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Sem título-1 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Publicação mensal independente da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba PR Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

ALEXANDRE VICTORINO<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antonio Carlos Coelho, Aristide<br />

Brodeschi, Breno Lerner, Daniel Benjamin<br />

Barenbein, David Harris, Edda Bergmann,<br />

Eduard Yitzhak, Eugenia Souza, Fred<br />

Dalton Thompson, George Chaya, Hana<br />

Beris, Jane Bichmacher de Glasman, Pilar<br />

Rahola, Reda Mansour, Sara Schulman,<br />

Sérgio Feldman, Sonia Bloomfield, Ted<br />

Feder, Tzvi Freeman, Youssef M. Ibrahim,<br />

Yossi Groisseoign e Walid Phares<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />

comentários publicados, sejam de terceiros<br />

(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />

pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />

que o VJ esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

Um ano bom e doce, apesar dos microcéfalos<br />

stamos nos aproximando<br />

de Rosh Hashaná, que marca<br />

o início do novo ano e<br />

de Iom Kipur, o Dia do Perdão.<br />

São duas das mais importantes<br />

celebrações judaicas<br />

simbolizando renovação do ciclo da<br />

vida, o arrependimento por más<br />

ações e a remissão perante D-us.<br />

Entre ambas as datas estão os Iamim<br />

Noraim, os Dias Temíveis, na verdade,<br />

dias altamente sagrados, durante<br />

os quais devemos refletir profundamente<br />

e realizar um exame de consciência<br />

um autobalanço. Também são<br />

conhecidos como os “Dias Intensos”,<br />

um período de 10 dias considerado<br />

como de julgamento para cada um<br />

de nós. Entende-se que o Édito Divino<br />

só pode ser alterado através de<br />

três ações em conjunto: Tshuvá (Retorno),<br />

Tsedaká (Boas ações) e Tefilá<br />

(Orações). Devido<br />

à importância<br />

deste período —<br />

Iamim Noraim —,<br />

Nossa capa<br />

Datas importantes<br />

foi definido um mês inteiro de preparação,<br />

que é o de Elul. Tem significado<br />

especial, e por isso é chamado<br />

de “Tempo de Piedade e Perdão”,<br />

a oportunidade de invocar a D-us<br />

Sua piedade e Seu perdão, para que<br />

nos ajude a iniciar um novo ano com<br />

saúde, paz e prosperidade.<br />

Se, no entanto, almejamos mudanças<br />

com o novo ano, certos fatos,<br />

porém, parecem nunca mudar.<br />

O anti-semitismo, uma dessas deploráveis<br />

doenças, sempre se adapta<br />

ao meio e ao tempo, mas jamais desaparece.<br />

Pode dissimular, trocar de<br />

alvo (antigamente era o judeu ser<br />

humano, hoje é Israel, o judeu das<br />

nações), ou de posição política,<br />

mas segue sendo o mesmo fétido<br />

dejetório onde proliferam ódio, intolerância<br />

e preconceito racial, que<br />

já deveriam ter desaparecido da<br />

face do planeta. Mas essa malignidade<br />

continua a grassar em certos<br />

indivíduos psiquicamente perturbados.<br />

Talvez seja esse o caso do es-<br />

Shabat Shofetim<br />

Shabat Ki Tetsê<br />

Shabat Ki Tavó<br />

Shabat Nitsavim / Vaiêlech<br />

Véspera de Rosh Hasahná<br />

1º dia de Rosh Hashaná<br />

2º dia de Rosh Hashaná<br />

Haazinu / Shabat Shuvá<br />

Jejum de Guedália<br />

Véspera de Iom Kipur<br />

Iom Kipur<br />

Véspera de Sucot<br />

crevinhadeiro que assina por Fausto<br />

Wolff, nas páginas daquele que<br />

foi um dia gigante da imprensa brasileira,<br />

o Jornal do Brasil, e que hoje<br />

dá espaço para o vomitório provocativo<br />

do infausto microcéfalo. Sua<br />

última excrescência: Garatujar algumas<br />

linhas para defender a tese<br />

(!?) de que o demente de Teerã, outro<br />

nanocefálico, Ahmadinejad,<br />

nunca quis ou pretendeu varrer Israel<br />

do mapa! Isso, a despeito das<br />

seguidas e inúmeras manifestações,<br />

nesse sentido, do verborrágico iraniano,<br />

as quais foram sobejamente<br />

registradas na imprensa mundial.<br />

Uma rápida pesquisa no Google<br />

revela a fonte inspiradora do artigo:<br />

sites anti-sionistas já davam “notícia”<br />

igual. Interessante é confrontar<br />

os “fatos” que também citou, com<br />

o histórico da população judaica no<br />

Irã: em 1948 eram cerca de<br />

100.000; em 2002 caíram para<br />

20.405 (Wikipedia) e atualmente<br />

menos de 11.000 (segundo o Ame-<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo <strong>título</strong> é “Toque do Shofar”, elaborada com a técnica<br />

aquarela e dimensões de 50 x 35 cm, criação de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em<br />

Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu<br />

trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />

por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários<br />

países e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração. É o autor das capas do<br />

jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre ele, visite o site www.brodeschi.com.br).<br />

18 18 de de agosto<br />

agosto<br />

25 25 de de agosto<br />

agosto<br />

1º de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

8 8 de de setembro<br />

setembro<br />

12 12 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

13 13 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

14 14 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

15 15 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

16 16 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

21 21 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

22 22 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

26 26 de de de setembro setembro<br />

setembro<br />

Falecimentos<br />

Ricardo Killner, dia 25/7 - 10 de Av de 5767,<br />

sepultado no Cemitério Israelita de Umbará dia 27/<br />

7/07.<br />

Luiz Schrier, dia 1º/8 - 17 de Av de 5767, sepultado<br />

no cemitério Israelita do Umbará<br />

Jacques Frischmann, dia 2/8 – 18 de Av de<br />

5767, em São Paulo, SP.<br />

Moisés Liberman, dia 18/8 – 4 de Elul de 5767,<br />

em Campinas, SP, pai de Alberto Liberman e Gilza<br />

Strachman. Sepultado no Cemitério Israelita do Butantã,<br />

em SP.<br />

Humor judaico<br />

Redes Redes<br />

Redes<br />

Durante escavações nos EUA arqueólogos descobriram,<br />

a 100 m de profundidade, vestígios de fios de<br />

cobre que datavam do ano 1000. Os americanos concluíram<br />

que seus antepassados já dispunham de uma<br />

rede telefônica naquela época.<br />

Os franceses, para não ficar para trás, escavaram<br />

também seu subsolo, encontrando restos de fibras<br />

ópticas a 200 m de profundidade. Após minuciosas<br />

análises, concluíram, triunfantes, que seus antepassados,<br />

há 2.000 anos atrás já dispunham de uma rede<br />

digital a base de fibra óptica!<br />

Uma semana depois, em Tel-Aviv, foi publicado o<br />

seguinte anúncio: “Após escavações arqueológicas no<br />

subsolo de cidades e vilas em toda a Região de Haifa,<br />

até uma profundidade de 500 metros, os cientistas<br />

israelenses não encontraram absolutamente nada. Eles<br />

concluem que os antigos judeus já dispunham há<br />

5.000 anos de uma rede wireless”.<br />

rican Jewish Committee). Já pensaram<br />

o que diriam de Israel se a população<br />

palestina tivesse diminuído<br />

em cerca de 90%? Mais: Desde a<br />

revolução islâmica, pelo menos 19<br />

judeus foram executados no Irã por<br />

razões religiosas ou conexões com<br />

Israel (segundo o “2001 Annual Report<br />

on International Religious Freedom”,<br />

U.S. Department of State). A<br />

verdade é que temos anti-semitas<br />

usando máscaras de direitos humanos<br />

na imprensa brasileira. E produzindo<br />

uma mentirada execrável.<br />

Não obstante tudo isso, nós do<br />

jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, queremos renovar<br />

nosso compromisso de continuar<br />

combatendo inabalavelmente<br />

não só o anti-semitismo como qualquer<br />

tipo de preconceito racial,<br />

afirmar o nosso sionismo, a defesa<br />

de Israel e os valores democráticos,<br />

e reforçar os nossos laços com<br />

o judaísmo. A todos os leitores desejamos<br />

um Shaná Tová Umetuká<br />

neste novo ano de 5.768.<br />

A Redação<br />

Acendimento das<br />

velas em Curitiba<br />

agosto/setembro 2007<br />

Véspera de Shabat<br />

DATA HORA<br />

24/8 17h42<br />

31/8 17h44<br />

7/9 17h47<br />

12/9 1 17h49<br />

13/9 2 após 18h43<br />

14/9 3 17h49<br />

21/9 4 17h52<br />

26/9 5 17h54<br />

1 - Véspera de Rosh Hashaná<br />

2 - 1 0 dia de Rosh Hasahná<br />

3 - 2 0 dia de Rosh Hasahná<br />

4 - Véspera de Iom Kipur<br />

5 - Véspera de Sucot


Sérgio Feldman *<br />

proximam-se as Grandes<br />

Festas e se faz necessário<br />

realizar o “Cheshbon Nefesh”,<br />

o acerto de contas<br />

com D-us e com o próximo.<br />

Neste período refletimos<br />

sobre o que fizemos no ano anterior<br />

e tratamos de refazer nossas relações,<br />

pedir perdão e tentar se tornar<br />

seres humanos mais elevados,<br />

justos e piedosos.<br />

Neste espírito, escreverei meu<br />

último artigo sobre as mulheres da<br />

Bíblia. Refletir sobre as distorções<br />

que foram feitas na imagem feminina,<br />

tendo como referência o Judaísmo<br />

e tentar perceber que as mulheres<br />

na Bíblia Hebraica (Tanach) não<br />

eram consideradas, seres inferiores,<br />

e tampouco eram excluídas do convívio<br />

social e espiritual. A exclusão<br />

social da mulher surgiu num período<br />

posterior, fato que eu tento demonstrar<br />

em um artigo acadêmico,<br />

que deve ser publicado numa revista<br />

de uma universidade do sul do<br />

Brasil (UCS). Neste breve artigo tecerei<br />

reflexões simples e ilustrarei<br />

minhas interpretações e opiniões<br />

com citações bíblicas. Mas não pretendo<br />

esgotar o tema.<br />

Nos estudos de História que se<br />

dedicam às questões do feminino,<br />

denominados “Estudos de Gênero”<br />

(que abarcam também outros gêneros)<br />

concebe-se a definição de espaços<br />

abertos e fechados e da liberdade<br />

de circular e de ser ou não<br />

ser ativa nestes espaços, como um<br />

parâmetro para definir a autonomia<br />

da mulher. Um destes é o espaço<br />

dito privado que seria o espaço controlado<br />

da família, do lar e do clã.<br />

Um espaço restrito e controlado. O<br />

outro espaço seria o público, que<br />

seria o espaço da sociedade em geral,<br />

da rua, dos recintos externos a<br />

casa. Nos Estudos de Gênero define-se<br />

que as mulheres foram sendo<br />

gradualmente excluídas do espaço<br />

público e controladas dentro do<br />

espaço privado, na família ou clã, e<br />

dentro da casa. Coloca-se uma cerca<br />

em torno da mulher e limitam-se<br />

suas funções. Um exemplo comum é<br />

a da mulher ateniense. Consideradas<br />

inferiores e incapazes tornamse<br />

reclusas a um espaço da casa denominado<br />

gineceu. O que ocorre no<br />

caso das mulheres da Bíblia?<br />

As narrativas da Bíblia são de um<br />

espaço de tempo muito extenso. As<br />

mulheres da Bíblia hebraica ou Tanach<br />

viveram dentro de um longo período.<br />

Entre Sara e Betsabé (Bat Sheva)<br />

há cerca de oitocentos anos. Se<br />

for entre Sara e as mulheres da época<br />

de Jeremias haveria cerca de mil<br />

e trezentos anos. Uma imensidão de<br />

tempo. As coisas mudam em um século,<br />

imagine em dez a treze séculos.<br />

Ainda assim, faremos uma impre-<br />

VISÃO JUDAICA<br />

Mulheres da Bíblia (III)<br />

agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

cisa generalização, visto termos pouco<br />

espaço para escrever.<br />

As mulheres do período dos patriarcas<br />

e dos períodos seguintes<br />

(até o período dos Reis e Profetas)<br />

eram socialmente ativas e circulavam<br />

pelos espaços públicos. Alguns<br />

exemplos: o namoro entre<br />

Moisés e Séfora (Tzipora) ou os<br />

encontros de Jacob e Raquel ou de<br />

Eliezer com Rivka (Rebeca) nos<br />

poços da cidade demonstram que<br />

as mulheres livres circulavam pelos<br />

espaços das aldeias e das cidades<br />

em busca de água, por exemplo. Vale<br />

ressalvar que todos estes exemplos<br />

são de fora da Terra de Israel. A arqueologia<br />

e a história provam que<br />

isto é comum no mundo bíblico.<br />

Argumentos podem ser ditos que<br />

isto é parte de uma função familiar<br />

e de uma divisão de funções e trabalho,<br />

na qual a mulher buscava a<br />

água nas fontes, mas não representa<br />

uma participação social ou religiosa.<br />

Isso pode ser refutado com<br />

alguns exemplos. Um deles é sensível<br />

e exemplar: No primeiro capítulo<br />

do Primeiro Livro de Samuel, Elcana<br />

leva suas duas esposas, Penina<br />

e Hana (Ana) ao santuário de Siló<br />

(Shiló), aonde efetuavam oferendas<br />

de graças a D-us. Lá, Hana realiza,<br />

aquilo que se convencionou definir<br />

Raquel, uma mulher do período dos Patriarcas<br />

como a “primeira oração (reza)” da<br />

Bíblia. Naquele período os cultos<br />

eram celebrados através de sacrifícios.<br />

Ela pede através de oração<br />

balbuciada a D-us que lhe dê um filho,<br />

já que ela era estéril e a outra<br />

esposa de Elcana era fértil. E com a<br />

intercessão de Eli (Heli) ela concebe<br />

com seu esposo, o pequeno Samuel.<br />

Hana circula nos serviços religiosos,<br />

dialoga com o sacerdote e<br />

é ativa na sociedade na religião.<br />

Outro exemplar fato é a profeta e<br />

“juíza” Débora (Dvora) que faz julgamentos<br />

e lidera o povo numa batalha,<br />

mesmo tendo um “general” (ou<br />

oficial militar) denominado Barak, a<br />

liderar “fisicamente” o seu exército.<br />

E ainda por cima a glória da execu-<br />

ção do líder inimigo paira sobre a<br />

figura polêmica de Jael (Yael), num<br />

texto que determina a forte presença<br />

e o status privilegiado das mulheres<br />

no mundo bíblico.<br />

Outra personagem feminina de<br />

presença social e iniciativa é a moabita<br />

Rute. Uma das personagens<br />

mais marcantes do período de transição<br />

entre a o nomadismo e a sedentarização<br />

e que reflete o conceito<br />

de não discriminação do não<br />

judeu que se agrega ao povo e a<br />

religião judaica. Rute não nasceu<br />

judia, mas se “converte” (não havia<br />

processos de conversão naquela<br />

época, é óbvio). E se torna a bisavó<br />

do rei David e tronco da casa<br />

real de Judá (Iehudá). De seus descendentes<br />

sairá o Messias. Ou seja,<br />

uma “não judia”, que se insere na<br />

raiz da casa de David. Uma mulher<br />

de personalidade que opta por seguir<br />

sua sogra, após a morte de seu esposo.<br />

Uma opção que vem marcada pelos<br />

dizeres: “[...] Teu povo será meu<br />

povo; teu D-us será meu D-us” (Rute,<br />

1, 16). Rute circula nos espaços públicos<br />

a busca de restos da colheita<br />

(respigar nos campos) que permita a<br />

ela e a sua idosa sogra sobreviverem.<br />

Contata com homens e dialoga com<br />

eles. E participa do festival de Shavuot<br />

aonde se aproxima de seu futuro<br />

marido, Boaz, que lhe permitira<br />

respigar em seus campos. Ou seja, as<br />

mulheres não são reclusas e tampouco<br />

excluídas dos espaços públicos.<br />

Num período bem mais “recente”<br />

da história bíblica, temos a narrativa<br />

de Judite, que executa o general<br />

assírio Holofernes. Mescla de<br />

lenda e história, repleta de realidade.<br />

Uma líder espiritual e comunitária<br />

que faz jus a um livro e a reverencia<br />

da memória.<br />

A opinião das mulheres era acatada<br />

até na sociedade patriarcal. Na<br />

crise conjugal instaurada na casa de<br />

Abraão devido aos conflitos entre<br />

Sara e a concubina Agar, percebe-se<br />

que a palavra de D-us, define o respeito<br />

pela “sabedoria da esposa” e<br />

sua proeminência. Sara exige que<br />

Abraão expulse de casa a serva Agar<br />

e seu filho Ismael (que ela tivera com<br />

o próprio Abraão), pois percebe que<br />

isto não seria benéfico a Isaac (Itzchak),<br />

o pequeno filho de Abraão<br />

com Sara. Abraão que ama ambos os<br />

filhos não quer perder o contato com<br />

Ismael. Sara pressiona e D-us conclui<br />

dizendo que o patriarca acatasse<br />

suas palavras: “[...] em tudo o<br />

que Sara te diz, ouve a sua voz; porque<br />

em Isaac será chamada a tua<br />

descendência”. (Gênesis, 21, 12).<br />

Nem o patriarca poderia superar a<br />

mulher na sua sabedoria. Sendo este<br />

um modelo arquetípico pode-se concluir<br />

que se trata de uma lição para<br />

os homens, no sentido de ouvirem a<br />

“sensibilidade” feminina ao tomarem<br />

alguns tipos de decisão.<br />

O modelo mais clássico de mulher<br />

atuante na política também é o<br />

de uma mulher “reprimida” e inserida<br />

numa sociedade patriarcal e que<br />

aparentemente se trata de uma mulher<br />

“objetificada” (num termo anacrônico,<br />

ou seja, não adequado ao<br />

mundo antigo).<br />

A rainha Ester é o modelo de uma<br />

mulher numa sociedade oriental (persa<br />

ou helenística) aonde o status feminino<br />

é de inferioridade. É, de fato,<br />

externa à sociedade bíblica: vive na<br />

Pérsia e já num mundo em transformação.<br />

Forçada a participar de um<br />

concurso de beleza e colocada num<br />

palácio, torna-se reclusa e controlada.<br />

Não pode sequer ver o Rei, se<br />

não for convidada por ele. Ela é mais<br />

uma “preferida do harém”, que a Rainha<br />

no sentido pleno. Ela se “faz<br />

rainha” e atua em surdina, elaborando<br />

uma teia de relações que salvam<br />

seu povo e levam o inimigo Haman à<br />

forca. Modelo e arquétipo de uma<br />

mulher numa sociedade na qual, as<br />

transformações sociais levaram a<br />

exclusão da mulher dos espaços<br />

públicos e a enclausuraram.<br />

Ainda assim ela tem o controle<br />

dos fatos e na hora da<br />

necessidade sabe articular<br />

as coisas e salvar seu povo.<br />

Um ensinamento às mulheres<br />

que todos os anos ouvem<br />

a leitura da Meguilá de<br />

Ester para que saibam como<br />

manter o controle das coisas,<br />

mesmo sem ter a hierarquia e o<br />

poder familiar a seu favor. Este texto<br />

já se insere num período que extrapola<br />

o mundo bíblico: é reflexo<br />

das mudanças ocorridas no contato<br />

com o mundo persa e com o mundo<br />

Continua na página 4<br />

3<br />

Naomi e Rute, detalhe de ilustração feita em 1795 por William Blake, no<br />

Victoria and Albert Museum de Londres<br />

Sérgio Feldman<br />

* Sérgio Feldman é<br />

doutor em História pela<br />

UFPR e professor de<br />

História Antiga e Medieval<br />

na Universidade Federal do<br />

Espírito Santo, em Vitória, e<br />

ex-professor adjunto de<br />

História Antiga do Curso<br />

de História da Universidade<br />

Tuiuti<br />

do Paraná.


4<br />

Rivka, também conhecida<br />

como Rebeca<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Continuação da página 3<br />

helenístico. A reclusão da mulher<br />

judia se configura no período<br />

do segundo Templo: é efeito<br />

de valores e conceitos externos<br />

ao Judaísmo bíblico. Neste, a<br />

mulher era participante, livre e<br />

ativa nas cerimônias públicas.<br />

Sua reclusão não é um valor judaico<br />

e sim uma influência externa.<br />

A única justificativa que<br />

se pode usar do mundo bíblico é<br />

a questão da pureza ritual. Esta<br />

temática abordaremos adiante<br />

num futuro artigo.<br />

Judite decapitando Holofernes, óleo sobre tela de Caravaggio, pintada em<br />

1598, e que está na Galleria Nazionale dell'Arte Antica, Roma<br />

Edda Bergmann *<br />

Ano Novo Judaico é<br />

sui-generis, pois complementa<br />

a criação do<br />

mundo, com a criação<br />

do Homem e da Vida<br />

sobre a face da Terra.<br />

Rosh Hashaná está intrinsecamente<br />

ligado a uma Vida plena,<br />

realizada e feliz neste mundo,<br />

que nada tem a ver com os<br />

movimentos terroristas atuais que<br />

promovem a idéia de paraíso (sexual)<br />

após a morte.<br />

Esta data, que fixa o ano judaico<br />

pelo calendário lunar, com<br />

períodos de 28 em 28 dias, apresenta<br />

ao judeu várias opções de<br />

permanência na Terra: a amizade,<br />

o companheirismo, a compreensão,<br />

o amor ao próximo, o temor<br />

a D-us e todas as coisas que fazem<br />

do indivíduo um ser superior.<br />

Da Babilônia vem a lenda de<br />

um rei que tinha um livro aberto<br />

no céu, no qual escrevia e selava<br />

O Ano Novo Judaico<br />

em Iom Kipur o nome de quem viveria<br />

até o ano seguinte.<br />

Mas lá, surge uma outra face do<br />

judaísmo, a das peregrinações com as<br />

sinagogas em substituição ao Templo<br />

Sagrado de Jerusalém, a oração,<br />

e o minian — dez homens para a Leitura<br />

da Torá e diversas rezas — um<br />

servindo de apoio ao outro. A sinagoga,<br />

a casa de estudos, perdura até<br />

hoje na Diáspora.<br />

Na Babilônia, os judeus choravam<br />

ao longo dos rios, e por isso<br />

os salgueiros passaram a serem conhecidos<br />

como chorões.<br />

Há também um Ano Novo das árvores,<br />

o da Primavera, em Pêssach<br />

quando a terra começa a brotar.<br />

Mas o destaque cabe à Rosh<br />

Hashaná e aos dez dias temíveis até<br />

o Iom Kipur, dias de estudo, concentração,<br />

análise e avaliação da<br />

conduta de cada um.<br />

Falar desta data é falar de preceitos,<br />

premissas, devaneios, sonhos,<br />

previsões e caminhos do futuro,<br />

de uma vida feliz.<br />

Todos os grandes sábios e escritores<br />

judeus deixaram a sua visão específica<br />

da importância e do significado<br />

de Rosh Hashaná: Maimônides, Martin<br />

Buber, Abraham Heschel e outros.<br />

Esta é uma data festiva por excelência,<br />

a família reunida, mesa com<br />

toalha branca, todos os apetrechos<br />

indispensáveis, o peixe, a carne, a<br />

romã com suas centenas de grãos significando<br />

a fartura no mundo; a maçã<br />

com mel para um ano feliz.<br />

O Ano Novo é um acontecimento<br />

alegre, pois representa a renovação de<br />

tudo e de todos os compromissos com<br />

D-us, com a sociedade, com o ser humano<br />

em particular. Traz em si um compromisso<br />

com o mundo, um mundo<br />

melhor para todos, onde o amor e a<br />

felicidade se complementem e se renovem<br />

em consonância com a natureza.<br />

Nós festejamos o primeiro e o segundo<br />

dia do Ano Novo com preces,<br />

orações, contato familiar, amigos,<br />

reuniões culturais e de estudos.<br />

<strong>Sem</strong>pre com muita alegria e<br />

disposição para o futuro.<br />

Um futuro de Paz, sem ameaças,<br />

de todos por um e um por todos,<br />

em pleno uníssono com o amor, e a<br />

compreensão que deve abranger<br />

todo ser vivente.<br />

* Edda Bergmann é vice-presidente<br />

Internacional da B’nai B’rith.


Youssef M. Ibrahim *<br />

Para europeus e muitos americanos<br />

há uma máxima no Oriente Médio<br />

que defende que soluções para<br />

resolver o centenário conflito entre<br />

israelenses e árabes palestinos<br />

é condição sine qua non<br />

para resolver outras catástrofes<br />

do Oriente Médio. De<br />

fato, a secretária de Estado<br />

Rice está reiterando essa visão<br />

com uma nova rodada de<br />

diplomacia no Oriente Médio,<br />

que significa inevitavelmente<br />

pressionar Israel a<br />

acomodar árabes palestinos e sírios<br />

com retiradas da Margem Ocidental<br />

e das Colinas de Golã.<br />

Mas algo não está encaixando<br />

aqui. As catástrofes no Oriente Médio<br />

acontecem em cinco áreas:<br />

Conflitos mutuamente destrutivos<br />

no Iraque, Líbano e entre árabes<br />

palestinos;<br />

Ausência de governos representativos<br />

para 350 milhões de árabes;<br />

Distribuição desigual de riqueza<br />

e corrupção;<br />

Analfabetismo, pobreza e doença<br />

disseminados;<br />

Degradação de mulheres.<br />

Por que a solução de qualquer destes<br />

conflitos depende da boa vontade<br />

na área dos árabes palestinos? Desde<br />

que alcançaram independência no sé-<br />

VISÃO JUDAICA<br />

Quem é o responsável?<br />

agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Youssef Ibrahim<br />

culo passado, camarilhas de famílias e<br />

oficiais do exército governaram os<br />

árabes, como os Al Saud na Arábia<br />

Saudita, Al Qaddafis na Líbia, Al Mubaraks<br />

no Egito, Al Sabahs no Kuwait,<br />

etc. Eles não vão compartilhar nem<br />

transferir poder. Essas elites<br />

roubaram, geraram corrupção,<br />

instituíram estados policiais<br />

e criaram desenvolvimento espasmódico<br />

e grande injustiça<br />

— todos os ingredientes<br />

de governos fracassados. Suas<br />

ações produziram reações violentas<br />

incluindo jihadistas<br />

fundamentalistas que agora<br />

visam ao Ocidente, que os apóia. A<br />

ação lógica é forçá-los a empreender<br />

reformas e parar a repressão dentro dos<br />

seus países. Mas aqueles defensores reforçam<br />

a visão de que uma vez que os<br />

EUA pressionem Israel a se entender<br />

com os árabes palestinos, boa vontade<br />

suficiente será criada para resolver<br />

os outros problemas. Claramente,<br />

isto é falta de bom senso.<br />

Ditadores árabes monopolizam o<br />

poder porque querem, não por compaixão<br />

aos árabes palestinos.<br />

A segunda catástrofe é o sectarismo,<br />

não apenas entre muçulmanos<br />

— como xiitas versus sunitas — mas<br />

entre árabes de diversas etnias, tribos,<br />

religiões como drusos, curdos,<br />

berberes do Norte da África e clãs na<br />

Somália, Iêmen e Arábia Saudita. Es-<br />

ses conflitos tornaram-se batalhas<br />

armadas e genocídios no Sudão, Líbano,<br />

Iraque, Argélia, entre outros.<br />

Aqui, novamente, seria um exagero<br />

defender que árabes e muçulmanos<br />

vão parar de se matar entre si assim<br />

que israelenses e árabes palestinos se<br />

beijem e façam as pazes.<br />

De fato, os árabes nunca esperaram<br />

os árabes palestinos fazerem um<br />

acordo antes de atacar Israel. Egito<br />

e Jordânia formalizaram tratados de<br />

paz com Jerusalém que ainda valem,<br />

apesar de tudo.<br />

Outra invencionice é que árabes<br />

palestinos estão prontos para qualquer<br />

coisa no caminho da paz. Enquanto<br />

este texto é escrito a única<br />

coisa que árabes palestinos estão<br />

criando é sua própria guerra civil.<br />

Se Israel se retirar para as fronteiras<br />

de 1967, deixando a maior parte da<br />

Margem Ocidental, o que se seguirá<br />

é um banho de sangue. Gaza, desocupada<br />

mais que um ano atrás é um<br />

exemplo vivo da confusão de facções,<br />

extorsão, corrupção e fundamentalismo<br />

islâmico. Árabes palestinos<br />

precisam do domínio da lei<br />

antes de um acordo com Israel.<br />

O analfabetismo em massa entre<br />

árabes que, segundo relatório<br />

das Nações Unidas, deixou 25% da<br />

sua população sem educação. Isso<br />

é um problema enorme sem qual-<br />

quer ingrediente Israel-árabes<br />

palestinos por trás. Armas acumuladas<br />

pelos regimes árabes, incluindo<br />

Egito que tem paz com<br />

Israel desde 1979,<br />

servem a dois<br />

propósitos:<br />

lutar contra<br />

outros muçulmanos<br />

e<br />

gerar bilhões<br />

de<br />

dólares<br />

em comissões<br />

para<br />

as famílias<br />

governantes.<br />

Tem que<br />

acreditar demais<br />

em teorias<br />

conspiratórias para<br />

argumentar que qualquer<br />

um desses problemas está relacionado<br />

ao conflito entre Israel e<br />

os árabes palestinos.<br />

* Youssef M. Ibrahim é árabe<br />

nascido no Egito. Durante 24 anos<br />

serviu como reporter senior e<br />

correspondente do jornal The New<br />

York Times no Oriente Médio. Foi<br />

também editor de energia do Wall<br />

Street Journal, cobrindo fatos<br />

políticos, econômicos, petróleo e<br />

assuntos militares. É diretor-gerente<br />

do Strategic Energy Investment<br />

Group, uma firma de consultoria<br />

baseada em Dubai. Publicado no<br />

jornal The New York Sun. Traduzido<br />

por Ismar Neumann<br />

Kaufman.<br />

5


6<br />

George Chaya *<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

A recompensa da paz com Israel<br />

George Chaya *<br />

estas horas maneja-se informação<br />

muito sensível nas<br />

mais altas esferas do governo<br />

libanês, que implicaria<br />

em mudanças nas posições do<br />

passado do primeiro ministro<br />

Fouad Siniora. O fato se refere às conversas<br />

avançados entre líderes libaneses<br />

dos setores drusos, cristãos e sunitas<br />

que pediram ao Primeiro-Ministro<br />

uma ação chave e uma mensagem<br />

muito firme no processo de estabilização<br />

e se relaciona com esboçar um<br />

“acordo de paz com Israel”.<br />

Um acordo de paz com Israel é<br />

algo imediato que deveria fazer o<br />

governo de Siniora, segundo as respostas<br />

a consultas de parlamentares<br />

libaneses com funcionários da Jordânia<br />

e a Chancelaria saudita após a<br />

cúpula de Riad do final de abril. Deve<br />

estar motivado na honra, na sinceridade<br />

e no sentido comum e trazer uma<br />

clara mensagem à comunidade internacional<br />

isolando ainda mais os opositores<br />

internos que desejam derrocar<br />

o governo. O Líbano precisa terminar<br />

de uma vez por todas e de forma<br />

permanente com esse conflito em<br />

vão ao qual o empurraram em nome<br />

do absurdo as forças contrárias à civilização.<br />

No Líbano perdemos mais<br />

de 50 anos de nossas vidas, nosso<br />

Jornalista árabe culpa a Síria e o Irã pela falta da paz no Oriente Médio<br />

mais brilhante potencial humano<br />

emigrou ou foi arrasado e o país hoje<br />

se encontra numa crise quase terminal<br />

lutando por sua vida.<br />

A paz com Israel traria importantes<br />

recompensas e benefícios ao Líbano.<br />

Estabilizaria permanentemente<br />

ambas sociedades, avalizaria e fortaleceria<br />

os libaneses no campo internacional<br />

e na segurança interna.<br />

Descobriríamos um vizinho democrático<br />

e uma cultura rica pretensamente<br />

proibida para nós pelos tiranos<br />

regionais por mais de meio século.<br />

Por que devemos considerar os israelenses<br />

como inimigos quando várias<br />

de nossas gerações anteriores não trataram<br />

com eles e portanto não os conheceram?<br />

Precisamos romper as cadeias<br />

que aprisionaram as mentes dos<br />

políticos e os dirigentes sectários do<br />

passado que não serviram lealmente aos<br />

interesses nacionais libaneses, porém<br />

semearam em nossa terra a semente<br />

do ódio e os doutrinamentos da arcaica<br />

“cortina de ferro” árabe. Precisamos<br />

avançar juntos motivados em nosso interesse<br />

nacional e o desejo genuíno de<br />

encontrar a paz. Como o fizeram o Egito<br />

e a Jordânia no passado.<br />

A paz com Israel, acompanhada de<br />

avanços nos níveis da democracia na<br />

política interna e nos direitos humanos<br />

significaria a entrada do Líbano<br />

na União Européia em pouco tempo,<br />

talvez antes da Turquia. Isso colocaria o<br />

país sob o guarda-chuva da proteção militar<br />

da OTAN e traria permanente estabilidade<br />

e prosperidade à situação interna.<br />

Nada mais devemos observar como está<br />

prosperando a Europa Oriental e como hoje<br />

celebra e agradece a estabilidade proporcionada<br />

pela UE e a OTAN.<br />

A paz com Israel significaria a abertura<br />

de novos canais para nosso comércio<br />

a partir do sul do país, com e através<br />

de Israel, até a Jordânia e Egito, nações<br />

com suas fronteiras abertas e honrados<br />

acordos de paz com Israel, e dali, poderíamos<br />

comerciar com o Golfo e os mercados<br />

africanos.<br />

Um acordo de paz significaria a<br />

cooperação econômica, investimentos<br />

estrangeiros em grande escala, empresas<br />

de risco compartilhado, intercâmbios<br />

culturais, e um desenvolvimento<br />

econômico muito mais rápido<br />

e produtivo para o Líbano.<br />

Nossa civilização fenícia tem milhares<br />

de anos no exercício do comércio<br />

com maestria e êxito, e o que nos<br />

caracterizou foi sempre ser constantes<br />

empreendedores de projetos comerciais<br />

de sucesso.<br />

Nossa característica histórica baseada<br />

na destreza comercial nos garantiu<br />

o respeito e a amizade de todas as culturas,<br />

e nosso estilo honesto e aberto<br />

nos permitiu ganhar mercados e fazer<br />

boas relações com todos os povos através<br />

de nossa história milenar. <strong>Sem</strong> dúvida<br />

alguma a isto é o que deve retornar<br />

o Líbano no presente e deve ser<br />

fortalecido no futuro.<br />

A paz com Israel garantiria a mútua<br />

compreensão, apreço, tolerância e a cordialidade<br />

entre nossos povos. Poderíamos<br />

fazer mais e melhores laços de amizade<br />

com diversos países, inclusive trabalhar<br />

aliados no cenário regional pela<br />

paz global. Todas estas alternativas positivas<br />

e frutíferas, estão, não obstan-<br />

Raul Hilberg, que dedicou<br />

mais de meio século ao estudo<br />

do Holocausto, morreu aos<br />

81 anos, no início de agosto,<br />

informou a Universidade de<br />

Vermont (EUA).<br />

Judeu nascido em Viena,<br />

Hilberg ficou conhecido especialmente<br />

graças ao gigantesco<br />

estudo “A Destruição dos Judeus Europeus”,<br />

que descrevia como a Alemanha<br />

nazista construiu e operou a máquina<br />

de matar mais letal da história, que assassinou<br />

6 milhões de judeus.<br />

Quando começou sua pesquisa,<br />

logo após a Segunda Guerra Mundial,<br />

Hilberg era um dos poucos a se dedicarem<br />

com tanta paixão a esse tema.<br />

“Na comunidade judaica, o tópico era<br />

quase um tabu também”, disse Hil-<br />

te, ameaçadas pelo totalitarismo regional<br />

sírio-iraniano e seus executores locais<br />

do Hezbolá. O regime do presidente<br />

Assad sustenta que: “Não haverá paz<br />

para o Líbano a menos que eles voltem”.<br />

Pelo que parece, com os postulados da<br />

Síria e do Irã nenhuma paz libanesa-israelense<br />

poderá ser obtida a menos que<br />

a ditadura de Assad seja derrotada e<br />

seu regime seja levado à justiça pelos<br />

crimes cometidos contra a humanidade.<br />

A única esperança de paz para o Líbano<br />

pensando na Síria, fixa-se numa sociedade<br />

síria democrática que reconheça humildemente<br />

seu passado, peça perdão,<br />

se reforme e se comporte como vizinho<br />

decente, e não com este regime atual de<br />

quem se possa esperar tais condutas.<br />

Porém, mais além disso, é de se esperar,<br />

que os diálogos que ocorrem agora por<br />

no seio do governo libanês cheguem a<br />

uma decisão inteligente e razoável, a partir<br />

da qual o primeiro-ministro Fouad Siniora<br />

assuma suas responsabilidades históricas<br />

e outorgue ao povo libanês a oportunidade<br />

de viver em paz com Israel e<br />

com todos os povos democráticos da comunidade<br />

internacional.<br />

* George Chaya é licenciado em<br />

Direito, jornalista, professor e<br />

analista político internacional. É<br />

especialista em terrorismo e<br />

conflitos religiosos, conferencista<br />

titular da International Consulting<br />

in Politics Affaires on Middle<br />

Eastern and Hispanic America e<br />

especializado em Oriente Médio.<br />

Integra o Conselho Acadêmico de<br />

vários meios internacionais de<br />

comunicação. É membro fundador<br />

do Conselho Mundial da<br />

Revolução dos Cedros, consultor<br />

e assessor de governos da América<br />

Latina em matéria do<br />

Oriente Médio.<br />

Morre Raul Hilberg, pioneiro<br />

no estudo do Holocausto<br />

berg em 2004 à Reuters. “Fui<br />

adiante com meu trabalho a<br />

partir do final de 1948, quase,<br />

eu diria, como um protesto<br />

contra o silêncio.”<br />

A primeira versão do livro<br />

dele saiu em 1961, abordando<br />

em detalhes desde as raízes do<br />

anti-semitismo na Alemanha<br />

até as minúcias burocráticas do sistema<br />

de campos de concentração.<br />

Ele prosseguiu suas pesquisas nos<br />

vastos arquivos do Holocausto, mergulhando<br />

no que ele descreveu como<br />

“um gigantesco quebra-cabeças” que<br />

acabaria levando à ampliadíssima terceira<br />

edição, em 2003.<br />

Hilberg, que não era fumante, morreu<br />

de câncer de pulmão em Williston,<br />

Vermont.


Jane Bichmacher de Glasman*<br />

a verdade, na Antigüidade,<br />

Rosh Hashaná era época<br />

de Ano Novo não só judaico,<br />

mas para todo o<br />

hemisfério norte, quando<br />

se encerrava o ciclo anual<br />

agrícola, se fazia o balanço do ano,<br />

como fazem as empresas hoje, publicando<br />

balanços em jornais, etc.<br />

Isto explica, em parte, a simbologia<br />

do signo zodiacal - Balança -<br />

associado ao período (que nos indica<br />

que as ações do homem são “pesadas”<br />

na “balança” do julgamento<br />

durante este mês).<br />

A partir do acréscimo de rituais,<br />

preceitos e símbolos judaicos e,<br />

principalmente, devido aos judeus<br />

terem continuado a comemorar a data<br />

até hoje, independente de localização<br />

espacial, Rosh Hashaná ficou<br />

definido para todos como “O” Ano<br />

Novo judaico.<br />

Rosh Hashaná significa, literalmente,<br />

“cabeça do ano” remetendo<br />

à simbologia que o homem também<br />

deve usar a cabeça para organizar sua<br />

vida, suas ações.<br />

A essência do ano novo judaico<br />

não é uma ocasião para o excesso e<br />

o júbilo incontrolado. Entra-se num<br />

período de reflexão e de auto-exame.<br />

A tradição judaica pede que se<br />

faça um balanço do ano que passou,<br />

uma reflexão sobre nossas atitudes<br />

e nosso comportamento. Tishrei, o<br />

mês de Rosh Hashaná, em aramaico<br />

significa correção. A reparação do<br />

passado permite que recomecemos a<br />

vida de forma nova e revigorada.<br />

O período de tempo antes e durante<br />

Rosh Hashaná pede uma autoavaliação<br />

sobre o ano que termina,<br />

e, à luz deste exame de consciência,<br />

tomar as resoluções necessárias<br />

para o ano vindouro. Este período<br />

é não somente uma ocasião que<br />

exige um balanço espiritual, mas<br />

também uma profunda avaliação interior<br />

das capacidades que a pessoa<br />

tem como ser humano - a<br />

coroa da Criação, pois Rosh<br />

Hashaná é o dia no qual<br />

o homem foi criado.<br />

Este balanço é válido<br />

se a avaliação da plena<br />

extensão dos poderes<br />

e oportunidades da<br />

pessoa for correta. Somente<br />

então a pessoa<br />

pode realmente se arrepender,<br />

num grau mensurável, e resolver<br />

utilizar plenamente as próprias<br />

capacidades dali em diante.<br />

A simbologia do balanço do ano<br />

é baseada na metáfora da balança.<br />

As balanças são equipamentos<br />

desenvolvidos pelo homem desde as<br />

antigas civilizações egípcias, por<br />

volta de 5.000 aec., com a finalidade<br />

de medir o peso ou a massa<br />

dos corpos. A palavra balança é do<br />

latim bilanx (composto de bi - duas<br />

vezes, e lanx - pires).<br />

Embora atualmente utilizemos<br />

modernas balanças digitais, que indicam<br />

o peso com maior precisão, a<br />

representação mais usada e primeira<br />

que nos ocorre, é a da balança de<br />

dois pratos – a “verdadeira”, etimo-<br />

logicamente falando. E que é a mais<br />

adequada ao simbolismo de Rosh<br />

Hashaná. Por quê?<br />

Devido a um motivo essencial: a<br />

balança digital começa a marcar do<br />

zero. Mas quando fazemos o balanço<br />

espiritual, seja de nossas vidas ou<br />

do ano que passou, por mais que<br />

tenhamos nos comprometido com um<br />

plano de ação no ano anterior, nunca<br />

começamos do “zero”.<br />

Busca-se neste período, um<br />

balanço de vida, um acerto<br />

de contas, uma reflexão<br />

sobre o uso que estamos<br />

fazendo do tempo de<br />

nossa existência, de nossa<br />

potencialidade. Paramos<br />

para refletir quanto<br />

de nossa vida usufruímos<br />

e quanto deixamos de viver<br />

neste período que passou.<br />

Somos responsáveis por<br />

nossas prioridades e pelas oportunidades<br />

que a vida nos oferece. Confrontamos<br />

com nossas dificuldades<br />

e fraquezas. Avaliamos se as metas,<br />

os ideais, as intenções foram atingidas<br />

e realizadas. Se as promessas<br />

feitas a nós mesmos foram cumpridas,<br />

ou se as oportunidades de realizações<br />

e crescimento foram perdidas<br />

por medo, inseguranças, indecisões,<br />

etc.<br />

O que fizemos com este ano?<br />

Foi um período de crescimento e<br />

interesse pelos demais? Fizemos<br />

bom uso de nosso tempo ou o esbanjamos,<br />

jogamos fora? Foi realmente<br />

um ano de vida ou um ‘passar<br />

de tempo’? Agora é a hora de<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

A balança digital e Rosh Hashaná<br />

O governo do Sudão conseguiu<br />

o apoio do Brasil para não ser condenado<br />

na Organização das Nações<br />

Unidas (ONU) por violações aos direitos<br />

humanos. E o governo do<br />

Sudão deixou claro que essa atitude<br />

vai ser compensada. Numa entrevista<br />

ao jornal O Estado de S.<br />

Paulo, o diretor do Departamento<br />

de Cooperação do Ministério das<br />

Finanças do Sudão, Abdel Salam,<br />

declarou que, em poucos meses,<br />

espera fechar um acordo com a Petrobrás,<br />

além de contratos no setor<br />

de açúcar. ‘As portas estão abertas<br />

ao Brasil’, afirmou.<br />

Com seu voto, o Brasil surpreendeu<br />

ativistas e governos ocidentais<br />

por não seguir a posição de pedir<br />

que as autoridades sudanesas sejam<br />

investigadas por causa da pior crise<br />

humanitária do mundo na atualidade,<br />

na região de Darfur, onde as milícias<br />

apoiadas pelo governo já mataram<br />

de 200 mil de pessoas e provocaram<br />

o êxodo de milhões. A ONU<br />

já deixou claro que tem provas de<br />

que o governo do Sudão tem participado<br />

do conflito que causou tantas<br />

mortes desde 2003.<br />

França, Reino Unido e diversos<br />

outros países europeus pediam que<br />

uma investigação fosse realizada e<br />

que os autores do massacre não fossem<br />

deixados impunes. Mas com o<br />

apoio de Brasil, de Cuba, da China e<br />

dos governos africanos e árabes, o<br />

Sudão conseguiu evitar sua condenação<br />

na ONU. Em Genebra, foi aprovada<br />

apenas uma resolução em que<br />

se determina o envio de uma missão<br />

de cinco especialistas para avaliar a<br />

situação em Darfur.<br />

”O Brasil apóia a África nas organizações<br />

internacionais. Isso<br />

ficou claro na votação, quando tivemos<br />

uma boa contribuição do<br />

país. Isso é a cooperação entre<br />

os países do Sul. Nossa orientação<br />

é para abrir nossas portas ao<br />

Brasil”, afirmou Salam. “A atitude<br />

do Brasil pode ajudar muito nos<br />

negócios”. Salam confirmou que o<br />

governo do Sudão está “em negociações<br />

avançadas” com a Petrobrás.<br />

O governo brasileiro fechou<br />

os olhos ao sofrimento dos<br />

nos avaliarmos e reordenarmos nossas<br />

vidas. Este processo é chamado<br />

Teshuvá, voltar para casa – reconhecendo<br />

nossos erros entre nós<br />

e D-us, bem como entre nós e nossos<br />

semelhantes. E corrigi-los.<br />

O indivíduo que realmente consegue<br />

fazer um balanço da sua alma<br />

e distingue os processos internos que<br />

geram a distância entre intenção e<br />

a atitude, inicia uma Teshuvá, um<br />

“retorno”. Teshuvá é uma correção<br />

dos desvios de percurso, o retorno a<br />

um caminho de vida.<br />

Em Rosh Hashaná rezamos pedindo<br />

para sermos inscritos no Livro<br />

da Vida, pedimos por saúde, por<br />

sustento. É o Dia do Julgamento.<br />

Mesmo assim, nós o celebramos com<br />

refeições festivas, na companhia de<br />

familiares e amigos. Como podemos<br />

celebrar quando nossas vidas estão<br />

penduradas numa balança? Definitivamente,<br />

confiamos na bondade<br />

e na misericórdia divina. Sabemos<br />

que D-us conhece nossos corações<br />

e nossas intenções, e com amor e<br />

sabedoria decidirá o que é melhor<br />

para nós, assim confirmando Seu<br />

decreto para cada um de nós, para<br />

este ano que se inicia.<br />

* Jane Bichmacher de Glasman é<br />

doutora em Língua Hebraica,<br />

Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />

professora adjunta, fundadora e exdiretora<br />

do Programa de Estudos<br />

Judaicos – UERJ, e escritora em<br />

época de balanço.<br />

Refugiados perseguidos em Darfur não<br />

têm o apoio do Brasil na ONU<br />

sudaneses de Darfur em troca de<br />

interesses econômicos, mas usa os<br />

direitos humanos quando quer criticar<br />

algum país que se defende<br />

de ataques terroristas.<br />

7


8<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Tzvi Freeman *<br />

O Judaísmo é misterioso. Vem<br />

do céu embrulhado para presente<br />

com fitas, cordões e nós, cada qual<br />

se desenrolando para desvelar mais<br />

um mistério, uma quantidade sem-<br />

pre crescente de nós para desatar,<br />

mais cordões para seguir por<br />

uma trilha interminável. E com<br />

cada desenrolar, outra descoberta,<br />

e em cada descoberta, uma<br />

sabedoria mais profunda.<br />

Rosh Hashaná é um desses grandes<br />

mistérios. Como pode ser que o<br />

primeiro dia do ano apareça no primeiro<br />

dia do sétimo mês? Por que<br />

estamos soprando um chifre de carneiro<br />

e por que damos a isso um<br />

papel tão importante? Qual é o dra-<br />

Rosh Hashaná: sem embalagem<br />

Véspera em 12 de setembro e término em 14 de setembro<br />

ma cósmico desse dia, e qual é a<br />

nossa parte nisso tudo?<br />

Mais intrigante é a reticência<br />

da Torá. Fala de maneira crítica,<br />

como se discutindo algo<br />

que devamos saber sem que ninguém<br />

nos diga.<br />

“Será um dia de soar para vós”<br />

– aprendemos. Soar o quê? Isso<br />

não nos é dito. O rei David escreveu<br />

em seus Salmos: “Toque o<br />

shofar na lua nova, no segredo<br />

de nossa festa.” E esta é a única<br />

referência bíblica que temos sobre<br />

nossa tradição de que não<br />

faremos soar nossas vozes, não<br />

uma trombeta, nada exceto um<br />

chifre de carneiro.<br />

Mas então outro versículo nos<br />

diz: “Será um dia de lembrança do<br />

som para vocês.” E disso devemos<br />

entender, não soar qualquer coisa<br />

– apenas para lembrar: nossa tradição<br />

resolve o problema, pois D-us<br />

está pedindo: “Recitem versículos<br />

de soberania perante Mim, para fazer-Me<br />

seu Rei. Recitem versículos<br />

de recordação perante Mim, para<br />

que a memória de vocês chegue a<br />

Mim. E como? Com um shofar”. Oh,<br />

que tradição intrigante.<br />

Como sabemos tudo isso? E<br />

como sabemos que este é o início<br />

do ano – algo não mencionado<br />

em lugar algum dos Cinco<br />

Livros de Moshê?<br />

A verdade é que sempre soubemos.<br />

Soubemos porque quando<br />

Moshê recebeu a Torá, tudo isso<br />

ficou claro para ele também, e ele<br />

transmitiu esta informação, mesmo<br />

que não a tenha anotado. E<br />

mesmo antes de a ouvirmos de<br />

Moshê, sabíamos sobre Rosh<br />

Hashaná. Avraham recebeu os antigos<br />

ensinamentos de Shem, filho<br />

de Nôach. Nôach, por sua vez,<br />

tinha recebido de Metuselach, que<br />

a recebera de Enoch. E Enoch certamente<br />

conhecia Rosh Hashaná,<br />

pois ele recebera sua sabedoria diretamente<br />

de Adam, que tinha sido<br />

formado naquele dia.<br />

Rosh Hashaná, então, não é apenas<br />

um feriado judaico. Rosh Hashaná<br />

é o aniversário da humanidade.<br />

Fecha-se um mistério e abre-se<br />

outro. Procure no livro das preces dos<br />

Grandes Dias Festivos e não encontrará<br />

qualquer menção ao nascimento<br />

de Adam. O que você encontrará é a<br />

declaração: “Hoje é o aniversário do<br />

mundo.” Encontrará também uma frase<br />

enigmática repetida diversas vezes:<br />

“Este dia é o início de suas obras,<br />

uma recordação do primeiro dia”.<br />

Isso sugere um pensamento fascinante;<br />

de fato, algo que o cientista<br />

moderno poderia adotar: talvez o cosmos<br />

tenha nascido apenas quando<br />

Adam abriu os olhos para observar e<br />

nomear cada coisa? Afinal, os físicos<br />

quânticos e cosmologistas de hoje não<br />

nos dizem que não podem existir eventos,<br />

no universo, sem um observador?<br />

O universo começa, então, com<br />

a criação da primeira consciência<br />

humana: “E Ele soprou em suas narinas<br />

o sopro da vida e Adam tornou-se<br />

um ser vivo.”<br />

Fascinante, mas não totalmente<br />

satisfatório. Porque, na verdade, o Livro<br />

de Bereshit relata que Adam foi<br />

formado no sexto dia da Criação. Havia<br />

um mundo antes. Certo, um mundo<br />

muito diferente daquele que conhecemos,<br />

no qual matéria, energia, tempo<br />

e espaço foram criados e tomaram<br />

forma, no qual os eventos ocorreram<br />

em rápida sucessão, e o simples evoluiu<br />

para o complexo em questão de<br />

momentos. Mas mesmo assim era um<br />

mundo. Por que então, eis a clássica<br />

questão, comemoramos Rosh Hashaná<br />

no aniversário de Adam e não seis dias<br />

antes, no aniversário do mundo?<br />

E a clássica resposta é: porque<br />

não estamos celebrando um aniversário;<br />

“Hoje é o aniversário do mundo”<br />

significa hoje, agora. Hoje o<br />

mundo nasceu de novo. Este dia é<br />

“o início de tuas obras”, remanes-<br />

cente da primeira vez que o mundo<br />

foi feito. Somente que na primeira<br />

vez em que o mundo nasceu, era um<br />

presente. Desde então, ele depende<br />

de nós, de Adam. E assim, ele ocorre<br />

em nosso aniversário, Rosh Hashaná.<br />

Somos renascidos, e dentro de<br />

nós, todo o cosmos.<br />

O cosmos inteiro depende de um<br />

apoio. Como os pontos fosforescentes<br />

que formam caracteres numa tela,<br />

como uma imagem holográfica que<br />

parece viva – desligue o plug e tudo<br />

aquilo some sem deixar vestígios. Se<br />

D-us puxasse o plug de Sua criação<br />

(D-us não o permita), o próprio espaço<br />

desapareceria. Até o tempo seria<br />

anulado – o mundo jamais teria existido,<br />

sua história seria apagada. Nada,<br />

zero – somente uma lembrança.<br />

Não há uma partícula do universo<br />

que sustente a si mesma. A cada momento,<br />

o universo e tudo que existe<br />

dentro dele pulsa com a energia vital<br />

que o faz existir. Nosso planeta é um<br />

relógio por cujo ritmo ele pulsa – um<br />

ciclo de momentos e dias, de meses e<br />

anos. A cada momento, emerge a vida<br />

que é necessária para aquele momento,<br />

é absorvida e então retorna à sua<br />

fonte. A cada dia, a energia para aquele<br />

dia, a cada mês para aquele mês. Este<br />

é o nome para mês em hebraico: chôdesh,<br />

que significa renovação.<br />

Porém a renovação mais importante<br />

na vida é aquela que ocorre em<br />

Rosh Hashaná. Porque é quando toda<br />

a vida do ano anterior retorna à sua<br />

fonte essencial e uma nova vida,<br />

como jamais foi conhecida antes,<br />

emerge do vácuo para sustentar a<br />

existência pelo ano inteiro.<br />

A qualidade deste novo ímpeto de<br />

força determinará tudo; como escreve<br />

o poeta do Machzor: “…quem morrerá<br />

e quem viverá”. Alguns anos são repletos<br />

de fartura, outros trazem bênçãos<br />

mais sutis, mais ocultas. Alguns são<br />

anos de alegria, outros, de desafio.<br />

Nas 48 horas de Rosh Hashaná,<br />

e família


tudo isso faz sua entrada no mundo.<br />

É por isso que cada momento<br />

destas 48 horas contam. É por isso<br />

que o chamamos de “Rosh Hashaná”<br />

– a “cabeça” do ano, e não apenas<br />

“Dia do Ano Novo” ou o “início do<br />

ano”. Assim como a cabeça contém<br />

dentro de si um nervo para cada parte<br />

do corpo, também a cabeça do<br />

ano é um concentrado de todo o ano<br />

vindouro. Porque tudo entra ali.<br />

Qualquer momento de Rosh Hashaná<br />

pode conter o dia mais importante<br />

do ano vindouro.<br />

Rosh Hashaná. Pode-se dizer, é o<br />

canal de nascimento do ano novo.<br />

Não é curioso que um shofar, com<br />

seu bocal estreito e abertura mais<br />

larga, lembre um canal de nascimento.<br />

De fato, a Torá menciona uma mulher<br />

notável com um nome da mesma<br />

etimologia: Shifrá. Ela era a parteira<br />

dos antigos hebreus que deixaram o<br />

Egito. Seu nome significa “fazer<br />

bela”, e é isso que ela fazia. Ela assegurava<br />

que os bebês nasceriam saudáveis<br />

e sobreviveriam, então os virava<br />

e massageava para aumentar sua<br />

força e beleza.<br />

O shofar é a parteira do ano<br />

novo. Em seu grito pungente comprimimos<br />

todas nossas preces sin-<br />

A Torá refere-se a Iom Kipur<br />

como o Shabat dos Shabatot do<br />

ano. Com este nome, a Escritura<br />

investe Iom Kipur com uma singularidade<br />

que o destaca entre<br />

as Festas <strong>Judaica</strong>s.<br />

Todo judeu, independentemente<br />

de seu grau de ligação ao<br />

Judaísmo no decorrer do ano, lembra-se<br />

neste dia de retornar à<br />

casa de seu Pai.<br />

Trazemos para vocês uma história<br />

inspiradora do Midrash,<br />

ilustrando a grande importância<br />

que pode ser vinculada ao simples<br />

ato de um homem:<br />

ceras, nossas lágrimas, nossa própria<br />

alma. Tudo que existe ressoa<br />

com seu chamado, até que ele atinge<br />

o próprio começo, o útero cósmico.<br />

E ali ele toca uma chave: a<br />

Presença Divina altera as modalidades<br />

de transcendência para imanência,<br />

de julgamento severo para<br />

compaixão. Na linguagem do Zôhar:<br />

“O shofar abaixo desperta o shofar<br />

acima e o Eterno, Bendito seja,<br />

sobe de Seu Trono de Julgamento<br />

e Se senta no Trono da Compaixão”.<br />

A nova vida entra em nosso<br />

mundo e respira pela primeira vez.<br />

É nossa própria vida, e está em<br />

nossas mãos.<br />

Não é estranho, que um ser criado<br />

tome parte em sua própria criação?<br />

Imagine os personagens de desenhos<br />

animados participando com<br />

o artista em seu próprio desenho.<br />

Imagine-os implorando à emissora de<br />

TV espaço para transmissão na próxima<br />

temporada. Imagine as fantasias<br />

de sua própria imaginação dizendo<br />

a você o quê imaginar.<br />

Agora imagine a nós, seres criados,<br />

implorando a nosso Criador:<br />

“Dá-nos a vida! Boa vida! Coisas<br />

boas! Fica aqui, às claras! Fica mais<br />

envolvido com Teu mundo!”<br />

Nos dias do Império Romano,<br />

havia na cidade de Tiberíades um<br />

homem simples, conhecido como<br />

Justus, o Alfaiate. Por diversos motivos<br />

este homem, tendo agradado<br />

aos líderes romanos, avançou rapidamente<br />

na hierarquia do Império,<br />

até tornar-se governador de toda a<br />

província de Tiberíades.<br />

Quando as notícias de seu progresso<br />

chegaram à cidade, as pessoas<br />

permaneceram cépticas. Muitas afirmaram<br />

que este não era realmente o<br />

mesmo Justus que conheciam.<br />

Seria impossível para um homem<br />

da plebe galgar posto tão elevado no<br />

Como seria, na câmara interior da<br />

Mente Cósmica, onde é determinado<br />

se seremos ou não seremos, que somos,<br />

implorando e participando naquela<br />

decisão? Deve haver algo em<br />

nós que esteja além da criação, algo<br />

eterno. Algo Divino. Nós o chamamos<br />

de “alma Divina”.<br />

É por isso que chamamos D-us tanto<br />

de rei quanto de pai.<br />

Rei, no sentido supremo da soberania,<br />

porque Ele determina se seremos<br />

ou não seremos.<br />

Pai, porque há algo d’Ele dentro<br />

de nós – e portanto podemos tomar<br />

parte naquela decisão.<br />

E nós somos o filho. Seu filho não<br />

é como qualquer outra pessoa. Seu<br />

filho é você. E mesmo assim, seu filho<br />

não é você. Seu filho é sua própria<br />

pessoa. Assim também, cada um<br />

de nós tem uma alma interior que é<br />

o sopro de D-us dentro de nós. Somos<br />

o ponto de conexão entre D-us<br />

e Seu universo. E portanto somos<br />

chamados de Seus filhos. E nós O<br />

chamamos de nosso Pai.<br />

Se é assim, em Rosh Hashaná, D-us<br />

leva a Si mesmo a julgamento.<br />

Ele olha de cima para baixo, para<br />

este mundo e, como estou certo de<br />

que você entende, a impressão nem<br />

Iom Kipur - - 21 21 de de setembro, setembro, ao ao entardecer entardecer, entardecer entardecer,<br />

, até até 22 22 de de setembro, setembro, setembro, ao ao ao anoitecer<br />

anoitecer<br />

O Shabat Supremo<br />

Império. Então certo dia, uma parada<br />

seria oferecida em Tiberíades, em<br />

honra ao novo governador. As pessoas<br />

postavam-se na rua, discutindo se o<br />

governador era nativo dali ou não.<br />

Um sábio que passava apontou a<br />

solução para eliminar a dúvida: “Observem<br />

o instante em que o governador<br />

passará pela sua antiga residência.<br />

Se ele virar a cabeça naquela direção,<br />

é sinal de que ele é Justus, o Alfaiate,<br />

e se não virar a cabeça, não é”.<br />

Quando o governador finalmente<br />

passou pela sua casa, a verdade<br />

nas palavras do sábio tornou-se evidente.<br />

O governador realmente vol-<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

sempre é boa. Mas D-us não está apenas<br />

além do mundo; Ele está também<br />

dentro dele. Ele é encontrado em cada<br />

átomo deste mundo. Mas somente a<br />

alma do homem pode argumentar em<br />

seu favor. Portanto, fazemos isso.<br />

Pode parecer estranho, mas é isso que<br />

está acontecendo: Ele como Ele está<br />

acima, como Ele está presente neste<br />

mundo, em julgamento.<br />

Somos os advogados de defesa.<br />

Reconhecemos que todas as Suas<br />

queixas são bem fundamentadas e<br />

justas. Pleiteamos culpados em todas<br />

as acusações. Porém demonstramos<br />

sincero arrependimento e declaramos<br />

que agora aceitaremos sobre<br />

nós a tarefa de purificar nossos atos<br />

e tornar o ano vindouro um ano<br />

muito, muito melhor que o passado.<br />

Acima de tudo, asseguramos que vamos<br />

falar somente o bem sobre o próximo<br />

e que lhe daremos nossas bênçãos<br />

para um ano bom e doce. Pois<br />

assim como julgarmos os outros, assim<br />

seremos julgados.<br />

A centelha de D-us dentro de<br />

nós nos conecta com a Infinita Luz<br />

Divina acima. O circuito está completo<br />

e o universo é recarregado<br />

com um fluxo de energia para um<br />

ano inteiro.<br />

tou a cabeça para seu antigo lar,<br />

e então todos souberam que ele<br />

não era um estrangeiro.<br />

Esta história retrata o significado<br />

para o Rei, diante daqueles<br />

que procuram se aproximar Dele, no<br />

dia mais sagrado do ano: aquele que<br />

ao menos neste dia volta-se para<br />

sua “antiga sinagoga”, não será um<br />

estranho na Casa de Israel.<br />

Ao voltar para seu legado, respirar<br />

a atmosfera do dia e sentirse<br />

aceito como parte integrante<br />

da comunidade, é provável que retornará…<br />

muito antes do próximo<br />

ano! (www.chabad.org.br).<br />

9<br />

* Tzvi Freeman é<br />

rabino, escritor e autor<br />

da “Dose Diária de<br />

Sabedoria”, publicado<br />

no website do Beit<br />

Chabad dos Estados<br />

Unidos<br />

(www.chabad.org).<br />

Nasceu em Vancouver,<br />

Canadá, onde, nos<br />

primeiros anos da<br />

juventude praticou<br />

Yoga, Tao e foi<br />

militante político. Em<br />

1970 ajudou a fundar o<br />

Total Education, uma<br />

universidade<br />

alternativa e em 1975<br />

abandonou sua<br />

carreira de guitarrista<br />

clássico e compositor<br />

para estudar Talmud e<br />

mística judaica por<br />

nove anos. Recebeu<br />

sua ordenação rabínica<br />

na Yeshivá Central<br />

Lubavitch de Nova<br />

York e completou os<br />

estudos de pósgraduação<br />

no<br />

Rabbinical College of<br />

Canada.


10<br />

Sonia Bloomfield<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Terrorismo: o que devemos saber<br />

Sonia Bloomfield *<br />

o dia 15 de agosto a televisão<br />

norte-americana noticiou<br />

que o Departamento<br />

de Polícia da cidade de<br />

Nova York divulgou um relatório<br />

que mostra que a idade<br />

média dos jovens islâmicos<br />

que se radicalizam está cada vez<br />

mais baixa. O fenômeno não é apenas<br />

americano, o mesmo acontece na<br />

Europa, no Canadá, Austrália, no<br />

Oriente Médio, etc.<br />

Mas, afinal, o que significa a radicalização<br />

de um jovem islâmico?<br />

Vamos por etapas. Em primeiro lugar,<br />

devemos ter em mente que nem<br />

sempre a radicalização religiosa desemboca<br />

na criação de um terrorista.<br />

Muitos radicais são apenas estudiosos<br />

e seguidores estritos do<br />

islã em suas vidas pessoais, isolando-se<br />

da sociedade ocidental envolvente,<br />

mas existem aqueles outros<br />

que enveredam pelos caminhos do<br />

terrorismo. É sobre estes últimos que<br />

iremos escrever.<br />

A radicalização toma muitas formas,<br />

levando à questão “o que é “radicalizar”?<br />

Na botânica, radicalização<br />

quer dizer: ”porção do eixo das<br />

plantas superiores que cresce para baixo,<br />

em geral dentro do solo, e cuja<br />

função fundamental é fixar o organismo<br />

vegetal e retirar do substrato os<br />

nutrientes e a água necessários à vida<br />

da planta”. Usando esta definição<br />

como analogia, podemos dizer que<br />

estes jovens buscam dentro do substrato<br />

que sustenta o islã o que há de<br />

mais extremo para “fixá-los” e “alimentá-los”,<br />

criando uma identidade<br />

islâmica, em oposição à ocidental,<br />

nutrida e fixada por valores básicos<br />

do islã extremista.<br />

Quais são os valores básicos do<br />

islã? Eles são cinco, “os 5 pilares do<br />

islã”: (1) O primeiro é a crença em<br />

um D-us único; (2) obrigação de rezar<br />

as cinco orações diárias prescritas;<br />

(3) jejuar no mês de Ramadan;<br />

(4) fazer caridade; e (5) fazer pelo<br />

menos uma peregrinação a Meca durante<br />

sua vida. As pessoas, os povos,<br />

que se unem na observância dos<br />

pilares do islamismo formam o que<br />

se denomina “Umma”, que significa<br />

comunidade. A “Umma” é a base do<br />

“Da’ar el-islam”, casa do islã, que existe<br />

em oposição ao “Da’ar el-harb”, o<br />

mundo da guerra, o mundo dos nãoislâmicos.<br />

É no confronto entre os<br />

dois mundos que encontramos a<br />

idéia de “Jihad”, a guerra santa”.<br />

O que é a “Jihad”? A Jihad é uma<br />

luta, interna e externa: A luta interna<br />

é contra as más inclinações de<br />

pessoais, e a externa é contra o “Da’ar<br />

el-harb”, o mundo da guerra, um<br />

mundo que deve ser derrotado pelo<br />

“Da’ar el-islam”, seja através da conversão<br />

de seus membros ao islã, seja<br />

por sua eliminação física. É a busca<br />

do fim-dos-tempos, o retorno glorioso<br />

ao Califado através da Jihad, que<br />

cria atos de terrorismo islâmico.<br />

Até a segunda metade do século<br />

20, o mundo conhecia um tipo tradicional<br />

de terrorismo, aquele que<br />

buscava derrubar um governo ou alterar<br />

alguma política de cunho social,<br />

como ainda fazem os Tigres de<br />

Tamil, as Farc, e outros grupos revolucionários.<br />

Nas últimas décadas<br />

do século passado, o mundo viu<br />

surgir uma nova forma de terrorismo,<br />

especificamente islâmico, que<br />

é denominado “terrorismo aleatório”,<br />

que não tem mais o objetivo<br />

de mudar um governo por outro, que<br />

ataca principalmente a população<br />

civil, e que tem como objetivo chamar<br />

a atenção para uma demanda<br />

particular, criando pressão e medo<br />

na opinião pública.<br />

No século 21, culminando no<br />

atentado de 11 de setembro de<br />

2001, aparece em cena o “terrorismo<br />

pós-moderno”, aquele que ataca<br />

civis em grande escala, e busca uma<br />

mudança da realidade através de<br />

sua destruição. É um tipo não-convencional,<br />

que também usa, e usará<br />

cada vez em maior escala, armas químicas,<br />

biológicas e nucleares, e que<br />

se utiliza cada vez mais dos meios<br />

de comunicação de massa para gerar<br />

medo e divulgar sua mensagem, e que<br />

também usa a internet para recrutar<br />

e treinar novos aderentes. No momento,<br />

esta luta desenvolve-se principalmente<br />

dentro do mundo islâmico,<br />

através de tentativas de desestabilizar<br />

e derrubar os governos do<br />

Egito, Arábia Saudita, Iraque, Jordânia,<br />

etc., mas ela não busca apenas<br />

derrubar governos, mas sim outros<br />

valores civilizacionais, principalmente<br />

a ocidental, através da<br />

destruição do “Da’ar el-harb” que os<br />

ameaça culturalmente ao pregar uma<br />

sociedade civil dissociada do componente<br />

religioso tradicional.<br />

O terrorismo necessita de dois<br />

fatores para existir: (1) a motivação<br />

e (2) os meios necessários para<br />

implementá-lo. Esta é a razão pela<br />

qual este artigo começou com a referência<br />

aos jovens, cada vez mais<br />

jovens, que aderem a uma linha radical<br />

do islã, que cria neles a motivação.<br />

Mas a motivação sem os<br />

meios não permite a existência do<br />

terrorismo, e é com a motivação que<br />

a semente é plantada. Os meios são<br />

vários, tais como o apoio econômico,<br />

político, militar, ideológico,<br />

e operacional de governos, como a<br />

Arábia Saudita e o Irã entre outros,<br />

de indústrias, negócios, e doações<br />

(da’wa, i.e. caridade) magnatas e<br />

pessoas comuns, etc.<br />

Nem todos os países definem o<br />

terrorismo da mesma maneira, o que<br />

torna difícil atacá-lo de forma global.<br />

No entanto, de acordo com o<br />

dr. Boaz Ganor, diretor do Instituto<br />

de Contra-Terrorismo, em Israel, “o<br />

terrorismo é o uso intencional, ou<br />

ameaça, de violência contra civis para<br />

alcançar objetivos políticos. Ele é uma<br />

tática, não um objetivo em si, que usa<br />

a violência para atacar populações civis.<br />

O terrorista não é um criminoso<br />

comum, ele é um criminoso de guerra.<br />

Ele pode ser aquele que perpetra<br />

um ataque, aquele que ajuda na logística,<br />

aquele que financia, e aquele<br />

que o acolhe”.<br />

O modus-operandi da Jihad global<br />

é desenvolvido através de comunidades<br />

islâmicas em todo o<br />

mundo, e também através da mídia<br />

e do uso do ciberespaço, ou seja,<br />

contato direto e contato virtual. A<br />

estratégia é a de cooptar mentes e<br />

corações das populações islâmicas,<br />

principalmente entre os jovens,<br />

através da identificação e uso de<br />

um sentimento de discriminação<br />

para criar a motivação. É oferecida<br />

uma nova identidade, “superior” às<br />

demais, com sentido de pertinência<br />

à Umma, alterando o status de<br />

seus membros de minorias a maioria.<br />

De acordo com o dr. Ganor, 99%<br />

das pessoas atingidas pela propaganda<br />

não estarão interessadas ou<br />

prontas a integrar-se à Jihad global,<br />

mas há 1% com as características<br />

específicas procuradas pelas organizações<br />

terroristas, e dentre eles<br />

sairão vários tipos de agentes do<br />

terror. Dentre o 1% de pessoas que<br />

se envolvem diretamente em ataques<br />

terroristas, encontram-se dois tipos:<br />

(1) aqueles que agem por iniciativa<br />

pessoal, muitas vezes sem o<br />

conhecimento da organização da<br />

qual fazem parte, e (2) aqueles que<br />

agem como parte de ataques organizados<br />

por uma organização terrorista<br />

específica ou de seus elementos<br />

“terceirizados”.<br />

A identidade criada pela Jihad<br />

global baseia-se em vários elementos:<br />

(1) na glorificação da história<br />

do islã (da época do Califado), (2)<br />

na apresentação de soluções extremas,<br />

onde o bem (islã) e o mal (nãoislã)<br />

são absolutos; (3) através da<br />

criação de um inimigo comum, por<br />

intermédio de teorias de conspiração<br />

(por isto os “Protocolos” são<br />

tão divulgados no mundo islâmico),<br />

(4) alimentando o sentimento de<br />

humilhação islâmica frente ao Ocidente,<br />

e a conseqüente necessidade<br />

de vingança (a honra é um conceito<br />

básico para entender-se o<br />

islã), (5) na ênfase sobre a obrigação<br />

religiosa, um comando divino,<br />

para a Jihad, e (6) através da indução<br />

de um senso de urgência para<br />

salvar o islã antes que ele seja destruído<br />

pelo “grande” (EUA) e pelo<br />

“pequeno” (Israel) satãs.<br />

Desta maneira, mais e mais pessoas,<br />

principalmente jovens influenciáveis,<br />

são atraídas ao extremismo<br />

islâmico, tornando-se terroristas em<br />

potencial, e o fato de serem cada vez<br />

mais jovens mostra o quão são facilmente<br />

influenciáveis pela propaganda<br />

da Jihad global. O mundo ocidental<br />

tem uma visão de infância e juventude<br />

muito diferenciada da do<br />

islã radical, e não está preparado para<br />

lidar com o que os especialistas indicam<br />

será a próxima onda de terror:<br />

o uso de crianças e adolescentes<br />

em ataques.<br />

Nenhum país ou área do globo<br />

estará isento. Por isto, é importante<br />

que aprendamos cada vez mais<br />

sobre o fenômeno do terror para que<br />

possamos tentar neutralizá-lo.<br />

* Sonia Bloomfield é licenciada em Geografia, mestre e pH.D. em<br />

Antropologia e professora da Universidade de Brasília. Foi a primeira<br />

brasileira a participar do Programa Executivo dos Estudos Contra-<br />

Terroristas, do Institute for Counter-Terrorism em Herzliya, Israel, entre 1º a<br />

20 de julho de 2007. Do curso participaram muitos estudantes de Relações<br />

Internacionais, mas a maioria era composta de pessoas de alta patente nos<br />

serviços de inteligência (contra-espionagem) das polícias e de forças<br />

armadas de Israel, Espanha, El salvador, Austrália, Alemanha, Estônia,<br />

Polônia, EUA, Turquia, etc. Bloomfield sugeriu a oferta do curso em<br />

espanhol, ou português, mas há falta de pessoal adequado que saiba estas<br />

línguas. Para contatos com o Instituto, escrever para ctstudies@idc.ac.il, e<br />

com a autora para sonia_bloomfield@yahoo.com


*Breno Lerner é<br />

editor e gourmand,<br />

especializado em<br />

culinária judaica.<br />

Escreve para<br />

revistas, sites e<br />

jornais. Dá<br />

regularmente<br />

cursos e<br />

workshops. Tem<br />

três livros<br />

publicados, dois<br />

deles sobre<br />

culinária judaica.<br />

No dia 7 de novembro de 1807,<br />

há 200 anos, D Maria I, rainha de<br />

Portugal, sua família e sua corte embarcaram<br />

para o Brasil, fugindo das<br />

agruras que a ameaça da invasão napoleônica<br />

provocava.<br />

Esperava a corte reconstruir<br />

sua vida e sua força no Brasil e<br />

poder voltar à sua terra, passadas<br />

as ameaças.<br />

A vinda da família imperial foi uma<br />

ruptura abrupta, motivada por forças<br />

além de seu controle e pela esperança<br />

de, passado o tempo, retornar.<br />

Passado o tempo...<br />

A passagem do tempo e<br />

sua contagem são uma<br />

das mais fascinantes<br />

invenções do homem.<br />

Poder zerar o tempo a<br />

cada ano novo, esperando<br />

mudanças e tempos<br />

melhores no ano<br />

vindouro, chega a ser<br />

mágico!<br />

Os judeus reservam<br />

10 dias para que expiemos nossos<br />

pecados e, numa franca conversa com<br />

o Criador, tenhamos a chance adicional<br />

do perdão e da inscrição no livro<br />

dos vivos.<br />

Para todos os nossos ascendentes,<br />

que como a corte portuguesa,<br />

tiveram de abrir mão de suas vidas<br />

para tentar a felicidade em um novo<br />

local, a imigração foi uma espécie<br />

de gigantesco ano novo em suas<br />

histórias pessoais.<br />

Foi como entrar numa sinagoga no<br />

Rosh Hashaná e de lá saírem perdoados<br />

e prontos para uma vida nova.<br />

Para a maior parte foi efetivamente<br />

tirar os seus nomes do livro dos que<br />

vão morrer e colocá-los no livro dos<br />

que vão viver.<br />

Se contarmos toda a América Latina,<br />

vieram pouco mais de 1 milhão<br />

de judeus para o ano novo de<br />

suas vidas. Aqui a maioria progre-<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Esperanças para o Ano Novo<br />

diu, adaptou-se, criou raízes e descendentes<br />

que hoje ocupam parte<br />

proeminente das sociedades dos<br />

países que os acolheram.<br />

Em suma, foram perdoados e<br />

agradeceram por seu perdão com<br />

vidas dignas.<br />

Neste Rosh Hashaná, minha homenagem<br />

a estes corajosos. Uma receita<br />

que mostra bem a adaptação<br />

de costumes europeus e ingredientes<br />

americanos, uma completa reinvenção<br />

do tradicional Tzimes.<br />

Carbonada Carbonada Criolla Criolla<br />

Criolla<br />

Esta receita vem de nossos “hermanos”<br />

argentinos.<br />

Os judeus iniciaram as grandes<br />

imigrações para a Argentina no final<br />

do século XIX, incentivados pelos<br />

programas do Barão de Hirsch, que<br />

queria desenvolver suas terras na região<br />

dos Pampas.<br />

Este banqueiro belga tinha legítima<br />

preocupação com os judeus<br />

russos, bastante perseguidos na<br />

época e fundou a Jewish Colonization<br />

Association, que não só levou<br />

judeus para a Argentina como<br />

para o Brasil, nas famosas colônias<br />

de Philipson (1903), Barão Hirsch<br />

(1926), Baronesa Clara (1927) e,<br />

mais tarde, Rio Padre e Pampa.<br />

Na nova terra, os imigrantes receberam<br />

lotes de 25 a 30 hectares,<br />

com uma residência, instrumentos<br />

agrícolas, duas juntas de<br />

bois, duas vacas, carroça, cavalo e<br />

sementes, a um preço de cerca de<br />

cinco contos de réis, a serem pagos<br />

em prazos de 10 a 15 anos.<br />

A grande novidade para estes<br />

imigrantes, além da liberdade, era<br />

a abundância de carne, quase inexistente<br />

em seu cotidiano.<br />

Esta receita mistura a tradição<br />

do Tzimes bessarábio com a Carbonada<br />

argentina.<br />

1 abóbora moranga grande;<br />

¼ xícara de margarina vegetal;<br />

3,5 kg de carne para cozido cortada<br />

em cubos de 2x2 cm;<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

OLHANDO no Youtube<br />

Assista no site youtube.com aos vídeos<br />

recomendados pelo jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>:<br />

Foto fraudes no Líbano<br />

http://www.aish.com/movies/PhotoFraud.asp<br />

Salve Sderot<br />

Carbonada criolla<br />

http://www.youtube.com/watch?v=fJ5CtzTQXPs<br />

Carne<br />

com<br />

tzimes<br />

Campanha do Habonim Dror Curitiba<br />

http://www.youtube.com/watch?v=6jEbtsI8aXY<br />

Documentário sobre os 40 anos da Guerra dos Seis Dias<br />

http://www.youtube.com:80/watch?v=FkoUfcbauWo<br />

11<br />

2 colheres de sopa de óleo;<br />

2 xícaras de cebolas picadas;<br />

4 xícaras de caldo de carne;<br />

1 kg de tomates sem casca e<br />

sementes bem picados;<br />

1 colher de chá de orégano;<br />

3 batatas doces grandes sem<br />

casca e cortadas em cubinhos;<br />

3 cenouras grandes cortadas<br />

em rodelas grossas;<br />

24 ameixas pretas sem caroço;<br />

8 metades de pêssego em calda<br />

escorridas.<br />

Lave bem a abóbora, corte<br />

uma tampa de aproximadamente<br />

15 cm de diâmetro, retire-a<br />

e limpe por dentro retirando sementes<br />

e fibras. Passe a margarina<br />

por dentro e por fora da<br />

abóbora. Tempere com sal e pimenta<br />

do reino e leve-a ao forno<br />

por aproximadamente 30 minutos<br />

ou até começar a amolecer.<br />

Não deixe amolecer demais.<br />

Reserve. Enquanto isto, em uma<br />

panela grossa frite a cebola no<br />

óleo até dourar, acrescente a<br />

carne e doure-a bem de todos<br />

os lados. Tempere com sal e pimenta<br />

do reino à gosto. Adicione<br />

o caldo, os tomates e o orégano<br />

e cozinhe tampado por 15<br />

minutos. Coloque então as batatas<br />

e as cenouras e cozinhe<br />

por mais 15 minutos. Por último,<br />

adicione as ameixas e os<br />

pêssegos e cozinhe por mais 5<br />

minutos. Atenção, em todas as<br />

fases do cozimento chacoalhe a<br />

panela para não grudar, mas<br />

nunca mexa, pois batatas e cenouras<br />

podem se desfazer.<br />

Encha a abóbora com o cozido<br />

de carne, coloque a tampa da<br />

abóbora e leve ao forno alto por<br />

mais 15 minutos.<br />

Sirva imediatamente.


12<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

* Eugenia Souza é mestra em Bíblia<br />

Hebraica e Grega, formada em<br />

Jerusalém. Nasceu no interior do<br />

Paraná e cresceu em Curitiba, onde<br />

cursou a educação elementar até<br />

Filosofia. Graduou-se em São Paulo, e<br />

lá se tornou quatro anos mais tarde,<br />

Bacharel em Teologia. Em Jerusalém<br />

procurou um terceiro passo que é a<br />

exegese, isto é, o estudo sempre a<br />

partir dos textos originais.<br />

Eugenia Souza *<br />

ltimo dia do ano de 1999,<br />

à meia-noite começaria um<br />

novo século e pela segunda<br />

vez punha os pés na terra<br />

que eu escolhera, em particular,<br />

Jerusalém. Não como turista,<br />

mas sim, como estudante. Somente<br />

em 15 de outubro de 2000<br />

pude ali me estabelecer definitivamente<br />

para um projeto de estudos<br />

de três anos. A casa, no bairro<br />

Mahané Yehuda, próximo ao Shuk<br />

(feira) ficava um metro e meio abaixo<br />

do solo, o banheiro fora, com<br />

água quente apenas no verão. Não<br />

obtendo bolsas de estudo, aquela<br />

casa era o que eu poderia pagar.<br />

Dia 2 de novembro, são três horas<br />

e quinze minutos, cansada de<br />

estudar decidi sair e como sempre,<br />

andar por cinco minutos. Ali não<br />

tínhamos grande espaço, o limite<br />

da janela é numa rua, no caso,<br />

Rehov Shomron, com circulação de<br />

carros e a porta da casa para a<br />

Rehov Abulafia, sem espaço físico<br />

para carros. As famílias ali são de<br />

classe média-alta, média ou médiabaixa,<br />

alguns, chegando a passar<br />

necessidades. Pensar em dar a volta<br />

por todo o quarteirão de trás me<br />

desestimulou e abri um segundo livro.<br />

Quando olho para a única pequena<br />

janela vejo um carro estremecer-se<br />

todo e uma grande explosão<br />

ocorre. Gritos de crianças<br />

na casa de cima. Corri<br />

para fora e todos<br />

diziam: ‘Pitzutz,<br />

Pitzutz’.<br />

Não sabendo<br />

o significado<br />

da<br />

palavra,<br />

tentei<br />

correr<br />

para a<br />

r u a<br />

Shomron<br />

e ver o que<br />

estava<br />

acontecendo,<br />

sendo então<br />

impedida<br />

pelos moradores<br />

que continuavam gritando.<br />

Um carro-bomba explodira atrás<br />

do carro que estava estacionado<br />

junto à minha janela criando uma<br />

série de explosões. Até hoje nenhum<br />

grupo reclamou para si o feito que<br />

deixou duas vítimas mortais e além<br />

de feridos. Por conta disso, seis<br />

meses mais tarde fui atendida nos<br />

hospitais de Ancona, Itália. Eu entendia<br />

o ivrit (hebraico), mas não<br />

sabia expressar-me como, em italiano.<br />

Os moradores não me conhe-<br />

A vida no Mahané Yehuda<br />

ciam e não entendiam porque não<br />

deixei imediatamente o país.<br />

Passaram-se um ano e três meses.<br />

A reserva com uma estrangeira<br />

pouco a pouco se rompia, quando<br />

num domingo decido ir ao Shuk,<br />

mas antes teria que ir à casa de<br />

câmbio. Passo pela Rehov Ben Yehuda,<br />

faço o câmbio e retorno pela<br />

Rehov Yafo. Antes de chegar ao final<br />

da quadra, entre a Yafo e a King<br />

George, vejo o semáforo verde mudando<br />

para o vermelho. Começo a<br />

correr e atravesso já no vermelho,<br />

alcançando os pedestres que tinham<br />

atravessado no verde. Continuo a<br />

passos normais quando uma grande<br />

explosão ocorre e outras se seguem.<br />

Atrás de mim tudo são cinzas.<br />

A primeira garota-bomba deixara<br />

mortos e feridos. Estando mais<br />

longe, fui atingida apenas pelo pó<br />

dos vidros que penetraram um pouco<br />

na cabeça e nas mãos. Decidi<br />

continuar em frente, comprei legumes,<br />

fiz uma sopa com gosto de<br />

vácuo, assim como dentro de mim<br />

existia somente o vácuo e uma ordem<br />

de continuar em frente. Não<br />

olhar mais os feridos e os mortos.<br />

Na sinagoga que eu freqüentava assiduamente<br />

começaram, para minimizar<br />

um pouco, a brincar que não<br />

sairiam mais comigo.<br />

Por causa da rotina de vida entre<br />

faculdade, estudos bíblicos e<br />

estar em casa com poucas horas de<br />

sono, o arrumar a casa na sextafeira,<br />

escutar as Parashat Hashavua<br />

através do rádio, comecei a ser<br />

identificada não mais como uma<br />

estrangeira, mas como pertencente<br />

àquela comunidade de moradores.<br />

Era respeitada, decidia junto<br />

aos moradores quando queríamos<br />

reclamar sobre questões de asfalto,<br />

limpeza e outros assuntos na<br />

prefeitura. A comunidade ali é composta<br />

de ladinos, com pratos simples<br />

e variados para o shishi-shabat<br />

(cabalat shabat) como sopa de<br />

galinha ou feijão branco com espécimes.<br />

Trocávamos receitas e no<br />

verão tem uma informal reunião no<br />

meio da rua ou no quintal onde<br />

eu morava. Cada moradora chega<br />

com uma caneca de chá ou café e<br />

ali acontecem as fofocas, as risadas,<br />

a amizade. Nós tínhamos cuidado<br />

de guardar a casa do outro e<br />

mesmo cuidados sobre o outro, se<br />

não o víamos, íamos averiguar se<br />

não estava doente, ou com algum<br />

outro problema.<br />

Mahané Yehuda é chamado pelos<br />

árabes de ‘triangulo da morte’, mas<br />

para os que ali vivem, o bairro de<br />

Mahané Yehuda é vida, com suas casas<br />

antigas e sua história. Canais e<br />

poços hoje obstruídos testemunham<br />

O shuk, feira ao ar livre de Machané Yehuda<br />

o período em que a água era coletiva<br />

com um único poço em cada rua.<br />

Uma casa era projetada para, em princípio,<br />

morarem quatro famílias; duas<br />

em cima e duas no subsolo, isto é,<br />

abaixo do nível do solo. Apesar do<br />

pouco espaço, isto não impedia o<br />

aumento da família e duas pequenas<br />

peças, com um banheiro fora, também<br />

coletivo, abrigando o casal e no<br />

mínimo cinco filhos. As construções<br />

modernas hoje em dia pedem espaço,<br />

e Mahané Yehuda abriga tanto<br />

ortodoxos como estrangeiros com<br />

suas diferenças culturais. O stress nos<br />

acompanha e à menor provocação,<br />

gritamos, brigamos, damos de dedo<br />

no nariz do outro, mas se um terceiro<br />

que não é dali entra no meio,<br />

ou brigamos todos juntos, ou colocamos<br />

indignados o terceiro para<br />

correr. Pegamos uma xícara de chá<br />

com hortelã e a tarde termina entre<br />

risadas e protestos. Mas o que<br />

não podemos deixar de falar é sobre<br />

o Shishi-Shabat. À tardezinha<br />

começam a se reunir na casa materna<br />

todos os filhos, nora, genro<br />

e netos. Poderão retornar às casas<br />

somente ao término do sábado por<br />

causa da observância de não dirigir<br />

carro. Sexta-feira as ruas são<br />

marcadas pela cadência das vozes de<br />

adultos e crianças que recitam o Sidur<br />

nas casas. Cada casa é um templo,<br />

e entre risos e o cântico de Salmos,<br />

a noite passa. As crianças que<br />

começam a balbuciar aprendem as<br />

fórmulas das bênçãos e as pronunciam<br />

antes de beber ou comer, e assim<br />

entendemos o Salmo 8.<br />

Sete anos de vida no Mahané<br />

Yehuda. Eu participava da celebração<br />

do Shishi-Shabat na casa de<br />

Abraham e Hannah Yakin, e era para<br />

eles um de seus filhos. Ele, artista,<br />

completou 83 anos no dia 31 de<br />

julho, na mesma casa em que seus<br />

antepassados nasceram, assim como<br />

ele e seus filhos, e agora seus netos<br />

também. No ano passado, foi<br />

convidado para fazer um mural em<br />

uma sinagoga na França; este ano<br />

foi convidado a expor seus quadros<br />

na Holanda e na França. Ela, sobrevivente<br />

do Holocausto na Holanda,<br />

publicou no ano passado,<br />

um livro com 700 páginas em holandês<br />

sobre suas memórias da<br />

Shoá. Adam, um dos filhos, trabalha<br />

com teatro para crianças.<br />

Eu tinha ali também minhas sobrinhas<br />

adotivas, duas lindas meninas<br />

israelitas-etíopes, e as levava<br />

à sinagoga, e no dia de sábado<br />

íamos ao grande parque ‘Gan Sacher’.<br />

Sendo eu professora por vocação,<br />

ensinei-as a ensinar. Trouxe<br />

uma pequena fita onde elas, com<br />

muita graça. ensinam todo o alfabeto<br />

em ivrit. Um dia, quem sabe,<br />

elas poderão estar aqui ensinando<br />

para nossas crianças?<br />

O estudo terminou. Vivi somente<br />

o dia-a-dia, não pensando em nada<br />

mais. Quando disse que teria que<br />

deixar o país, não acreditaram. A<br />

emoção foi muito grande. Foram<br />

sete anos diante de um computador,<br />

dicionários e Bíblias, e eu sentada<br />

fora, na pequena varanda da<br />

casa. Todos os moradores me conheciam<br />

e, da manhã à noite, eram<br />

sorrisos e um ‘Shalom Ghenia’!<br />

Mahané Yehuda! Eles ainda não<br />

acreditam que tive de deixá-los e<br />

quando me enviam e-mails me dizem:<br />

‘Tua pequena casinha te espera’.<br />

A todos vocês do Mahané Yehuda,<br />

um grande Shalom VeSheket. Ulai<br />

bashanah habah ani sham, beYerushalaim<br />

e ao Abraham Yakim, yom<br />

huledet sameach!<br />

Paz e silêncio (isto é, que não<br />

ocorram explosões). Quem sabe se<br />

talvez no próximo ano eu esteja lá,<br />

em Jerusalém e ao Abraham Yakim,<br />

feliz aniversário!


Ativistas da comunidade<br />

As primeiras escolas judaicas no Paraná VI<br />

Sara Schulman *<br />

A grande polêmica: formação do<br />

ginásio hebreu brasileiro em<br />

Curitiba<br />

A polêmica sobre a possibilidade da<br />

formação de um curso ginasial (2º grau),<br />

como seqüência do 1º grau da Escola<br />

Israelita Brasileira Salomão Guelmann<br />

(EIBSG), começou a “borbulhar” no<br />

mesmo ano em que se cogitava sobre<br />

onde e como deveriam ser as novas instalações<br />

da sede do Centro Israelita. É<br />

no “O Macabeu” nº 15, de 1955 (sete<br />

anos após a Fundação do Estado de Israel),<br />

pg. 21, na seção “Uma enquête<br />

por mês”, que vamos encontrar os primeiros<br />

debates, com opiniões divergentes<br />

sobre a formação de um curso que<br />

poderia ampliar em quatro anos o ensino<br />

escolar, e consequentemente o yidishkait<br />

e o contato entre as nossas<br />

crianças, dentro da comunidade judaica<br />

da época, em Curitiba.<br />

As justificativas pró e contra a criação<br />

do ginásio eram bastante contraditórias<br />

e variadas, mas todas importantes;<br />

porque, sem dúvida, refletiam as<br />

condições, as dificuldades, os problemas<br />

e as preocupações dos judeus de<br />

então. Desde o início das discussões,<br />

em 1955, e do funcionamento do ginásio<br />

em 1970, quando foi fundado, e até<br />

hoje, esporadicamente, ouvimos aqui e<br />

ali as mesmas discussões de 52 anos<br />

atrás. Por que a ampliação dos anos na<br />

escola continua sendo um problema?<br />

Houve até uma enquête com a pergunta:<br />

“Que pode dizer-nos sobre a<br />

necessidade e a possibilidade da fundação,<br />

em Curitiba, de um Ginásio<br />

Hebreu Brasileiro?” As respostas foram<br />

tanto positivas como negativas,<br />

principalmente por causa da questão<br />

financeira.<br />

Em “O Macabeu” nº 16, do mesmo<br />

ano, pg. 7, a entrevista do mês, “Um<br />

assunto, duas opiniões” trás dois depoimentos<br />

de grande relevância sobre<br />

o assunto: Do diretor e professor de<br />

iídiche e hebraico da EIBSG, Zvi Raphaeli;<br />

e do professor José Sheinkman, lente<br />

de diversos ginásios da Capital, e<br />

figura querida e consagrada no seio do<br />

magistério de Curitiba.<br />

Pergunta: Na sua opinião há necessidade<br />

da criação, em Curitiba, de um<br />

Ginásio Hebreu Brasileiro?<br />

Prof. Raphaeli: Há sim necessidade<br />

do Ginásio, mas, antes disso,<br />

precisa-se ter em mente que é indispensável<br />

um bom curso primário (primeiro<br />

grau), onde sejam lecionados<br />

iídiche e hebraico, e onde os pais<br />

sejam instruídos no sentido de que<br />

não devem retirar os seus filhos no<br />

meio da aula... Temos atualmente<br />

(1955) um curso “ginasial” em iídi-<br />

che, para crianças, ao qual assistem<br />

sete alunos, parte para poderem,<br />

após as aulas, jogar futebol e parte<br />

porque os pais assim o desejam.<br />

Prof. Sheinkman: Existe essa necessidade.<br />

Uma colônia como a de Curitiba,<br />

com o constante desenvolvimento<br />

que vem apresentando, precisa da<br />

formação de núcleos para o contato<br />

entre seus componentes. No Rio, em<br />

S. Paulo e em outras cidades grandes,<br />

o Ginásio tem, nesse sentido,<br />

prestado grandes serviços.<br />

Já em 1946 fui convidado pelo saudoso<br />

Salomão Guelmann e tive a oportunidade<br />

de vir a Curitiba com a intenção<br />

de fundar um colégio. Encontrei,<br />

realmente, por parte de muitos elementos,<br />

grande interesse no sentido de<br />

concretizar a idéia. Chegou-se mesmo<br />

a formar um esboço de sociedade, graças<br />

ao idealismo dinâmico do Sr. Salomão<br />

Guelmann. Infelizmente, porém, um<br />

outro professor, residente em Curitiba,<br />

espalhou entre alguns elementos a notícia<br />

de que o colégio deveria gastar<br />

cerca de 40 mil cruzeiros só em giz.<br />

<strong>Sem</strong> dúvida alguma, foi uma informação<br />

errada e maliciosa, mas fez com<br />

que muitos elementos desistissem de<br />

cooperar com a nossa idéia. Naquela<br />

ansiedade dinâmica, começamos a negociar<br />

a compra do Colégio Iguaçu, que<br />

representaria um patrimônio extraordinário<br />

para fortificar a idéia. Ao final,<br />

porém, não vingou o nosso desejo.<br />

No momento, acho difícil organizar<br />

um Ginásio em Curitiba devido ao espírito<br />

egoísta que domina alguns elementos<br />

da colônia, principalmente aqueles<br />

que possuem dinheiro. Senti isso, com<br />

maior intensidade, há dois anos, quando<br />

iniciei uma campanha no sentido de<br />

dotar a Escola Israelita Brasileira de<br />

um ônibus, como ocorre nas cidades<br />

maiores. As respostas dos pais de alunos<br />

foram desanimadoras. Isto tudo tem<br />

feito com que as crianças israelitas em<br />

Curitiba tomem rumos diversos e se torne<br />

cada vez mais difícil a concretização<br />

de um colégio.<br />

Pergunta: Teria esse ginásio as mesmas<br />

características dos outros do país?<br />

Prof. Sheinkman: Poderia ter desde<br />

que a colônia compreendesse sua<br />

necessidade.<br />

Prof. Raphaeli: Sei de ginásios nesse<br />

molde, em S. Paulo e no Rio de Janeiro.<br />

O de S. Paulo tem trazido bons<br />

frutos para aquela coletividade. As crianças<br />

recebem ali, quatro horas diárias<br />

de aulas e os exames são feitos<br />

tanto nas matérias em iídiche como em<br />

português. Pergunta-se, porém: já está<br />

Curitiba em condições de ter um Ginásio?<br />

Compreendem os pais o que significa<br />

um ginásio no verdadeiro espírito<br />

iídiche e hebraico? Às vezes, chego a<br />

pensar que o que se quer aqui não são<br />

professores, mas um Rabi que ensine<br />

as crianças a rezar, como ocorria antigamente<br />

nas velhas escolas da Europa...<br />

Um Ginásio Hebreu Brasileiro só<br />

deve vir no momento em que os próprios<br />

pedagogos puderem organizar o<br />

programa, nele integrando a idéia da<br />

educação nacional judaica. Deve-se criar<br />

antes um Colégio de Pedagogia que,<br />

com a ajuda do Conselho Central de<br />

Educação e Cultura do Rio de Janeiro,<br />

fará os estatutos e elaborará o programa<br />

do futuro Ginásio.<br />

Pergunta: Seriam os cursos de português<br />

e iídiche independentes entre si?<br />

Prof. Raphaeli: Na primeira parte,<br />

incluiríamos cursos de Tanach, história,<br />

palestinografia, literatura. Nas classes<br />

mais adiantadas, haveria curso especial<br />

de sionismo. Isto tudo, porém, com<br />

a condição de que o ginásio tenha a<br />

“estampa da família judaica sionista”.<br />

No Conselho Pedagógico devem tomar<br />

parte somente os especialistas. E o comitê,<br />

nos moldes do atual, só deve analisar<br />

questões materiais e econômicas.<br />

O professor ficará sob a jurisdição apenas<br />

do Conselho.<br />

Prof. Sheinkman: Ter-se-ia, de acordo<br />

com a lei federal, que obedecer ao<br />

Ministério, quanto à programação das<br />

matérias em português. Quanto a parte<br />

judaica, haveria a relação das matérias<br />

judaicas a serem ensinadas; independentemente<br />

destas, formando-se<br />

além disso, um ambiente iídiche para<br />

a mocidade iídiche.<br />

Pergunta: Haverá facilidade para<br />

formar um corpo docente quanto aos<br />

professores de assuntos judaicos?<br />

Prof. Raphaeli: O <strong>Sem</strong>inário Hebraico<br />

do Rio de Janeiro, no qual estudam<br />

hoje cerca de 50 futuros professores,<br />

poderá constituir a vanguarda do futuro<br />

ginásio. Suas lições seguem o espírito<br />

moderno, estão ligadas com a realidade<br />

e, como brasileiros natos, conhecem<br />

a língua e o histórico nacional.<br />

Não se pode mais pensar em professores<br />

de Israel, que aqui vem por curto<br />

espaço de tempo. A base deve ser constituída<br />

por elementos do próprio país.<br />

E não se deve contar com professores<br />

da velha geração. Faço questão de frisar<br />

novamente: acredito na geração<br />

jovem do novo Ginásio. Conheço a juventude<br />

intelectual de Curitiba. Nela há<br />

diversos pedagogos que poderiam lecionar<br />

no ginásio.<br />

Prof. Sheinkman: Nossa Faculdade<br />

de Filosofia tem formado muitos professores<br />

da colônia judaica, de forma<br />

a poder ser organizado, com eles, o<br />

corpo docente do futuro ginásio. Curitiba<br />

é uma cidade universitária, possuindo,<br />

no magistério, elementos de<br />

grande capacidade, que poderiam formar<br />

um corpo de professores à altura<br />

do que se deseja para o novo colégio.<br />

* Sara Schulman é farmacêutica e bioquímica, foi casada com Saul Schulman (falecido em 2006), neto de Bernardo<br />

Schulman. Fundou, em 1988, e é a atual presidente do Instituto Cultural Judaico Bernardo Schulman,<br />

sob cujos auspícios se publica esta coluna.<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

O LEITOR<br />

ESCREVE<br />

13<br />

Mulheres da Bíblia<br />

Prezados Senhores:<br />

Parabéns a toda equipe do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> pela qualidade<br />

em forma e conteúdo que vem aperfeiçoando desde<br />

sua iniciação.<br />

Gostaria de cumprimentar especialmente o dr. Sérgio Feldman<br />

pelo seu artigo “Mulheres da Bíblia (II)”, onde tece<br />

com a habilidade e conhecimento que lhe são peculiares as<br />

análises sobre ícones embrionários da formação do Ser.<br />

Sinto-me enriquecido podendo absorver parte da preleção.<br />

Deixo apenas a dúvida de que se o “Homem” foi criado á<br />

semelhança de D-us, não estariam Adão e Eva já compostos<br />

da perfeição divina? O livre arbítrio já não faria parte do<br />

“kit” original?<br />

Se não era para comer do fruto do bem e nem do mal,<br />

não era para comer e ponto final. Daí, a desobediência foi<br />

o fator único e fundamental!<br />

Enfim, metafisicamente, deveremos pesquisar sobre o Anthropos<br />

arquetípico; Purusha; o Adão Cádmio; o Homo Maximus;<br />

ou seja, o homem cósmico.<br />

Marco Alzamora<br />

Arquiteto<br />

Curitiba - Paraná<br />

Nathan Yalom e Moshavá<br />

Senhores redatores:<br />

Acabei de ler o artigo sobre Nathan Yalom, bem como o de<br />

Clara Guelmann sobre a entrevista com o escritor Nahum Mandel<br />

e a Moshavá de 1944 no Paraná. Excelente resgate da memória<br />

curitibana. Que papel importante o jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

está desempenhando também sob este aspecto!<br />

Nachman Falbel<br />

Professor, historiador e escritor<br />

São Paulo – SP<br />

Uma surpresa<br />

Prezados amigos,<br />

Quero contar-lhes um episódio que ocorreu uma tarde dessas.<br />

Estava eu voltando para casa do trabalho, no metrô cheio,<br />

quando agarrado a um estribo eu passei a prestar atenção a um<br />

tablóide que um senhor lia sentado. Nele haviam dois artigos.<br />

O do alto da página tinha um <strong>título</strong> mais ou menos assim:<br />

“Novidades virão da Síria e do Irã” (N. R. Na verdade, “Ventos<br />

opostos sopram da Síria e do Irã”). De imediato pensei<br />

que o tal senhor estivesse a ler algum jornaleco ultra-esquerdo-nazista,<br />

quando vi o <strong>título</strong> do artigo abaixo: “Israel<br />

descobre petróleo” e lembrei que um artigo com o mesmo<br />

<strong>título</strong> que eu tinha lido dias trás. Forcei um pouco mais minhas<br />

retinas míopes e consegui ler no alto da página o nome<br />

do jornal. Sabem qual era? VISÃO JUDAICA!<br />

Shalom,<br />

Victor Grinbaum<br />

Jornalista e radialista<br />

Rio de Janeiro - RJ<br />

Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

basta passar um fax pelo telefone: 0**41 3018-8018<br />

ou um e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br


14<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Daniel Benjamin Barenbein *<br />

amastão, arma atômica do<br />

Irã, Síria se preparando<br />

para a guerra, o ano promete<br />

ser quente. E o governo<br />

incompetente e corrupto<br />

de Israel não cai (não<br />

é o que gostaríamos de dizer, mas<br />

não dá mais para tapar o sol com a<br />

peneira). Nem por isso, Benjamin Netanyahu<br />

do Likud e Ehud Barak do partido<br />

trabalhista deixaram de se preparar<br />

para um pleito que pode ocorrer<br />

a qualquer momento.<br />

Nos EUA, Rudolph Giulianni dá o<br />

tom do partido republicano: já anuncia<br />

que se eleito, a política americana<br />

em relação ao Oriente Médio vai<br />

mudar radicalmente e pegar pesado<br />

com os fundamentalistas islâmicos.<br />

Rudy - como é carinhosamente chamado<br />

pelos habitantes de Nova York,<br />

cidade que governou durante o período<br />

de sua mais grave crise, os atentados<br />

de 11/9 – vai se postar contra<br />

a criação de um estado palestino, que<br />

hoje seria base de atuação para grupos<br />

terroristas e afirmou que se o Irã<br />

não parar o enriquecimento de urânio,<br />

será atacado e terá suas instala-<br />

O ano que promete<br />

ções nucleares destruídas. Finalmente<br />

parece surgir um líder de pulso firme<br />

e com bom senso na América.<br />

Mas a guerra de civilizações não para<br />

por ai. Recentemente foi a vez do secretário<br />

do Papa alertar sobre os perigos<br />

da dominação da Europa pelos muçulmanos<br />

e do uso da violência pelos<br />

mesmos. Acreditar em soluções pacíficas<br />

com este pessoal parece cada vez<br />

mais reservado a uma pequena minoria<br />

de sonhadores e utopistas, ou talvez de<br />

um outro líder que usa a “esperança”<br />

para tentar salvar seu cargo.<br />

Falando em salvar cargo, e o “moderado”<br />

Abu Mazen, hein? Quem diria,<br />

que o assim intitulado na mídia, “pior<br />

inimigo que o Hamas já teve”, pagou<br />

os salários atrasados de um ano das<br />

forças de segurança do...Hamas!!! E<br />

jogou a culpa em um “erro do computador”.<br />

Seria algum vírus terrorista,<br />

quem sabe? Parece piada, mas as agências<br />

de notícia e os governos ocidentais<br />

– incluindo Israel – aceitaram a<br />

desculpa de bom grado. Para quem<br />

está acostumado com cessares-fogo que<br />

assistem a lançamentos de mísseis diários<br />

sobre Sderot, isso é até fichinha...<br />

Ufa! Acho que já assustei o suficiente<br />

meus leitores para um texto de Rosh<br />

Hashaná. Usando da famosa técnica de<br />

“bater e assoprar”, chegou à hora do<br />

sopro. Realmente a coisa a princípio<br />

parece muito feia, mas temos esperança.<br />

Primeiro pragmática. Ao que tudo<br />

indica, assim que eleições forem realizadas<br />

em Israel e nos EUA como falei<br />

acima, governos melhores, mais preparados<br />

e que agem com tolerância zero<br />

contra o terror devem chegar ao poder.<br />

Segundo e principal: estamos na<br />

beira de um ano mágico para o judaísmo.<br />

É o ano de Shmitá, o ano sabático,<br />

que fecha um ciclo existente no<br />

calendário judaico de sete anos. No<br />

primeiro Rosh Hashaná deste ciclo, em<br />

setembro de 2001, as torres gêmeas<br />

eram atacadas. Quem sabe não será<br />

ao final desde ciclo, no último ano, que<br />

esta guerra irá terminar?<br />

A guematria – a numerologia judaica<br />

– do ano que se aproxima, 5768, no<br />

calendário judaico é 26 ( 5 + 7 + 6 + 8<br />

= 26). O nome mais sagrado de D-us<br />

no judaísmo, conhecido como tetragrama<br />

e impronunciável, a não ser nas<br />

orações, para não ser usado em vão<br />

tem como guematria também o número<br />

26. Será literalmente um ano divino,<br />

propício a grandes milagres, quem<br />

sabe à esperada redenção?<br />

Afinal, no judaísmo acreditamos<br />

que D-us faz tudo com um propósito, e<br />

que a finalidade é alcançar esta maravilhosa<br />

era de paz e bênçãos. Já enfrentamos<br />

impérios maiores e tão dedicados<br />

à nossa destruição como o islã<br />

radical. Talvez todas estas convulsões<br />

mundiais sejam como é descrito nas profecias,<br />

as “dores do parto do nascimento<br />

de Mashiach”. Ajustes finais.<br />

Quem sabe? Eu acredito. O ano promete.<br />

Que seja bom e doce para todos<br />

nós. Shaná Tová U Metuká.<br />

* Daniel Benjamin Barenbein é<br />

jornalista, trabalha no site de<br />

combate a distorção na imprensa,<br />

“De Olho na Mídia”<br />

(www.deolhonamidia.org.br). É<br />

coordenador do movimento juvenil<br />

Betar de SP e exerce<br />

voluntariamente cargos de Hasbará<br />

na Organização Sionista de São<br />

Paulo, Espaço K e Aish Brasil, e<br />

orador nas sinagogas Beit<br />

Menachem e Kehilat Achim Tiferet.<br />

É sheliach da comunidade de Belém<br />

do Pará. Possui um livro publicado<br />

na internet sobre neonazismo<br />

digital: www.varsovia.jor.br


TURISMO<br />

Antonio Carlos Coelho *<br />

Essa cidade histórica, citada na<br />

Bíblia, e que tem este nome devido<br />

a um tipo de cebola que era<br />

cultivada na região, a “ascalonia”,<br />

atrai visitantes pela beleza das suas<br />

praias e pelos achados arqueológicos<br />

que testemunham<br />

sua importância<br />

histórica.<br />

Entre os locais<br />

mais visitados está o<br />

Parque Nacional, com<br />

magníficas marcas<br />

deixadas pelos povos<br />

que por lá passaram.<br />

É, na verdade, o local<br />

da antiga Ashkelon.<br />

Lá, estão as muralhas<br />

do período canaanita<br />

e, também do cru-<br />

zado. Escavações próximas<br />

ao mar revelam<br />

as raízes bíblicas da<br />

cidade. Há um igreja bizantina e<br />

uma cruzada, além de estátuas romanas<br />

no Jardim das Esculturas.<br />

Na cidade encontram-se outros<br />

marcos históricos que merecem<br />

visita. Na Rua Hatayasim está<br />

a “Tumba Pintada”, do terceiro sé-<br />

Capitel romano remanescente<br />

em Ashkelon<br />

culo da era comum. A tumba está<br />

decorada com afrescos representando<br />

figuras da mitologia grega, como:<br />

ninfas, árvores e animais, além de<br />

Demeter (a deusa grega da colheita)<br />

acompanhada de crianças com cestas<br />

de uvas. Pan aparece com sua<br />

flauta, junto de gazelas e pássaros.<br />

No bairro de Barnea<br />

estão as ruínas de uma<br />

basílica bizantina do século<br />

quinto ou sexto, e<br />

ainda há um piso em<br />

mosaico, bastante conservado,<br />

provavelmente,<br />

parte da antiga igreja.<br />

Já no bairro de<br />

Afridar, próximo ao<br />

centro de informações<br />

turísticas, encontramse<br />

belíssimos exemplares<br />

de sarcófagos roma-<br />

nos descobertos em<br />

1972. Um deles apresenta<br />

uma cena de<br />

combate, outro representa o rapto<br />

de Perséfone, filha de Demeter.<br />

Ashkelon atualmente tem uma<br />

população aproximada de 90 mil<br />

habitantes. Muitos são imigrantes<br />

russos que se fixaram nos últimos<br />

anos. A cidade compreende vários<br />

Ashkelon - 2<br />

bairros, com destaque para Afridar,<br />

estabelecido em 1952 por iniciativa<br />

da Congregação <strong>Judaica</strong> Sulafricana.<br />

Este bairro possui uma<br />

área verde muito grande onde se<br />

situam os hotéis e locais de diversão<br />

da cidade. Há, também, o bairro<br />

Migdal, uma antiga povoação árabe<br />

que foi incorporada à cidade em<br />

1955. Nele existe um interessante<br />

comércio ao ar livre que funcionam<br />

no período da manhã.<br />

A poucos quilômetros ao sul de<br />

Ashkelon está o kibutz Yad Mordechai.<br />

O kibutz, fundado por membros<br />

do movimento “chalutziano”, tem o<br />

nome do líder do Levante do Gueto<br />

de Varsóvia, Mordechai Anilevich.<br />

No centro do kibutz há uma estátua<br />

desse herói judeu. Próximo está a<br />

torre da caixa d’água destruída pelos<br />

egípcios na Guerra da Independência.<br />

Há ainda um museu dedicado<br />

ao heroísmo judaico - desde o<br />

Levante do Gueto até a Guerra da<br />

Independência — e, é claro e justo,<br />

que os moradores não sejam esquecidos.<br />

Pois, em 1948, com heroísmo,<br />

contiveram um exército egípcio<br />

de 5 mil homens por seis dias, tempo<br />

suficiente para a Haganá reorganizar<br />

a sua defesa.<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Usina de<br />

dessalinização<br />

da água<br />

do mar<br />

* Antonio Carlos Coelho é professor, diretor do Instituto Ciência e Fé, e colaborador do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Continua na página 14<br />

15<br />

Vista de uma<br />

praia em<br />

Ashkelon<br />

Marina<br />

moderna em<br />

Ashkelon


16<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Nasceu Théo, filho de Andréa e Cássio Chamecki, e neto de<br />

Hana e Cajo Kleiner e Bárbara Golombek. Desejamos muita saúde,<br />

alegrias e Mazal Tov!<br />

Myriam Mau Roth e Marina Hasson, como representantes de<br />

Na’amat Brasil participaram em Israel, da Reunião Internacional<br />

de Na’amat e do Congresso Sionista Mundial que foi<br />

sediado em Jerusalém.<br />

Em Fortaleza, do dia 22 a 26 de agosto, realizou-se a Peguishá -<br />

Encontro Nacional - de Na’amat Brasil, com o tema “O Futuro é Hoje”.<br />

O encontro foi liderado por Léia Hecht, presidente de Na’amat Brasil.<br />

As participantes foram recepcionadas por Jacy Mara Frenkiel, presidente<br />

do Centro e pelas demais chaverot de Na’amat Fortaleza<br />

No dia 23/8, na abertura oficial do Encontro Nacional da Na’amat<br />

Pioneiras Brasil, em Fortaleza, foi lançada a Revista ’A Mulher Pioneira’,<br />

uma publicação dirigida especialmente ao público feminino,<br />

com matérias sobre turismo judaico, leis, bem-estar, gastronomia,<br />

Israel, terceiro setor etc.<br />

Realizou-se no Yad Vashem, em Jerusalém, de 4 a 17 julho o <strong>Sem</strong>inário<br />

Memória e Dilemas de Transmissão do Holocausto para educadores<br />

latino-americanos, sendo 14 da Argentina, 10 do México, 2 do<br />

Uruguai, 1 do Paraguai, Colômbia, Equador e Costa Rica. Do Brasil<br />

participam os professores Karla Damasceno e Francisca Pereira, de<br />

Belo Horizonte, Ania Cavalcanti da USP e Israel Blajberg da UFF.<br />

Grupo de professores das Américas que particpou de seminário no Yad<br />

Vashem em Jerusalém<br />

Sobre o Concurso Literário promovido pela Wizo Paraná intitulado<br />

de “O que é a Wizo?”: os alunos de 6ª, 7ª e 8ª séries do Ensino<br />

Fundamental da Comunidade <strong>Judaica</strong> do Paraná deverão produzir<br />

um texto, sob este <strong>título</strong>, de até duas páginas, tamanho A4, digitadas<br />

em Word, fonte Arial, tamanho 11, espaço simples. O prazo<br />

máximo de entrega é dia 5 de setembro de 2007 e a divulgação<br />

dos resultados será em Simchat Torá. Os três melhores textos serão<br />

premiados com R$ 200,00, R$ 300,00 e R$ 500,00, respectivamente.<br />

Para maiores informações e aquisição de material de apoio<br />

contate a Morá Denise (3024-9552) ou Manoela (3019-3547).<br />

A revista Veja Curitiba indicou os melhores restaurantes por categoria<br />

de 2007. O Badida foi escolhido como o da melhor carne e o Barolo<br />

Trattoria foi destaque do júri como restaurante italiano. Trabalho<br />

reconhecido, prêmios merecidos. Mazal Tov!<br />

Em 17 de julho, o Congresso Judaico Latino-Americano (CJL)<br />

assinou um convênio de adesão à Casa Sefarad-Israel, entidade<br />

pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e<br />

Cooperação da Espanha e à comunidade de Madrid. A assinatura<br />

do termo, feita entre o presidente do CJL, Jack Terpins e<br />

a diretora da Casa Sefarad Ana Sálomon Pérez, e aconteceu na<br />

Embaixada da Espanha, em Buenos Aires, na presença do embaixador<br />

da Espanha na Argentina, Rafael Estrella, de Saúl<br />

Gilvich, secretário-geral do CJL e de seu diretor executivo<br />

Cláudio Epelman; de Manuel Tenenbaum, Sênior Adviser; Aldo<br />

Donzis, presidente da DAIA; de Jacobo Israel Garzón, presidente<br />

da Federación de Comunidades Judías de España; e do<br />

secretário-geral da AMIA, Edgardo Gorenberg, entre outros.<br />

Encontro da Conib com a Embaixadora de Israel,Tzipora Rimon<br />

De 3 a 5 de agosto a Conib reuniu-se com os presidentes<br />

de suas federadas em Brasília. Na sexta-feira 3, houve um<br />

Cabalat Shabat na sede da Associação Israelita e Cultural<br />

de Brasília, e em seguida, um jantar com a embaixadora de<br />

Israel no Brasil Tzipora Rimon. No dia seguinte, aconteceram<br />

duas palestras, proferidas respectivamente, por Luiz<br />

Paulo Telles Barreto, vice-ministro da Justiça, discorrendo<br />

sobre crimes de preconceito e discriminação, e por Clara<br />

Ant, assessora especial da Presidência da República, que<br />

falou aos presentes sobre aproximação de membros da comunidade<br />

ao judaísmo e aproveitamento de suas potencialidades.<br />

A tarde foi encerrada com um módulo coordenado<br />

por Bruno Laskowsky, dando continuidade aos trabalhos<br />

‘CONIB - Século 21’, sendo concluída no dia seguinte, com<br />

a formação de comissões.<br />

A Casa Sefarad Israel está empenhada no trabalho de<br />

recuperação e valorização do legado sefaradí, e também<br />

em proporcionar aos cidadãos na Espanha, um<br />

melhor conhecimento da cultura judaica, bem como<br />

estimular as relações entre a sociedade civil espanhola,<br />

as comunidades judaicas mundiais e Israel. Na oportunidade,<br />

o embaixador Rafael Estrella fez questão de<br />

ressaltar que o Congresso Judaico Latino-Americano foi<br />

a primeira organização do mundo judaico a aderir a<br />

essa proposta da Casa Sefarad-Israel.<br />

No dia 29 de julho, a Sociedade Israelita da Bahia, em Salvador,<br />

inaugurou um Monumento às Vítimas do Holocausto, construído<br />

em memória de Rubin e Maria Zausner z”l. Na ocasião,<br />

foram apresentadas também à comunidade, a conclusão da<br />

reforma das instalações do Cemitério Israelita.<br />

O renomado médico paulista Cláudio Lottenberg, presidente<br />

do Hospital Albert Einstein, e o oftalmologista carioca<br />

Sérgio Kandelman, acabam de enviar a Israel o segundo<br />

vencedor do prêmio anualmente concedido sob o nome de<br />

Maimônides (maior nota da prova nacional de Oftalmologia<br />

ao fim da residência). A doutora Melissa dal Pizzol, do<br />

Rio Grande do Sul, foi para Ashkelon, Israel, onde sob a<br />

tutela do dr. Shmuel Levartovsky, cumpriu quatro semanas<br />

de estágio, vinculado oficialmente ao Conselho Brasileiro<br />

de Oftalmologia, sendo o patrocínio da viagem em memória<br />

de Marcos Lottemberg z”l. A estadia em Israel é patrocinada<br />

em memória de Chaia e Luba Kandelman z”l.<br />

Nossos cumprimentos e também agradecimentos — ao jornalista<br />

Osias Wurman, que num gesto nobre, tem feito em sua<br />

coluna eletrônica “Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>” a campanha “Prestigie<br />

os veículos de Comunicação <strong>Judaica</strong>”, lembrando-se de<br />

todos, inclusive o nosso <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. É a primeira vez que<br />

alguém toma essa iniciativa no Brasil.<br />

Cumprimentos também para o jornalista Daniel Barenbein<br />

pelos três anos do “De Olho na Mídia”, a versão brasileira do<br />

Honest Reporting, e que cumpre com pleno êxito seu trabalho<br />

de liberdade de Imprensa, Justiça e Democracia. Alguns<br />

setores da mídia acreditam que “liberdade de imprensa”<br />

é o mesmo que “falar o que quiser, sem ninguém<br />

importune”. Isto não é normal, é libertinagem e anarquia.<br />

O “De Olho Na Mídia” trouxe a verdadeira liberdade<br />

de imprensa: Falar, ser criticado, rebater, discutir. É<br />

uma voz alternativa que mostra indignação dos leitores<br />

ou elogios a matérias bem feitas. O “De Olho na<br />

Mídia”, parceiro do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, tem quase 30<br />

mil visitas/mês ao site www.deolhonamidia.org.br, e<br />

12 mil leitores cadastrados na sua newsletter.<br />

Uma das melhores festas dos últimos tempos foi a comemoração<br />

do bar mitzvá de Justin, filho de Brian e Corrine<br />

Greenblatt. Brian foi chamado à Torá na sinagoga do<br />

CIP dia 18/8 onde o pai emocionou-se durante a cerimônia.<br />

Além de seus irmãos David Michael, estiveram presentes<br />

parentes de Londres, de Boston e amigos da família<br />

de Belém, onde residiram antes de morar em Curitiba.<br />

À noite, o jantar, impecável, com muita música e<br />

animação, foi no Restaurante Mezza Notte.<br />

Joel Bergman (segundo a partir da direita) foi um dos<br />

homenageados durante os 51 anos da B'nai B'rith em Curitiba.<br />

Ao seu lado estão Abraham Goldstein (D) e Roland Hasson (E),<br />

respectivamente presidentes da BB do Brasil e do Paraná. À<br />

esquerda, Maurício, neto de Bergman, fala na ocasião<br />

No dia 18/8, comemorando os 51 anos de fundação<br />

da Loja Chaim Weizman, da B’nai B’rith de Curitiba, foi<br />

empossada, em significativa cerimônia, no CIP, a Diretoria<br />

da Loja para a gestão 2007/2007, presidida por<br />

Roland Hasson. Na ocasião, foram iniciados novos irmãos<br />

e homenageados próceres que se dedicaram à<br />

causa da instituição, entre eles, Joel Bergman, Moysés<br />

e Hilda Bromfman, e Luiz e Tereza Mazer z”l. O evento<br />

contou com a presença de Abraham Goldstein, presidente<br />

da B’nai B’rith do Brasil, de Edgar Lagus, vicediretor<br />

de Direitos Humanos e de Miguel Krigsner, membro<br />

do Conselho Consultivo. Isac Baril, ex-presidente,<br />

apresentou os homenageados e deu posse a Roland<br />

Hasson e à nova diretoria. A solenidade, bastante prestigiada<br />

por membros da comunidade, teve Isaac Cubric<br />

como Mestre de Cerimônia.<br />

A Associação Beneficente Israelita Hai - Abihai, esta<br />

completando cinco anos de fundação e atividades. A<br />

Abihai mantém e administra hoje dois programas: a Casa<br />

Hai, lar postiço que abriga crianças de 0 a 6 anos, retiradas<br />

de famílias em situação de risco, e o Costurando<br />

Vidas, programa de capacitação profissional para as mães<br />

dessas crianças, numa tentativa de dar-lhes meios<br />

para reestruturarem suas famílias. Ao longo destes anos<br />

muitos membros da comunidade têm participado como<br />

voluntários. A festa de comemoração será no CIP dia 30<br />

de setembro às 10h30.<br />

O jornalista Nahum Sirotsky, que vive há dez anos<br />

em Israel, e é correspondente da RBS e do Último<br />

Segundo/IG (e colaborador do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>)<br />

naquele país, vai ser condecorado pelo<br />

Comando do Exército Brasileiro com a altíssima<br />

Medalha do Pacificador. É primeira vez que um<br />

residente de Israel recebe a honraria! Foi na Embaixada<br />

do Brasil em Tel Aviv, dia 24/8, às 12h.<br />

Daqui de Curitiba as nossas felicitações ao Nahum!<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br


VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Israel é um exemplo de liberdade e tolerância<br />

Reda Mansour *<br />

eu avô que viveu mais de<br />

100 anos costumava dizer,<br />

“eu vi tudo e não há<br />

ninguém como os judeus”.<br />

Nossa pequena cidade<br />

drusa tinha permanecido virtualmente<br />

a mesma por centenas de<br />

anos sob o domínio otomano e mais<br />

tarde sob o britânico. Quando o Estado<br />

de Israel foi estabelecido em<br />

1948, seguiu-se um rápido desenvolvimento,<br />

e pela primeira vez, nossas<br />

casas tiveram eletricidade e água<br />

corrente e toda criança recebeu educação<br />

gratuita e de qualidade.<br />

Até mesmo no meio de toda aquela<br />

modernidade e relativo luxo, o<br />

maior elogio de meu avô para Israel<br />

veio como resultado de como o jovem<br />

Estado tratou dos seus cidadãos<br />

menos afortunados. Pela primeira vez<br />

em sua vida, meu avô, um operário<br />

de fábrica aposentado, recebeu uma<br />

pensão e teve acesso a cuidados<br />

médicos de qualidade. Ele dizia que<br />

uma sociedade poderia ser julgada<br />

pela forma como trata os idosos, os<br />

doentes e os desempregados, e que<br />

Israel provou ser forte e compassivo.<br />

Certamente, ele diria, tal nação<br />

será bem-sucedida.<br />

Essa é a história não contada<br />

Hana Beris *<br />

Tawfiq, Abdallah e Adel dividem a<br />

mesma casa e vivências similares. Três<br />

palestinos, quase da mesma idade,<br />

chegados da Faixa de Gaza, pela primeira<br />

vez em sua vida, ao Estado de<br />

Israel. Mas não para fazer turismo<br />

nem tampouco para trabalhar.<br />

Eles são três dos vários palestinos<br />

feridos nos combates na guerra<br />

interna entre o Fatah e o Hamas, que<br />

pela seriedade de suas feridas, foram<br />

internados no hospital Barzilai<br />

da cidade sulista de Ashkelon. Todos<br />

sustentam que foram baleados<br />

por membros do Hamas. Mesmo assim,<br />

os familiares que os acompanham<br />

alegam que aqui há um cenário<br />

incisivo de “bons” e “maus”.<br />

“Ambas as partes cometem um<br />

grave erro e sujam o nome do Islã”<br />

— diz Abdel Hamid Awda (53), o<br />

pai de Adel, que afirma sentir uma<br />

dor especial porque ele mesmo é religioso<br />

“desde criança”. Conta que<br />

seu filho é policial, “mas acabou<br />

ferido quando foi socorrer uma jovem<br />

que havia sido ferida numa casa<br />

atacada pelo Hamas”.<br />

Também Ahmed Lubad, pai de<br />

de Israel, uma nação que não mede<br />

sua força por sua riqueza ou poder<br />

militar, mas pela vibração de sua<br />

sociedade civil e pela diversidade<br />

de seu sistema democrático. É um<br />

país onde a orquestra sinfônica, o<br />

teatro e a universidade foram todos<br />

construídos antes das instituições<br />

políticas do Estado, e onde<br />

existem agora mais de 40.000 associações<br />

civis independentes. Elas<br />

fortalecem o nosso sistema de educação,<br />

protegem nosso ambiente e<br />

trabalham para trazer paz e justiça<br />

à nossa região.<br />

Israel é uma sociedade imigrante<br />

com uma população diversificada:<br />

1 milhão e 300 mil de seus cidadãos<br />

são árabes que pertencem<br />

a vários grupos religiosos e étnicos.<br />

De fato, alguns ainda sofrem<br />

com a pobreza e a falta de investimento<br />

igual nas suas comunidades<br />

por parte do governo, mas mesmo<br />

assim os árabes-israelenses ainda<br />

têm um padrão de vida mais alto<br />

do que qualquer um dos seus irmãos<br />

que vivem na região. Eles são cidadãos<br />

que podem votar e podem ser<br />

eleitos para cargos públicos. Eles<br />

têm o direito a cultos religiosos,<br />

de se reunirem e falar livremente<br />

sem medo de intimidação ou opressão.<br />

Desde o estabelecimento de<br />

Tawfiq, diz que tem certeza de que a<br />

culpa “é de todos, as duas partes,<br />

porque não lhes importa o povo,<br />

continuam disparando e nós estamos<br />

no meio do fogo”. Seu filho, que é o<br />

único paciente do quarto que sorri,<br />

mesmo quando conta que terminou<br />

seus estudos há poucos meses e espera,<br />

logo, começar a trabalhar.<br />

Mas o sorriso vai embora quando<br />

recorda o que aconteceu: “Membros<br />

do Hamas atacaram a casa de um vizinho<br />

e saímos todos para ajudar, estávamos<br />

no meio do fogo. Quis ajudar<br />

uma mulher que estava ferida e<br />

um sujeito do Hamas me disse que eu<br />

fosse embora. Expliquei que não faria<br />

nada a ele, que nem sequer estava armado,<br />

mas reiterou que eu tinha que<br />

ir embora, que ia contar até três e eu<br />

teria que desaparecer. Eu não fui embora<br />

e ele disparou uma rajada de balas<br />

contra minhas pernas”.<br />

Tawfiq acrescenta que “não<br />

sou nem do Fatah nem do Hamas<br />

e cada parte pensa do seu modo,<br />

mas o terrível é que irmãos estão<br />

se matando”.<br />

Só Rafat, o irmão mais velho de<br />

Abdallah Shalail, diz de forma categórica<br />

que “nos atacaram em casa,<br />

nossa jovem nação, os árabes mais<br />

livres do Oriente Médio residem no<br />

Estado judeu de Israel.<br />

Com todos os desafios que enfrenta,<br />

Israel permanece sendo a<br />

única democracia no Oriente Médio.<br />

Isto só não faz do sistema político<br />

de Israel perfeito, mas é a perseguição<br />

infinita de mais igualdade que<br />

separa Israel de seus vizinhos.<br />

Em minha cidade natal, eu vi o<br />

cumprimento do ‘Sonho israelense’:<br />

profissionais jovens de todas as fés<br />

que estabeleceram carreiras de sucesso<br />

em direito, medicina, nos<br />

negócios e na diplomacia. Todos<br />

nós viemos de famílias de classemédia<br />

que usaram o sistema de ensino<br />

público e universidades do<br />

governo para criar um futuro melhor<br />

para nossas crianças. Nenhum<br />

de nós teria tido esta oportunidade<br />

se não fosse pela sociedade livre<br />

e aberta na qual vivemos.<br />

Hoje, nossa liberdade está ameaçada<br />

pela vil ideologia de ódio vomitada<br />

pelo Hamas, Hezbolá e outras<br />

organizações semelhantes. Com<br />

o apoio de seus financiadores em<br />

Teerã e Damasco, estes extremistas<br />

fazem chover foguetes em aldeias<br />

israelenses e enviam homens-bomba<br />

suicidas para nossos ônibus e mercados.<br />

Seus partidários aderem à falsa<br />

Da guerra em Gaza<br />

para um hospital em Israel<br />

porque todos sabem que somos do<br />

Fatah”. Ainda que sorrisse muito mais<br />

que os outros, sua mensagem é dura.<br />

“Enquanto o Hamas estiver no poder,<br />

não haverá paz, porque decidiram<br />

que ou você está com eles ou<br />

você não está e pode morrer”.<br />

Abdallah quase não quer falar. Tem<br />

fortes dores. As cicatrizes ainda não<br />

totalmente fechadas de suas feridas<br />

cobrem-lhe várias partes do corpo:<br />

na frente, um braço e o peito. Conta<br />

que também no ombro e nas pernas.<br />

As têm estendidas e enfaixadas.<br />

Uma enfermeira entra no quarto<br />

e traz um andador para Adel, para<br />

que procure caminhar. Está há dias<br />

no “Barzilai” e é evidente que lhe<br />

custa mover-se. Faz caretas de dor<br />

cada vez que tenta. Seu pai alcançalhe<br />

uma bandeja com a comida, mas<br />

ele permanece parte do tempo com<br />

a cabeça apoiada Numa das mãos.<br />

Não aceita falar.<br />

Seu pai fala com uma firmeza que<br />

de fato, supre pelos dois.<br />

“Nós os palestinos não merecemos<br />

um Estado próprio. Nunca mostramos<br />

ser dignos de tê-lo. Quando<br />

se mata os vizinhos ou um parente<br />

de outra familia do mesmo clã, quer<br />

narrativa da eterna vitimização, tentando<br />

justificar cada ato de brutalidade<br />

e culpando Israel por todo o<br />

sofrimento. Esta retórica vazia não<br />

muda o fato de que os estilhaços de<br />

suas armas não fazem diferença nem<br />

entre idade nem entre etnias. E a<br />

violência resultante afeta todos israelenses<br />

sem levar em consideração<br />

raça ou religião.<br />

A defesa contra estes ataques<br />

violentos requer ação militar, mas<br />

a solução para os complexos problemas<br />

que nos levaram a este ponto<br />

se encontra nos fortes vínculos<br />

desenvolvidos entre os árabes e os<br />

judeus em Israel. Se nós coexistimos<br />

pacificamente em Haifa e Asifiya,<br />

por que não em Gaza, Beirute<br />

ou no resto da região?<br />

Recentemente, assisti a uma cerimônia<br />

no Capitólio do Estado da<br />

Geórgia, em recordação a vida e ao<br />

trabalho do dr. Martin Luther King<br />

Jr. Como Anwar Sadat e Yitzhak Rabin,<br />

ele deu sua vida em defesa do<br />

sonho da coexistência.<br />

Por causa do que meu avô viu,<br />

minhas crianças e eu podemos viver<br />

este sonho como cidadãos de Israel.<br />

Hoje, nós olhamos para nossas fronteiras<br />

imaginando quando nossos<br />

vizinhos abraçarão o sonho da paz<br />

em lugar do pesadelo da guerra.<br />

dizer que nada poderá ser ganho.<br />

Estávamos melhor antes, quando não<br />

havía governo palestino”.<br />

Pacientes palestinos não são um<br />

fenômeno novo no “Barzilai”. Vêem<br />

todos os anos, tanto em situações<br />

de urgência como para receber tratamentos<br />

por diversas doenças. O dr.<br />

Shimon Sherf, diretor do hospital,<br />

observa que “para mim todos são feridos<br />

e temos que tratá-los de acordo<br />

com suas necessidades, sem que<br />

importe em absoluto de onde vêem”.<br />

Sobre a paz com os palestinos têm<br />

suas ideáis, mas prefere não entrar em<br />

política. O vice-diretor dr. Ron Lobel,<br />

entretanto, não se opõe em dizêlo.”<br />

Não tenho nenhuma dúvida de<br />

que a maioria dos palestinos quer o<br />

mesmo que nós, trabalhar, estar com<br />

seus filhos e viver em paz. Isso é o<br />

que quer a gente toda”, afirma.<br />

“Mas primeiro” — e isso dizem<br />

os próprios palestinos — “terão que<br />

obter, em Gaza, a paz interna”.<br />

* Hana Beris é o pseudônimo da<br />

jornalista uruguaia-israelense Ana<br />

Jerosolimsky, coprrespondente<br />

da BCC e do jornal El Tiempo,<br />

da Colômbia.<br />

17<br />

* Reda Mansour é<br />

escritor e poeta árabeisraelense<br />

de origem<br />

drusa. Ph.D do<br />

Departamento de<br />

História do Oriente<br />

Médio da Universidade<br />

de Haifa, graduado na<br />

Harvard’s Kennedy<br />

School, tem três livros<br />

de poesia em hebraico<br />

(alguns de seus<br />

poemas já foram<br />

traduzidos para o<br />

espanhol e para o<br />

português), e recebeu<br />

os prêmios Miller, da<br />

Universidade de Haifa<br />

e State President<br />

Scholarship para<br />

jovens escritores. É o<br />

primeiro poeta nãojudeu<br />

que escreve<br />

somente em hebraico,<br />

embora fale cinco<br />

línguas. Sua história<br />

“Jumblat in the Negev”<br />

ganhou em 1997 o<br />

Prêmio Anual de<br />

Contos do jornal<br />

Haaretz. Durante sua<br />

carreira no serviço<br />

diplomático, serviu<br />

como Embaixador de<br />

Israel no Equador e<br />

antes disso trabalhou<br />

na Embaixada em<br />

Portugal e no<br />

Consulado em São<br />

Francisco. Devota suas<br />

atividades públicas em<br />

Israel à promoção do<br />

diálogo entre árabes e<br />

judeus, e fazendo parte<br />

de muitos projetos<br />

cujo objetivo é<br />

promover a<br />

coexistência e o<br />

diálogo cultural.<br />

Publicado no Atlanta<br />

Journal Constitution e<br />

traduzido por Ivan<br />

Kelner.


18<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

Dispositivo futurista contra câncer<br />

A empresa israelense Immunarray desenvolveu<br />

um teste eletrônico para detectar<br />

o câncer de pulmão em seus<br />

estágios iniciais. Este tipo de doença<br />

é um dos mais devastadores, com cerca<br />

de 1,25 milhão de novos casos diagnosticados<br />

por ano. Mas o diagnóstico<br />

sempre é feito quando os sintomas<br />

já se manifestam e quase sempre é tarde<br />

demais. A empresa está trabalhando<br />

no “I-Chip”, um circuito integrado que<br />

contém moléculas biológicas ao invés<br />

de apenas circuitos eletrônicos. Este<br />

novo conceito, parecido com os equipamentos<br />

de “Jornada nas Estrelas”,<br />

poderá detectar várias doenças a partir<br />

do exame rápido de uma gota de<br />

sangue. O teste pretende ser de baixo<br />

custo. (Immunarray).<br />

Venda de US$ 2,5 bi em armas à Índia<br />

As Indústrias Aeroespaciais Israelenses<br />

(IAI) fecharam um acordo preliminar<br />

para fornecer à Índia, rival do Paquistão,<br />

mísseis antiaéreos no valor de US$<br />

2,5 bilhões. Concretizando-se, este será<br />

o maior contrato de exportação de material<br />

bélico de Israel. O presidente da<br />

empresa, Yitzhak Nissan, obteve da Índia<br />

o compromisso de comprar mísseis<br />

Barak-8, com alcance de 70 quilômetros,<br />

para a proteção a barcos e posições<br />

terrestres contra ataques aéreos.<br />

(Efe/Folha de S.Paulo)<br />

Soluções integradas da eWave<br />

Desde o segundo semestre de 2006 está em<br />

atividade em Curitiba, a subsidiária brasileira<br />

da empresa israelense eWave Software<br />

& Integration Solutions. Segundo Nimrod<br />

Riftin, gerente geral da eWave do Brasil, a<br />

empresa caracteriza~se como uma integradora<br />

de soluções na área de serviços nos<br />

setores bancário-financeiro, telecomunicações<br />

e médico-hospitalar, para grandes e<br />

médias corporações, além de atender a instituições<br />

governamentais. A empresa oferece<br />

projetos que vão desde o planejamento<br />

até a manutenção em três grandes áreas:<br />

Service Oriented Architecture - SOA (em português,<br />

Ar-quitetura Orientada a Serviços),<br />

integração de softwares e desenvolvimento<br />

em Weblogic utilizando tecnologia e knowhow<br />

trazidos de Israel. (eWave/Revista da<br />

Câmara de Comércio Brasil-Israel).<br />

Soluções integradas eWave - 2<br />

A eWave atua também em consultoria<br />

incluindo planejamento e definições de<br />

requerimentos de sistema de desenho de<br />

interface para o usuário, gráficos, análise<br />

e gerenciamento. Uma das primeiras<br />

grandes empresas a usar os serviços<br />

da eWave, que reduzem custos e facili-<br />

tam a construção de novas aplicações é<br />

a operadora de telefonia fixa e de banda<br />

larga para internet GVT, também de<br />

Curitiba. Atualmente a eWave já mantém<br />

um escritório em São Paulo, onde<br />

desenvolve projetos para dois grandes<br />

bancos da capital. (eWave/Revista da<br />

Câmara de Comércio Brasil-Israel).<br />

Diagnóstico de<br />

enfermidades em 20 minutos<br />

Uma nova invenção israelense promete<br />

revolucionar a medicina. Trata-se<br />

de um pequeno aparelho electrônico<br />

que diagnostica enfermedades ou seus<br />

sintomas em 20 minutos numa simples<br />

checagem. O equipamento custa entre<br />

7 mil e 15 mil dólares e foi inventado<br />

pelo dr. Alex Kanevsky (um imigrante<br />

judeu da Rússia) e se chama Medex<br />

Test. A checagem através do aparelho<br />

é indolor, não exige que o paciente<br />

tire a roupa e não tem nenhum tipo<br />

de radiação. Os pacientes ficam deitados<br />

vestidos enquanto um ‘lápis’ com<br />

um eletrodo é colocado num dedo da<br />

mão e outro no dedo do pé. Após uma<br />

leitura inicial é passada uma ‘corrente<br />

elétrica’ não prejudicial e faz-se nova<br />

leitura. O ´lápis’ conectado ao monitor<br />

de um computador qualquer, em<br />

poucos minutos dá ao médico um informe<br />

gráfico da circulação sanguínea,<br />

dos sistemas respiratório, da imunidade,<br />

da espinha dorsal e etc.<br />

(www.medexscreen.com).<br />

Diagnóstico - 2<br />

Segundo a empresa Medex Screen Ltd,<br />

localizada em Arad, um programa de computador<br />

processa a informação, indicando<br />

num gráfico não só se os 15 sistemas<br />

corporais estão funcionando bem, como<br />

também se há alguma desordem temporária<br />

nos órgãos internos, mesmo Numa<br />

etapa inicial. O Medex Test, segundo o<br />

co-fundador da empresa, Moshe Golan,<br />

integra efetivamente principios de<br />

neuroreflexologia e patofisiologia num<br />

aparelho que é simples de operar e provê<br />

resultados em 20 minutos. O aparelho foi<br />

aprovado pelo Ministério da Saúde, é<br />

seguro e pode ser usado tanto em crianças<br />

como em mulheres grávidas. Pode<br />

ainda ser operado por uma enfermeira ou<br />

um técnico após algunas horas de treinamento.<br />

A análise da informação e a<br />

interpretação, entretanto, só pode ser<br />

feita por um médico treinado num curso<br />

de 15 horas da Medex Screen. Várias clínicas<br />

particulares em Israel estão oferecendo<br />

testes a um custo entre 350 a 500<br />

shekels (70 e 120 dólares). A empresa<br />

também exporta o aparelho para vários<br />

países. (www.medexscreen.com).<br />

Contra Israel<br />

são mais felizes<br />

A noiva libertada - A.B.Yehoshua<br />

Companhia das Letras<br />

Pilar Rahola *<br />

Foi Manolo Vázquez Montalbán<br />

quem cunhou uma dessas frases que<br />

marca os palpites de uma geração.<br />

O “contra Franco vivíamos<br />

melhor”, que apontou<br />

como um dardo contra<br />

uma esquerda paralisada<br />

que não avançava mais<br />

além de sua adolescência,<br />

transformou-se na metáfora<br />

de um estado de ânimo.<br />

Ao fim e ao cabo,<br />

toda situação extrema é<br />

fácil de lidar, não em vão<br />

os bons e os maus estão<br />

definidos, algumas tristes<br />

vidas alcançam sonhos épicos, e a<br />

felicidade dos simples chapinhas<br />

nos territórios maniqueístas. Na<br />

atualidade, algum líder político ainda<br />

habita na frase de Manolo, e assim<br />

é com os policiais...<br />

Deixando Franco de lado, o certo<br />

é que a concepção ideológica do<br />

contra, parece cômoda nas explicações<br />

que obrigariam a uma complexidade<br />

intelectual que não se dá<br />

nestes tempos de pensamento fast<br />

food. E assim vemos como muitos<br />

conflitos se medem em função das<br />

lentes antiamericanas e antiisraelenses<br />

que marcam a visão da esquerda<br />

autêntica. Contra os Estados Unidos<br />

vivem tão bem estes solidários de<br />

meia-tigela, que só lhes preocupam<br />

os conflitos onde as listras e estrelas<br />

ou a estrela de David ondeiem ao<br />

vento. E assim, morrem aos milhares<br />

VJ INDICA<br />

em Darfur, porque não interessam os<br />

assassinatos do fundamentalismo do<br />

Sudão. Ou o horror das mulheres<br />

oprimidas do islã. Ou as guerras da<br />

África esquecida.<br />

Agora volta o horror ao<br />

Líbano, e as notícias explicam,<br />

com surpreendente<br />

delicadeza, os movimentos<br />

do Exército libanês.<br />

Sou dos que estão encantados<br />

de que o Líbano acabe<br />

com o santuário terrorista<br />

financiado pela Síria<br />

e o Irã. Mas me chama a<br />

atenção que essa delicadeza<br />

não se desse quando Israel<br />

entrou no Líbano para<br />

a mesma coisa: acabar com um Hezbolá<br />

armado até os dentes, que ameaçava<br />

sua integridade. Se Israel se<br />

defende, é culpado. Se atacar, é culpado.<br />

Quando morrem os seus, são<br />

culpados. Quando matam, são culpados.<br />

É que existe o progressista<br />

que explica o mundo em função da<br />

maldade israelense, e quando não se<br />

enquadra, inventa-a. Disse um sábio<br />

faz tempo: para que preocupar-se<br />

com a realidade, se alguém é dono<br />

de um bom preconceito.<br />

* Pilar Rahola é conhecida<br />

jornalista, escritora e tem<br />

programa na televisão espanhola.<br />

Foi vice-prefeita de Barcelona,<br />

deputada no Parlamento Europeu e<br />

deputada no Parlamento espanhol.<br />

Tradução: Szyja Lorber.<br />

LIVRO<br />

A.B. Yehoshua apresenta neste livro a saga de Rivlin,<br />

professor orientalista, especializado na história da Argélia,<br />

cujo conhecimento dos árabes provinha sempre de<br />

fontes indiretas. Convidado para o casamento de uma<br />

aluna árabe tem a chance de observar mais de perto seu<br />

objeto de estudo, e de reavivar as feridas abertas pelo<br />

fim do casamento de seu filho. A partir da notícia da<br />

morte do ex-sogro do filho, que o leva a prestar condolências<br />

à família do falecido, Rivlin inicia duas investigações<br />

- uma acerca da cultura árabe vizinha, agora,<br />

porém numa espécie de desajeitada pesquisa de campo,<br />

em passeios nos quais é conduzido por um rapaz árabe; e outra acerca<br />

do motivo que levou ao desfecho do casamento do filho. Se nos territórios árabes ele<br />

é sempre bem recebido, a investigação no âmbito familiar lhe rende aborrecimentos<br />

- a mulher e o próprio filho, que mora em Paris, lhe pedem insistentemente que<br />

desista, e o filho chega mesmo a ameaçar um rompimento se o pai não parar com os<br />

questionamentos. Equilibrando-se entre a necessidade de saber e a de respeitar<br />

limites, o professor acaba encontrando uma saída para a estagnação intelectual em<br />

que se encontrava. Unindo todas as pontas, é à aluna que o convida para o casamento<br />

que ele recorre para analisar textos literários árabes; e é a própria ex-nora que,<br />

indo ao seu encontro, acaba por libertá-lo daquela busca.


VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

O massacre de políticos no Líbano<br />

Walid Phares *<br />

om o assassinato do<br />

deputado libanês Gubran<br />

Tueni em dezembro<br />

de 2006, meses depois<br />

do assassinato dos<br />

líderes políticos George Hawi e<br />

Samir Qassir durante o verão, a<br />

estratégia do terror sírio-iraniano<br />

abriu a sangrenta temporada<br />

de caça ao Parlamento libanês<br />

eleito democraticamente.<br />

Walid Eido foi o último parlamentar<br />

libanês assassinado. Após<br />

a retirada das forças sírias regulares<br />

do Líbano em abril de 2005,<br />

Bashar Assad e seus aliados de<br />

Teerã traçaram uma contra-ofensiva<br />

para balançar a Revolução<br />

dos Cedros. Um dos principais<br />

componentes da estratégia era (e<br />

continua sendo) o uso de todos<br />

os ativos dos serviços de inteligência<br />

e segurança da Síria e do<br />

Irã no Líbano para “reduzir” a cifra<br />

de representantes que constituem<br />

a maioria anti-Síria no Parlamento.<br />

Tão simples como isso:<br />

assassinar quantos membros forem<br />

necessários para decantar a<br />

maioria quantitativa na Assembléia<br />

Legislativa. E quando acontecer<br />

isso, o governo de Seniora<br />

virá abaixo e se constituirá um<br />

gabinete encabeçado pelo Hezbolá.<br />

Além disso, se a guerra do<br />

terror matar outros 8 legisladores,<br />

o resto do Parlamento pode<br />

eleger um novo Presidente da<br />

República, que colocaria o país<br />

sob a tutela do regime de Assad.<br />

Tão incrivelmente selvagem<br />

como possa parecer isto no Ocidente,<br />

o genocídio dos legisladores<br />

do Líbano a mãos do regime<br />

sírio e seus aliados é “muito<br />

usual” na cultura política baathzista<br />

(e certamente na jihadista).<br />

Durante os anos 80, Saddam Hussein<br />

executou um grande segmento<br />

da Assembléia Nacional de seu<br />

próprio Partido Baath (lê-se Baatz)<br />

com o objetivo de manter intacto<br />

seu regime. Ao longo da mesma<br />

década Hafez Assad erradicava<br />

sistematicamente sua oposição<br />

política, tanto dentro da Síria<br />

como por todo o Líbano de<br />

ocupação síria, com o intuito de<br />

garantir seu controle sobre os<br />

dois países “irmãos”. De modo que<br />

ordenar desde o outono de 2004<br />

o assassinato de seus opositores<br />

políticos por parte de Bashar para<br />

perpetuar seu domínio sobre o<br />

pequeno “império” baath não é<br />

um fato tão surpreendente: é o<br />

procedimento padrão de Damasco<br />

desde 1970.<br />

E para “alcançar” estes obje-<br />

tivos, a junta da Síria tem todo um<br />

leque de ferramentas e ativos deixados<br />

para trás no Líbano. Em primeiro<br />

lugar, a gigantesca rede do serviço<br />

de inteligência sírio profundamente<br />

enraizada ainda no pequeno<br />

país; em segundo lugar o poderoso<br />

Hezbolá financiado pelo Irã, com seu<br />

letal aparato de segurança; em terceiro<br />

lugar, os grupos controlados<br />

pela Síria dentro de diversos acampamentos<br />

palestinos procedentes de<br />

diversos contextos ideológicos, incluindo<br />

baathzistas, marxistas, e até<br />

islamitas como o Fatah al-Islam; em<br />

quarto lugar, os simpatizantes pró-<br />

Síria e do Hezbolá “dentro” do exército<br />

libanês, assim como as unidades<br />

regulares e os serviços de segurança<br />

sob o controle ainda do general<br />

Emile Lahoud; em quinto lugar,<br />

as milícias e organizações satélites<br />

controladas à distância pelo serviço<br />

de inteligência sírio, como o<br />

Partido Nacional-Socialista da Síria;<br />

e em sexto lugar, os agentes introduzidos<br />

dentro dos grupos políticos<br />

que gravitam ao redor de Damasco,<br />

como os de Suleiman Frangieh, Michel<br />

Aoun ou Talal Arslán. Em poucas<br />

palavras, o eixo sírio-iraniano<br />

dispõe de todo um aparato de agentes<br />

de segurança e inteligência do<br />

qual pode escolher a vontade os autores<br />

materiais mais apropriados<br />

para cada uma das “operações de derrubada”.<br />

O regime Assad dispõe de<br />

“seus próprios agentes” sunitas para<br />

matar os sunitas, dispõe de cristãos<br />

para matar os cristãos, de drusos para<br />

eliminar os drusos, e dispõe de todos<br />

os recursos do terror do Hezbolá<br />

para obstruir o governo do Líbano<br />

e finalmente derrocá-lo.<br />

A “redução” — tanto física como<br />

política — da maioria no Parlamento<br />

libanês se iniciou tão logo que<br />

foi eleita a Assembléia, na primavera<br />

de 2005. A oposição libanesa a<br />

Assad e ao Hezbolá obteve originariamente<br />

72 cadeiras das 128 existentes,<br />

uma maioria confortável para<br />

retomar a “libertação” do país da<br />

ocupação e do terrorismo. Em dezembro<br />

de 2006, um carro-bomba<br />

matava o deputado Jebran Tueni, reduzindo<br />

a maioria a 71. Ainda que<br />

rapidamente tenha sido substituído<br />

por seu pai Ghassán, a avançada<br />

idade do segundo e sua reticência<br />

em prosseguir no mesmo ativismo<br />

anti-terror, isso supõe um ponto<br />

negativo na batalha geral. Em janeiro<br />

de 2006 um deputado da maioria,<br />

Edmond Naim, faleceu de causas<br />

naturais. A revolução anti-Cedros<br />

força as coisas colocando Pierre Daccache,<br />

“neutro” em princípio, mas<br />

essencialmente próximo do Hezbolá<br />

e aliado de Michel Aoun. Naquele momento,<br />

a maioria tinha 71 assentos.<br />

Em dezembro de 2006, o deputado<br />

da maioria Pierre Gemayel é assassinado<br />

por agentes sírios. A cifra de<br />

deputados dedicados ao seu trabalho<br />

cai para 70. Faz algumas semanas,<br />

as ameaças sírias procedentes<br />

do norte obrigam o deputado Alawi<br />

a abandonar a maioria, reduzindo a<br />

cifra a 69. O assassinato agora do<br />

sunita Walid Eido, feroz opositor do<br />

regime sírio, reduz a cifra de deputados<br />

a 68. Quatro assassinatos mais<br />

e a maioria parlamentar entrará em<br />

colapso, devolvendo o poder terrorista<br />

de Ahmedinijad e Assad às costas<br />

do Mediterrâneo Oriental.<br />

O que pode ser feito para deter o<br />

massacre de legisladores no Líbano<br />

e suas dramáticas conseqüências? O<br />

Conselho de Segurança da ONU, em<br />

virtude das resoluções 1559 e 1701,<br />

deveria intervir maciçamente, ordenando<br />

e supervisionando os seguintes<br />

passos:<br />

a) Colocar cada um dos 68 deputados<br />

restantes sob a proteção internacional<br />

direta. Uma força de segurança<br />

internacional especial seria despachada<br />

ao Líbano, reuniria os legisladores<br />

em perigo numa ou várias localizações<br />

protegidas, e mais tarde os<br />

escoltaria para que pudessem cumprir<br />

seus deveres constitucionais.<br />

b) Solicitar ao governo libanês<br />

de Seniora a convocação de eleições<br />

legislativas apropriadas nos distritos<br />

de Matn e Beirute com o objetivo<br />

de substituir os deputados assassinados<br />

Gemayel e Eido. Enviar observadores<br />

da ONU para supervisionar<br />

estas eleições.<br />

c) Solicitar ao Parlamento libanês<br />

a eleição de um novo Presidente<br />

durante o período constitucional que<br />

inicia em agosto, e escoltar os 68 deputados<br />

em perigo (mais os dois recém-eleitos)<br />

até o local das eleições<br />

presidenciais e proporcionar segurança<br />

durante o processo de votação.<br />

Ao fazê-lo, o Conselho de Segu-<br />

rança da ONU estará implementando suas<br />

próprias resoluções, assistindo o processo<br />

democrático no Líbano, e combatendo<br />

o terrorismo com o poder do povo do Líbano.<br />

Quando um novo Presidente escolhido<br />

sair eleito democraticamente no Líbano,<br />

o caminho — ainda muito difícil e<br />

perigoso – até a democracia, se abrirá.<br />

Nota da Redação: O PT (Partido dos<br />

Trabalhadores) brasileiro firmou no início<br />

de junho um acordo “de cooperação”<br />

com o Baath sírio (Partido Nacional<br />

Socialista Árabe) para “coordenar<br />

pontos de vista”, “fortalecer a cooperação<br />

entre organizações populares” e “intercâmbio<br />

de experiências”. Não é a toa<br />

que no nome do Baath, se insira a expressão<br />

“nacional-socialista” pois foi<br />

decalcado do Partido Nazista de Hitler.<br />

O PT se diz de esquerda e abraça uma<br />

agremiação partidária extremante fascista<br />

de direita, inspirada no nazismo! Até<br />

agora, as leis da Física não se aplicavam<br />

à política, especialmente a que diz que<br />

os pólos diferentes se atraem...<br />

* Walid Phares é professor de Estudos<br />

do Oriente Médio e especialista em islã<br />

político e da jihad, graduado em<br />

Direito e Ciências Políticas pelas<br />

Universidades Jesuíta e Libanesa,<br />

doutor em Relações Internacionais e<br />

Estudos Estratégicos pela Universidade<br />

de Miami. Lecionou na Saint Joseph<br />

University nos anos 80 e exerceu o<br />

Direito em Beirute até 1990. Editou<br />

também publicações no Líbano e mais<br />

tarde emigrou para os Estados Unidos,<br />

onde dá aulas na Florida International<br />

University e na Florida Atlantic<br />

University. Publicou centenas de<br />

artigos e escreveu sete livros sobre o<br />

fundamentalismo islâmico, e foi<br />

consultado pelo Congresso americano<br />

em três ocasiões, pois trata-se da<br />

maior autoridade sobre o Oriente<br />

Médio nos EUA. De origem libanesa,<br />

dirige a Fundação por um Líbano<br />

Livre e é membro do Middle East<br />

Forum. Colabora com a CNBC e a<br />

MSNBC, e é colunista regular de várias<br />

publicações internacionais.<br />

19


20<br />

* Fred Dalton<br />

Thompson é ator e<br />

advogado norteamericano,<br />

ex-senador<br />

pelo Estado de<br />

Tennessee. É membro<br />

do Council on Foreign<br />

Relations (CFR –<br />

Conselho de Relações<br />

Exteriores) e analista<br />

sênior da ABC News<br />

Radio. Ele publica<br />

diariamente um blog e<br />

um podcast no website<br />

da ABC Radio<br />

(www.abcradio.com).<br />

Como ator, Thompson<br />

atua no cinema e na<br />

televisão, como na<br />

série de sucesso “Law<br />

& Order”,<br />

interpretando o<br />

procurador da<br />

República Arthur<br />

Branch. Entre os<br />

filmes dos quais<br />

participou estão:<br />

“Caçada ao Outubro<br />

Vermelho”, “Dias de<br />

Trovão”, “Duro de<br />

Matar 2”, “Cabo do<br />

Medo” e outros. Em 1º<br />

de junho de 2007<br />

formou um comitê com<br />

vistas a sua possível<br />

candidatura para<br />

Presidente em 2008.<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Vivendo no terror<br />

Fred Dalton Thompson *<br />

eixe-me fazer-lhe uma<br />

pergunta hipotética. O<br />

que você acha que a<br />

América faria se os soldados<br />

canadenses lançassem<br />

dúzias mísseis diariamente<br />

sobre Búfalo, NY.? E qual você<br />

acha que seria a nossa resposta se<br />

tropas mexicanas durante dois anos<br />

tivessem lançado ataques de foguete<br />

diários em San Diego — e se vangloriassem<br />

disso?<br />

Eu posso lhe dizer, nossa resposta<br />

não se pareceria nada com a contenção<br />

israelense definindo pontualmente<br />

as reações aos ataques de projéteis<br />

diários a partir de Gaza. Nós usaríamos<br />

quaisquer meios necessários<br />

para ganhar a guerra. Haveria numerosas<br />

vítimas provavelmente no lado<br />

do nosso inimigo, mas nós asseguraríamos<br />

que aqueles que nos atacaram<br />

são os responsáveis legalmente.<br />

Mais de 1.300 foguetes foram lan-<br />

çados sobre Israel a partir de Gaza<br />

desde que os palestinos assumiram o<br />

controle dois anos atrás. Os israelenses,<br />

põem, foram para distâncias incríveis<br />

para parar a guerra contra eles<br />

e não prejudicar os não-combatentes<br />

palestinos. Mas não cometa nenhum<br />

erro, pois Israel está em guerra.<br />

O governo eleito do Hamas repete<br />

regularmente que seu objetivo oficial<br />

é a promessa de destruir Israel completamente<br />

e substituí-lo por estado<br />

islâmico. O Hamas abertamente assumiu<br />

responsabilidade pela morte de<br />

uma mulher e ferimentos em dúzias<br />

só na semana passada.<br />

A estratégia palestina tem o propósito<br />

de matar civis israelenses.<br />

Então, quando Israel for atacar depois<br />

desses lançamentos, os palestinos<br />

dirão que são as vítimas. Se os<br />

civis palestinos não forem feridos nos<br />

ataques israelenses, eles organizam<br />

danos e mortes. Muito freqüentemente,<br />

eles granjeiam simpatias e<br />

apoio da mídia ingênua ou anti-se-<br />

mita na comunidade internacional.<br />

Os próprios israelenses, muitas<br />

vezes são incapazes de enfrentar os<br />

danos que eles infligem na autodefesa.<br />

Sabendo disto, os extremistas islâmicos<br />

estão usando suas próprias<br />

populações como escudos humanos.<br />

Eu estou começando a me questionar<br />

sobre quanto tempo mais este<br />

plano vicioso ainda irá funcionar. A<br />

simpatia internacional para com os<br />

palestinos diminuiu ao mesmo tempo<br />

em que os extremistas islamofascistas<br />

trouxeram destruição a Madrid,<br />

Bali, Somália, Londres e em<br />

outros lugares. Mais importante ainda<br />

é que os israelenses estão sofrendo<br />

tanto, que eles podem estar à<br />

beira de perder suas simpatias pelas<br />

pessoas que juraram matá-los.<br />

Imagine o que é viver, sabendo<br />

que um foguete pode cair sobre você<br />

ou seus filhos a qualquer minuto.<br />

Metade das pessoas que vivem mais<br />

próximas de Gaza fugiu de suas casas.<br />

O restante vive é traumatizado<br />

diariamente por sirenas de advertência<br />

e as explosões.<br />

A ironia é que Israel tem o poder<br />

militar para ganhar facilmente a<br />

guerra que está sendo lançada contra<br />

eles hoje. Eles não usaram esse<br />

poder, no passado, não só pela compaixão<br />

aos civis palestinos, mas porque<br />

poderia ativar um conflito regional<br />

mais longo.<br />

Entretanto, esse equilíbrio de forças<br />

está a ponto de mudar. Se o Irã<br />

desenvolver armas nucleares, a própria<br />

existência desta pequena nação<br />

chamada Israel estará ameaçada. O<br />

regime iraniano não deixou dúvidas<br />

de que pretende ver Israel “apagado<br />

do mapa.” O Hamas está usando a<br />

mesma linguagem, não coincidentemente,<br />

e anunciou que começará<br />

a lançar projeteis também em<br />

Israel a partir da Margem Ocidental.<br />

Se o mundo não agir para parar<br />

as ambições nucleares de Irã, deverá<br />

estar preparado para as conseqüências<br />

de Israel defende-se a mesmo.


m físico judeu envia<br />

cartas à prima com notícias<br />

das pesquisas da<br />

equipe de Albert Einstein.<br />

Uma soprano, que<br />

dá aulas de música na colônia,<br />

interpreta trechos<br />

de Madame Butterfly<br />

para a vaca Berenice,<br />

acreditando<br />

que a ópera estimula<br />

a produção de leite.<br />

Um casamento judaico<br />

celebrado em plena<br />

mata tropical, o<br />

drama e os sonhos de<br />

uma governanta da<br />

família Matarazzo Suplicy<br />

e a amizade entre<br />

uma senhora judia<br />

e o pintor Cândido<br />

Portinari, são abordadas<br />

no romance com<br />

raízes verdadeiras.<br />

Jornalista lança livro e conta<br />

saga de judeus em Rolândia<br />

Todas estas histórias estão reunidas<br />

no livro ‘A Travessia da Terra<br />

Vermelha’, do jornalista Lucius de<br />

Mello, que conta a saga de refugiados<br />

judeus na cidade de Rolândia,<br />

no Norte do Paraná. Eles vieram<br />

principalmente da<br />

Alemanha, fugindo<br />

de Hitler e dos nazistas.<br />

Com a participação<br />

de um exdeputado<br />

católico,<br />

Otto Proustel, perseguido<br />

político do<br />

nazismo, e da companhia<br />

ferroviária<br />

inglesa Paraná Plantation,<br />

foi possível<br />

montar uma operação<br />

chamada “triangular”.<br />

Judeus compravam<br />

na Alemanha<br />

equipamentos, e em<br />

troca a companhia<br />

concedia <strong>título</strong>s de terras em Rolândia.<br />

De posse dessas terras, famílias,<br />

muitas delas da elite e intelectuais,<br />

puderam escapar assim<br />

da sanha nazista.<br />

A obra, que rememora a vida de<br />

famílias judias, alemãs e cristãs que<br />

fundaram a cidade, fala das dificuldades<br />

que essa gente enfrentou no<br />

meio do mato: as doenças, os insetos,<br />

os bichos, o preconceito, a falta<br />

de socorro médico, a saudade dos<br />

amigos e parentes que não conse-<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

guiram fugir e morreram nos campos<br />

de concentração.<br />

Fundamentado em ampla pesquisa,<br />

o autor constrói um romance histórico<br />

desvendando micro-histórias<br />

de personagens anônimos que, a partir<br />

de 1933, fizeram de Rolândia o<br />

seu porto seguro. Sensível ao drama<br />

humano, Lucius transita entre a<br />

história e a literatura reconstituindo<br />

a memória do Holocausto cuja<br />

sombra estendeu-se além das fronteiras<br />

da Alemanha nazista.<br />

Obra será lançada em Curitiba<br />

"Travessia da Terra Vermelha" será lançada em Curitiba em duas<br />

oportunidades pelo autor Lucius de Mello. A primeira, será no Centro Israelita<br />

do Paraná (CIP) , dia 3 de setembro, às 18h30, quando o jornalista e<br />

escritor fará uma palestra a respeito, aberta à comunidade judaica.<br />

No dia 4/9, às 19 h, o autor lança o livro nas Livrarias Curitiba do<br />

Shopping Park Barigüi. Nos dois eventos haverá noite de autógrafos.<br />

Lucius de Mello<br />

21


22 (com<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

VISÃO<br />

Parlamentares brasileiros em Israel<br />

Os deputados federais Carlos Eduardo<br />

Vieira da Cunha e Gustavo Fruet, estiveram<br />

em Israel onde participaram, em<br />

julho, do III <strong>Sem</strong>inário para Parlamentares<br />

Latino-Americanos. O objetivo é<br />

reforçar as relações entre congressistas<br />

de Israel, do Brasil e de toda América<br />

Latina, além de propiciar contato direto<br />

com a realidade israelense e conhecimento<br />

sobre temas considerados relevantes<br />

para a região do Oriente Médio.<br />

Durante o evento, promovido pelo<br />

Ministério das Relações Exteriores e o<br />

Parlamento de Israel (Knesset), os participantes<br />

se encontraram com a ministra<br />

Tzipi Livni e a vice-presidente do<br />

Parlamento, Colette Avital, com autoridades,<br />

parlamentares e acadêmicos<br />

israelenses. Visitaram Jerusalém, Tel<br />

Aviv e o norte de Israel. Os seminários<br />

anteriores aconteceram em 2003 e<br />

2005. (Embaixada de Israel/Conib).<br />

Pedida demissão de padre polonês<br />

O Centro Simon Weisenthal (CSW) solicitou<br />

ao Papa Bento XVI para que intervenha<br />

contra um padre polonês por<br />

seu manifesto anti-semita, que vem provocando<br />

polêmica no governo do conservador<br />

Lech Kaczynski. Conhecido<br />

mundialmente por sua luta contra o<br />

anti-semitismo, o CSW pediu ao Papa<br />

a demissão de Tadeusz Rydzyk, diretor<br />

da emissora católica polonesa Maryja,<br />

que acusou o chefe de Estado, o conservador<br />

Lech Kaczynski, de ser favorável<br />

às reivindicações dos judeus em<br />

relação à Polônia, conforme o semánario<br />

Wprost. “(...) A questão é que a<br />

Polônia deve dar aos judeus 65 milhões<br />

de dólares. Eles virão até nós e<br />

pedirão: ‘’Me dê esta casa! Pague estas<br />

calças! Me dê estes sapatos!’”,disse<br />

Rydzyk, citado pelo jornal. O comunicado<br />

do Centro Weisenthal cita as mesmas<br />

declarações do padre, qualificadas<br />

como ‘’escandalosas’’ pelo rabino Marvin<br />

Hier, fundador do CSW. (AFP).<br />

Munique quer mudar nome de rua<br />

panorâmica<br />

Um projeto municipal de Munique, capital<br />

da Bavária, no sul da Alemanha,<br />

pretende trocar o nome da Meiserstrasse,<br />

rua que homenageia o bispo protestante<br />

Hans Meiser (1881-1956), conhecido<br />

por resistir ao nazismo, mas<br />

que se recusou a ajudar judeus perseguidos.<br />

As autoridades da cidade —<br />

governada por uma coalizão Social Democrata<br />

e Verdes — propuseram rebatizar<br />

a rua. Medidas semelhantes já foram<br />

adotadas em outras cidades bávaras,<br />

como Nuremberg. “As declarações<br />

anti-semitas tornam seu nome indigno<br />

de uma rua em Munique”, disse o líder<br />

local dos Verdes, Siegfried Benker. Con-<br />

informações das agências AP, Reuters,<br />

AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />

Post, Haaretz e IG)<br />

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Yossi Groisseoign<br />

tra a decisão da prefeitura manifestouse<br />

o bispo protestante regional Johannes<br />

Friedrich, cuja igreja fica exatamente<br />

na Meiserstrasse. Para ele, a prefeitura<br />

foi “demasiado politicamente correta”.<br />

Meiser nos anos 30 colocou-se em<br />

defesa da igreja evangélica da Bavária<br />

contra o regime nazista e contra os planos<br />

de aquisição por parte dos “Cristãos<br />

Alemães”, movimento que apoiava<br />

as idéias racistas do nacional-socialismo.<br />

Ao mesmo tempo, o bispo escrevia<br />

artigos anti-semitas, afirmando que “a<br />

mentalidade dos judeus tem qualquer<br />

coisa de corrosiva e caustica”. (ANSA)<br />

Austríaco anti-nazista beatificado<br />

Em 26 de outubro será beatificado<br />

Franz Jägerstätter, camponês que desafiou<br />

Adolf Hitler e reconhecido como<br />

mártir por Bento XVI. A beatificação<br />

será presidida pelo cardeal José Saraiva<br />

Martins, prefeito da Congregação<br />

para as Causas dos Santos, na catedral<br />

da diocese austríaca de Linz. Jägerstätter,<br />

casado e pai de três filhos, foi<br />

guilhotinado em 9 de agosto de 1943,<br />

aos 36 anos, por sua oposição pública<br />

a Hitler e ao nazismo em nome de sua<br />

fé. Foi recrutado pelo exército do Terceiro<br />

Reich, mas se opôs citando as<br />

palavras de São Pedro: “Há que se obedecer<br />

a D-us antes que aos homens”.<br />

Em seu testamento escreveu: “Escrevo<br />

com as mãos atadas, mas prefiro esta<br />

condição a ter encadeada minha vontade”.<br />

Em 1º de junho Bento XVI autorizou<br />

a publicação do decreto que reconhece<br />

seu martírio e que abriu as<br />

portas a sua beatificação. (Zenit)<br />

Peça de 2.700 anos volta a Jerusalém<br />

As autoridades turcas querem devolver<br />

a Jerusalém uma tabuleta de 2.700 anos<br />

de idade, de grande valor simbólico<br />

para o povo judeu e atualmente exposta<br />

no Museu Arqueológico de Istambul.<br />

O prefeito de Jerusalém, Uri Lupolianski,<br />

obteve o compromisso do embaixador<br />

turco em Israel, Namik Tan, de fazer o<br />

possível para devolver a tabuleta à cidade,<br />

onde foi encontrada por arqueólogos<br />

britânicos em 1880 e a entregaram<br />

ao Império Otomano, que controlava<br />

Jerusalém na época. A tabuleta<br />

contém a denominada inscrição de Siloam,<br />

onde se descreve a época do primeiro<br />

Templo de Jerusalém, destruído<br />

por Nabucodonosor em 586 a.C., e a<br />

construção pelo rei Ezequias do túnel<br />

em que foi localizada. Esta construção,<br />

que é mencionada no Antigo Testamento,<br />

permitia transportar água para Jerusalém<br />

de um arroio situado fora das<br />

muralhas da cidadela em torno de 700<br />

d.C. Lupolianski comprometeu-se a<br />

construir um monumento em homenagem<br />

aos soldados turcos mortos no atual<br />

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Estado de Israel (então Palestina) durante<br />

a Primeira Guerra Mundial. (The<br />

Jerusalem Post)<br />

Amia: Dia de Luto Nacional<br />

O governo argentino declarou 18 de<br />

julho como “Dia de Luto Nacional”,<br />

marcando assim o 13º aniversário do<br />

atentado que destruiu a sede da Associação<br />

Mutual Israelita Argentina<br />

(Amia), deixando 85 mortos e 150 feridos.<br />

O atentado terrorista “foi um<br />

ataque direto à soberania da nação”,<br />

diz o decreto do presidente Néstor Kirchner,<br />

que determina que, neste dia,<br />

a bandeira argentina fique a meio mastro<br />

em edifícios e espaços públicos<br />

para expressar luto - uma homenagem<br />

às vítimas e o “permanente repúdio e<br />

condenação” a “uma agressão aos valores<br />

éticos e jurídicos dos argentinos<br />

e a seu sistema democrático”. O<br />

ataque à Amia, localizada num dos<br />

bairros mais populosos de Buenos Aires,<br />

foi o mais sangrento perpetrado<br />

por terroristas na história do país. Os<br />

22 argentinos acusados de cumplicidade<br />

no atentado, a maioria deles expoliciais,<br />

foram absolvidos por falta<br />

de provas depois de um julgamento<br />

em 2004, quando começou um processo<br />

pelo qual, mais tarde, foi destituído<br />

o juiz Juan José Galeano, que<br />

realizou as primeiras investigações.<br />

Também permanece impune o atentado<br />

que destruiu, em março de 1992,<br />

a embaixada de Israel em Buenos Aires,<br />

deixando 29 mortos e mais de cem<br />

feridos. (Jornal Alef).<br />

Condolências pelo acidente aéreo<br />

"O governo, o povo do Estado de Israel<br />

e a Embaixada de Israel no Brasil<br />

se solidarizam com o povo brasileiro e<br />

com as famílias em luto pelo trágico<br />

acidente aéreo, ocorrido em 17 de julho<br />

de 2007, diz a mensagem do presidente<br />

de Israel", Shimon Peres, encaminhada<br />

ao presidente Lula por causa<br />

da tragédia do acidente da Tam no<br />

aeroporto de Congonhas. Segue o texto:<br />

“É em choque e com profundo pesar<br />

que ouvi sobre o terrível acidente<br />

aéreo no aeroporto de São Paulo com<br />

aproximadamente 200 pessoas, deixando<br />

desoladas suas famílias e a população<br />

do Brasil, por essa horrível tragédia.<br />

Nós em Israel lamentamos junto a<br />

vocês pela perda de vidas inocentes, e<br />

eu gostaria de oferecer meus sinceros<br />

sentimentos nestes dias de luto. Com<br />

muito pesar, Atenciosamente, Shimon<br />

Peres". (B’nai B’rith do Brasil).<br />

Museu em campo de concentração<br />

O presidente da Ucrânia, Viktor<br />

Yushchenko, e o ministro de Assuntos<br />

Exteriores da Alemanha, Frank-<br />

Walter Steinmeier, inauguraram em 22/<br />

7 um museu no antigo campo de concentração<br />

de Flossenbürg, na Alemanha,<br />

como um apelo contra o esquecimento<br />

dos crimes e da barbárie nazista.<br />

“É impossível explicar a morte<br />

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de milhões de pessoas. O importante<br />

é que a história não se repita”, disse<br />

Yushchenko, que foi com a família ao<br />

lugar em que seu pai, Andrej, passou<br />

seis meses confinado como prisioneiro<br />

de guerra. “Estamos num local que<br />

representa a vergonha da Alemanha”,<br />

afirmou Steinmeier, com relação ao<br />

campo de concentração que reuniu<br />

100 mil pessoas presas, das quais 30<br />

mil morreram. Flossenbürg, no sul da<br />

Alemanha, foi aberto em 1938 pelos<br />

nazistas, e seus prisioneiros foram libertados<br />

pelas tropas americanas em<br />

23 de abril de 1945. Até 1990, o local<br />

quase não era conhecido, apesar<br />

do monumento erguido em 1946, em<br />

memória das vítimas do nazismo. Durante<br />

décadas, o campo de concentração<br />

foi considerado um mero cemitério,<br />

até a construção do novo museu,<br />

que possui uma exposição permanente<br />

que documenta o destino daqueles<br />

que permaneceram confinados<br />

no local. (Efe).<br />

Arafat morreu de Aids<br />

Uma nova versão para a misteriosa morte<br />

de Yasser Arafat, em novembro de<br />

2004 foi apresentada: ele teria sido<br />

vítima de Aids, segundo o fundador da<br />

Frente Para a Libertação da Palestina<br />

(FPLP), Ahmad Jibril. A declaração,<br />

feita em entrevista à televisão Al-Manar,<br />

baseia-se num relatório do hospital<br />

francês onde Arafat ficou internado<br />

antes de morrer. O documento, segundo<br />

Jibril, foi entregue ao presidente<br />

palestino Mahmoud Abbas, que teria<br />

confirmado a informação. Apesar de<br />

Arafat ter se casado e ter tido uma filha,<br />

eram freqüentes as especulações<br />

de que ele era homossexual. Um livro<br />

publicado em 2005 por repórteres do<br />

jornal israelense Haaretz afirma que o<br />

médico do líder palestino confirmou<br />

que ele tinha Aids. Muitos palestinos<br />

porém, apontam Israel como responsável<br />

pela morte de Arafat. Entre as<br />

versões mais citadas é a de que ele foi<br />

envenenado. Na entrevista à TV Al Manar,<br />

Jibril diz que cobrou de Abbas uma<br />

investigação séria sobre a morte de<br />

Arafat. Segundo ele, o presidente palestino<br />

respondeu então que “o relatório<br />

dos franceses é muito claro e esclarecia<br />

que a Aids foi a causa da morte<br />

de Arafat”. (Globo Online).<br />

Não ao boicote britânico<br />

Parece que os esforços na reprovação<br />

aos britânicos que lançaram o boicote<br />

contra Israel na Inglaterra não foram<br />

em vão. Os resultados de uma pesquisa<br />

de opinião realizada pelo British Medical<br />

Journal com mais de 27 mil pessoas<br />

participando, mostram que mais de<br />

76% disseram não ao boicote. A pesquisa,<br />

divulgada em 26/7 pelo jornal<br />

britânico especializado em medicina,<br />

observa que 76,4% dos entrevistados<br />

consideram injusto o a boicote a Israel,<br />

e só 23,6% disseram sim a ele. Ou<br />

seja, o boicote é fracasso total. (British<br />

Medical Journal).


Eduard Yitzhak *<br />

Redação do Objectiv-info<br />

publicou em 16.2.2007<br />

na internet a entrevista<br />

que o diretor do World Net<br />

Daily manteve com o jornalista<br />

árabe norte-americano Joseph<br />

Farah em 11 de outubro de 2000,<br />

no início da Intifada Al Aqsa. Na qual<br />

se desmontam com pertinência dois<br />

mitos do “palestinismo”: o da existência<br />

de um “povo palestino” desde<br />

toda a eternidade, e o do status<br />

de Jerusalém como terceiro lugar<br />

santo do Islã.<br />

É sobre esta base que se pode<br />

compreender melhor a grande comédia<br />

— sobre a moda dos crentes<br />

muçulmanos ultrajados — que procede<br />

de numerosos dirigentes árabes<br />

e/ou muçulmanos a propósito<br />

das obras levadas a efeito por Israel<br />

em sua capital eterna, Jerusalém,<br />

para restaurar a passarela da Porta<br />

dos Magrebins.<br />

Joseph Farah, jornalista árabe<br />

norte-americano:<br />

“A situação no Oriente Médio<br />

parece simples para todo o mundo:<br />

Os palestinos querem uma pátria<br />

e os muçulmanos querem o<br />

controle dos sítios que eles consideram<br />

sagrados”.<br />

Parece elementar e simples, não?<br />

Bem, eu, no entanto, como jornalista<br />

árabe americano que se forjou<br />

num conhecimento profundo da<br />

situação no Oriente Médio, com base<br />

em comentários sobre lançamento de<br />

pedras e disparos de morteiros, posso<br />

atualmente assegurar que a justificativa<br />

da violência e dos motins<br />

não tem sua origem na simples reivindicação<br />

palestina de uma pátria,<br />

nem na vontade dos muçulmanos de<br />

controlar os lugares que eles consideram<br />

sagrados.<br />

Surpresos?<br />

Então como se explica que antes<br />

da Guerra dos Seis Dias em<br />

1967 não houve nenhum movimento<br />

sério de reivindicação da independência<br />

palestina?<br />

Antes de 1967? Você me dirá:<br />

“os israelenses não ocupavam a<br />

Cisjordânia nem a velha cidade de<br />

Jerusalém”<br />

Isto é certo. Mas durante a<br />

guerra dos Seis Dias, isto não estava<br />

nas mãos dos palestinos, nem<br />

de Yasser Arafat; Israel conquistou<br />

a Judéia, a Samária –”Cisjordânia”<br />

e Jerusalém Leste. Estes territórios<br />

estavam ocupados pelo rei Hussein<br />

de Jordânia desde 1948. Alguma<br />

vez foi pedido ao soberano hache-<br />

Mitos do Oriente Médio<br />

mita Hussein que restituísse estes<br />

territórios aos palestinos?<br />

Houve alguma resolução da ONU<br />

sobre este tema, de que os palestinos<br />

ficassem na Judéia, na Samária<br />

e em Jerusalém Leste?<br />

Não e Não.<br />

Não se pergunta por que então<br />

todos estes palestinos subitamente<br />

descobriram sua identidade nacional,<br />

justamente depois que Israel<br />

ganhou aquela guerra?<br />

A verdade é que a Palestina é um<br />

mito!<br />

O nome Palestina foi utilizado<br />

pela primeira vez no ano 135 da era<br />

atual pelo imperador romano Adriano,<br />

que não contente em erradicar a<br />

presença judaica da Judéia (uma presença<br />

que então durava mais de 1000<br />

anos), não satisfeito em haver destruído<br />

seu Templo — ano 70 da era<br />

atual, por Tito —, não contente em<br />

ter proibido o acesso dos últimos<br />

judeus ao país, se convenceu de que<br />

lhe faltava aniquilar qualquer traço da<br />

civilização judaica no país “batizouo”<br />

aproveitando um nome derivado<br />

dos filisteus. Os filisteus eram aquele<br />

povo, ao qual pertencia Golias e que<br />

os hebreus conseguiram vencer muitos<br />

—12 — séculos antes.<br />

Este “batismo” era para os romanos<br />

uma forma de acrescentar o<br />

insulto à ferida. Também eles, os romanos,<br />

fizeram igualmente mudar o<br />

nome de Jerusalém para “Aelia Capitolina”,<br />

mas nisto não tiveram o<br />

mesmo êxito.<br />

A Palestina, no entanto, como<br />

entidade autônoma não existiu nunca<br />

no curso da História. Jamais. Mas<br />

o país foi dominado sucessivamente<br />

pelos romanos, pelos cruzados<br />

cristãos, pelos muçulmanos (os<br />

quais nunca fizeram de Jerusalém<br />

uma capital durante o tempo que<br />

ocuparam o país), pelos otomanos<br />

e brevemente, pelos britânicos ao<br />

dia seguinte da 1ª Guerra Mundial.<br />

Desde 1917, com a Declaração Balfour,<br />

os britânicos mostraram-se favoráveis<br />

em ceder ao menos uma<br />

parte do território ao povo judeu<br />

para que eles pudessem estabelecer<br />

um estado soberano.<br />

Não existe uma língua propriamente<br />

palestina. Nem tampouco cultura<br />

especificamente palestina.<br />

Não existiu nunca uma Palestina<br />

dirigida por palestinos. Estes últimos<br />

são árabes, e são indissociáveis<br />

dos jordanianos (a Jordânia, ela própria,<br />

é também uma invenção recente,<br />

criada em 1922 pelos britânicos).<br />

Coloquem na sua cabeça que o<br />

mundo árabe controla 99,9% das ter-<br />

ras do Oriente Médio e que Israel não<br />

representa mais que 0,1% da superfície<br />

regional!<br />

Mas isto — que Israel tenha 0,1%<br />

da superfície do Oriente Médio — é<br />

muito para os árabes. Os árabes querem<br />

tudo. Isto é precisamente onde<br />

se situa o nó do conflito com o qual<br />

se opõem a Israel. Avidez, avareza,<br />

orgulho, arrogância, inveja, cobiça.<br />

Todas as concessões que possa<br />

Israel fazer nunca serão suficientes.<br />

World Net Daily: E o que diz sobre<br />

os lugares santos do Islã?<br />

Joseph Farah: Simplesmente, que<br />

não há nenhum em Jerusalém.<br />

Estão chocados? Podem ficar.<br />

Estou convencido de que não ouvirão<br />

nunca esta verdade brutal na<br />

mídia internacional. Isto é politicamente<br />

incorreto.<br />

Já sei que dirão: ”A Mesquita de<br />

Al Aqsa e o Domo da Rocha em Jerusalém<br />

representam o terceiro lugar<br />

santo do Islã”, depois de Meca<br />

e Medina.<br />

Bem, saibam que isto é falso! Na<br />

realidade, o Alcorão não faz nenhuma<br />

menção sobre Jerusalém. Meca é<br />

citada centenas de vezes. Medina é<br />

mencionada um número incalculável<br />

de vezes. Mas Jerusalém, jamais (por<br />

outro lado, Jerusalém é citada 669<br />

vezes na Torá!<br />

Não há nenhuma prova histórica<br />

de que Maomé tenha estado em<br />

Jerusalém.<br />

Então como é que Jerusalém se<br />

tornou o terceiro lugar santo do Islã?<br />

Os muçulmanos, hoje em dia, se<br />

referem a uma vaga passagem do Alcorão,<br />

a Sura 17 intitulada “A Viagem<br />

noturna – Al-Isra”. Se havia feito<br />

de um sonho de Maomé que foi<br />

transportado de noite “da mesquita<br />

sagrada à mesquita distante cujo recinto<br />

temos abençoado”.<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

No século 7, os muçulmanos<br />

identificaram os dois templos mencionados<br />

neste versículo como Meca<br />

e Jerusalém. Eis aqui como se mantém<br />

a limitada conexão entre o Islã<br />

e Jerusalém – conexão feita de sonho,<br />

de imaginação, de interpretações<br />

e mito.<br />

Paralelamente, o povo judeu vê<br />

suas raízes em Jerusalém remontando<br />

até a época do patriarca Abrahão.<br />

A última onda de violência que faz<br />

estragos em Israel teve como origem,<br />

diz-se, na visita do chefe do partido<br />

Likud, Ariel Sharon ao Monte do Templo,<br />

onde se encontra os fundamentos<br />

do Templo construído por Salomão.<br />

Este é o lugar mais santo do<br />

judaísmo. Sharon e sua comitiva foram<br />

recebidos a pedradas e insultos.<br />

Eu sei o que parece isto. Eu estava lá.<br />

Podem imaginar o que sentem os judeus<br />

quando são ameaçados, apedrejados<br />

e mantidos distantes do lugar<br />

mais santo do judaísmo?<br />

Então, me dirão, qual é a solução<br />

para conseguir a paz neste<br />

Oriente Médio?<br />

Francamente, não creio que hoje<br />

em dia alguém possa pretender ter<br />

uma solução duradoura. Mas se<br />

há alguma, esta deve começar<br />

por restabelecer a Verdade.<br />

A propagação de<br />

mentiras não trará mais<br />

que o caos. Continuar<br />

desprezando o direito<br />

legítimo de 5 mil anos<br />

de antigüidade dos judeus,<br />

e ainda por cima,<br />

reforçado por claríssimas<br />

provas históricas e arqueológicas,<br />

confrontando-as com<br />

as falsas reivindicações – dos muçulmanos—,<br />

não poderá dar mais que<br />

uma má reputação a esta diplomacia<br />

de embusteiros.<br />

* Eduard Yitzhak é escritor<br />

e um dos principais<br />

colaboradores do website<br />

Es-Israel (www.esisrael.org),<br />

parceiro do<br />

jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

23


24<br />

Capa da revista<br />

comemorativa aos 25<br />

anos do Beit Chabad<br />

em Curitiba<br />

Os vitrais da<br />

sinagoga, criação e<br />

arte de Sérgio Segall<br />

e execução de<br />

Adoaldo Lenzi<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Eli Hasson (E) escreveu a última letra da Torá, doada pelo filho Roland Hasson (C, em 2 0 plano) O rabino Yossef Dubrawsky, diretor do Beit Chabad leva o terceiro Sefer Torá sob a Chupá<br />

Aos 25 anos, Beit Chabad de Curitiba<br />

recebe nova Torá e inaugura Sinagoga<br />

uritiba e sua comunidade<br />

judaica viveram no<br />

domingo 26/8 uma<br />

bela festa de alegria, que<br />

reuniu boa parte das famílias<br />

do ishuv local. A grande e<br />

animada festa significou uma comemoração<br />

quádrupla: A cerimônia de<br />

conclusão do terceiro Sefer Torá, a<br />

inauguração da nova Sinagoga do<br />

Beit Chabad em sua sede na Rua Ângelo<br />

Sampaio, 370, na Água Verde,<br />

em Curitiba, inauguração do Colel<br />

– Centro de Estudos, e a comemoração<br />

dos 25 anos do Beit Chabad<br />

em Curitiba.<br />

Festa marcou também o início das atividades do Colel – Centro de Estudos<br />

A conclusão da escrita e entrega<br />

do terceiro Sefer Torá, começou<br />

logo pela manhã, no salão de festas<br />

do edifício onde reside a família<br />

de Roland Hasson, que fez a doação<br />

dos rolos com o pergaminho<br />

da Torá. Esse evento, de escrita de<br />

algumas letras em espaços deixados<br />

em branco, diante da comunidade,<br />

é um ato sagrado e raríssimo, que a<br />

maioria dos judeus de qualquer parte<br />

do mundo tem poucas oportunidades<br />

de presenciar e participar.<br />

Estar presente à conclusão de Rolo<br />

da Torá, conforme o rabino Yossef<br />

Dubrawsky, do Beit Chabad, escre-<br />

ver uma letra nela, dançar e cantar<br />

com ela, é uma mitsvá que tem o<br />

poder de trazer as bençãos de D-us<br />

para a toda a família. Todas as pessoas<br />

presentes escreveram letras na<br />

Torá e fizeram sua Tsedacá.<br />

Perto das 13 h, finda a cerimônia,<br />

a Torá foi conduzida, a pé, sob<br />

uma Chupá, por uma multidão integrada<br />

por homens, mulheres, crianças,<br />

adolescentes, adultos e idosos,<br />

que dançavam e cantavam alegremente<br />

animados por um trio elétrico,<br />

seguindo da Rua Petit Carneiro até a<br />

sede do Chabad, com as ruas interditadas<br />

pela Diretan de Curitiba.<br />

A Rua Ângelo Sampaio, no trecho<br />

entre a Petit Carneiro e a Brasílio Itiberê<br />

também foi fechada ao trânsito,<br />

para que as pessoas pudessem acompanhar<br />

a solenidade de homenagens<br />

feitas aos casais Saul e Sara Zugman,<br />

Miguel e Cecília Krigsner, e Haroldo e<br />

Sarita Jacobovicz que, com sua generosidade<br />

possibilitaram a concretização<br />

dos projetos do Beit Chabad.<br />

As placas de homenagens foram entregues<br />

respectivamente aos casais<br />

pelos rabinos, Shamai Ende, Shabsi<br />

Alpern e Yossef Dubrawsky. Houve ain-<br />

Continua na página 25


Sara e Saul<br />

Zugman,<br />

Rabino Ende<br />

Shamai,<br />

Noemia e Ari<br />

Zugman<br />

Sarita e<br />

Haroldo<br />

Jacobovicz<br />

ladeados por<br />

Tila e<br />

Yossef<br />

Dubrawsky<br />

Cecília e<br />

Miguel<br />

Krigsner com<br />

o rabino<br />

Shabsi<br />

Alpern, do<br />

Chabad<br />

Central de<br />

São Paulo<br />

Continuação da página 24<br />

da uma homenagem especial a Senhora<br />

Sara Burstein por constante apoio,<br />

dedicação exclusiva e trabalho incansável<br />

que há anos vem realizando no<br />

Chabad de Curitiba.<br />

Após os discursos, foram colocadas<br />

as mezuzót nas portas de entrada<br />

do Chabad, do Colel e da Sinagoga,<br />

bem como descerradas as placas com<br />

mais homenagens às famílias benfeitoras<br />

e às pessoas que há 25 anos<br />

atrás deram tudo de si para que o<br />

Chabad se instalasse em Curitiba.<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

Igualmente foi inaugurado um painel<br />

com azulejos pintados à mão por<br />

alunos do primeiro grau da Escola israelita<br />

Brasileira Salomão Guelmann<br />

com motivos judaicos. A seguir foi<br />

inaugurada a sinagoga e introduzida<br />

a nova Torá, seguindo-se um farto<br />

Lechaim, que na verdade foi um lauto<br />

almoço. Na saída, todas as pessoas<br />

receberam de lembrança uma revista<br />

comemorativa aos 25 anos do Beit<br />

Chabad de Curitiba, com 76 páginas<br />

coloridas em papel couchê, contando<br />

a história do Chabad e também de<br />

parte da vida da comunidade.<br />

25


26<br />

VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

* David Harris é jornalista e<br />

este seu artigo foi<br />

publicado no The<br />

Jerusalem Post. Traduzido<br />

por Irene Walda<br />

Heynemann. Publicado no<br />

site De Olho na Mídia<br />

(www.deolhonamidia.org.br)<br />

em 04/6/2007.<br />

Dez modos em que o Estado<br />

de Israel é tratado de forma desigual<br />

David Harris *<br />

qui está a minha lista. Eu<br />

convido os leitores a sugeriram<br />

outros exemplos que<br />

particularmente os aflijam.<br />

Primeiro, Israel é o único<br />

estado membro da ONU, cujo<br />

próprio direito de existir está sob uma<br />

contínua contestação. Apesar do fato<br />

de Israel ter sido criado com a aprovação<br />

oficial da ONU e se tornado um<br />

país membro deste organismo mundial<br />

desde 1949, existe um coro implacável<br />

de nações, instituições e indivíduos<br />

que negam a própria legitimidade<br />

política de Israel. Ninguém<br />

ousaria questionar o direito de existir<br />

da Líbia, da Arábia Saudita ou da<br />

Síria. Por que então está aberta a estação<br />

de caça a Israel? Como se nós<br />

não soubéssemos a resposta.<br />

Segundo, Israel é o único país<br />

membro da ONU que é vítima de<br />

ameaças públicas de aniquilação por<br />

outro país membro da ONU. Pense<br />

nisto. O presidente iraniano clama<br />

para que Israel seja varrido do mapa.<br />

Há qualquer outro país que enfrenta<br />

tal clamor aberto por<br />

sua destruição genocida?<br />

Terceiro, Israel é a<br />

única nação cuja capital,<br />

Jerusalém, não é<br />

reconhecida pelas outras<br />

nações. Imagine o<br />

absurdo disto. Diplomatas<br />

estrangeiros vivem<br />

em Tel Aviv e ao<br />

mesmo tempo conduzem<br />

virtualmente todos o seus<br />

assuntos em Jerusalém. Embora<br />

nenhuma nação ocidental<br />

questione a presença de Israel na<br />

metade ocidental da cidade, onde<br />

estão localizados o gabinete do primeiro-ministro,<br />

o parlamento (Knes-<br />

Um agente do Hezbolá, entrevistado<br />

pelo Canal 10 da TV israelense<br />

afirmou que o grupo terrorista foi<br />

salvo pela decisão do governo Olmert<br />

de pedir um cessar-fogo.<br />

“O cessar-fogo [ao final da Segunda<br />

Guerra no Líbano] serviu<br />

como um colete salva-vidas para a<br />

organização”, disse o terrorista. Ele<br />

explicou que o grupo teria se rendido<br />

se as batalhas prosseguissem<br />

por mais 10 dias.<br />

Ele descreveu a condição do<br />

set) e o Ministério das Relações Exteriores,<br />

não há nenhuma embaixada<br />

lá. Na realidade, se você olhar<br />

listagens de cidades mundiais, inclusive<br />

locais de nascimento em<br />

passaportes, você verá freqüentemente<br />

algo espantoso - Paris, França;<br />

Tóquio, Japão; Pretória, África<br />

do Sul; Lima, Peru; e Jerusalém, sem<br />

país - órfão, se você quiser.<br />

Quarto, a ONU tem duas agências<br />

que tratam de refugiados. Uma, o<br />

Alto Comissariado das Nações Unidas<br />

para os Refugiados (UNHCR, em<br />

inglês), cujo foco são as populações<br />

de refugiados de todo o mundo,<br />

menos um. A outra, a Agência das<br />

Nações Unidas de Assistência aos<br />

Refugiados (UNRWA, em inglês), trata<br />

só dos palestinos. Mas a esquisitice<br />

vai além das duas estruturas e<br />

duas burocracias. Eles têm dois mandatos<br />

diferentes. A UNHCR busca reassentar<br />

os refugiados; a UNRWA não.<br />

Quando, em 1951, John Blanford, o<br />

diretor da UNRWA, propôs reassentar<br />

até 250.000 refugiados em países<br />

árabes, estes países recusaram,<br />

levando à sua renúncia. A mensagem<br />

terminou por aí. Nenhuma autoridade<br />

da ONU desde então pressionou<br />

pelo seu restabelecimento.<br />

Além disso, as definições de “refugiado”<br />

da UNRWA e da UNHCR diferem<br />

consideravelmente. Enquanto<br />

que a UNHCR objetiva aqueles que<br />

fugiram de suas pátrias, a definição<br />

da UNRWA cobre “os descendentes de<br />

pessoas que se tornaram refugiados<br />

em 1948”, sem qualquer limitação<br />

relativa à geração.<br />

Quinto, Israel é o único país<br />

que ganhou todas as guerras principais<br />

pela sua sobrevivência e autodefesa,<br />

e ainda assim é confrontado<br />

pelos adversários derrotados<br />

que teimam em ditar as condições<br />

da paz. Ao fazerem isso, ironicamente,<br />

eles são apoiados por muitos<br />

países que, vitoriosos nas<br />

guerras, exigiram — e conseguiram<br />

— ajustes de suas fronteiras.<br />

Sexto, Israel é o único país que<br />

foi censurado nominalmente — não<br />

uma, mas nove vezes — desde que o<br />

novo Conselho de Direitos Humanos<br />

da ONU foi estabelecido em junho<br />

de 2006. Incrivelmente, ou talvez<br />

não, este organismo da ONU não tem<br />

adotado uma única resolução criticando<br />

qualquer país que realmente<br />

abusa dos direitos humanos. Quando<br />

finalmente discutiu a situação de<br />

Darfur, o Conselho se recusou vergonhosamente<br />

a apontar um dedo sequer<br />

para o Sudão.<br />

Sétimo, Israel é o único país que,<br />

em violação ao espírito do Estatuto<br />

da ONU, não é membro efetivo de um<br />

dos cinco blocos políticos regionais<br />

— África, Ásia, Europa Oriental, América<br />

Latina, e Europa Ocidental e<br />

Outros (WEOG, em inglês) — o que<br />

determina a elegibilidade à candidatura<br />

aos postos principais da ONU.<br />

Embora Israel tenha conseguido uma<br />

brecha em 2000 e se unido ao WEOG,<br />

sua associação é limitada a Nova<br />

Iorque, e não a outros centros da<br />

ONU, além de ser tanto condicional<br />

quanto temporária.<br />

Oitavo, Israel é o único país que<br />

é diariamente alvo de três organismos<br />

da ONU, estabelecidos somente<br />

para fazer progredir a causa palestina<br />

e esmagar Israel — o Comitê para<br />

o Exercício dos Direitos Inalienáveis<br />

o Povo Palestino, o Comitê Especial<br />

para Investigar Práticas Israelenses<br />

que Afetam os Direitos Humanos do<br />

Povo Palestino, e a Divisão pelos<br />

Direitos Palestinos do Departamento<br />

de Assuntos Políticos da ONU.<br />

Nono, Israel é o único país que é<br />

Cessar-fogo salvou Hezbolá<br />

da derrota na guerra o Líbano<br />

equipamento e da moral do Hezbolá<br />

no final da luta, dizendo que eles<br />

estavam quase sem comida, bebida<br />

e munição.<br />

A ministra de relações exteriores,<br />

Tzipi Livni, orgulhou-se perante a<br />

Comissão Winograd de que o cessarfogo<br />

tenha sido uma idéia dela, com<br />

o primeiro-ministro Ehud Olmert afirmando<br />

que esta foi uma das maiores<br />

conquistas da guerra.<br />

O oficial também admitiu disparar<br />

mísseis de dentro de cen-<br />

tros urbanos, sabendo que isto<br />

levaria a vitimas civis no lado libanês.<br />

Ele explicou que atirar de<br />

áreas abertas simplesmente não<br />

era possível, pois rapidamente a<br />

Força Aérea israelense (IAF) iria<br />

atingir os disparadores que operassem<br />

nestas regiões.<br />

Por outro lado, Walid Jumblatt,<br />

o líder druso libanês, acusou o secretário-geral<br />

do Hezbolá, Hassan<br />

Nassrallah de estar preparando o terreno<br />

para uma nova guerra.<br />

objeto de um boicote do Sindicato<br />

Nacional de Jornalistas Britânicos.<br />

Um boicote britânico anterior contra<br />

instituições acadêmicas israelenses<br />

foi cancelado por um detalhe<br />

técnico, porque o sindicato que adotou<br />

a medida fundiu-se com outro.<br />

Há agora uma reivindicação<br />

incipiente da parte de alguns membros<br />

da Associação Médica Britânica<br />

para excluir sua contraparte israelense<br />

da Associação Médica Mundial.<br />

E décimo, Israel é o único país<br />

onde alguns membros da sua população<br />

majoritária, ou seja, judeus,<br />

clamam abertamente, por razões políticas<br />

ou religiosas, pelo desmantelamento<br />

do Estado. Não é comparável<br />

a situação em que vozes religiosas<br />

do Neturei Karta, por exemplo,<br />

viajaram para Teerã para se unir publicamente<br />

a um líder que busca a<br />

destruição de Israel, com a situação<br />

dos extremistas políticos que buscam<br />

deslegitimizar o Estado de Israel<br />

e clamam por uma solução de<br />

“um estado”? Falando de nossos próprios<br />

piores inimigos... Tentar lidar<br />

com qualquer um destes dez assuntos,<br />

ainda mais com todos eles juntos,<br />

é um desafio assustador, para<br />

declarar o dolorosamente óbvio. E,<br />

conforme propus inicialmente, esta<br />

lista está longe de ser completa. Mas<br />

dá uma idéia do que acontece além<br />

das manchetes diárias.<br />

Uma antiga propaganda dizia que<br />

você não tem que ser judeu para amar<br />

o pão de centeio judaico do Levy’s.<br />

Bem, seguramente, você não tem que<br />

ser um ardente ativista a favor de<br />

Israel para se afligir com o tratamento<br />

injusto que é dado a Israel. Tudo<br />

que precisa é uma capacidade para<br />

se indignar com o fato de que coisas<br />

como estas continuem a acontecer<br />

diante de nossos próprios olhos.<br />

Ele explicou que Nassrallah estaria<br />

agindo de acordo com os interesses<br />

do Irã e da Síria ao invés<br />

do Líbano, citando discursos recentes<br />

do chefe do Hezbolá nos<br />

quais ele se orgulha que seus mísseis<br />

podem atingir qualquer ponto<br />

em Israel. A declaração de Jumblatt<br />

foi citado pelo jornal libanês<br />

Al-Mustakbal. (Fonte: Arutz<br />

Sheva/Israel National New, Ezra<br />

HaLevi. Tradução: Daniel Benjamin<br />

Barenbein).


VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />

CSW pede anulação do acordo<br />

do PT com partido Baath da Síria<br />

Centro Simon Wiesenthal,<br />

organização judaica de defesa<br />

dos direitos humanos,<br />

pediu a anulação do acordo<br />

assinado entre o PT e o partido<br />

Baath da Síria. O CSW alertou<br />

em carta para as tendências totalitárias<br />

do compromisso petista.<br />

“O PT assinou em maio, em Damasco,<br />

um acordo de cooperação com o<br />

Partido Baath Árabe Socialista da Síria,<br />

para trocar idéias e pontos de vista<br />

a respeito de causas comuns e coordenar<br />

posições em congressos e fóruns<br />

internacionais. O partido Baath<br />

encabeça há décadas em seu país um<br />

regime autoritário que desconhece o<br />

respeito pelos direitos humanos”, disse<br />

o centro, que tem sede em Los Angeles,<br />

numa correspondência ao presidente<br />

do PT, deputado Ricardo Berzoini<br />

(SP), e ao secretário de relações<br />

internacionais petista, Valter Pomar.<br />

“Causa profunda decepção que um<br />

partido como o PT, que se valeu das<br />

regras do Estado de Direito para ascender<br />

à Presidência do Brasil, omita<br />

a promoção da democracia dos valores<br />

indispensáveis no momento de estabelecer<br />

seus acordos de cooperação em<br />

nível internacional”, afirmou o grupo<br />

judaico na carta.<br />

O PT, entretanto, não deu ouvidos<br />

ao CSW e afirma que vai manter o acordo.<br />

“O Centro Wiesenthal é respeitável,<br />

mas usa argumentos primários e cínicos.<br />

O PT não tem interesse em participar<br />

das operações de isolamento da<br />

Síria. O que uniu os dois partidos foi a<br />

crítica à política norte-americano no<br />

Oriente Médio”, declarou Valter Pomar.<br />

O protocolo de cooperação prevê o<br />

intercâmbio de experiências entre os<br />

partidos PT do Brasil e Partido Baath<br />

da Síria. Uma das intenções do pacto é<br />

promover o intercâmbio de idéias...”. O<br />

que poderia servir do modelo Baath para<br />

o PT? Só se a troca de experiências e<br />

Um kuwaitiano<br />

a favor de Israel<br />

No dia 7 de maio, o jornal<br />

kuwaitiano A-Siasa publicou um<br />

artigo assinado por Ajmed Bagdadi,<br />

jornalista e analista local, intitulado:<br />

“Coisas que nunca ocorrem<br />

– salvo em Israel”. O artigo é<br />

muito favorável ao Estado de Israel,<br />

ao seu povo, seu sistema e<br />

sua democracia. A seguir, um resumo<br />

do artigo.<br />

Há coisas que não podem<br />

ocorrer num país árabe ou muçulmano,<br />

mas que são muito normais<br />

nesse lugar que os árabes denominam<br />

“O ente judaico – Estado<br />

de Israel”. Desejaríamos que isso<br />

acontecesse em nossos países,<br />

mas simplesmente não pode ser<br />

porque nós, árabes, não temos o<br />

valor para fazê-lo. Eis aqui o que<br />

acontece em Israel:<br />

O povo escolhe os seus governantes,<br />

ou seja, o Primeiro Ministro,<br />

em eleições livres e diretas.<br />

O país é o único no qual os ministros<br />

têm a coragem de exigir a<br />

renúncia do Primeiro Ministro por<br />

ter cometido um erro com relação<br />

aos direitos do povo.<br />

É o único país onde o governo<br />

não pode impedir que seus cidadãos<br />

investiguem sobre qualquer<br />

tomada de decisões para inteirarse<br />

sobre a verdade.<br />

É o único país que pode fazer<br />

renunciar o Presidente por<br />

assédio sexual.<br />

O único país em que os intelectuais<br />

ou os líderes de opinião<br />

não são encarcerados por opinar<br />

sobre política ou religião.<br />

O único país cujas universidades<br />

são reconhecidas em<br />

todo o mundo por seu alto nível<br />

acadêmico.<br />

O único país em que o setor<br />

religioso não funciona arbitrariamente<br />

em detrimento da liberdade<br />

de opinião.<br />

O único país que pede as<br />

contas, todos os anos, a cada<br />

um dos seus cidadãos, incluindo<br />

o Presidente e o Primeiro<br />

Ministro, por lei: De onde provêm<br />

seus rendimentos?<br />

É o único país que admite os<br />

palestinos como imigrantes, dotando-lhes<br />

de serviços sociais<br />

e econômicos.<br />

É o único país onde há verdadeira<br />

liberdade jornalística,<br />

sem que se leve ninguém aos tribunais<br />

por expressar suas idéias.<br />

Israel é o único país de uma<br />

nação que deu ao mundo os<br />

maiores cientistas e músicos,<br />

pensadores e filósofos.<br />

Ajmed Bagdadi culmina seu artigo<br />

desafiando os leitores para<br />

que indiquem um só país árabe com<br />

um quarto destas condições. (Fonte:<br />

www.porisrael.org).<br />

idéias for para entender como se tornar<br />

mais autoritário e ditatorial. O acordo<br />

parece ser um claro retorno às raízes<br />

históricas do stalinismo petista.<br />

O Centro Simon Wiesenthal, que<br />

combate o anti-semitismo no mundo,<br />

deixou bem claro ao Partido dos Trabalhadores:<br />

“O partido Baath encabeça há<br />

décadas em seu país um regime autoritário<br />

que desconhece o respeito pelos<br />

direitos humanos... Causa profunda<br />

decepção que um partido como o PT,<br />

que se valeu das regras do Estado de<br />

Direito para ascender à Presidência do<br />

Brasil, omita a promoção da democracia<br />

dos valores indispensáveis no momento<br />

de estabelecer seus acordos de<br />

cooperação em nível internacional”.<br />

Segundo Valter Pomar, secretário<br />

de relações internacionais do PT, “a<br />

crítica à política norte-americana no<br />

Oriente Médio foi o que motivou o<br />

acordo entre o PT e o Baath”. De acordo<br />

com o crítico e blogueiro José Papo<br />

Nahool, a abelha, cuja aparição<br />

seguiu-se ao “assassinato” de Farfur,<br />

estreou no programa “Os Pioneiros do<br />

Amanhã” da TV Hamas, com a seguinte<br />

mensagem às crianças árabes: “Eu<br />

e meus amigos devemos continuar o<br />

caminho de Farfur... O caminho do<br />

martírio, o caminho dos guerreiros da<br />

Jihad... e em seu nome nós nos vingaremos<br />

dos inimigos de Alá... até<br />

que a Al-Aksa (mesquita em Jerusalém)<br />

seja liberada de suas sujeiras”<br />

(referência aos judeus). Recentemente,<br />

foram mostradas gravações na TV<br />

Hamas de crianças árabes graduando-se<br />

em um jardim de infância em<br />

Gaza. No vídeo, as crianças são vistas<br />

marchando em formação segurando<br />

metralhadoras e se jogando no chão,<br />

rastejando e jurando tornarem-se terroristas<br />

quando crescerem. Em outro<br />

(http://josepapomisc.blogspot.com),<br />

“essa resposta deixa óbvia a verdadeira<br />

face do PT. Não interessa para<br />

o Partido a defesa dos direitos humanos.<br />

O que importa é fazer oposição<br />

aos Estados Unidos, mesmo que seja<br />

aliando-se a grupos decididamente autoritários<br />

e que promovem a desestabilização<br />

de todo o Oriente Médio. A<br />

Síria, através de seus dirigentes do<br />

Partido totalitário Baath, realiza assassinatos<br />

de opositores políticos (inclusive<br />

em outro país, o Líbano) e ainda<br />

promove organizações terroristas<br />

como o Hamas e o Hezbolá”. Sobre o<br />

comentário de Valter Pomar de que<br />

“O Centro Wiesenthal é respeitável,<br />

mas usa argumentos primários e cínicos,<br />

Papo observou: “Se a defesa dos<br />

direitos humanos e da democracia é<br />

um argumento primário, então fico<br />

cada vez com mais receio do nosso<br />

atual governo e de suas políticas cada<br />

vez mais autoritárias”.<br />

Após a “morte” de Farfur, a TV<br />

Hamas apresenta a abelha Jihad<br />

trecho, duas meninas conversam...<br />

Saraa: “Sim amiguinhos, nós perdemos<br />

nosso querido amigo, Farfur.<br />

Farfur se tornou um mártir ao proteger<br />

sua terra. Ele se tornou um mártir nas<br />

mãos dos criminosos e assassinos. Os<br />

assassinos de crianças inocentes... Você<br />

viu que os judeus deixaram Farfur morrer<br />

como um mártir. O que você quer<br />

dizer aos judeus?”.<br />

Shaimaa, de 3 anos: “Nós não gostamos<br />

dos judeus porque eles são cães!<br />

Nós lutaremos contra eles!”.<br />

Saraa: “Está correto. Os judeus são<br />

criminosos e inimigos, nós temos que<br />

expulsá-los de nossa terra”.<br />

É assim que se envenena a mente<br />

das pequenas crianças palestinas, ensinando-lhes<br />

ódio, preconceito e niilismo,<br />

dificultando a coexistência e a paz<br />

no Oriente Médio.<br />

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VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768

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