Fundação e Museu Calouste Gulbenkian -<br />

Gran<strong>de</strong> Auditório. Avenida <strong>de</strong> Berna, 45A. Dom., 7,<br />

às 19h. Tel.: 217823700. 20€ a 45€.<br />

Broken Br Social<br />

Sc Scene<br />

<strong>Lisboa</strong>. Lisbo Aula Magna. Alam.<br />

Universida<strong>de</strong>. Univ Dom., 7, às 21h.<br />

Tel.: 2217967624.<br />

23€ a 30€.<br />

Istambul 1710.<br />

O diálogo entre culturas diferentes e<br />

a combinação das tradições musicais<br />

populares e eruditas são<br />

componentes essenciais do percurso<br />

Porto. Casa da Música - Sala 2. Pç.<br />

Mouzinho Mouzi <strong>de</strong> Albuquerque. 2ª, 8,<br />

artístico <strong>de</strong> Jordi Savall, que se têm<br />

multiplicado em diversos projectos<br />

às 22h.<br />

Tel.: 220120220. 23€. discográficos nos últimos anos.<br />

Ípsilon • Sexta-feira 5 Novembro 2010 • 37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!