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O grande ditador - Fonoteca Municipal de Lisboa

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Discos<br />

varieda<strong>de</strong>s dos anos 70 e 80 (“Soft<br />

Power”, 2008).<br />

Agora regressa com “Ivory<br />

Tower”, o álbum que é também<br />

filme on<strong>de</strong> <strong>de</strong>legou as funções <strong>de</strong><br />

produtor nas mãos do alemão Alex<br />

Ridha, ou seja Boys Noize, o jovem<br />

alemão conhecido por pegar rastilho<br />

em qualquer pista <strong>de</strong> dança com<br />

doses imparáveis <strong>de</strong> adrenalina,<br />

através <strong>de</strong> uma electrónica<br />

selvagem.<br />

É uma colaboração improvável,<br />

mas que resulta, facto tanto mais <strong>de</strong><br />

assinalar porque é discernível, em<br />

cada um dos temas, o que pertence<br />

a cada um. As pianadas, as melodias<br />

acetinadas, as vocalizações, os<br />

arranjos esvoaçantes são da colheita<br />

<strong>de</strong> Gonzales. Os sons comprimidos,<br />

o dinamismo electrónico, o sentido<br />

rítmico, a produção rigorosa, os<br />

pequenos elementos sonoros<br />

distorcidos são da safra <strong>de</strong> Boys<br />

Noize.<br />

É um álbum total, diverso, <strong>de</strong><br />

canções pop electrónicas (“Knight<br />

moves” e “I am Europe”), <strong>de</strong> baladas<br />

para piano e electrónicas<br />

(“Bittersuite”, “Final fantasy”), <strong>de</strong><br />

recriações ações funk digitalizado como o<br />

melhor hor Prince do final dos anos<br />

80 (“You “You can dance”) ou <strong>de</strong><br />

cantilenas ilenas que parecem<br />

promover mover um encontro<br />

entre e o minimalismo <strong>de</strong><br />

Steve e Reich, através do<br />

piano, o, e a electrónica<br />

que se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong>senvolve por<br />

camadas adas <strong>de</strong> Noize<br />

(“Smothered mothered mate” ou<br />

“Never ver stop”). Muito bom.<br />

Ou, como diria Gonzales,<br />

excelso. lso.<br />

Vítor r Belanciano<br />

Muito bom<br />

- ou, como<br />

diria<br />

Gonzales,<br />

excelso<br />

42 • Sexta-feira 5 Novembro 2010 • Ípsilon<br />

Hipnotica<br />

Twelve-Wired Bird Of Paradise<br />

Metropolitana; distri. iPlay<br />

mmmnn<br />

O tempo dos<br />

Hipnótica recua<br />

até bem lá trás, à<br />

sua formação em<br />

meados da década<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1990. Passada<br />

década e meia,<br />

chegamos a<br />

“Twelve-<br />

Wi WWired red Bird Of<br />

Paradise” e,<br />

apesar <strong>de</strong><br />

conhecermos a<br />

história da<br />

banda, somos<br />

surpreendidos. Os<br />

Hipnótica<br />

continuam a ser<br />

justos justos reflectores<br />

do seu tempo,<br />

mas<br />

Gran<strong>de</strong><br />

nova-velha<br />

banda, estes<br />

Hipnótica<br />

fazem-no agora com uma liberda<strong>de</strong> e<br />

uma felicida<strong>de</strong> inesperadas.<br />

Embrenharam-se no campo e <strong>de</strong> lá<br />

vieram com harmonias vocais<br />

resgatadas a proveniências diversas<br />

(Zombies, Beach Boys, Fleet Foxes),<br />

com violas acústicas chocalhando<br />

com a reverberação <strong>de</strong> teclados<br />

“vintage”, com uma renovada visão<br />

musical em que memórias do<br />

tropicalismo se cruzam com o gingar<br />

dos d Vampire Weekend e em que a<br />

electrónica el é utilizada em pincelada<br />

rápida rá e discreta (serve para dar<br />

corpo co à estrutura das canções).<br />

Acolhem-nos A<br />

no seu “Playground”<br />

imaginário im (a primeira canção,<br />

introdução in perfeita a este novo<br />

mundo m da banda), reinterpretam as<br />

sinfonias si pop dos Love <strong>de</strong> “Forever<br />

Changes” C à luz da sua escola jazzy<br />

divagante d e, cantam, cantam muito,<br />

cantam ca sempre, radiantes na sua<br />

nova n pele. Gran<strong>de</strong> nova-velha banda,<br />

estes es Hipnótica. Mário Lopes<br />

AAntony<br />

and the Johnsons<br />

Sw Swanlights<br />

RRough<br />

Tra<strong>de</strong>, distri. PopStock<br />

mmmnn m<br />

Gera sensações<br />

contraditórias, o<br />

novo álbum <strong>de</strong><br />

Antony. É<br />

provavelmente o<br />

seu disco mais<br />

aarriscado,<br />

mas sem a surpresa<br />

pporque<br />

já lhe conhecemos a<br />

eessência.<br />

A singularida<strong>de</strong><br />

in interpretativa e a expressivida<strong>de</strong><br />

eemocional<br />

continuam intactas, mas<br />

a<br />

elegância e a justeza dos outros<br />

ttrês<br />

discos encontra-se diluída. Esta<br />

é<br />

uma obra mais dispersa.<br />

EEnquanto<br />

conjunto <strong>de</strong> canções será<br />

mmenos<br />

inspirado. Mas não é mau.<br />

LLonge<br />

disso.<br />

Ao longo da última década<br />

AAntony<br />

afirmou-se com uma<br />

llinguagem<br />

particular, assente na<br />

vvoz,<br />

no piano e na sumptuosida<strong>de</strong><br />

ddos<br />

arranjos que nunca abafavam a<br />

fr fragilida<strong>de</strong> emocional do conjunto.<br />

A<br />

voz respira tanto melhor quanto<br />

mmais<br />

esquelético é o edifício sónico<br />

qque<br />

a envolve. Em “Swanlights” essa<br />

oopção<br />

mantém-se, embora mu<strong>de</strong>m<br />

aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente<br />

Enquanto<br />

colecção<br />

<strong>de</strong> canções,<br />

“Swanlights”<br />

é a obra menos<br />

conseguida<br />

<strong>de</strong> Antony<br />

alguns elementos instrumentais que<br />

dão corpo às canções. Há guitarras<br />

acústicas em “The great white<br />

ocean”, algum dinamismo rítmico<br />

em “I’m in love” ou “Thank you for<br />

your love” e texturas electrónicas <strong>de</strong><br />

forma mais visível em algumas das<br />

canções. Mas é nos temas menos<br />

adornados – em especial, “Flétta”,<br />

magnífico dueto com a islan<strong>de</strong>sa<br />

Björk, com acompanhamento ao<br />

piano, ou “Ghost” e “Christina’s<br />

farm”, apenas com o americano na<br />

voz e no piano – que o melhor<br />

Antony acaba por vir ao <strong>de</strong> cima.<br />

Mas não há propriamente momentos<br />

dispensáveis. Dir-se-ia apenas que,<br />

enquanto colecção <strong>de</strong> canções,<br />

“Swanlights” revela-se a obra menos<br />

conseguida <strong>de</strong> Antony. V.B.<br />

Lloyd Cole<br />

Broken Record<br />

Tapete Records<br />

mmmmn<br />

Onze boas<br />

canções novas<br />

<strong>de</strong> Lloyd Cole<br />

que não vão<br />

convencer<br />

ninguém<br />

que já não<br />

gostasse <strong>de</strong>le<br />

Lloyd Cole está<br />

mesmo a pedi-las:<br />

chamar ao disco<br />

“Broken Record”,<br />

“disco riscado”, é<br />

convidar os<br />

cínicos a dizer que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo<br />

dos Commotions e <strong>de</strong> “Rattlesnakes”<br />

que anda a fazer o mesmo com<br />

retornos progressivamente menores.<br />

Isso implica, contudo, que os cínicos<br />

não têm andado a prestar atenção à<br />

carreira <strong>de</strong> um cantor/compositor<br />

com as influências certas no lugar<br />

certo, e que passou parte substancial<br />

da sua discografia a travar uma<br />

batalha perdida <strong>de</strong> antemão consigo<br />

próprio. A partir do momento em<br />

que aceitou que outro “Rattlesnakes”<br />

era improvável e que não era a tentar<br />

reinventar-se sem sentido que a coisa<br />

ia ao sítio, problema resolvido. Sem<br />

ter <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a exigências<br />

editoriais, subsistindo nas margens<br />

do “mainstream”, Cole tem vindo a<br />

somar discretamente um acervo <strong>de</strong><br />

discos sólidos, quase artesanais,<br />

on<strong>de</strong> a ironia das suas letras tem sido<br />

colorida pela experiência da vida<br />

com amargura, irrisão e uma pontual<br />

melancolia outonal. “Broken Record”<br />

são, então, mais onze canções “fora<br />

<strong>de</strong> tempo” que po<strong>de</strong>riam ter sido<br />

gravadas durante a renascença<br />

“eighties” do rock <strong>de</strong> guitarras <strong>de</strong><br />

influência americana-facção-Byrds,<br />

talvez até mesmo durante os<br />

primeiros tempos dos cruzamentos<br />

country-rock <strong>de</strong> meados da década<br />

<strong>de</strong> 1960. É o primeiro Cole com<br />

banda em muitos anos, tem meiadúzia<br />

<strong>de</strong> clássicos instantâneos a que<br />

só a <strong>de</strong>satenção permitirá passar ao<br />

lado (“Writers Retreat!” podia ser<br />

Commotions “vintage”,<br />

“Rhinestones”, “Why in the World”<br />

ou “Like a Broken Record” sugerem<br />

até on<strong>de</strong> a banda podia ter ido se não<br />

se tivesse separado em 1989). E,<br />

graças a Deus, não traz<br />

absolutamente nada <strong>de</strong> novo, não<br />

persegue a moda do momento, não<br />

quer ser mais do que aquilo que é,<br />

que têm absoluta consciência do que<br />

ele sabe fazer, do que ele faz bem e<br />

do que nós gostamos <strong>de</strong> o ouvir fazer.<br />

São onze boas canções novas <strong>de</strong><br />

Lloyd Cole que não vão convencer<br />

ninguém que já não gostasse <strong>de</strong>le.<br />

“Disco riscado”? Ora bem. Ainda<br />

bem. Jorge Mourinha<br />

ENRIC VIVES-RUBIO

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