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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Publicação mensal independente da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicidade<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Curitiba PR Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Dir. de Operações e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Dir. Administrativa e Financeira<br />
HANA KLEINER<br />
Diretor de Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Publicidade<br />
DEBORAH FIGLARZ<br />
Arte e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
ALEXANDRE VICTORINO<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antonio Carlos Coelho, Aristide<br />
Brodeschi, Breno Lerner, Daniel Benjamin<br />
Barenbein, David Harris, Edda Bergmann,<br />
Eduard Yitzhak, Eugenia Souza, Fred<br />
Dalton Thompson, George Chaya, Hana<br />
Beris, Jane Bichmacher de Glasman, Pilar<br />
Rahola, Reda Mansour, Sara Schulman,<br />
Sérgio Feldman, Sonia Bloomfield, Ted<br />
Feder, Tzvi Freeman, Youssef M. Ibrahim,<br />
Yossi Groisseoign e Walid Phares<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />
o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />
comentários publicados, sejam de terceiros<br />
(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />
pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />
que o VJ esteja de acordo com alguns<br />
dos conceitos ou dos temas.<br />
Contém termos sagrados, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
Este jornal é um veículo independente<br />
da Comunidade Israelita do Paraná<br />
Um ano bom e doce, apesar dos microcéfalos<br />
stamos nos aproximando<br />
de Rosh Hashaná, que marca<br />
o início do novo ano e<br />
de Iom Kipur, o Dia do Perdão.<br />
São duas das mais importantes<br />
celebrações judaicas<br />
simbolizando renovação do ciclo da<br />
vida, o arrependimento por más<br />
ações e a remissão perante D-us.<br />
Entre ambas as datas estão os Iamim<br />
Noraim, os Dias Temíveis, na verdade,<br />
dias altamente sagrados, durante<br />
os quais devemos refletir profundamente<br />
e realizar um exame de consciência<br />
um autobalanço. Também são<br />
conhecidos como os “Dias Intensos”,<br />
um período de 10 dias considerado<br />
como de julgamento para cada um<br />
de nós. Entende-se que o Édito Divino<br />
só pode ser alterado através de<br />
três ações em conjunto: Tshuvá (Retorno),<br />
Tsedaká (Boas ações) e Tefilá<br />
(Orações). Devido<br />
à importância<br />
deste período —<br />
Iamim Noraim —,<br />
Nossa capa<br />
Datas importantes<br />
foi definido um mês inteiro de preparação,<br />
que é o de Elul. Tem significado<br />
especial, e por isso é chamado<br />
de “Tempo de Piedade e Perdão”,<br />
a oportunidade de invocar a D-us<br />
Sua piedade e Seu perdão, para que<br />
nos ajude a iniciar um novo ano com<br />
saúde, paz e prosperidade.<br />
Se, no entanto, almejamos mudanças<br />
com o novo ano, certos fatos,<br />
porém, parecem nunca mudar.<br />
O anti-semitismo, uma dessas deploráveis<br />
doenças, sempre se adapta<br />
ao meio e ao tempo, mas jamais desaparece.<br />
Pode dissimular, trocar de<br />
alvo (antigamente era o judeu ser<br />
humano, hoje é Israel, o judeu das<br />
nações), ou de posição política,<br />
mas segue sendo o mesmo fétido<br />
dejetório onde proliferam ódio, intolerância<br />
e preconceito racial, que<br />
já deveriam ter desaparecido da<br />
face do planeta. Mas essa malignidade<br />
continua a grassar em certos<br />
indivíduos psiquicamente perturbados.<br />
Talvez seja esse o caso do es-<br />
Shabat Shofetim<br />
Shabat Ki Tetsê<br />
Shabat Ki Tavó<br />
Shabat Nitsavim / Vaiêlech<br />
Véspera de Rosh Hasahná<br />
1º dia de Rosh Hashaná<br />
2º dia de Rosh Hashaná<br />
Haazinu / Shabat Shuvá<br />
Jejum de Guedália<br />
Véspera de Iom Kipur<br />
Iom Kipur<br />
Véspera de Sucot<br />
crevinhadeiro que assina por Fausto<br />
Wolff, nas páginas daquele que<br />
foi um dia gigante da imprensa brasileira,<br />
o Jornal do Brasil, e que hoje<br />
dá espaço para o vomitório provocativo<br />
do infausto microcéfalo. Sua<br />
última excrescência: Garatujar algumas<br />
linhas para defender a tese<br />
(!?) de que o demente de Teerã, outro<br />
nanocefálico, Ahmadinejad,<br />
nunca quis ou pretendeu varrer Israel<br />
do mapa! Isso, a despeito das<br />
seguidas e inúmeras manifestações,<br />
nesse sentido, do verborrágico iraniano,<br />
as quais foram sobejamente<br />
registradas na imprensa mundial.<br />
Uma rápida pesquisa no Google<br />
revela a fonte inspiradora do artigo:<br />
sites anti-sionistas já davam “notícia”<br />
igual. Interessante é confrontar<br />
os “fatos” que também citou, com<br />
o histórico da população judaica no<br />
Irã: em 1948 eram cerca de<br />
100.000; em 2002 caíram para<br />
20.405 (Wikipedia) e atualmente<br />
menos de 11.000 (segundo o Ame-<br />
A capa reproduz a obra de arte cujo <strong>título</strong> é “Toque do Shofar”, elaborada com a técnica<br />
aquarela e dimensões de 50 x 35 cm, criação de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em<br />
Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu<br />
trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações<br />
por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários<br />
países e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração. É o autor das capas do<br />
jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre ele, visite o site www.brodeschi.com.br).<br />
18 18 de de agosto<br />
agosto<br />
25 25 de de agosto<br />
agosto<br />
1º de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
8 8 de de setembro<br />
setembro<br />
12 12 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
13 13 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
14 14 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
15 15 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
16 16 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
21 21 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
22 22 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
26 26 de de de setembro setembro<br />
setembro<br />
Falecimentos<br />
Ricardo Killner, dia 25/7 - 10 de Av de 5767,<br />
sepultado no Cemitério Israelita de Umbará dia 27/<br />
7/07.<br />
Luiz Schrier, dia 1º/8 - 17 de Av de 5767, sepultado<br />
no cemitério Israelita do Umbará<br />
Jacques Frischmann, dia 2/8 – 18 de Av de<br />
5767, em São Paulo, SP.<br />
Moisés Liberman, dia 18/8 – 4 de Elul de 5767,<br />
em Campinas, SP, pai de Alberto Liberman e Gilza<br />
Strachman. Sepultado no Cemitério Israelita do Butantã,<br />
em SP.<br />
Humor judaico<br />
Redes Redes<br />
Redes<br />
Durante escavações nos EUA arqueólogos descobriram,<br />
a 100 m de profundidade, vestígios de fios de<br />
cobre que datavam do ano 1000. Os americanos concluíram<br />
que seus antepassados já dispunham de uma<br />
rede telefônica naquela época.<br />
Os franceses, para não ficar para trás, escavaram<br />
também seu subsolo, encontrando restos de fibras<br />
ópticas a 200 m de profundidade. Após minuciosas<br />
análises, concluíram, triunfantes, que seus antepassados,<br />
há 2.000 anos atrás já dispunham de uma rede<br />
digital a base de fibra óptica!<br />
Uma semana depois, em Tel-Aviv, foi publicado o<br />
seguinte anúncio: “Após escavações arqueológicas no<br />
subsolo de cidades e vilas em toda a Região de Haifa,<br />
até uma profundidade de 500 metros, os cientistas<br />
israelenses não encontraram absolutamente nada. Eles<br />
concluem que os antigos judeus já dispunham há<br />
5.000 anos de uma rede wireless”.<br />
rican Jewish Committee). Já pensaram<br />
o que diriam de Israel se a população<br />
palestina tivesse diminuído<br />
em cerca de 90%? Mais: Desde a<br />
revolução islâmica, pelo menos 19<br />
judeus foram executados no Irã por<br />
razões religiosas ou conexões com<br />
Israel (segundo o “2001 Annual Report<br />
on International Religious Freedom”,<br />
U.S. Department of State). A<br />
verdade é que temos anti-semitas<br />
usando máscaras de direitos humanos<br />
na imprensa brasileira. E produzindo<br />
uma mentirada execrável.<br />
Não obstante tudo isso, nós do<br />
jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, queremos renovar<br />
nosso compromisso de continuar<br />
combatendo inabalavelmente<br />
não só o anti-semitismo como qualquer<br />
tipo de preconceito racial,<br />
afirmar o nosso sionismo, a defesa<br />
de Israel e os valores democráticos,<br />
e reforçar os nossos laços com<br />
o judaísmo. A todos os leitores desejamos<br />
um Shaná Tová Umetuká<br />
neste novo ano de 5.768.<br />
A Redação<br />
Acendimento das<br />
velas em Curitiba<br />
agosto/setembro 2007<br />
Véspera de Shabat<br />
DATA HORA<br />
24/8 17h42<br />
31/8 17h44<br />
7/9 17h47<br />
12/9 1 17h49<br />
13/9 2 após 18h43<br />
14/9 3 17h49<br />
21/9 4 17h52<br />
26/9 5 17h54<br />
1 - Véspera de Rosh Hashaná<br />
2 - 1 0 dia de Rosh Hasahná<br />
3 - 2 0 dia de Rosh Hasahná<br />
4 - Véspera de Iom Kipur<br />
5 - Véspera de Sucot
Sérgio Feldman *<br />
proximam-se as Grandes<br />
Festas e se faz necessário<br />
realizar o “Cheshbon Nefesh”,<br />
o acerto de contas<br />
com D-us e com o próximo.<br />
Neste período refletimos<br />
sobre o que fizemos no ano anterior<br />
e tratamos de refazer nossas relações,<br />
pedir perdão e tentar se tornar<br />
seres humanos mais elevados,<br />
justos e piedosos.<br />
Neste espírito, escreverei meu<br />
último artigo sobre as mulheres da<br />
Bíblia. Refletir sobre as distorções<br />
que foram feitas na imagem feminina,<br />
tendo como referência o Judaísmo<br />
e tentar perceber que as mulheres<br />
na Bíblia Hebraica (Tanach) não<br />
eram consideradas, seres inferiores,<br />
e tampouco eram excluídas do convívio<br />
social e espiritual. A exclusão<br />
social da mulher surgiu num período<br />
posterior, fato que eu tento demonstrar<br />
em um artigo acadêmico,<br />
que deve ser publicado numa revista<br />
de uma universidade do sul do<br />
Brasil (UCS). Neste breve artigo tecerei<br />
reflexões simples e ilustrarei<br />
minhas interpretações e opiniões<br />
com citações bíblicas. Mas não pretendo<br />
esgotar o tema.<br />
Nos estudos de História que se<br />
dedicam às questões do feminino,<br />
denominados “Estudos de Gênero”<br />
(que abarcam também outros gêneros)<br />
concebe-se a definição de espaços<br />
abertos e fechados e da liberdade<br />
de circular e de ser ou não<br />
ser ativa nestes espaços, como um<br />
parâmetro para definir a autonomia<br />
da mulher. Um destes é o espaço<br />
dito privado que seria o espaço controlado<br />
da família, do lar e do clã.<br />
Um espaço restrito e controlado. O<br />
outro espaço seria o público, que<br />
seria o espaço da sociedade em geral,<br />
da rua, dos recintos externos a<br />
casa. Nos Estudos de Gênero define-se<br />
que as mulheres foram sendo<br />
gradualmente excluídas do espaço<br />
público e controladas dentro do<br />
espaço privado, na família ou clã, e<br />
dentro da casa. Coloca-se uma cerca<br />
em torno da mulher e limitam-se<br />
suas funções. Um exemplo comum é<br />
a da mulher ateniense. Consideradas<br />
inferiores e incapazes tornamse<br />
reclusas a um espaço da casa denominado<br />
gineceu. O que ocorre no<br />
caso das mulheres da Bíblia?<br />
As narrativas da Bíblia são de um<br />
espaço de tempo muito extenso. As<br />
mulheres da Bíblia hebraica ou Tanach<br />
viveram dentro de um longo período.<br />
Entre Sara e Betsabé (Bat Sheva)<br />
há cerca de oitocentos anos. Se<br />
for entre Sara e as mulheres da época<br />
de Jeremias haveria cerca de mil<br />
e trezentos anos. Uma imensidão de<br />
tempo. As coisas mudam em um século,<br />
imagine em dez a treze séculos.<br />
Ainda assim, faremos uma impre-<br />
VISÃO JUDAICA<br />
Mulheres da Bíblia (III)<br />
agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
cisa generalização, visto termos pouco<br />
espaço para escrever.<br />
As mulheres do período dos patriarcas<br />
e dos períodos seguintes<br />
(até o período dos Reis e Profetas)<br />
eram socialmente ativas e circulavam<br />
pelos espaços públicos. Alguns<br />
exemplos: o namoro entre<br />
Moisés e Séfora (Tzipora) ou os<br />
encontros de Jacob e Raquel ou de<br />
Eliezer com Rivka (Rebeca) nos<br />
poços da cidade demonstram que<br />
as mulheres livres circulavam pelos<br />
espaços das aldeias e das cidades<br />
em busca de água, por exemplo. Vale<br />
ressalvar que todos estes exemplos<br />
são de fora da Terra de Israel. A arqueologia<br />
e a história provam que<br />
isto é comum no mundo bíblico.<br />
Argumentos podem ser ditos que<br />
isto é parte de uma função familiar<br />
e de uma divisão de funções e trabalho,<br />
na qual a mulher buscava a<br />
água nas fontes, mas não representa<br />
uma participação social ou religiosa.<br />
Isso pode ser refutado com<br />
alguns exemplos. Um deles é sensível<br />
e exemplar: No primeiro capítulo<br />
do Primeiro Livro de Samuel, Elcana<br />
leva suas duas esposas, Penina<br />
e Hana (Ana) ao santuário de Siló<br />
(Shiló), aonde efetuavam oferendas<br />
de graças a D-us. Lá, Hana realiza,<br />
aquilo que se convencionou definir<br />
Raquel, uma mulher do período dos Patriarcas<br />
como a “primeira oração (reza)” da<br />
Bíblia. Naquele período os cultos<br />
eram celebrados através de sacrifícios.<br />
Ela pede através de oração<br />
balbuciada a D-us que lhe dê um filho,<br />
já que ela era estéril e a outra<br />
esposa de Elcana era fértil. E com a<br />
intercessão de Eli (Heli) ela concebe<br />
com seu esposo, o pequeno Samuel.<br />
Hana circula nos serviços religiosos,<br />
dialoga com o sacerdote e<br />
é ativa na sociedade na religião.<br />
Outro exemplar fato é a profeta e<br />
“juíza” Débora (Dvora) que faz julgamentos<br />
e lidera o povo numa batalha,<br />
mesmo tendo um “general” (ou<br />
oficial militar) denominado Barak, a<br />
liderar “fisicamente” o seu exército.<br />
E ainda por cima a glória da execu-<br />
ção do líder inimigo paira sobre a<br />
figura polêmica de Jael (Yael), num<br />
texto que determina a forte presença<br />
e o status privilegiado das mulheres<br />
no mundo bíblico.<br />
Outra personagem feminina de<br />
presença social e iniciativa é a moabita<br />
Rute. Uma das personagens<br />
mais marcantes do período de transição<br />
entre a o nomadismo e a sedentarização<br />
e que reflete o conceito<br />
de não discriminação do não<br />
judeu que se agrega ao povo e a<br />
religião judaica. Rute não nasceu<br />
judia, mas se “converte” (não havia<br />
processos de conversão naquela<br />
época, é óbvio). E se torna a bisavó<br />
do rei David e tronco da casa<br />
real de Judá (Iehudá). De seus descendentes<br />
sairá o Messias. Ou seja,<br />
uma “não judia”, que se insere na<br />
raiz da casa de David. Uma mulher<br />
de personalidade que opta por seguir<br />
sua sogra, após a morte de seu esposo.<br />
Uma opção que vem marcada pelos<br />
dizeres: “[...] Teu povo será meu<br />
povo; teu D-us será meu D-us” (Rute,<br />
1, 16). Rute circula nos espaços públicos<br />
a busca de restos da colheita<br />
(respigar nos campos) que permita a<br />
ela e a sua idosa sogra sobreviverem.<br />
Contata com homens e dialoga com<br />
eles. E participa do festival de Shavuot<br />
aonde se aproxima de seu futuro<br />
marido, Boaz, que lhe permitira<br />
respigar em seus campos. Ou seja, as<br />
mulheres não são reclusas e tampouco<br />
excluídas dos espaços públicos.<br />
Num período bem mais “recente”<br />
da história bíblica, temos a narrativa<br />
de Judite, que executa o general<br />
assírio Holofernes. Mescla de<br />
lenda e história, repleta de realidade.<br />
Uma líder espiritual e comunitária<br />
que faz jus a um livro e a reverencia<br />
da memória.<br />
A opinião das mulheres era acatada<br />
até na sociedade patriarcal. Na<br />
crise conjugal instaurada na casa de<br />
Abraão devido aos conflitos entre<br />
Sara e a concubina Agar, percebe-se<br />
que a palavra de D-us, define o respeito<br />
pela “sabedoria da esposa” e<br />
sua proeminência. Sara exige que<br />
Abraão expulse de casa a serva Agar<br />
e seu filho Ismael (que ela tivera com<br />
o próprio Abraão), pois percebe que<br />
isto não seria benéfico a Isaac (Itzchak),<br />
o pequeno filho de Abraão<br />
com Sara. Abraão que ama ambos os<br />
filhos não quer perder o contato com<br />
Ismael. Sara pressiona e D-us conclui<br />
dizendo que o patriarca acatasse<br />
suas palavras: “[...] em tudo o<br />
que Sara te diz, ouve a sua voz; porque<br />
em Isaac será chamada a tua<br />
descendência”. (Gênesis, 21, 12).<br />
Nem o patriarca poderia superar a<br />
mulher na sua sabedoria. Sendo este<br />
um modelo arquetípico pode-se concluir<br />
que se trata de uma lição para<br />
os homens, no sentido de ouvirem a<br />
“sensibilidade” feminina ao tomarem<br />
alguns tipos de decisão.<br />
O modelo mais clássico de mulher<br />
atuante na política também é o<br />
de uma mulher “reprimida” e inserida<br />
numa sociedade patriarcal e que<br />
aparentemente se trata de uma mulher<br />
“objetificada” (num termo anacrônico,<br />
ou seja, não adequado ao<br />
mundo antigo).<br />
A rainha Ester é o modelo de uma<br />
mulher numa sociedade oriental (persa<br />
ou helenística) aonde o status feminino<br />
é de inferioridade. É, de fato,<br />
externa à sociedade bíblica: vive na<br />
Pérsia e já num mundo em transformação.<br />
Forçada a participar de um<br />
concurso de beleza e colocada num<br />
palácio, torna-se reclusa e controlada.<br />
Não pode sequer ver o Rei, se<br />
não for convidada por ele. Ela é mais<br />
uma “preferida do harém”, que a Rainha<br />
no sentido pleno. Ela se “faz<br />
rainha” e atua em surdina, elaborando<br />
uma teia de relações que salvam<br />
seu povo e levam o inimigo Haman à<br />
forca. Modelo e arquétipo de uma<br />
mulher numa sociedade na qual, as<br />
transformações sociais levaram a<br />
exclusão da mulher dos espaços<br />
públicos e a enclausuraram.<br />
Ainda assim ela tem o controle<br />
dos fatos e na hora da<br />
necessidade sabe articular<br />
as coisas e salvar seu povo.<br />
Um ensinamento às mulheres<br />
que todos os anos ouvem<br />
a leitura da Meguilá de<br />
Ester para que saibam como<br />
manter o controle das coisas,<br />
mesmo sem ter a hierarquia e o<br />
poder familiar a seu favor. Este texto<br />
já se insere num período que extrapola<br />
o mundo bíblico: é reflexo<br />
das mudanças ocorridas no contato<br />
com o mundo persa e com o mundo<br />
Continua na página 4<br />
3<br />
Naomi e Rute, detalhe de ilustração feita em 1795 por William Blake, no<br />
Victoria and Albert Museum de Londres<br />
Sérgio Feldman<br />
* Sérgio Feldman é<br />
doutor em História pela<br />
UFPR e professor de<br />
História Antiga e Medieval<br />
na Universidade Federal do<br />
Espírito Santo, em Vitória, e<br />
ex-professor adjunto de<br />
História Antiga do Curso<br />
de História da Universidade<br />
Tuiuti<br />
do Paraná.
4<br />
Rivka, também conhecida<br />
como Rebeca<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Continuação da página 3<br />
helenístico. A reclusão da mulher<br />
judia se configura no período<br />
do segundo Templo: é efeito<br />
de valores e conceitos externos<br />
ao Judaísmo bíblico. Neste, a<br />
mulher era participante, livre e<br />
ativa nas cerimônias públicas.<br />
Sua reclusão não é um valor judaico<br />
e sim uma influência externa.<br />
A única justificativa que<br />
se pode usar do mundo bíblico é<br />
a questão da pureza ritual. Esta<br />
temática abordaremos adiante<br />
num futuro artigo.<br />
Judite decapitando Holofernes, óleo sobre tela de Caravaggio, pintada em<br />
1598, e que está na Galleria Nazionale dell'Arte Antica, Roma<br />
Edda Bergmann *<br />
Ano Novo Judaico é<br />
sui-generis, pois complementa<br />
a criação do<br />
mundo, com a criação<br />
do Homem e da Vida<br />
sobre a face da Terra.<br />
Rosh Hashaná está intrinsecamente<br />
ligado a uma Vida plena,<br />
realizada e feliz neste mundo,<br />
que nada tem a ver com os<br />
movimentos terroristas atuais que<br />
promovem a idéia de paraíso (sexual)<br />
após a morte.<br />
Esta data, que fixa o ano judaico<br />
pelo calendário lunar, com<br />
períodos de 28 em 28 dias, apresenta<br />
ao judeu várias opções de<br />
permanência na Terra: a amizade,<br />
o companheirismo, a compreensão,<br />
o amor ao próximo, o temor<br />
a D-us e todas as coisas que fazem<br />
do indivíduo um ser superior.<br />
Da Babilônia vem a lenda de<br />
um rei que tinha um livro aberto<br />
no céu, no qual escrevia e selava<br />
O Ano Novo Judaico<br />
em Iom Kipur o nome de quem viveria<br />
até o ano seguinte.<br />
Mas lá, surge uma outra face do<br />
judaísmo, a das peregrinações com as<br />
sinagogas em substituição ao Templo<br />
Sagrado de Jerusalém, a oração,<br />
e o minian — dez homens para a Leitura<br />
da Torá e diversas rezas — um<br />
servindo de apoio ao outro. A sinagoga,<br />
a casa de estudos, perdura até<br />
hoje na Diáspora.<br />
Na Babilônia, os judeus choravam<br />
ao longo dos rios, e por isso<br />
os salgueiros passaram a serem conhecidos<br />
como chorões.<br />
Há também um Ano Novo das árvores,<br />
o da Primavera, em Pêssach<br />
quando a terra começa a brotar.<br />
Mas o destaque cabe à Rosh<br />
Hashaná e aos dez dias temíveis até<br />
o Iom Kipur, dias de estudo, concentração,<br />
análise e avaliação da<br />
conduta de cada um.<br />
Falar desta data é falar de preceitos,<br />
premissas, devaneios, sonhos,<br />
previsões e caminhos do futuro,<br />
de uma vida feliz.<br />
Todos os grandes sábios e escritores<br />
judeus deixaram a sua visão específica<br />
da importância e do significado<br />
de Rosh Hashaná: Maimônides, Martin<br />
Buber, Abraham Heschel e outros.<br />
Esta é uma data festiva por excelência,<br />
a família reunida, mesa com<br />
toalha branca, todos os apetrechos<br />
indispensáveis, o peixe, a carne, a<br />
romã com suas centenas de grãos significando<br />
a fartura no mundo; a maçã<br />
com mel para um ano feliz.<br />
O Ano Novo é um acontecimento<br />
alegre, pois representa a renovação de<br />
tudo e de todos os compromissos com<br />
D-us, com a sociedade, com o ser humano<br />
em particular. Traz em si um compromisso<br />
com o mundo, um mundo<br />
melhor para todos, onde o amor e a<br />
felicidade se complementem e se renovem<br />
em consonância com a natureza.<br />
Nós festejamos o primeiro e o segundo<br />
dia do Ano Novo com preces,<br />
orações, contato familiar, amigos,<br />
reuniões culturais e de estudos.<br />
<strong>Sem</strong>pre com muita alegria e<br />
disposição para o futuro.<br />
Um futuro de Paz, sem ameaças,<br />
de todos por um e um por todos,<br />
em pleno uníssono com o amor, e a<br />
compreensão que deve abranger<br />
todo ser vivente.<br />
* Edda Bergmann é vice-presidente<br />
Internacional da B’nai B’rith.
Youssef M. Ibrahim *<br />
Para europeus e muitos americanos<br />
há uma máxima no Oriente Médio<br />
que defende que soluções para<br />
resolver o centenário conflito entre<br />
israelenses e árabes palestinos<br />
é condição sine qua non<br />
para resolver outras catástrofes<br />
do Oriente Médio. De<br />
fato, a secretária de Estado<br />
Rice está reiterando essa visão<br />
com uma nova rodada de<br />
diplomacia no Oriente Médio,<br />
que significa inevitavelmente<br />
pressionar Israel a<br />
acomodar árabes palestinos e sírios<br />
com retiradas da Margem Ocidental<br />
e das Colinas de Golã.<br />
Mas algo não está encaixando<br />
aqui. As catástrofes no Oriente Médio<br />
acontecem em cinco áreas:<br />
Conflitos mutuamente destrutivos<br />
no Iraque, Líbano e entre árabes<br />
palestinos;<br />
Ausência de governos representativos<br />
para 350 milhões de árabes;<br />
Distribuição desigual de riqueza<br />
e corrupção;<br />
Analfabetismo, pobreza e doença<br />
disseminados;<br />
Degradação de mulheres.<br />
Por que a solução de qualquer destes<br />
conflitos depende da boa vontade<br />
na área dos árabes palestinos? Desde<br />
que alcançaram independência no sé-<br />
VISÃO JUDAICA<br />
Quem é o responsável?<br />
agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Youssef Ibrahim<br />
culo passado, camarilhas de famílias e<br />
oficiais do exército governaram os<br />
árabes, como os Al Saud na Arábia<br />
Saudita, Al Qaddafis na Líbia, Al Mubaraks<br />
no Egito, Al Sabahs no Kuwait,<br />
etc. Eles não vão compartilhar nem<br />
transferir poder. Essas elites<br />
roubaram, geraram corrupção,<br />
instituíram estados policiais<br />
e criaram desenvolvimento espasmódico<br />
e grande injustiça<br />
— todos os ingredientes<br />
de governos fracassados. Suas<br />
ações produziram reações violentas<br />
incluindo jihadistas<br />
fundamentalistas que agora<br />
visam ao Ocidente, que os apóia. A<br />
ação lógica é forçá-los a empreender<br />
reformas e parar a repressão dentro dos<br />
seus países. Mas aqueles defensores reforçam<br />
a visão de que uma vez que os<br />
EUA pressionem Israel a se entender<br />
com os árabes palestinos, boa vontade<br />
suficiente será criada para resolver<br />
os outros problemas. Claramente,<br />
isto é falta de bom senso.<br />
Ditadores árabes monopolizam o<br />
poder porque querem, não por compaixão<br />
aos árabes palestinos.<br />
A segunda catástrofe é o sectarismo,<br />
não apenas entre muçulmanos<br />
— como xiitas versus sunitas — mas<br />
entre árabes de diversas etnias, tribos,<br />
religiões como drusos, curdos,<br />
berberes do Norte da África e clãs na<br />
Somália, Iêmen e Arábia Saudita. Es-<br />
ses conflitos tornaram-se batalhas<br />
armadas e genocídios no Sudão, Líbano,<br />
Iraque, Argélia, entre outros.<br />
Aqui, novamente, seria um exagero<br />
defender que árabes e muçulmanos<br />
vão parar de se matar entre si assim<br />
que israelenses e árabes palestinos se<br />
beijem e façam as pazes.<br />
De fato, os árabes nunca esperaram<br />
os árabes palestinos fazerem um<br />
acordo antes de atacar Israel. Egito<br />
e Jordânia formalizaram tratados de<br />
paz com Jerusalém que ainda valem,<br />
apesar de tudo.<br />
Outra invencionice é que árabes<br />
palestinos estão prontos para qualquer<br />
coisa no caminho da paz. Enquanto<br />
este texto é escrito a única<br />
coisa que árabes palestinos estão<br />
criando é sua própria guerra civil.<br />
Se Israel se retirar para as fronteiras<br />
de 1967, deixando a maior parte da<br />
Margem Ocidental, o que se seguirá<br />
é um banho de sangue. Gaza, desocupada<br />
mais que um ano atrás é um<br />
exemplo vivo da confusão de facções,<br />
extorsão, corrupção e fundamentalismo<br />
islâmico. Árabes palestinos<br />
precisam do domínio da lei<br />
antes de um acordo com Israel.<br />
O analfabetismo em massa entre<br />
árabes que, segundo relatório<br />
das Nações Unidas, deixou 25% da<br />
sua população sem educação. Isso<br />
é um problema enorme sem qual-<br />
quer ingrediente Israel-árabes<br />
palestinos por trás. Armas acumuladas<br />
pelos regimes árabes, incluindo<br />
Egito que tem paz com<br />
Israel desde 1979,<br />
servem a dois<br />
propósitos:<br />
lutar contra<br />
outros muçulmanos<br />
e<br />
gerar bilhões<br />
de<br />
dólares<br />
em comissões<br />
para<br />
as famílias<br />
governantes.<br />
Tem que<br />
acreditar demais<br />
em teorias<br />
conspiratórias para<br />
argumentar que qualquer<br />
um desses problemas está relacionado<br />
ao conflito entre Israel e<br />
os árabes palestinos.<br />
* Youssef M. Ibrahim é árabe<br />
nascido no Egito. Durante 24 anos<br />
serviu como reporter senior e<br />
correspondente do jornal The New<br />
York Times no Oriente Médio. Foi<br />
também editor de energia do Wall<br />
Street Journal, cobrindo fatos<br />
políticos, econômicos, petróleo e<br />
assuntos militares. É diretor-gerente<br />
do Strategic Energy Investment<br />
Group, uma firma de consultoria<br />
baseada em Dubai. Publicado no<br />
jornal The New York Sun. Traduzido<br />
por Ismar Neumann<br />
Kaufman.<br />
5
6<br />
George Chaya *<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
A recompensa da paz com Israel<br />
George Chaya *<br />
estas horas maneja-se informação<br />
muito sensível nas<br />
mais altas esferas do governo<br />
libanês, que implicaria<br />
em mudanças nas posições do<br />
passado do primeiro ministro<br />
Fouad Siniora. O fato se refere às conversas<br />
avançados entre líderes libaneses<br />
dos setores drusos, cristãos e sunitas<br />
que pediram ao Primeiro-Ministro<br />
uma ação chave e uma mensagem<br />
muito firme no processo de estabilização<br />
e se relaciona com esboçar um<br />
“acordo de paz com Israel”.<br />
Um acordo de paz com Israel é<br />
algo imediato que deveria fazer o<br />
governo de Siniora, segundo as respostas<br />
a consultas de parlamentares<br />
libaneses com funcionários da Jordânia<br />
e a Chancelaria saudita após a<br />
cúpula de Riad do final de abril. Deve<br />
estar motivado na honra, na sinceridade<br />
e no sentido comum e trazer uma<br />
clara mensagem à comunidade internacional<br />
isolando ainda mais os opositores<br />
internos que desejam derrocar<br />
o governo. O Líbano precisa terminar<br />
de uma vez por todas e de forma<br />
permanente com esse conflito em<br />
vão ao qual o empurraram em nome<br />
do absurdo as forças contrárias à civilização.<br />
No Líbano perdemos mais<br />
de 50 anos de nossas vidas, nosso<br />
Jornalista árabe culpa a Síria e o Irã pela falta da paz no Oriente Médio<br />
mais brilhante potencial humano<br />
emigrou ou foi arrasado e o país hoje<br />
se encontra numa crise quase terminal<br />
lutando por sua vida.<br />
A paz com Israel traria importantes<br />
recompensas e benefícios ao Líbano.<br />
Estabilizaria permanentemente<br />
ambas sociedades, avalizaria e fortaleceria<br />
os libaneses no campo internacional<br />
e na segurança interna.<br />
Descobriríamos um vizinho democrático<br />
e uma cultura rica pretensamente<br />
proibida para nós pelos tiranos<br />
regionais por mais de meio século.<br />
Por que devemos considerar os israelenses<br />
como inimigos quando várias<br />
de nossas gerações anteriores não trataram<br />
com eles e portanto não os conheceram?<br />
Precisamos romper as cadeias<br />
que aprisionaram as mentes dos<br />
políticos e os dirigentes sectários do<br />
passado que não serviram lealmente aos<br />
interesses nacionais libaneses, porém<br />
semearam em nossa terra a semente<br />
do ódio e os doutrinamentos da arcaica<br />
“cortina de ferro” árabe. Precisamos<br />
avançar juntos motivados em nosso interesse<br />
nacional e o desejo genuíno de<br />
encontrar a paz. Como o fizeram o Egito<br />
e a Jordânia no passado.<br />
A paz com Israel, acompanhada de<br />
avanços nos níveis da democracia na<br />
política interna e nos direitos humanos<br />
significaria a entrada do Líbano<br />
na União Européia em pouco tempo,<br />
talvez antes da Turquia. Isso colocaria o<br />
país sob o guarda-chuva da proteção militar<br />
da OTAN e traria permanente estabilidade<br />
e prosperidade à situação interna.<br />
Nada mais devemos observar como está<br />
prosperando a Europa Oriental e como hoje<br />
celebra e agradece a estabilidade proporcionada<br />
pela UE e a OTAN.<br />
A paz com Israel significaria a abertura<br />
de novos canais para nosso comércio<br />
a partir do sul do país, com e através<br />
de Israel, até a Jordânia e Egito, nações<br />
com suas fronteiras abertas e honrados<br />
acordos de paz com Israel, e dali, poderíamos<br />
comerciar com o Golfo e os mercados<br />
africanos.<br />
Um acordo de paz significaria a<br />
cooperação econômica, investimentos<br />
estrangeiros em grande escala, empresas<br />
de risco compartilhado, intercâmbios<br />
culturais, e um desenvolvimento<br />
econômico muito mais rápido<br />
e produtivo para o Líbano.<br />
Nossa civilização fenícia tem milhares<br />
de anos no exercício do comércio<br />
com maestria e êxito, e o que nos<br />
caracterizou foi sempre ser constantes<br />
empreendedores de projetos comerciais<br />
de sucesso.<br />
Nossa característica histórica baseada<br />
na destreza comercial nos garantiu<br />
o respeito e a amizade de todas as culturas,<br />
e nosso estilo honesto e aberto<br />
nos permitiu ganhar mercados e fazer<br />
boas relações com todos os povos através<br />
de nossa história milenar. <strong>Sem</strong> dúvida<br />
alguma a isto é o que deve retornar<br />
o Líbano no presente e deve ser<br />
fortalecido no futuro.<br />
A paz com Israel garantiria a mútua<br />
compreensão, apreço, tolerância e a cordialidade<br />
entre nossos povos. Poderíamos<br />
fazer mais e melhores laços de amizade<br />
com diversos países, inclusive trabalhar<br />
aliados no cenário regional pela<br />
paz global. Todas estas alternativas positivas<br />
e frutíferas, estão, não obstan-<br />
Raul Hilberg, que dedicou<br />
mais de meio século ao estudo<br />
do Holocausto, morreu aos<br />
81 anos, no início de agosto,<br />
informou a Universidade de<br />
Vermont (EUA).<br />
Judeu nascido em Viena,<br />
Hilberg ficou conhecido especialmente<br />
graças ao gigantesco<br />
estudo “A Destruição dos Judeus Europeus”,<br />
que descrevia como a Alemanha<br />
nazista construiu e operou a máquina<br />
de matar mais letal da história, que assassinou<br />
6 milhões de judeus.<br />
Quando começou sua pesquisa,<br />
logo após a Segunda Guerra Mundial,<br />
Hilberg era um dos poucos a se dedicarem<br />
com tanta paixão a esse tema.<br />
“Na comunidade judaica, o tópico era<br />
quase um tabu também”, disse Hil-<br />
te, ameaçadas pelo totalitarismo regional<br />
sírio-iraniano e seus executores locais<br />
do Hezbolá. O regime do presidente<br />
Assad sustenta que: “Não haverá paz<br />
para o Líbano a menos que eles voltem”.<br />
Pelo que parece, com os postulados da<br />
Síria e do Irã nenhuma paz libanesa-israelense<br />
poderá ser obtida a menos que<br />
a ditadura de Assad seja derrotada e<br />
seu regime seja levado à justiça pelos<br />
crimes cometidos contra a humanidade.<br />
A única esperança de paz para o Líbano<br />
pensando na Síria, fixa-se numa sociedade<br />
síria democrática que reconheça humildemente<br />
seu passado, peça perdão,<br />
se reforme e se comporte como vizinho<br />
decente, e não com este regime atual de<br />
quem se possa esperar tais condutas.<br />
Porém, mais além disso, é de se esperar,<br />
que os diálogos que ocorrem agora por<br />
no seio do governo libanês cheguem a<br />
uma decisão inteligente e razoável, a partir<br />
da qual o primeiro-ministro Fouad Siniora<br />
assuma suas responsabilidades históricas<br />
e outorgue ao povo libanês a oportunidade<br />
de viver em paz com Israel e<br />
com todos os povos democráticos da comunidade<br />
internacional.<br />
* George Chaya é licenciado em<br />
Direito, jornalista, professor e<br />
analista político internacional. É<br />
especialista em terrorismo e<br />
conflitos religiosos, conferencista<br />
titular da International Consulting<br />
in Politics Affaires on Middle<br />
Eastern and Hispanic America e<br />
especializado em Oriente Médio.<br />
Integra o Conselho Acadêmico de<br />
vários meios internacionais de<br />
comunicação. É membro fundador<br />
do Conselho Mundial da<br />
Revolução dos Cedros, consultor<br />
e assessor de governos da América<br />
Latina em matéria do<br />
Oriente Médio.<br />
Morre Raul Hilberg, pioneiro<br />
no estudo do Holocausto<br />
berg em 2004 à Reuters. “Fui<br />
adiante com meu trabalho a<br />
partir do final de 1948, quase,<br />
eu diria, como um protesto<br />
contra o silêncio.”<br />
A primeira versão do livro<br />
dele saiu em 1961, abordando<br />
em detalhes desde as raízes do<br />
anti-semitismo na Alemanha<br />
até as minúcias burocráticas do sistema<br />
de campos de concentração.<br />
Ele prosseguiu suas pesquisas nos<br />
vastos arquivos do Holocausto, mergulhando<br />
no que ele descreveu como<br />
“um gigantesco quebra-cabeças” que<br />
acabaria levando à ampliadíssima terceira<br />
edição, em 2003.<br />
Hilberg, que não era fumante, morreu<br />
de câncer de pulmão em Williston,<br />
Vermont.
Jane Bichmacher de Glasman*<br />
a verdade, na Antigüidade,<br />
Rosh Hashaná era época<br />
de Ano Novo não só judaico,<br />
mas para todo o<br />
hemisfério norte, quando<br />
se encerrava o ciclo anual<br />
agrícola, se fazia o balanço do ano,<br />
como fazem as empresas hoje, publicando<br />
balanços em jornais, etc.<br />
Isto explica, em parte, a simbologia<br />
do signo zodiacal - Balança -<br />
associado ao período (que nos indica<br />
que as ações do homem são “pesadas”<br />
na “balança” do julgamento<br />
durante este mês).<br />
A partir do acréscimo de rituais,<br />
preceitos e símbolos judaicos e,<br />
principalmente, devido aos judeus<br />
terem continuado a comemorar a data<br />
até hoje, independente de localização<br />
espacial, Rosh Hashaná ficou<br />
definido para todos como “O” Ano<br />
Novo judaico.<br />
Rosh Hashaná significa, literalmente,<br />
“cabeça do ano” remetendo<br />
à simbologia que o homem também<br />
deve usar a cabeça para organizar sua<br />
vida, suas ações.<br />
A essência do ano novo judaico<br />
não é uma ocasião para o excesso e<br />
o júbilo incontrolado. Entra-se num<br />
período de reflexão e de auto-exame.<br />
A tradição judaica pede que se<br />
faça um balanço do ano que passou,<br />
uma reflexão sobre nossas atitudes<br />
e nosso comportamento. Tishrei, o<br />
mês de Rosh Hashaná, em aramaico<br />
significa correção. A reparação do<br />
passado permite que recomecemos a<br />
vida de forma nova e revigorada.<br />
O período de tempo antes e durante<br />
Rosh Hashaná pede uma autoavaliação<br />
sobre o ano que termina,<br />
e, à luz deste exame de consciência,<br />
tomar as resoluções necessárias<br />
para o ano vindouro. Este período<br />
é não somente uma ocasião que<br />
exige um balanço espiritual, mas<br />
também uma profunda avaliação interior<br />
das capacidades que a pessoa<br />
tem como ser humano - a<br />
coroa da Criação, pois Rosh<br />
Hashaná é o dia no qual<br />
o homem foi criado.<br />
Este balanço é válido<br />
se a avaliação da plena<br />
extensão dos poderes<br />
e oportunidades da<br />
pessoa for correta. Somente<br />
então a pessoa<br />
pode realmente se arrepender,<br />
num grau mensurável, e resolver<br />
utilizar plenamente as próprias<br />
capacidades dali em diante.<br />
A simbologia do balanço do ano<br />
é baseada na metáfora da balança.<br />
As balanças são equipamentos<br />
desenvolvidos pelo homem desde as<br />
antigas civilizações egípcias, por<br />
volta de 5.000 aec., com a finalidade<br />
de medir o peso ou a massa<br />
dos corpos. A palavra balança é do<br />
latim bilanx (composto de bi - duas<br />
vezes, e lanx - pires).<br />
Embora atualmente utilizemos<br />
modernas balanças digitais, que indicam<br />
o peso com maior precisão, a<br />
representação mais usada e primeira<br />
que nos ocorre, é a da balança de<br />
dois pratos – a “verdadeira”, etimo-<br />
logicamente falando. E que é a mais<br />
adequada ao simbolismo de Rosh<br />
Hashaná. Por quê?<br />
Devido a um motivo essencial: a<br />
balança digital começa a marcar do<br />
zero. Mas quando fazemos o balanço<br />
espiritual, seja de nossas vidas ou<br />
do ano que passou, por mais que<br />
tenhamos nos comprometido com um<br />
plano de ação no ano anterior, nunca<br />
começamos do “zero”.<br />
Busca-se neste período, um<br />
balanço de vida, um acerto<br />
de contas, uma reflexão<br />
sobre o uso que estamos<br />
fazendo do tempo de<br />
nossa existência, de nossa<br />
potencialidade. Paramos<br />
para refletir quanto<br />
de nossa vida usufruímos<br />
e quanto deixamos de viver<br />
neste período que passou.<br />
Somos responsáveis por<br />
nossas prioridades e pelas oportunidades<br />
que a vida nos oferece. Confrontamos<br />
com nossas dificuldades<br />
e fraquezas. Avaliamos se as metas,<br />
os ideais, as intenções foram atingidas<br />
e realizadas. Se as promessas<br />
feitas a nós mesmos foram cumpridas,<br />
ou se as oportunidades de realizações<br />
e crescimento foram perdidas<br />
por medo, inseguranças, indecisões,<br />
etc.<br />
O que fizemos com este ano?<br />
Foi um período de crescimento e<br />
interesse pelos demais? Fizemos<br />
bom uso de nosso tempo ou o esbanjamos,<br />
jogamos fora? Foi realmente<br />
um ano de vida ou um ‘passar<br />
de tempo’? Agora é a hora de<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
A balança digital e Rosh Hashaná<br />
O governo do Sudão conseguiu<br />
o apoio do Brasil para não ser condenado<br />
na Organização das Nações<br />
Unidas (ONU) por violações aos direitos<br />
humanos. E o governo do<br />
Sudão deixou claro que essa atitude<br />
vai ser compensada. Numa entrevista<br />
ao jornal O Estado de S.<br />
Paulo, o diretor do Departamento<br />
de Cooperação do Ministério das<br />
Finanças do Sudão, Abdel Salam,<br />
declarou que, em poucos meses,<br />
espera fechar um acordo com a Petrobrás,<br />
além de contratos no setor<br />
de açúcar. ‘As portas estão abertas<br />
ao Brasil’, afirmou.<br />
Com seu voto, o Brasil surpreendeu<br />
ativistas e governos ocidentais<br />
por não seguir a posição de pedir<br />
que as autoridades sudanesas sejam<br />
investigadas por causa da pior crise<br />
humanitária do mundo na atualidade,<br />
na região de Darfur, onde as milícias<br />
apoiadas pelo governo já mataram<br />
de 200 mil de pessoas e provocaram<br />
o êxodo de milhões. A ONU<br />
já deixou claro que tem provas de<br />
que o governo do Sudão tem participado<br />
do conflito que causou tantas<br />
mortes desde 2003.<br />
França, Reino Unido e diversos<br />
outros países europeus pediam que<br />
uma investigação fosse realizada e<br />
que os autores do massacre não fossem<br />
deixados impunes. Mas com o<br />
apoio de Brasil, de Cuba, da China e<br />
dos governos africanos e árabes, o<br />
Sudão conseguiu evitar sua condenação<br />
na ONU. Em Genebra, foi aprovada<br />
apenas uma resolução em que<br />
se determina o envio de uma missão<br />
de cinco especialistas para avaliar a<br />
situação em Darfur.<br />
”O Brasil apóia a África nas organizações<br />
internacionais. Isso<br />
ficou claro na votação, quando tivemos<br />
uma boa contribuição do<br />
país. Isso é a cooperação entre<br />
os países do Sul. Nossa orientação<br />
é para abrir nossas portas ao<br />
Brasil”, afirmou Salam. “A atitude<br />
do Brasil pode ajudar muito nos<br />
negócios”. Salam confirmou que o<br />
governo do Sudão está “em negociações<br />
avançadas” com a Petrobrás.<br />
O governo brasileiro fechou<br />
os olhos ao sofrimento dos<br />
nos avaliarmos e reordenarmos nossas<br />
vidas. Este processo é chamado<br />
Teshuvá, voltar para casa – reconhecendo<br />
nossos erros entre nós<br />
e D-us, bem como entre nós e nossos<br />
semelhantes. E corrigi-los.<br />
O indivíduo que realmente consegue<br />
fazer um balanço da sua alma<br />
e distingue os processos internos que<br />
geram a distância entre intenção e<br />
a atitude, inicia uma Teshuvá, um<br />
“retorno”. Teshuvá é uma correção<br />
dos desvios de percurso, o retorno a<br />
um caminho de vida.<br />
Em Rosh Hashaná rezamos pedindo<br />
para sermos inscritos no Livro<br />
da Vida, pedimos por saúde, por<br />
sustento. É o Dia do Julgamento.<br />
Mesmo assim, nós o celebramos com<br />
refeições festivas, na companhia de<br />
familiares e amigos. Como podemos<br />
celebrar quando nossas vidas estão<br />
penduradas numa balança? Definitivamente,<br />
confiamos na bondade<br />
e na misericórdia divina. Sabemos<br />
que D-us conhece nossos corações<br />
e nossas intenções, e com amor e<br />
sabedoria decidirá o que é melhor<br />
para nós, assim confirmando Seu<br />
decreto para cada um de nós, para<br />
este ano que se inicia.<br />
* Jane Bichmacher de Glasman é<br />
doutora em Língua Hebraica,<br />
Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />
professora adjunta, fundadora e exdiretora<br />
do Programa de Estudos<br />
Judaicos – UERJ, e escritora em<br />
época de balanço.<br />
Refugiados perseguidos em Darfur não<br />
têm o apoio do Brasil na ONU<br />
sudaneses de Darfur em troca de<br />
interesses econômicos, mas usa os<br />
direitos humanos quando quer criticar<br />
algum país que se defende<br />
de ataques terroristas.<br />
7
8<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Tzvi Freeman *<br />
O Judaísmo é misterioso. Vem<br />
do céu embrulhado para presente<br />
com fitas, cordões e nós, cada qual<br />
se desenrolando para desvelar mais<br />
um mistério, uma quantidade sem-<br />
pre crescente de nós para desatar,<br />
mais cordões para seguir por<br />
uma trilha interminável. E com<br />
cada desenrolar, outra descoberta,<br />
e em cada descoberta, uma<br />
sabedoria mais profunda.<br />
Rosh Hashaná é um desses grandes<br />
mistérios. Como pode ser que o<br />
primeiro dia do ano apareça no primeiro<br />
dia do sétimo mês? Por que<br />
estamos soprando um chifre de carneiro<br />
e por que damos a isso um<br />
papel tão importante? Qual é o dra-<br />
Rosh Hashaná: sem embalagem<br />
Véspera em 12 de setembro e término em 14 de setembro<br />
ma cósmico desse dia, e qual é a<br />
nossa parte nisso tudo?<br />
Mais intrigante é a reticência<br />
da Torá. Fala de maneira crítica,<br />
como se discutindo algo<br />
que devamos saber sem que ninguém<br />
nos diga.<br />
“Será um dia de soar para vós”<br />
– aprendemos. Soar o quê? Isso<br />
não nos é dito. O rei David escreveu<br />
em seus Salmos: “Toque o<br />
shofar na lua nova, no segredo<br />
de nossa festa.” E esta é a única<br />
referência bíblica que temos sobre<br />
nossa tradição de que não<br />
faremos soar nossas vozes, não<br />
uma trombeta, nada exceto um<br />
chifre de carneiro.<br />
Mas então outro versículo nos<br />
diz: “Será um dia de lembrança do<br />
som para vocês.” E disso devemos<br />
entender, não soar qualquer coisa<br />
– apenas para lembrar: nossa tradição<br />
resolve o problema, pois D-us<br />
está pedindo: “Recitem versículos<br />
de soberania perante Mim, para fazer-Me<br />
seu Rei. Recitem versículos<br />
de recordação perante Mim, para<br />
que a memória de vocês chegue a<br />
Mim. E como? Com um shofar”. Oh,<br />
que tradição intrigante.<br />
Como sabemos tudo isso? E<br />
como sabemos que este é o início<br />
do ano – algo não mencionado<br />
em lugar algum dos Cinco<br />
Livros de Moshê?<br />
A verdade é que sempre soubemos.<br />
Soubemos porque quando<br />
Moshê recebeu a Torá, tudo isso<br />
ficou claro para ele também, e ele<br />
transmitiu esta informação, mesmo<br />
que não a tenha anotado. E<br />
mesmo antes de a ouvirmos de<br />
Moshê, sabíamos sobre Rosh<br />
Hashaná. Avraham recebeu os antigos<br />
ensinamentos de Shem, filho<br />
de Nôach. Nôach, por sua vez,<br />
tinha recebido de Metuselach, que<br />
a recebera de Enoch. E Enoch certamente<br />
conhecia Rosh Hashaná,<br />
pois ele recebera sua sabedoria diretamente<br />
de Adam, que tinha sido<br />
formado naquele dia.<br />
Rosh Hashaná, então, não é apenas<br />
um feriado judaico. Rosh Hashaná<br />
é o aniversário da humanidade.<br />
Fecha-se um mistério e abre-se<br />
outro. Procure no livro das preces dos<br />
Grandes Dias Festivos e não encontrará<br />
qualquer menção ao nascimento<br />
de Adam. O que você encontrará é a<br />
declaração: “Hoje é o aniversário do<br />
mundo.” Encontrará também uma frase<br />
enigmática repetida diversas vezes:<br />
“Este dia é o início de suas obras,<br />
uma recordação do primeiro dia”.<br />
Isso sugere um pensamento fascinante;<br />
de fato, algo que o cientista<br />
moderno poderia adotar: talvez o cosmos<br />
tenha nascido apenas quando<br />
Adam abriu os olhos para observar e<br />
nomear cada coisa? Afinal, os físicos<br />
quânticos e cosmologistas de hoje não<br />
nos dizem que não podem existir eventos,<br />
no universo, sem um observador?<br />
O universo começa, então, com<br />
a criação da primeira consciência<br />
humana: “E Ele soprou em suas narinas<br />
o sopro da vida e Adam tornou-se<br />
um ser vivo.”<br />
Fascinante, mas não totalmente<br />
satisfatório. Porque, na verdade, o Livro<br />
de Bereshit relata que Adam foi<br />
formado no sexto dia da Criação. Havia<br />
um mundo antes. Certo, um mundo<br />
muito diferente daquele que conhecemos,<br />
no qual matéria, energia, tempo<br />
e espaço foram criados e tomaram<br />
forma, no qual os eventos ocorreram<br />
em rápida sucessão, e o simples evoluiu<br />
para o complexo em questão de<br />
momentos. Mas mesmo assim era um<br />
mundo. Por que então, eis a clássica<br />
questão, comemoramos Rosh Hashaná<br />
no aniversário de Adam e não seis dias<br />
antes, no aniversário do mundo?<br />
E a clássica resposta é: porque<br />
não estamos celebrando um aniversário;<br />
“Hoje é o aniversário do mundo”<br />
significa hoje, agora. Hoje o<br />
mundo nasceu de novo. Este dia é<br />
“o início de tuas obras”, remanes-<br />
cente da primeira vez que o mundo<br />
foi feito. Somente que na primeira<br />
vez em que o mundo nasceu, era um<br />
presente. Desde então, ele depende<br />
de nós, de Adam. E assim, ele ocorre<br />
em nosso aniversário, Rosh Hashaná.<br />
Somos renascidos, e dentro de<br />
nós, todo o cosmos.<br />
O cosmos inteiro depende de um<br />
apoio. Como os pontos fosforescentes<br />
que formam caracteres numa tela,<br />
como uma imagem holográfica que<br />
parece viva – desligue o plug e tudo<br />
aquilo some sem deixar vestígios. Se<br />
D-us puxasse o plug de Sua criação<br />
(D-us não o permita), o próprio espaço<br />
desapareceria. Até o tempo seria<br />
anulado – o mundo jamais teria existido,<br />
sua história seria apagada. Nada,<br />
zero – somente uma lembrança.<br />
Não há uma partícula do universo<br />
que sustente a si mesma. A cada momento,<br />
o universo e tudo que existe<br />
dentro dele pulsa com a energia vital<br />
que o faz existir. Nosso planeta é um<br />
relógio por cujo ritmo ele pulsa – um<br />
ciclo de momentos e dias, de meses e<br />
anos. A cada momento, emerge a vida<br />
que é necessária para aquele momento,<br />
é absorvida e então retorna à sua<br />
fonte. A cada dia, a energia para aquele<br />
dia, a cada mês para aquele mês. Este<br />
é o nome para mês em hebraico: chôdesh,<br />
que significa renovação.<br />
Porém a renovação mais importante<br />
na vida é aquela que ocorre em<br />
Rosh Hashaná. Porque é quando toda<br />
a vida do ano anterior retorna à sua<br />
fonte essencial e uma nova vida,<br />
como jamais foi conhecida antes,<br />
emerge do vácuo para sustentar a<br />
existência pelo ano inteiro.<br />
A qualidade deste novo ímpeto de<br />
força determinará tudo; como escreve<br />
o poeta do Machzor: “…quem morrerá<br />
e quem viverá”. Alguns anos são repletos<br />
de fartura, outros trazem bênçãos<br />
mais sutis, mais ocultas. Alguns são<br />
anos de alegria, outros, de desafio.<br />
Nas 48 horas de Rosh Hashaná,<br />
e família
tudo isso faz sua entrada no mundo.<br />
É por isso que cada momento<br />
destas 48 horas contam. É por isso<br />
que o chamamos de “Rosh Hashaná”<br />
– a “cabeça” do ano, e não apenas<br />
“Dia do Ano Novo” ou o “início do<br />
ano”. Assim como a cabeça contém<br />
dentro de si um nervo para cada parte<br />
do corpo, também a cabeça do<br />
ano é um concentrado de todo o ano<br />
vindouro. Porque tudo entra ali.<br />
Qualquer momento de Rosh Hashaná<br />
pode conter o dia mais importante<br />
do ano vindouro.<br />
Rosh Hashaná. Pode-se dizer, é o<br />
canal de nascimento do ano novo.<br />
Não é curioso que um shofar, com<br />
seu bocal estreito e abertura mais<br />
larga, lembre um canal de nascimento.<br />
De fato, a Torá menciona uma mulher<br />
notável com um nome da mesma<br />
etimologia: Shifrá. Ela era a parteira<br />
dos antigos hebreus que deixaram o<br />
Egito. Seu nome significa “fazer<br />
bela”, e é isso que ela fazia. Ela assegurava<br />
que os bebês nasceriam saudáveis<br />
e sobreviveriam, então os virava<br />
e massageava para aumentar sua<br />
força e beleza.<br />
O shofar é a parteira do ano<br />
novo. Em seu grito pungente comprimimos<br />
todas nossas preces sin-<br />
A Torá refere-se a Iom Kipur<br />
como o Shabat dos Shabatot do<br />
ano. Com este nome, a Escritura<br />
investe Iom Kipur com uma singularidade<br />
que o destaca entre<br />
as Festas <strong>Judaica</strong>s.<br />
Todo judeu, independentemente<br />
de seu grau de ligação ao<br />
Judaísmo no decorrer do ano, lembra-se<br />
neste dia de retornar à<br />
casa de seu Pai.<br />
Trazemos para vocês uma história<br />
inspiradora do Midrash,<br />
ilustrando a grande importância<br />
que pode ser vinculada ao simples<br />
ato de um homem:<br />
ceras, nossas lágrimas, nossa própria<br />
alma. Tudo que existe ressoa<br />
com seu chamado, até que ele atinge<br />
o próprio começo, o útero cósmico.<br />
E ali ele toca uma chave: a<br />
Presença Divina altera as modalidades<br />
de transcendência para imanência,<br />
de julgamento severo para<br />
compaixão. Na linguagem do Zôhar:<br />
“O shofar abaixo desperta o shofar<br />
acima e o Eterno, Bendito seja,<br />
sobe de Seu Trono de Julgamento<br />
e Se senta no Trono da Compaixão”.<br />
A nova vida entra em nosso<br />
mundo e respira pela primeira vez.<br />
É nossa própria vida, e está em<br />
nossas mãos.<br />
Não é estranho, que um ser criado<br />
tome parte em sua própria criação?<br />
Imagine os personagens de desenhos<br />
animados participando com<br />
o artista em seu próprio desenho.<br />
Imagine-os implorando à emissora de<br />
TV espaço para transmissão na próxima<br />
temporada. Imagine as fantasias<br />
de sua própria imaginação dizendo<br />
a você o quê imaginar.<br />
Agora imagine a nós, seres criados,<br />
implorando a nosso Criador:<br />
“Dá-nos a vida! Boa vida! Coisas<br />
boas! Fica aqui, às claras! Fica mais<br />
envolvido com Teu mundo!”<br />
Nos dias do Império Romano,<br />
havia na cidade de Tiberíades um<br />
homem simples, conhecido como<br />
Justus, o Alfaiate. Por diversos motivos<br />
este homem, tendo agradado<br />
aos líderes romanos, avançou rapidamente<br />
na hierarquia do Império,<br />
até tornar-se governador de toda a<br />
província de Tiberíades.<br />
Quando as notícias de seu progresso<br />
chegaram à cidade, as pessoas<br />
permaneceram cépticas. Muitas afirmaram<br />
que este não era realmente o<br />
mesmo Justus que conheciam.<br />
Seria impossível para um homem<br />
da plebe galgar posto tão elevado no<br />
Como seria, na câmara interior da<br />
Mente Cósmica, onde é determinado<br />
se seremos ou não seremos, que somos,<br />
implorando e participando naquela<br />
decisão? Deve haver algo em<br />
nós que esteja além da criação, algo<br />
eterno. Algo Divino. Nós o chamamos<br />
de “alma Divina”.<br />
É por isso que chamamos D-us tanto<br />
de rei quanto de pai.<br />
Rei, no sentido supremo da soberania,<br />
porque Ele determina se seremos<br />
ou não seremos.<br />
Pai, porque há algo d’Ele dentro<br />
de nós – e portanto podemos tomar<br />
parte naquela decisão.<br />
E nós somos o filho. Seu filho não<br />
é como qualquer outra pessoa. Seu<br />
filho é você. E mesmo assim, seu filho<br />
não é você. Seu filho é sua própria<br />
pessoa. Assim também, cada um<br />
de nós tem uma alma interior que é<br />
o sopro de D-us dentro de nós. Somos<br />
o ponto de conexão entre D-us<br />
e Seu universo. E portanto somos<br />
chamados de Seus filhos. E nós O<br />
chamamos de nosso Pai.<br />
Se é assim, em Rosh Hashaná, D-us<br />
leva a Si mesmo a julgamento.<br />
Ele olha de cima para baixo, para<br />
este mundo e, como estou certo de<br />
que você entende, a impressão nem<br />
Iom Kipur - - 21 21 de de setembro, setembro, ao ao entardecer entardecer, entardecer entardecer,<br />
, até até 22 22 de de setembro, setembro, setembro, ao ao ao anoitecer<br />
anoitecer<br />
O Shabat Supremo<br />
Império. Então certo dia, uma parada<br />
seria oferecida em Tiberíades, em<br />
honra ao novo governador. As pessoas<br />
postavam-se na rua, discutindo se o<br />
governador era nativo dali ou não.<br />
Um sábio que passava apontou a<br />
solução para eliminar a dúvida: “Observem<br />
o instante em que o governador<br />
passará pela sua antiga residência.<br />
Se ele virar a cabeça naquela direção,<br />
é sinal de que ele é Justus, o Alfaiate,<br />
e se não virar a cabeça, não é”.<br />
Quando o governador finalmente<br />
passou pela sua casa, a verdade<br />
nas palavras do sábio tornou-se evidente.<br />
O governador realmente vol-<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
sempre é boa. Mas D-us não está apenas<br />
além do mundo; Ele está também<br />
dentro dele. Ele é encontrado em cada<br />
átomo deste mundo. Mas somente a<br />
alma do homem pode argumentar em<br />
seu favor. Portanto, fazemos isso.<br />
Pode parecer estranho, mas é isso que<br />
está acontecendo: Ele como Ele está<br />
acima, como Ele está presente neste<br />
mundo, em julgamento.<br />
Somos os advogados de defesa.<br />
Reconhecemos que todas as Suas<br />
queixas são bem fundamentadas e<br />
justas. Pleiteamos culpados em todas<br />
as acusações. Porém demonstramos<br />
sincero arrependimento e declaramos<br />
que agora aceitaremos sobre<br />
nós a tarefa de purificar nossos atos<br />
e tornar o ano vindouro um ano<br />
muito, muito melhor que o passado.<br />
Acima de tudo, asseguramos que vamos<br />
falar somente o bem sobre o próximo<br />
e que lhe daremos nossas bênçãos<br />
para um ano bom e doce. Pois<br />
assim como julgarmos os outros, assim<br />
seremos julgados.<br />
A centelha de D-us dentro de<br />
nós nos conecta com a Infinita Luz<br />
Divina acima. O circuito está completo<br />
e o universo é recarregado<br />
com um fluxo de energia para um<br />
ano inteiro.<br />
tou a cabeça para seu antigo lar,<br />
e então todos souberam que ele<br />
não era um estrangeiro.<br />
Esta história retrata o significado<br />
para o Rei, diante daqueles<br />
que procuram se aproximar Dele, no<br />
dia mais sagrado do ano: aquele que<br />
ao menos neste dia volta-se para<br />
sua “antiga sinagoga”, não será um<br />
estranho na Casa de Israel.<br />
Ao voltar para seu legado, respirar<br />
a atmosfera do dia e sentirse<br />
aceito como parte integrante<br />
da comunidade, é provável que retornará…<br />
muito antes do próximo<br />
ano! (www.chabad.org.br).<br />
9<br />
* Tzvi Freeman é<br />
rabino, escritor e autor<br />
da “Dose Diária de<br />
Sabedoria”, publicado<br />
no website do Beit<br />
Chabad dos Estados<br />
Unidos<br />
(www.chabad.org).<br />
Nasceu em Vancouver,<br />
Canadá, onde, nos<br />
primeiros anos da<br />
juventude praticou<br />
Yoga, Tao e foi<br />
militante político. Em<br />
1970 ajudou a fundar o<br />
Total Education, uma<br />
universidade<br />
alternativa e em 1975<br />
abandonou sua<br />
carreira de guitarrista<br />
clássico e compositor<br />
para estudar Talmud e<br />
mística judaica por<br />
nove anos. Recebeu<br />
sua ordenação rabínica<br />
na Yeshivá Central<br />
Lubavitch de Nova<br />
York e completou os<br />
estudos de pósgraduação<br />
no<br />
Rabbinical College of<br />
Canada.
10<br />
Sonia Bloomfield<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Terrorismo: o que devemos saber<br />
Sonia Bloomfield *<br />
o dia 15 de agosto a televisão<br />
norte-americana noticiou<br />
que o Departamento<br />
de Polícia da cidade de<br />
Nova York divulgou um relatório<br />
que mostra que a idade<br />
média dos jovens islâmicos<br />
que se radicalizam está cada vez<br />
mais baixa. O fenômeno não é apenas<br />
americano, o mesmo acontece na<br />
Europa, no Canadá, Austrália, no<br />
Oriente Médio, etc.<br />
Mas, afinal, o que significa a radicalização<br />
de um jovem islâmico?<br />
Vamos por etapas. Em primeiro lugar,<br />
devemos ter em mente que nem<br />
sempre a radicalização religiosa desemboca<br />
na criação de um terrorista.<br />
Muitos radicais são apenas estudiosos<br />
e seguidores estritos do<br />
islã em suas vidas pessoais, isolando-se<br />
da sociedade ocidental envolvente,<br />
mas existem aqueles outros<br />
que enveredam pelos caminhos do<br />
terrorismo. É sobre estes últimos que<br />
iremos escrever.<br />
A radicalização toma muitas formas,<br />
levando à questão “o que é “radicalizar”?<br />
Na botânica, radicalização<br />
quer dizer: ”porção do eixo das<br />
plantas superiores que cresce para baixo,<br />
em geral dentro do solo, e cuja<br />
função fundamental é fixar o organismo<br />
vegetal e retirar do substrato os<br />
nutrientes e a água necessários à vida<br />
da planta”. Usando esta definição<br />
como analogia, podemos dizer que<br />
estes jovens buscam dentro do substrato<br />
que sustenta o islã o que há de<br />
mais extremo para “fixá-los” e “alimentá-los”,<br />
criando uma identidade<br />
islâmica, em oposição à ocidental,<br />
nutrida e fixada por valores básicos<br />
do islã extremista.<br />
Quais são os valores básicos do<br />
islã? Eles são cinco, “os 5 pilares do<br />
islã”: (1) O primeiro é a crença em<br />
um D-us único; (2) obrigação de rezar<br />
as cinco orações diárias prescritas;<br />
(3) jejuar no mês de Ramadan;<br />
(4) fazer caridade; e (5) fazer pelo<br />
menos uma peregrinação a Meca durante<br />
sua vida. As pessoas, os povos,<br />
que se unem na observância dos<br />
pilares do islamismo formam o que<br />
se denomina “Umma”, que significa<br />
comunidade. A “Umma” é a base do<br />
“Da’ar el-islam”, casa do islã, que existe<br />
em oposição ao “Da’ar el-harb”, o<br />
mundo da guerra, o mundo dos nãoislâmicos.<br />
É no confronto entre os<br />
dois mundos que encontramos a<br />
idéia de “Jihad”, a guerra santa”.<br />
O que é a “Jihad”? A Jihad é uma<br />
luta, interna e externa: A luta interna<br />
é contra as más inclinações de<br />
pessoais, e a externa é contra o “Da’ar<br />
el-harb”, o mundo da guerra, um<br />
mundo que deve ser derrotado pelo<br />
“Da’ar el-islam”, seja através da conversão<br />
de seus membros ao islã, seja<br />
por sua eliminação física. É a busca<br />
do fim-dos-tempos, o retorno glorioso<br />
ao Califado através da Jihad, que<br />
cria atos de terrorismo islâmico.<br />
Até a segunda metade do século<br />
20, o mundo conhecia um tipo tradicional<br />
de terrorismo, aquele que<br />
buscava derrubar um governo ou alterar<br />
alguma política de cunho social,<br />
como ainda fazem os Tigres de<br />
Tamil, as Farc, e outros grupos revolucionários.<br />
Nas últimas décadas<br />
do século passado, o mundo viu<br />
surgir uma nova forma de terrorismo,<br />
especificamente islâmico, que<br />
é denominado “terrorismo aleatório”,<br />
que não tem mais o objetivo<br />
de mudar um governo por outro, que<br />
ataca principalmente a população<br />
civil, e que tem como objetivo chamar<br />
a atenção para uma demanda<br />
particular, criando pressão e medo<br />
na opinião pública.<br />
No século 21, culminando no<br />
atentado de 11 de setembro de<br />
2001, aparece em cena o “terrorismo<br />
pós-moderno”, aquele que ataca<br />
civis em grande escala, e busca uma<br />
mudança da realidade através de<br />
sua destruição. É um tipo não-convencional,<br />
que também usa, e usará<br />
cada vez em maior escala, armas químicas,<br />
biológicas e nucleares, e que<br />
se utiliza cada vez mais dos meios<br />
de comunicação de massa para gerar<br />
medo e divulgar sua mensagem, e que<br />
também usa a internet para recrutar<br />
e treinar novos aderentes. No momento,<br />
esta luta desenvolve-se principalmente<br />
dentro do mundo islâmico,<br />
através de tentativas de desestabilizar<br />
e derrubar os governos do<br />
Egito, Arábia Saudita, Iraque, Jordânia,<br />
etc., mas ela não busca apenas<br />
derrubar governos, mas sim outros<br />
valores civilizacionais, principalmente<br />
a ocidental, através da<br />
destruição do “Da’ar el-harb” que os<br />
ameaça culturalmente ao pregar uma<br />
sociedade civil dissociada do componente<br />
religioso tradicional.<br />
O terrorismo necessita de dois<br />
fatores para existir: (1) a motivação<br />
e (2) os meios necessários para<br />
implementá-lo. Esta é a razão pela<br />
qual este artigo começou com a referência<br />
aos jovens, cada vez mais<br />
jovens, que aderem a uma linha radical<br />
do islã, que cria neles a motivação.<br />
Mas a motivação sem os<br />
meios não permite a existência do<br />
terrorismo, e é com a motivação que<br />
a semente é plantada. Os meios são<br />
vários, tais como o apoio econômico,<br />
político, militar, ideológico,<br />
e operacional de governos, como a<br />
Arábia Saudita e o Irã entre outros,<br />
de indústrias, negócios, e doações<br />
(da’wa, i.e. caridade) magnatas e<br />
pessoas comuns, etc.<br />
Nem todos os países definem o<br />
terrorismo da mesma maneira, o que<br />
torna difícil atacá-lo de forma global.<br />
No entanto, de acordo com o<br />
dr. Boaz Ganor, diretor do Instituto<br />
de Contra-Terrorismo, em Israel, “o<br />
terrorismo é o uso intencional, ou<br />
ameaça, de violência contra civis para<br />
alcançar objetivos políticos. Ele é uma<br />
tática, não um objetivo em si, que usa<br />
a violência para atacar populações civis.<br />
O terrorista não é um criminoso<br />
comum, ele é um criminoso de guerra.<br />
Ele pode ser aquele que perpetra<br />
um ataque, aquele que ajuda na logística,<br />
aquele que financia, e aquele<br />
que o acolhe”.<br />
O modus-operandi da Jihad global<br />
é desenvolvido através de comunidades<br />
islâmicas em todo o<br />
mundo, e também através da mídia<br />
e do uso do ciberespaço, ou seja,<br />
contato direto e contato virtual. A<br />
estratégia é a de cooptar mentes e<br />
corações das populações islâmicas,<br />
principalmente entre os jovens,<br />
através da identificação e uso de<br />
um sentimento de discriminação<br />
para criar a motivação. É oferecida<br />
uma nova identidade, “superior” às<br />
demais, com sentido de pertinência<br />
à Umma, alterando o status de<br />
seus membros de minorias a maioria.<br />
De acordo com o dr. Ganor, 99%<br />
das pessoas atingidas pela propaganda<br />
não estarão interessadas ou<br />
prontas a integrar-se à Jihad global,<br />
mas há 1% com as características<br />
específicas procuradas pelas organizações<br />
terroristas, e dentre eles<br />
sairão vários tipos de agentes do<br />
terror. Dentre o 1% de pessoas que<br />
se envolvem diretamente em ataques<br />
terroristas, encontram-se dois tipos:<br />
(1) aqueles que agem por iniciativa<br />
pessoal, muitas vezes sem o<br />
conhecimento da organização da<br />
qual fazem parte, e (2) aqueles que<br />
agem como parte de ataques organizados<br />
por uma organização terrorista<br />
específica ou de seus elementos<br />
“terceirizados”.<br />
A identidade criada pela Jihad<br />
global baseia-se em vários elementos:<br />
(1) na glorificação da história<br />
do islã (da época do Califado), (2)<br />
na apresentação de soluções extremas,<br />
onde o bem (islã) e o mal (nãoislã)<br />
são absolutos; (3) através da<br />
criação de um inimigo comum, por<br />
intermédio de teorias de conspiração<br />
(por isto os “Protocolos” são<br />
tão divulgados no mundo islâmico),<br />
(4) alimentando o sentimento de<br />
humilhação islâmica frente ao Ocidente,<br />
e a conseqüente necessidade<br />
de vingança (a honra é um conceito<br />
básico para entender-se o<br />
islã), (5) na ênfase sobre a obrigação<br />
religiosa, um comando divino,<br />
para a Jihad, e (6) através da indução<br />
de um senso de urgência para<br />
salvar o islã antes que ele seja destruído<br />
pelo “grande” (EUA) e pelo<br />
“pequeno” (Israel) satãs.<br />
Desta maneira, mais e mais pessoas,<br />
principalmente jovens influenciáveis,<br />
são atraídas ao extremismo<br />
islâmico, tornando-se terroristas em<br />
potencial, e o fato de serem cada vez<br />
mais jovens mostra o quão são facilmente<br />
influenciáveis pela propaganda<br />
da Jihad global. O mundo ocidental<br />
tem uma visão de infância e juventude<br />
muito diferenciada da do<br />
islã radical, e não está preparado para<br />
lidar com o que os especialistas indicam<br />
será a próxima onda de terror:<br />
o uso de crianças e adolescentes<br />
em ataques.<br />
Nenhum país ou área do globo<br />
estará isento. Por isto, é importante<br />
que aprendamos cada vez mais<br />
sobre o fenômeno do terror para que<br />
possamos tentar neutralizá-lo.<br />
* Sonia Bloomfield é licenciada em Geografia, mestre e pH.D. em<br />
Antropologia e professora da Universidade de Brasília. Foi a primeira<br />
brasileira a participar do Programa Executivo dos Estudos Contra-<br />
Terroristas, do Institute for Counter-Terrorism em Herzliya, Israel, entre 1º a<br />
20 de julho de 2007. Do curso participaram muitos estudantes de Relações<br />
Internacionais, mas a maioria era composta de pessoas de alta patente nos<br />
serviços de inteligência (contra-espionagem) das polícias e de forças<br />
armadas de Israel, Espanha, El salvador, Austrália, Alemanha, Estônia,<br />
Polônia, EUA, Turquia, etc. Bloomfield sugeriu a oferta do curso em<br />
espanhol, ou português, mas há falta de pessoal adequado que saiba estas<br />
línguas. Para contatos com o Instituto, escrever para ctstudies@idc.ac.il, e<br />
com a autora para sonia_bloomfield@yahoo.com
*Breno Lerner é<br />
editor e gourmand,<br />
especializado em<br />
culinária judaica.<br />
Escreve para<br />
revistas, sites e<br />
jornais. Dá<br />
regularmente<br />
cursos e<br />
workshops. Tem<br />
três livros<br />
publicados, dois<br />
deles sobre<br />
culinária judaica.<br />
No dia 7 de novembro de 1807,<br />
há 200 anos, D Maria I, rainha de<br />
Portugal, sua família e sua corte embarcaram<br />
para o Brasil, fugindo das<br />
agruras que a ameaça da invasão napoleônica<br />
provocava.<br />
Esperava a corte reconstruir<br />
sua vida e sua força no Brasil e<br />
poder voltar à sua terra, passadas<br />
as ameaças.<br />
A vinda da família imperial foi uma<br />
ruptura abrupta, motivada por forças<br />
além de seu controle e pela esperança<br />
de, passado o tempo, retornar.<br />
Passado o tempo...<br />
A passagem do tempo e<br />
sua contagem são uma<br />
das mais fascinantes<br />
invenções do homem.<br />
Poder zerar o tempo a<br />
cada ano novo, esperando<br />
mudanças e tempos<br />
melhores no ano<br />
vindouro, chega a ser<br />
mágico!<br />
Os judeus reservam<br />
10 dias para que expiemos nossos<br />
pecados e, numa franca conversa com<br />
o Criador, tenhamos a chance adicional<br />
do perdão e da inscrição no livro<br />
dos vivos.<br />
Para todos os nossos ascendentes,<br />
que como a corte portuguesa,<br />
tiveram de abrir mão de suas vidas<br />
para tentar a felicidade em um novo<br />
local, a imigração foi uma espécie<br />
de gigantesco ano novo em suas<br />
histórias pessoais.<br />
Foi como entrar numa sinagoga no<br />
Rosh Hashaná e de lá saírem perdoados<br />
e prontos para uma vida nova.<br />
Para a maior parte foi efetivamente<br />
tirar os seus nomes do livro dos que<br />
vão morrer e colocá-los no livro dos<br />
que vão viver.<br />
Se contarmos toda a América Latina,<br />
vieram pouco mais de 1 milhão<br />
de judeus para o ano novo de<br />
suas vidas. Aqui a maioria progre-<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Esperanças para o Ano Novo<br />
diu, adaptou-se, criou raízes e descendentes<br />
que hoje ocupam parte<br />
proeminente das sociedades dos<br />
países que os acolheram.<br />
Em suma, foram perdoados e<br />
agradeceram por seu perdão com<br />
vidas dignas.<br />
Neste Rosh Hashaná, minha homenagem<br />
a estes corajosos. Uma receita<br />
que mostra bem a adaptação<br />
de costumes europeus e ingredientes<br />
americanos, uma completa reinvenção<br />
do tradicional Tzimes.<br />
Carbonada Carbonada Criolla Criolla<br />
Criolla<br />
Esta receita vem de nossos “hermanos”<br />
argentinos.<br />
Os judeus iniciaram as grandes<br />
imigrações para a Argentina no final<br />
do século XIX, incentivados pelos<br />
programas do Barão de Hirsch, que<br />
queria desenvolver suas terras na região<br />
dos Pampas.<br />
Este banqueiro belga tinha legítima<br />
preocupação com os judeus<br />
russos, bastante perseguidos na<br />
época e fundou a Jewish Colonization<br />
Association, que não só levou<br />
judeus para a Argentina como<br />
para o Brasil, nas famosas colônias<br />
de Philipson (1903), Barão Hirsch<br />
(1926), Baronesa Clara (1927) e,<br />
mais tarde, Rio Padre e Pampa.<br />
Na nova terra, os imigrantes receberam<br />
lotes de 25 a 30 hectares,<br />
com uma residência, instrumentos<br />
agrícolas, duas juntas de<br />
bois, duas vacas, carroça, cavalo e<br />
sementes, a um preço de cerca de<br />
cinco contos de réis, a serem pagos<br />
em prazos de 10 a 15 anos.<br />
A grande novidade para estes<br />
imigrantes, além da liberdade, era<br />
a abundância de carne, quase inexistente<br />
em seu cotidiano.<br />
Esta receita mistura a tradição<br />
do Tzimes bessarábio com a Carbonada<br />
argentina.<br />
1 abóbora moranga grande;<br />
¼ xícara de margarina vegetal;<br />
3,5 kg de carne para cozido cortada<br />
em cubos de 2x2 cm;<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
OLHANDO no Youtube<br />
Assista no site youtube.com aos vídeos<br />
recomendados pelo jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>:<br />
Foto fraudes no Líbano<br />
http://www.aish.com/movies/PhotoFraud.asp<br />
Salve Sderot<br />
Carbonada criolla<br />
http://www.youtube.com/watch?v=fJ5CtzTQXPs<br />
Carne<br />
com<br />
tzimes<br />
Campanha do Habonim Dror Curitiba<br />
http://www.youtube.com/watch?v=6jEbtsI8aXY<br />
Documentário sobre os 40 anos da Guerra dos Seis Dias<br />
http://www.youtube.com:80/watch?v=FkoUfcbauWo<br />
11<br />
2 colheres de sopa de óleo;<br />
2 xícaras de cebolas picadas;<br />
4 xícaras de caldo de carne;<br />
1 kg de tomates sem casca e<br />
sementes bem picados;<br />
1 colher de chá de orégano;<br />
3 batatas doces grandes sem<br />
casca e cortadas em cubinhos;<br />
3 cenouras grandes cortadas<br />
em rodelas grossas;<br />
24 ameixas pretas sem caroço;<br />
8 metades de pêssego em calda<br />
escorridas.<br />
Lave bem a abóbora, corte<br />
uma tampa de aproximadamente<br />
15 cm de diâmetro, retire-a<br />
e limpe por dentro retirando sementes<br />
e fibras. Passe a margarina<br />
por dentro e por fora da<br />
abóbora. Tempere com sal e pimenta<br />
do reino e leve-a ao forno<br />
por aproximadamente 30 minutos<br />
ou até começar a amolecer.<br />
Não deixe amolecer demais.<br />
Reserve. Enquanto isto, em uma<br />
panela grossa frite a cebola no<br />
óleo até dourar, acrescente a<br />
carne e doure-a bem de todos<br />
os lados. Tempere com sal e pimenta<br />
do reino à gosto. Adicione<br />
o caldo, os tomates e o orégano<br />
e cozinhe tampado por 15<br />
minutos. Coloque então as batatas<br />
e as cenouras e cozinhe<br />
por mais 15 minutos. Por último,<br />
adicione as ameixas e os<br />
pêssegos e cozinhe por mais 5<br />
minutos. Atenção, em todas as<br />
fases do cozimento chacoalhe a<br />
panela para não grudar, mas<br />
nunca mexa, pois batatas e cenouras<br />
podem se desfazer.<br />
Encha a abóbora com o cozido<br />
de carne, coloque a tampa da<br />
abóbora e leve ao forno alto por<br />
mais 15 minutos.<br />
Sirva imediatamente.
12<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
* Eugenia Souza é mestra em Bíblia<br />
Hebraica e Grega, formada em<br />
Jerusalém. Nasceu no interior do<br />
Paraná e cresceu em Curitiba, onde<br />
cursou a educação elementar até<br />
Filosofia. Graduou-se em São Paulo, e<br />
lá se tornou quatro anos mais tarde,<br />
Bacharel em Teologia. Em Jerusalém<br />
procurou um terceiro passo que é a<br />
exegese, isto é, o estudo sempre a<br />
partir dos textos originais.<br />
Eugenia Souza *<br />
ltimo dia do ano de 1999,<br />
à meia-noite começaria um<br />
novo século e pela segunda<br />
vez punha os pés na terra<br />
que eu escolhera, em particular,<br />
Jerusalém. Não como turista,<br />
mas sim, como estudante. Somente<br />
em 15 de outubro de 2000<br />
pude ali me estabelecer definitivamente<br />
para um projeto de estudos<br />
de três anos. A casa, no bairro<br />
Mahané Yehuda, próximo ao Shuk<br />
(feira) ficava um metro e meio abaixo<br />
do solo, o banheiro fora, com<br />
água quente apenas no verão. Não<br />
obtendo bolsas de estudo, aquela<br />
casa era o que eu poderia pagar.<br />
Dia 2 de novembro, são três horas<br />
e quinze minutos, cansada de<br />
estudar decidi sair e como sempre,<br />
andar por cinco minutos. Ali não<br />
tínhamos grande espaço, o limite<br />
da janela é numa rua, no caso,<br />
Rehov Shomron, com circulação de<br />
carros e a porta da casa para a<br />
Rehov Abulafia, sem espaço físico<br />
para carros. As famílias ali são de<br />
classe média-alta, média ou médiabaixa,<br />
alguns, chegando a passar<br />
necessidades. Pensar em dar a volta<br />
por todo o quarteirão de trás me<br />
desestimulou e abri um segundo livro.<br />
Quando olho para a única pequena<br />
janela vejo um carro estremecer-se<br />
todo e uma grande explosão<br />
ocorre. Gritos de crianças<br />
na casa de cima. Corri<br />
para fora e todos<br />
diziam: ‘Pitzutz,<br />
Pitzutz’.<br />
Não sabendo<br />
o significado<br />
da<br />
palavra,<br />
tentei<br />
correr<br />
para a<br />
r u a<br />
Shomron<br />
e ver o que<br />
estava<br />
acontecendo,<br />
sendo então<br />
impedida<br />
pelos moradores<br />
que continuavam gritando.<br />
Um carro-bomba explodira atrás<br />
do carro que estava estacionado<br />
junto à minha janela criando uma<br />
série de explosões. Até hoje nenhum<br />
grupo reclamou para si o feito que<br />
deixou duas vítimas mortais e além<br />
de feridos. Por conta disso, seis<br />
meses mais tarde fui atendida nos<br />
hospitais de Ancona, Itália. Eu entendia<br />
o ivrit (hebraico), mas não<br />
sabia expressar-me como, em italiano.<br />
Os moradores não me conhe-<br />
A vida no Mahané Yehuda<br />
ciam e não entendiam porque não<br />
deixei imediatamente o país.<br />
Passaram-se um ano e três meses.<br />
A reserva com uma estrangeira<br />
pouco a pouco se rompia, quando<br />
num domingo decido ir ao Shuk,<br />
mas antes teria que ir à casa de<br />
câmbio. Passo pela Rehov Ben Yehuda,<br />
faço o câmbio e retorno pela<br />
Rehov Yafo. Antes de chegar ao final<br />
da quadra, entre a Yafo e a King<br />
George, vejo o semáforo verde mudando<br />
para o vermelho. Começo a<br />
correr e atravesso já no vermelho,<br />
alcançando os pedestres que tinham<br />
atravessado no verde. Continuo a<br />
passos normais quando uma grande<br />
explosão ocorre e outras se seguem.<br />
Atrás de mim tudo são cinzas.<br />
A primeira garota-bomba deixara<br />
mortos e feridos. Estando mais<br />
longe, fui atingida apenas pelo pó<br />
dos vidros que penetraram um pouco<br />
na cabeça e nas mãos. Decidi<br />
continuar em frente, comprei legumes,<br />
fiz uma sopa com gosto de<br />
vácuo, assim como dentro de mim<br />
existia somente o vácuo e uma ordem<br />
de continuar em frente. Não<br />
olhar mais os feridos e os mortos.<br />
Na sinagoga que eu freqüentava assiduamente<br />
começaram, para minimizar<br />
um pouco, a brincar que não<br />
sairiam mais comigo.<br />
Por causa da rotina de vida entre<br />
faculdade, estudos bíblicos e<br />
estar em casa com poucas horas de<br />
sono, o arrumar a casa na sextafeira,<br />
escutar as Parashat Hashavua<br />
através do rádio, comecei a ser<br />
identificada não mais como uma<br />
estrangeira, mas como pertencente<br />
àquela comunidade de moradores.<br />
Era respeitada, decidia junto<br />
aos moradores quando queríamos<br />
reclamar sobre questões de asfalto,<br />
limpeza e outros assuntos na<br />
prefeitura. A comunidade ali é composta<br />
de ladinos, com pratos simples<br />
e variados para o shishi-shabat<br />
(cabalat shabat) como sopa de<br />
galinha ou feijão branco com espécimes.<br />
Trocávamos receitas e no<br />
verão tem uma informal reunião no<br />
meio da rua ou no quintal onde<br />
eu morava. Cada moradora chega<br />
com uma caneca de chá ou café e<br />
ali acontecem as fofocas, as risadas,<br />
a amizade. Nós tínhamos cuidado<br />
de guardar a casa do outro e<br />
mesmo cuidados sobre o outro, se<br />
não o víamos, íamos averiguar se<br />
não estava doente, ou com algum<br />
outro problema.<br />
Mahané Yehuda é chamado pelos<br />
árabes de ‘triangulo da morte’, mas<br />
para os que ali vivem, o bairro de<br />
Mahané Yehuda é vida, com suas casas<br />
antigas e sua história. Canais e<br />
poços hoje obstruídos testemunham<br />
O shuk, feira ao ar livre de Machané Yehuda<br />
o período em que a água era coletiva<br />
com um único poço em cada rua.<br />
Uma casa era projetada para, em princípio,<br />
morarem quatro famílias; duas<br />
em cima e duas no subsolo, isto é,<br />
abaixo do nível do solo. Apesar do<br />
pouco espaço, isto não impedia o<br />
aumento da família e duas pequenas<br />
peças, com um banheiro fora, também<br />
coletivo, abrigando o casal e no<br />
mínimo cinco filhos. As construções<br />
modernas hoje em dia pedem espaço,<br />
e Mahané Yehuda abriga tanto<br />
ortodoxos como estrangeiros com<br />
suas diferenças culturais. O stress nos<br />
acompanha e à menor provocação,<br />
gritamos, brigamos, damos de dedo<br />
no nariz do outro, mas se um terceiro<br />
que não é dali entra no meio,<br />
ou brigamos todos juntos, ou colocamos<br />
indignados o terceiro para<br />
correr. Pegamos uma xícara de chá<br />
com hortelã e a tarde termina entre<br />
risadas e protestos. Mas o que<br />
não podemos deixar de falar é sobre<br />
o Shishi-Shabat. À tardezinha<br />
começam a se reunir na casa materna<br />
todos os filhos, nora, genro<br />
e netos. Poderão retornar às casas<br />
somente ao término do sábado por<br />
causa da observância de não dirigir<br />
carro. Sexta-feira as ruas são<br />
marcadas pela cadência das vozes de<br />
adultos e crianças que recitam o Sidur<br />
nas casas. Cada casa é um templo,<br />
e entre risos e o cântico de Salmos,<br />
a noite passa. As crianças que<br />
começam a balbuciar aprendem as<br />
fórmulas das bênçãos e as pronunciam<br />
antes de beber ou comer, e assim<br />
entendemos o Salmo 8.<br />
Sete anos de vida no Mahané<br />
Yehuda. Eu participava da celebração<br />
do Shishi-Shabat na casa de<br />
Abraham e Hannah Yakin, e era para<br />
eles um de seus filhos. Ele, artista,<br />
completou 83 anos no dia 31 de<br />
julho, na mesma casa em que seus<br />
antepassados nasceram, assim como<br />
ele e seus filhos, e agora seus netos<br />
também. No ano passado, foi<br />
convidado para fazer um mural em<br />
uma sinagoga na França; este ano<br />
foi convidado a expor seus quadros<br />
na Holanda e na França. Ela, sobrevivente<br />
do Holocausto na Holanda,<br />
publicou no ano passado,<br />
um livro com 700 páginas em holandês<br />
sobre suas memórias da<br />
Shoá. Adam, um dos filhos, trabalha<br />
com teatro para crianças.<br />
Eu tinha ali também minhas sobrinhas<br />
adotivas, duas lindas meninas<br />
israelitas-etíopes, e as levava<br />
à sinagoga, e no dia de sábado<br />
íamos ao grande parque ‘Gan Sacher’.<br />
Sendo eu professora por vocação,<br />
ensinei-as a ensinar. Trouxe<br />
uma pequena fita onde elas, com<br />
muita graça. ensinam todo o alfabeto<br />
em ivrit. Um dia, quem sabe,<br />
elas poderão estar aqui ensinando<br />
para nossas crianças?<br />
O estudo terminou. Vivi somente<br />
o dia-a-dia, não pensando em nada<br />
mais. Quando disse que teria que<br />
deixar o país, não acreditaram. A<br />
emoção foi muito grande. Foram<br />
sete anos diante de um computador,<br />
dicionários e Bíblias, e eu sentada<br />
fora, na pequena varanda da<br />
casa. Todos os moradores me conheciam<br />
e, da manhã à noite, eram<br />
sorrisos e um ‘Shalom Ghenia’!<br />
Mahané Yehuda! Eles ainda não<br />
acreditam que tive de deixá-los e<br />
quando me enviam e-mails me dizem:<br />
‘Tua pequena casinha te espera’.<br />
A todos vocês do Mahané Yehuda,<br />
um grande Shalom VeSheket. Ulai<br />
bashanah habah ani sham, beYerushalaim<br />
e ao Abraham Yakim, yom<br />
huledet sameach!<br />
Paz e silêncio (isto é, que não<br />
ocorram explosões). Quem sabe se<br />
talvez no próximo ano eu esteja lá,<br />
em Jerusalém e ao Abraham Yakim,<br />
feliz aniversário!
Ativistas da comunidade<br />
As primeiras escolas judaicas no Paraná VI<br />
Sara Schulman *<br />
A grande polêmica: formação do<br />
ginásio hebreu brasileiro em<br />
Curitiba<br />
A polêmica sobre a possibilidade da<br />
formação de um curso ginasial (2º grau),<br />
como seqüência do 1º grau da Escola<br />
Israelita Brasileira Salomão Guelmann<br />
(EIBSG), começou a “borbulhar” no<br />
mesmo ano em que se cogitava sobre<br />
onde e como deveriam ser as novas instalações<br />
da sede do Centro Israelita. É<br />
no “O Macabeu” nº 15, de 1955 (sete<br />
anos após a Fundação do Estado de Israel),<br />
pg. 21, na seção “Uma enquête<br />
por mês”, que vamos encontrar os primeiros<br />
debates, com opiniões divergentes<br />
sobre a formação de um curso que<br />
poderia ampliar em quatro anos o ensino<br />
escolar, e consequentemente o yidishkait<br />
e o contato entre as nossas<br />
crianças, dentro da comunidade judaica<br />
da época, em Curitiba.<br />
As justificativas pró e contra a criação<br />
do ginásio eram bastante contraditórias<br />
e variadas, mas todas importantes;<br />
porque, sem dúvida, refletiam as<br />
condições, as dificuldades, os problemas<br />
e as preocupações dos judeus de<br />
então. Desde o início das discussões,<br />
em 1955, e do funcionamento do ginásio<br />
em 1970, quando foi fundado, e até<br />
hoje, esporadicamente, ouvimos aqui e<br />
ali as mesmas discussões de 52 anos<br />
atrás. Por que a ampliação dos anos na<br />
escola continua sendo um problema?<br />
Houve até uma enquête com a pergunta:<br />
“Que pode dizer-nos sobre a<br />
necessidade e a possibilidade da fundação,<br />
em Curitiba, de um Ginásio<br />
Hebreu Brasileiro?” As respostas foram<br />
tanto positivas como negativas,<br />
principalmente por causa da questão<br />
financeira.<br />
Em “O Macabeu” nº 16, do mesmo<br />
ano, pg. 7, a entrevista do mês, “Um<br />
assunto, duas opiniões” trás dois depoimentos<br />
de grande relevância sobre<br />
o assunto: Do diretor e professor de<br />
iídiche e hebraico da EIBSG, Zvi Raphaeli;<br />
e do professor José Sheinkman, lente<br />
de diversos ginásios da Capital, e<br />
figura querida e consagrada no seio do<br />
magistério de Curitiba.<br />
Pergunta: Na sua opinião há necessidade<br />
da criação, em Curitiba, de um<br />
Ginásio Hebreu Brasileiro?<br />
Prof. Raphaeli: Há sim necessidade<br />
do Ginásio, mas, antes disso,<br />
precisa-se ter em mente que é indispensável<br />
um bom curso primário (primeiro<br />
grau), onde sejam lecionados<br />
iídiche e hebraico, e onde os pais<br />
sejam instruídos no sentido de que<br />
não devem retirar os seus filhos no<br />
meio da aula... Temos atualmente<br />
(1955) um curso “ginasial” em iídi-<br />
che, para crianças, ao qual assistem<br />
sete alunos, parte para poderem,<br />
após as aulas, jogar futebol e parte<br />
porque os pais assim o desejam.<br />
Prof. Sheinkman: Existe essa necessidade.<br />
Uma colônia como a de Curitiba,<br />
com o constante desenvolvimento<br />
que vem apresentando, precisa da<br />
formação de núcleos para o contato<br />
entre seus componentes. No Rio, em<br />
S. Paulo e em outras cidades grandes,<br />
o Ginásio tem, nesse sentido,<br />
prestado grandes serviços.<br />
Já em 1946 fui convidado pelo saudoso<br />
Salomão Guelmann e tive a oportunidade<br />
de vir a Curitiba com a intenção<br />
de fundar um colégio. Encontrei,<br />
realmente, por parte de muitos elementos,<br />
grande interesse no sentido de<br />
concretizar a idéia. Chegou-se mesmo<br />
a formar um esboço de sociedade, graças<br />
ao idealismo dinâmico do Sr. Salomão<br />
Guelmann. Infelizmente, porém, um<br />
outro professor, residente em Curitiba,<br />
espalhou entre alguns elementos a notícia<br />
de que o colégio deveria gastar<br />
cerca de 40 mil cruzeiros só em giz.<br />
<strong>Sem</strong> dúvida alguma, foi uma informação<br />
errada e maliciosa, mas fez com<br />
que muitos elementos desistissem de<br />
cooperar com a nossa idéia. Naquela<br />
ansiedade dinâmica, começamos a negociar<br />
a compra do Colégio Iguaçu, que<br />
representaria um patrimônio extraordinário<br />
para fortificar a idéia. Ao final,<br />
porém, não vingou o nosso desejo.<br />
No momento, acho difícil organizar<br />
um Ginásio em Curitiba devido ao espírito<br />
egoísta que domina alguns elementos<br />
da colônia, principalmente aqueles<br />
que possuem dinheiro. Senti isso, com<br />
maior intensidade, há dois anos, quando<br />
iniciei uma campanha no sentido de<br />
dotar a Escola Israelita Brasileira de<br />
um ônibus, como ocorre nas cidades<br />
maiores. As respostas dos pais de alunos<br />
foram desanimadoras. Isto tudo tem<br />
feito com que as crianças israelitas em<br />
Curitiba tomem rumos diversos e se torne<br />
cada vez mais difícil a concretização<br />
de um colégio.<br />
Pergunta: Teria esse ginásio as mesmas<br />
características dos outros do país?<br />
Prof. Sheinkman: Poderia ter desde<br />
que a colônia compreendesse sua<br />
necessidade.<br />
Prof. Raphaeli: Sei de ginásios nesse<br />
molde, em S. Paulo e no Rio de Janeiro.<br />
O de S. Paulo tem trazido bons<br />
frutos para aquela coletividade. As crianças<br />
recebem ali, quatro horas diárias<br />
de aulas e os exames são feitos<br />
tanto nas matérias em iídiche como em<br />
português. Pergunta-se, porém: já está<br />
Curitiba em condições de ter um Ginásio?<br />
Compreendem os pais o que significa<br />
um ginásio no verdadeiro espírito<br />
iídiche e hebraico? Às vezes, chego a<br />
pensar que o que se quer aqui não são<br />
professores, mas um Rabi que ensine<br />
as crianças a rezar, como ocorria antigamente<br />
nas velhas escolas da Europa...<br />
Um Ginásio Hebreu Brasileiro só<br />
deve vir no momento em que os próprios<br />
pedagogos puderem organizar o<br />
programa, nele integrando a idéia da<br />
educação nacional judaica. Deve-se criar<br />
antes um Colégio de Pedagogia que,<br />
com a ajuda do Conselho Central de<br />
Educação e Cultura do Rio de Janeiro,<br />
fará os estatutos e elaborará o programa<br />
do futuro Ginásio.<br />
Pergunta: Seriam os cursos de português<br />
e iídiche independentes entre si?<br />
Prof. Raphaeli: Na primeira parte,<br />
incluiríamos cursos de Tanach, história,<br />
palestinografia, literatura. Nas classes<br />
mais adiantadas, haveria curso especial<br />
de sionismo. Isto tudo, porém, com<br />
a condição de que o ginásio tenha a<br />
“estampa da família judaica sionista”.<br />
No Conselho Pedagógico devem tomar<br />
parte somente os especialistas. E o comitê,<br />
nos moldes do atual, só deve analisar<br />
questões materiais e econômicas.<br />
O professor ficará sob a jurisdição apenas<br />
do Conselho.<br />
Prof. Sheinkman: Ter-se-ia, de acordo<br />
com a lei federal, que obedecer ao<br />
Ministério, quanto à programação das<br />
matérias em português. Quanto a parte<br />
judaica, haveria a relação das matérias<br />
judaicas a serem ensinadas; independentemente<br />
destas, formando-se<br />
além disso, um ambiente iídiche para<br />
a mocidade iídiche.<br />
Pergunta: Haverá facilidade para<br />
formar um corpo docente quanto aos<br />
professores de assuntos judaicos?<br />
Prof. Raphaeli: O <strong>Sem</strong>inário Hebraico<br />
do Rio de Janeiro, no qual estudam<br />
hoje cerca de 50 futuros professores,<br />
poderá constituir a vanguarda do futuro<br />
ginásio. Suas lições seguem o espírito<br />
moderno, estão ligadas com a realidade<br />
e, como brasileiros natos, conhecem<br />
a língua e o histórico nacional.<br />
Não se pode mais pensar em professores<br />
de Israel, que aqui vem por curto<br />
espaço de tempo. A base deve ser constituída<br />
por elementos do próprio país.<br />
E não se deve contar com professores<br />
da velha geração. Faço questão de frisar<br />
novamente: acredito na geração<br />
jovem do novo Ginásio. Conheço a juventude<br />
intelectual de Curitiba. Nela há<br />
diversos pedagogos que poderiam lecionar<br />
no ginásio.<br />
Prof. Sheinkman: Nossa Faculdade<br />
de Filosofia tem formado muitos professores<br />
da colônia judaica, de forma<br />
a poder ser organizado, com eles, o<br />
corpo docente do futuro ginásio. Curitiba<br />
é uma cidade universitária, possuindo,<br />
no magistério, elementos de<br />
grande capacidade, que poderiam formar<br />
um corpo de professores à altura<br />
do que se deseja para o novo colégio.<br />
* Sara Schulman é farmacêutica e bioquímica, foi casada com Saul Schulman (falecido em 2006), neto de Bernardo<br />
Schulman. Fundou, em 1988, e é a atual presidente do Instituto Cultural Judaico Bernardo Schulman,<br />
sob cujos auspícios se publica esta coluna.<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
O LEITOR<br />
ESCREVE<br />
13<br />
Mulheres da Bíblia<br />
Prezados Senhores:<br />
Parabéns a toda equipe do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> pela qualidade<br />
em forma e conteúdo que vem aperfeiçoando desde<br />
sua iniciação.<br />
Gostaria de cumprimentar especialmente o dr. Sérgio Feldman<br />
pelo seu artigo “Mulheres da Bíblia (II)”, onde tece<br />
com a habilidade e conhecimento que lhe são peculiares as<br />
análises sobre ícones embrionários da formação do Ser.<br />
Sinto-me enriquecido podendo absorver parte da preleção.<br />
Deixo apenas a dúvida de que se o “Homem” foi criado á<br />
semelhança de D-us, não estariam Adão e Eva já compostos<br />
da perfeição divina? O livre arbítrio já não faria parte do<br />
“kit” original?<br />
Se não era para comer do fruto do bem e nem do mal,<br />
não era para comer e ponto final. Daí, a desobediência foi<br />
o fator único e fundamental!<br />
Enfim, metafisicamente, deveremos pesquisar sobre o Anthropos<br />
arquetípico; Purusha; o Adão Cádmio; o Homo Maximus;<br />
ou seja, o homem cósmico.<br />
Marco Alzamora<br />
Arquiteto<br />
Curitiba - Paraná<br />
Nathan Yalom e Moshavá<br />
Senhores redatores:<br />
Acabei de ler o artigo sobre Nathan Yalom, bem como o de<br />
Clara Guelmann sobre a entrevista com o escritor Nahum Mandel<br />
e a Moshavá de 1944 no Paraná. Excelente resgate da memória<br />
curitibana. Que papel importante o jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
está desempenhando também sob este aspecto!<br />
Nachman Falbel<br />
Professor, historiador e escritor<br />
São Paulo – SP<br />
Uma surpresa<br />
Prezados amigos,<br />
Quero contar-lhes um episódio que ocorreu uma tarde dessas.<br />
Estava eu voltando para casa do trabalho, no metrô cheio,<br />
quando agarrado a um estribo eu passei a prestar atenção a um<br />
tablóide que um senhor lia sentado. Nele haviam dois artigos.<br />
O do alto da página tinha um <strong>título</strong> mais ou menos assim:<br />
“Novidades virão da Síria e do Irã” (N. R. Na verdade, “Ventos<br />
opostos sopram da Síria e do Irã”). De imediato pensei<br />
que o tal senhor estivesse a ler algum jornaleco ultra-esquerdo-nazista,<br />
quando vi o <strong>título</strong> do artigo abaixo: “Israel<br />
descobre petróleo” e lembrei que um artigo com o mesmo<br />
<strong>título</strong> que eu tinha lido dias trás. Forcei um pouco mais minhas<br />
retinas míopes e consegui ler no alto da página o nome<br />
do jornal. Sabem qual era? VISÃO JUDAICA!<br />
Shalom,<br />
Victor Grinbaum<br />
Jornalista e radialista<br />
Rio de Janeiro - RJ<br />
Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
basta passar um fax pelo telefone: 0**41 3018-8018<br />
ou um e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br
14<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Daniel Benjamin Barenbein *<br />
amastão, arma atômica do<br />
Irã, Síria se preparando<br />
para a guerra, o ano promete<br />
ser quente. E o governo<br />
incompetente e corrupto<br />
de Israel não cai (não<br />
é o que gostaríamos de dizer, mas<br />
não dá mais para tapar o sol com a<br />
peneira). Nem por isso, Benjamin Netanyahu<br />
do Likud e Ehud Barak do partido<br />
trabalhista deixaram de se preparar<br />
para um pleito que pode ocorrer<br />
a qualquer momento.<br />
Nos EUA, Rudolph Giulianni dá o<br />
tom do partido republicano: já anuncia<br />
que se eleito, a política americana<br />
em relação ao Oriente Médio vai<br />
mudar radicalmente e pegar pesado<br />
com os fundamentalistas islâmicos.<br />
Rudy - como é carinhosamente chamado<br />
pelos habitantes de Nova York,<br />
cidade que governou durante o período<br />
de sua mais grave crise, os atentados<br />
de 11/9 – vai se postar contra<br />
a criação de um estado palestino, que<br />
hoje seria base de atuação para grupos<br />
terroristas e afirmou que se o Irã<br />
não parar o enriquecimento de urânio,<br />
será atacado e terá suas instala-<br />
O ano que promete<br />
ções nucleares destruídas. Finalmente<br />
parece surgir um líder de pulso firme<br />
e com bom senso na América.<br />
Mas a guerra de civilizações não para<br />
por ai. Recentemente foi a vez do secretário<br />
do Papa alertar sobre os perigos<br />
da dominação da Europa pelos muçulmanos<br />
e do uso da violência pelos<br />
mesmos. Acreditar em soluções pacíficas<br />
com este pessoal parece cada vez<br />
mais reservado a uma pequena minoria<br />
de sonhadores e utopistas, ou talvez de<br />
um outro líder que usa a “esperança”<br />
para tentar salvar seu cargo.<br />
Falando em salvar cargo, e o “moderado”<br />
Abu Mazen, hein? Quem diria,<br />
que o assim intitulado na mídia, “pior<br />
inimigo que o Hamas já teve”, pagou<br />
os salários atrasados de um ano das<br />
forças de segurança do...Hamas!!! E<br />
jogou a culpa em um “erro do computador”.<br />
Seria algum vírus terrorista,<br />
quem sabe? Parece piada, mas as agências<br />
de notícia e os governos ocidentais<br />
– incluindo Israel – aceitaram a<br />
desculpa de bom grado. Para quem<br />
está acostumado com cessares-fogo que<br />
assistem a lançamentos de mísseis diários<br />
sobre Sderot, isso é até fichinha...<br />
Ufa! Acho que já assustei o suficiente<br />
meus leitores para um texto de Rosh<br />
Hashaná. Usando da famosa técnica de<br />
“bater e assoprar”, chegou à hora do<br />
sopro. Realmente a coisa a princípio<br />
parece muito feia, mas temos esperança.<br />
Primeiro pragmática. Ao que tudo<br />
indica, assim que eleições forem realizadas<br />
em Israel e nos EUA como falei<br />
acima, governos melhores, mais preparados<br />
e que agem com tolerância zero<br />
contra o terror devem chegar ao poder.<br />
Segundo e principal: estamos na<br />
beira de um ano mágico para o judaísmo.<br />
É o ano de Shmitá, o ano sabático,<br />
que fecha um ciclo existente no<br />
calendário judaico de sete anos. No<br />
primeiro Rosh Hashaná deste ciclo, em<br />
setembro de 2001, as torres gêmeas<br />
eram atacadas. Quem sabe não será<br />
ao final desde ciclo, no último ano, que<br />
esta guerra irá terminar?<br />
A guematria – a numerologia judaica<br />
– do ano que se aproxima, 5768, no<br />
calendário judaico é 26 ( 5 + 7 + 6 + 8<br />
= 26). O nome mais sagrado de D-us<br />
no judaísmo, conhecido como tetragrama<br />
e impronunciável, a não ser nas<br />
orações, para não ser usado em vão<br />
tem como guematria também o número<br />
26. Será literalmente um ano divino,<br />
propício a grandes milagres, quem<br />
sabe à esperada redenção?<br />
Afinal, no judaísmo acreditamos<br />
que D-us faz tudo com um propósito, e<br />
que a finalidade é alcançar esta maravilhosa<br />
era de paz e bênçãos. Já enfrentamos<br />
impérios maiores e tão dedicados<br />
à nossa destruição como o islã<br />
radical. Talvez todas estas convulsões<br />
mundiais sejam como é descrito nas profecias,<br />
as “dores do parto do nascimento<br />
de Mashiach”. Ajustes finais.<br />
Quem sabe? Eu acredito. O ano promete.<br />
Que seja bom e doce para todos<br />
nós. Shaná Tová U Metuká.<br />
* Daniel Benjamin Barenbein é<br />
jornalista, trabalha no site de<br />
combate a distorção na imprensa,<br />
“De Olho na Mídia”<br />
(www.deolhonamidia.org.br). É<br />
coordenador do movimento juvenil<br />
Betar de SP e exerce<br />
voluntariamente cargos de Hasbará<br />
na Organização Sionista de São<br />
Paulo, Espaço K e Aish Brasil, e<br />
orador nas sinagogas Beit<br />
Menachem e Kehilat Achim Tiferet.<br />
É sheliach da comunidade de Belém<br />
do Pará. Possui um livro publicado<br />
na internet sobre neonazismo<br />
digital: www.varsovia.jor.br
TURISMO<br />
Antonio Carlos Coelho *<br />
Essa cidade histórica, citada na<br />
Bíblia, e que tem este nome devido<br />
a um tipo de cebola que era<br />
cultivada na região, a “ascalonia”,<br />
atrai visitantes pela beleza das suas<br />
praias e pelos achados arqueológicos<br />
que testemunham<br />
sua importância<br />
histórica.<br />
Entre os locais<br />
mais visitados está o<br />
Parque Nacional, com<br />
magníficas marcas<br />
deixadas pelos povos<br />
que por lá passaram.<br />
É, na verdade, o local<br />
da antiga Ashkelon.<br />
Lá, estão as muralhas<br />
do período canaanita<br />
e, também do cru-<br />
zado. Escavações próximas<br />
ao mar revelam<br />
as raízes bíblicas da<br />
cidade. Há um igreja bizantina e<br />
uma cruzada, além de estátuas romanas<br />
no Jardim das Esculturas.<br />
Na cidade encontram-se outros<br />
marcos históricos que merecem<br />
visita. Na Rua Hatayasim está<br />
a “Tumba Pintada”, do terceiro sé-<br />
Capitel romano remanescente<br />
em Ashkelon<br />
culo da era comum. A tumba está<br />
decorada com afrescos representando<br />
figuras da mitologia grega, como:<br />
ninfas, árvores e animais, além de<br />
Demeter (a deusa grega da colheita)<br />
acompanhada de crianças com cestas<br />
de uvas. Pan aparece com sua<br />
flauta, junto de gazelas e pássaros.<br />
No bairro de Barnea<br />
estão as ruínas de uma<br />
basílica bizantina do século<br />
quinto ou sexto, e<br />
ainda há um piso em<br />
mosaico, bastante conservado,<br />
provavelmente,<br />
parte da antiga igreja.<br />
Já no bairro de<br />
Afridar, próximo ao<br />
centro de informações<br />
turísticas, encontramse<br />
belíssimos exemplares<br />
de sarcófagos roma-<br />
nos descobertos em<br />
1972. Um deles apresenta<br />
uma cena de<br />
combate, outro representa o rapto<br />
de Perséfone, filha de Demeter.<br />
Ashkelon atualmente tem uma<br />
população aproximada de 90 mil<br />
habitantes. Muitos são imigrantes<br />
russos que se fixaram nos últimos<br />
anos. A cidade compreende vários<br />
Ashkelon - 2<br />
bairros, com destaque para Afridar,<br />
estabelecido em 1952 por iniciativa<br />
da Congregação <strong>Judaica</strong> Sulafricana.<br />
Este bairro possui uma<br />
área verde muito grande onde se<br />
situam os hotéis e locais de diversão<br />
da cidade. Há, também, o bairro<br />
Migdal, uma antiga povoação árabe<br />
que foi incorporada à cidade em<br />
1955. Nele existe um interessante<br />
comércio ao ar livre que funcionam<br />
no período da manhã.<br />
A poucos quilômetros ao sul de<br />
Ashkelon está o kibutz Yad Mordechai.<br />
O kibutz, fundado por membros<br />
do movimento “chalutziano”, tem o<br />
nome do líder do Levante do Gueto<br />
de Varsóvia, Mordechai Anilevich.<br />
No centro do kibutz há uma estátua<br />
desse herói judeu. Próximo está a<br />
torre da caixa d’água destruída pelos<br />
egípcios na Guerra da Independência.<br />
Há ainda um museu dedicado<br />
ao heroísmo judaico - desde o<br />
Levante do Gueto até a Guerra da<br />
Independência — e, é claro e justo,<br />
que os moradores não sejam esquecidos.<br />
Pois, em 1948, com heroísmo,<br />
contiveram um exército egípcio<br />
de 5 mil homens por seis dias, tempo<br />
suficiente para a Haganá reorganizar<br />
a sua defesa.<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Usina de<br />
dessalinização<br />
da água<br />
do mar<br />
* Antonio Carlos Coelho é professor, diretor do Instituto Ciência e Fé, e colaborador do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Continua na página 14<br />
15<br />
Vista de uma<br />
praia em<br />
Ashkelon<br />
Marina<br />
moderna em<br />
Ashkelon
16<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Nasceu Théo, filho de Andréa e Cássio Chamecki, e neto de<br />
Hana e Cajo Kleiner e Bárbara Golombek. Desejamos muita saúde,<br />
alegrias e Mazal Tov!<br />
Myriam Mau Roth e Marina Hasson, como representantes de<br />
Na’amat Brasil participaram em Israel, da Reunião Internacional<br />
de Na’amat e do Congresso Sionista Mundial que foi<br />
sediado em Jerusalém.<br />
Em Fortaleza, do dia 22 a 26 de agosto, realizou-se a Peguishá -<br />
Encontro Nacional - de Na’amat Brasil, com o tema “O Futuro é Hoje”.<br />
O encontro foi liderado por Léia Hecht, presidente de Na’amat Brasil.<br />
As participantes foram recepcionadas por Jacy Mara Frenkiel, presidente<br />
do Centro e pelas demais chaverot de Na’amat Fortaleza<br />
No dia 23/8, na abertura oficial do Encontro Nacional da Na’amat<br />
Pioneiras Brasil, em Fortaleza, foi lançada a Revista ’A Mulher Pioneira’,<br />
uma publicação dirigida especialmente ao público feminino,<br />
com matérias sobre turismo judaico, leis, bem-estar, gastronomia,<br />
Israel, terceiro setor etc.<br />
Realizou-se no Yad Vashem, em Jerusalém, de 4 a 17 julho o <strong>Sem</strong>inário<br />
Memória e Dilemas de Transmissão do Holocausto para educadores<br />
latino-americanos, sendo 14 da Argentina, 10 do México, 2 do<br />
Uruguai, 1 do Paraguai, Colômbia, Equador e Costa Rica. Do Brasil<br />
participam os professores Karla Damasceno e Francisca Pereira, de<br />
Belo Horizonte, Ania Cavalcanti da USP e Israel Blajberg da UFF.<br />
Grupo de professores das Américas que particpou de seminário no Yad<br />
Vashem em Jerusalém<br />
Sobre o Concurso Literário promovido pela Wizo Paraná intitulado<br />
de “O que é a Wizo?”: os alunos de 6ª, 7ª e 8ª séries do Ensino<br />
Fundamental da Comunidade <strong>Judaica</strong> do Paraná deverão produzir<br />
um texto, sob este <strong>título</strong>, de até duas páginas, tamanho A4, digitadas<br />
em Word, fonte Arial, tamanho 11, espaço simples. O prazo<br />
máximo de entrega é dia 5 de setembro de 2007 e a divulgação<br />
dos resultados será em Simchat Torá. Os três melhores textos serão<br />
premiados com R$ 200,00, R$ 300,00 e R$ 500,00, respectivamente.<br />
Para maiores informações e aquisição de material de apoio<br />
contate a Morá Denise (3024-9552) ou Manoela (3019-3547).<br />
A revista Veja Curitiba indicou os melhores restaurantes por categoria<br />
de 2007. O Badida foi escolhido como o da melhor carne e o Barolo<br />
Trattoria foi destaque do júri como restaurante italiano. Trabalho<br />
reconhecido, prêmios merecidos. Mazal Tov!<br />
Em 17 de julho, o Congresso Judaico Latino-Americano (CJL)<br />
assinou um convênio de adesão à Casa Sefarad-Israel, entidade<br />
pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e<br />
Cooperação da Espanha e à comunidade de Madrid. A assinatura<br />
do termo, feita entre o presidente do CJL, Jack Terpins e<br />
a diretora da Casa Sefarad Ana Sálomon Pérez, e aconteceu na<br />
Embaixada da Espanha, em Buenos Aires, na presença do embaixador<br />
da Espanha na Argentina, Rafael Estrella, de Saúl<br />
Gilvich, secretário-geral do CJL e de seu diretor executivo<br />
Cláudio Epelman; de Manuel Tenenbaum, Sênior Adviser; Aldo<br />
Donzis, presidente da DAIA; de Jacobo Israel Garzón, presidente<br />
da Federación de Comunidades Judías de España; e do<br />
secretário-geral da AMIA, Edgardo Gorenberg, entre outros.<br />
Encontro da Conib com a Embaixadora de Israel,Tzipora Rimon<br />
De 3 a 5 de agosto a Conib reuniu-se com os presidentes<br />
de suas federadas em Brasília. Na sexta-feira 3, houve um<br />
Cabalat Shabat na sede da Associação Israelita e Cultural<br />
de Brasília, e em seguida, um jantar com a embaixadora de<br />
Israel no Brasil Tzipora Rimon. No dia seguinte, aconteceram<br />
duas palestras, proferidas respectivamente, por Luiz<br />
Paulo Telles Barreto, vice-ministro da Justiça, discorrendo<br />
sobre crimes de preconceito e discriminação, e por Clara<br />
Ant, assessora especial da Presidência da República, que<br />
falou aos presentes sobre aproximação de membros da comunidade<br />
ao judaísmo e aproveitamento de suas potencialidades.<br />
A tarde foi encerrada com um módulo coordenado<br />
por Bruno Laskowsky, dando continuidade aos trabalhos<br />
‘CONIB - Século 21’, sendo concluída no dia seguinte, com<br />
a formação de comissões.<br />
A Casa Sefarad Israel está empenhada no trabalho de<br />
recuperação e valorização do legado sefaradí, e também<br />
em proporcionar aos cidadãos na Espanha, um<br />
melhor conhecimento da cultura judaica, bem como<br />
estimular as relações entre a sociedade civil espanhola,<br />
as comunidades judaicas mundiais e Israel. Na oportunidade,<br />
o embaixador Rafael Estrella fez questão de<br />
ressaltar que o Congresso Judaico Latino-Americano foi<br />
a primeira organização do mundo judaico a aderir a<br />
essa proposta da Casa Sefarad-Israel.<br />
No dia 29 de julho, a Sociedade Israelita da Bahia, em Salvador,<br />
inaugurou um Monumento às Vítimas do Holocausto, construído<br />
em memória de Rubin e Maria Zausner z”l. Na ocasião,<br />
foram apresentadas também à comunidade, a conclusão da<br />
reforma das instalações do Cemitério Israelita.<br />
O renomado médico paulista Cláudio Lottenberg, presidente<br />
do Hospital Albert Einstein, e o oftalmologista carioca<br />
Sérgio Kandelman, acabam de enviar a Israel o segundo<br />
vencedor do prêmio anualmente concedido sob o nome de<br />
Maimônides (maior nota da prova nacional de Oftalmologia<br />
ao fim da residência). A doutora Melissa dal Pizzol, do<br />
Rio Grande do Sul, foi para Ashkelon, Israel, onde sob a<br />
tutela do dr. Shmuel Levartovsky, cumpriu quatro semanas<br />
de estágio, vinculado oficialmente ao Conselho Brasileiro<br />
de Oftalmologia, sendo o patrocínio da viagem em memória<br />
de Marcos Lottemberg z”l. A estadia em Israel é patrocinada<br />
em memória de Chaia e Luba Kandelman z”l.<br />
Nossos cumprimentos e também agradecimentos — ao jornalista<br />
Osias Wurman, que num gesto nobre, tem feito em sua<br />
coluna eletrônica “Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>” a campanha “Prestigie<br />
os veículos de Comunicação <strong>Judaica</strong>”, lembrando-se de<br />
todos, inclusive o nosso <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. É a primeira vez que<br />
alguém toma essa iniciativa no Brasil.<br />
Cumprimentos também para o jornalista Daniel Barenbein<br />
pelos três anos do “De Olho na Mídia”, a versão brasileira do<br />
Honest Reporting, e que cumpre com pleno êxito seu trabalho<br />
de liberdade de Imprensa, Justiça e Democracia. Alguns<br />
setores da mídia acreditam que “liberdade de imprensa”<br />
é o mesmo que “falar o que quiser, sem ninguém<br />
importune”. Isto não é normal, é libertinagem e anarquia.<br />
O “De Olho Na Mídia” trouxe a verdadeira liberdade<br />
de imprensa: Falar, ser criticado, rebater, discutir. É<br />
uma voz alternativa que mostra indignação dos leitores<br />
ou elogios a matérias bem feitas. O “De Olho na<br />
Mídia”, parceiro do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, tem quase 30<br />
mil visitas/mês ao site www.deolhonamidia.org.br, e<br />
12 mil leitores cadastrados na sua newsletter.<br />
Uma das melhores festas dos últimos tempos foi a comemoração<br />
do bar mitzvá de Justin, filho de Brian e Corrine<br />
Greenblatt. Brian foi chamado à Torá na sinagoga do<br />
CIP dia 18/8 onde o pai emocionou-se durante a cerimônia.<br />
Além de seus irmãos David Michael, estiveram presentes<br />
parentes de Londres, de Boston e amigos da família<br />
de Belém, onde residiram antes de morar em Curitiba.<br />
À noite, o jantar, impecável, com muita música e<br />
animação, foi no Restaurante Mezza Notte.<br />
Joel Bergman (segundo a partir da direita) foi um dos<br />
homenageados durante os 51 anos da B'nai B'rith em Curitiba.<br />
Ao seu lado estão Abraham Goldstein (D) e Roland Hasson (E),<br />
respectivamente presidentes da BB do Brasil e do Paraná. À<br />
esquerda, Maurício, neto de Bergman, fala na ocasião<br />
No dia 18/8, comemorando os 51 anos de fundação<br />
da Loja Chaim Weizman, da B’nai B’rith de Curitiba, foi<br />
empossada, em significativa cerimônia, no CIP, a Diretoria<br />
da Loja para a gestão 2007/2007, presidida por<br />
Roland Hasson. Na ocasião, foram iniciados novos irmãos<br />
e homenageados próceres que se dedicaram à<br />
causa da instituição, entre eles, Joel Bergman, Moysés<br />
e Hilda Bromfman, e Luiz e Tereza Mazer z”l. O evento<br />
contou com a presença de Abraham Goldstein, presidente<br />
da B’nai B’rith do Brasil, de Edgar Lagus, vicediretor<br />
de Direitos Humanos e de Miguel Krigsner, membro<br />
do Conselho Consultivo. Isac Baril, ex-presidente,<br />
apresentou os homenageados e deu posse a Roland<br />
Hasson e à nova diretoria. A solenidade, bastante prestigiada<br />
por membros da comunidade, teve Isaac Cubric<br />
como Mestre de Cerimônia.<br />
A Associação Beneficente Israelita Hai - Abihai, esta<br />
completando cinco anos de fundação e atividades. A<br />
Abihai mantém e administra hoje dois programas: a Casa<br />
Hai, lar postiço que abriga crianças de 0 a 6 anos, retiradas<br />
de famílias em situação de risco, e o Costurando<br />
Vidas, programa de capacitação profissional para as mães<br />
dessas crianças, numa tentativa de dar-lhes meios<br />
para reestruturarem suas famílias. Ao longo destes anos<br />
muitos membros da comunidade têm participado como<br />
voluntários. A festa de comemoração será no CIP dia 30<br />
de setembro às 10h30.<br />
O jornalista Nahum Sirotsky, que vive há dez anos<br />
em Israel, e é correspondente da RBS e do Último<br />
Segundo/IG (e colaborador do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>)<br />
naquele país, vai ser condecorado pelo<br />
Comando do Exército Brasileiro com a altíssima<br />
Medalha do Pacificador. É primeira vez que um<br />
residente de Israel recebe a honraria! Foi na Embaixada<br />
do Brasil em Tel Aviv, dia 24/8, às 12h.<br />
Daqui de Curitiba as nossas felicitações ao Nahum!<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Israel é um exemplo de liberdade e tolerância<br />
Reda Mansour *<br />
eu avô que viveu mais de<br />
100 anos costumava dizer,<br />
“eu vi tudo e não há<br />
ninguém como os judeus”.<br />
Nossa pequena cidade<br />
drusa tinha permanecido virtualmente<br />
a mesma por centenas de<br />
anos sob o domínio otomano e mais<br />
tarde sob o britânico. Quando o Estado<br />
de Israel foi estabelecido em<br />
1948, seguiu-se um rápido desenvolvimento,<br />
e pela primeira vez, nossas<br />
casas tiveram eletricidade e água<br />
corrente e toda criança recebeu educação<br />
gratuita e de qualidade.<br />
Até mesmo no meio de toda aquela<br />
modernidade e relativo luxo, o<br />
maior elogio de meu avô para Israel<br />
veio como resultado de como o jovem<br />
Estado tratou dos seus cidadãos<br />
menos afortunados. Pela primeira vez<br />
em sua vida, meu avô, um operário<br />
de fábrica aposentado, recebeu uma<br />
pensão e teve acesso a cuidados<br />
médicos de qualidade. Ele dizia que<br />
uma sociedade poderia ser julgada<br />
pela forma como trata os idosos, os<br />
doentes e os desempregados, e que<br />
Israel provou ser forte e compassivo.<br />
Certamente, ele diria, tal nação<br />
será bem-sucedida.<br />
Essa é a história não contada<br />
Hana Beris *<br />
Tawfiq, Abdallah e Adel dividem a<br />
mesma casa e vivências similares. Três<br />
palestinos, quase da mesma idade,<br />
chegados da Faixa de Gaza, pela primeira<br />
vez em sua vida, ao Estado de<br />
Israel. Mas não para fazer turismo<br />
nem tampouco para trabalhar.<br />
Eles são três dos vários palestinos<br />
feridos nos combates na guerra<br />
interna entre o Fatah e o Hamas, que<br />
pela seriedade de suas feridas, foram<br />
internados no hospital Barzilai<br />
da cidade sulista de Ashkelon. Todos<br />
sustentam que foram baleados<br />
por membros do Hamas. Mesmo assim,<br />
os familiares que os acompanham<br />
alegam que aqui há um cenário<br />
incisivo de “bons” e “maus”.<br />
“Ambas as partes cometem um<br />
grave erro e sujam o nome do Islã”<br />
— diz Abdel Hamid Awda (53), o<br />
pai de Adel, que afirma sentir uma<br />
dor especial porque ele mesmo é religioso<br />
“desde criança”. Conta que<br />
seu filho é policial, “mas acabou<br />
ferido quando foi socorrer uma jovem<br />
que havia sido ferida numa casa<br />
atacada pelo Hamas”.<br />
Também Ahmed Lubad, pai de<br />
de Israel, uma nação que não mede<br />
sua força por sua riqueza ou poder<br />
militar, mas pela vibração de sua<br />
sociedade civil e pela diversidade<br />
de seu sistema democrático. É um<br />
país onde a orquestra sinfônica, o<br />
teatro e a universidade foram todos<br />
construídos antes das instituições<br />
políticas do Estado, e onde<br />
existem agora mais de 40.000 associações<br />
civis independentes. Elas<br />
fortalecem o nosso sistema de educação,<br />
protegem nosso ambiente e<br />
trabalham para trazer paz e justiça<br />
à nossa região.<br />
Israel é uma sociedade imigrante<br />
com uma população diversificada:<br />
1 milhão e 300 mil de seus cidadãos<br />
são árabes que pertencem<br />
a vários grupos religiosos e étnicos.<br />
De fato, alguns ainda sofrem<br />
com a pobreza e a falta de investimento<br />
igual nas suas comunidades<br />
por parte do governo, mas mesmo<br />
assim os árabes-israelenses ainda<br />
têm um padrão de vida mais alto<br />
do que qualquer um dos seus irmãos<br />
que vivem na região. Eles são cidadãos<br />
que podem votar e podem ser<br />
eleitos para cargos públicos. Eles<br />
têm o direito a cultos religiosos,<br />
de se reunirem e falar livremente<br />
sem medo de intimidação ou opressão.<br />
Desde o estabelecimento de<br />
Tawfiq, diz que tem certeza de que a<br />
culpa “é de todos, as duas partes,<br />
porque não lhes importa o povo,<br />
continuam disparando e nós estamos<br />
no meio do fogo”. Seu filho, que é o<br />
único paciente do quarto que sorri,<br />
mesmo quando conta que terminou<br />
seus estudos há poucos meses e espera,<br />
logo, começar a trabalhar.<br />
Mas o sorriso vai embora quando<br />
recorda o que aconteceu: “Membros<br />
do Hamas atacaram a casa de um vizinho<br />
e saímos todos para ajudar, estávamos<br />
no meio do fogo. Quis ajudar<br />
uma mulher que estava ferida e<br />
um sujeito do Hamas me disse que eu<br />
fosse embora. Expliquei que não faria<br />
nada a ele, que nem sequer estava armado,<br />
mas reiterou que eu tinha que<br />
ir embora, que ia contar até três e eu<br />
teria que desaparecer. Eu não fui embora<br />
e ele disparou uma rajada de balas<br />
contra minhas pernas”.<br />
Tawfiq acrescenta que “não<br />
sou nem do Fatah nem do Hamas<br />
e cada parte pensa do seu modo,<br />
mas o terrível é que irmãos estão<br />
se matando”.<br />
Só Rafat, o irmão mais velho de<br />
Abdallah Shalail, diz de forma categórica<br />
que “nos atacaram em casa,<br />
nossa jovem nação, os árabes mais<br />
livres do Oriente Médio residem no<br />
Estado judeu de Israel.<br />
Com todos os desafios que enfrenta,<br />
Israel permanece sendo a<br />
única democracia no Oriente Médio.<br />
Isto só não faz do sistema político<br />
de Israel perfeito, mas é a perseguição<br />
infinita de mais igualdade que<br />
separa Israel de seus vizinhos.<br />
Em minha cidade natal, eu vi o<br />
cumprimento do ‘Sonho israelense’:<br />
profissionais jovens de todas as fés<br />
que estabeleceram carreiras de sucesso<br />
em direito, medicina, nos<br />
negócios e na diplomacia. Todos<br />
nós viemos de famílias de classemédia<br />
que usaram o sistema de ensino<br />
público e universidades do<br />
governo para criar um futuro melhor<br />
para nossas crianças. Nenhum<br />
de nós teria tido esta oportunidade<br />
se não fosse pela sociedade livre<br />
e aberta na qual vivemos.<br />
Hoje, nossa liberdade está ameaçada<br />
pela vil ideologia de ódio vomitada<br />
pelo Hamas, Hezbolá e outras<br />
organizações semelhantes. Com<br />
o apoio de seus financiadores em<br />
Teerã e Damasco, estes extremistas<br />
fazem chover foguetes em aldeias<br />
israelenses e enviam homens-bomba<br />
suicidas para nossos ônibus e mercados.<br />
Seus partidários aderem à falsa<br />
Da guerra em Gaza<br />
para um hospital em Israel<br />
porque todos sabem que somos do<br />
Fatah”. Ainda que sorrisse muito mais<br />
que os outros, sua mensagem é dura.<br />
“Enquanto o Hamas estiver no poder,<br />
não haverá paz, porque decidiram<br />
que ou você está com eles ou<br />
você não está e pode morrer”.<br />
Abdallah quase não quer falar. Tem<br />
fortes dores. As cicatrizes ainda não<br />
totalmente fechadas de suas feridas<br />
cobrem-lhe várias partes do corpo:<br />
na frente, um braço e o peito. Conta<br />
que também no ombro e nas pernas.<br />
As têm estendidas e enfaixadas.<br />
Uma enfermeira entra no quarto<br />
e traz um andador para Adel, para<br />
que procure caminhar. Está há dias<br />
no “Barzilai” e é evidente que lhe<br />
custa mover-se. Faz caretas de dor<br />
cada vez que tenta. Seu pai alcançalhe<br />
uma bandeja com a comida, mas<br />
ele permanece parte do tempo com<br />
a cabeça apoiada Numa das mãos.<br />
Não aceita falar.<br />
Seu pai fala com uma firmeza que<br />
de fato, supre pelos dois.<br />
“Nós os palestinos não merecemos<br />
um Estado próprio. Nunca mostramos<br />
ser dignos de tê-lo. Quando<br />
se mata os vizinhos ou um parente<br />
de outra familia do mesmo clã, quer<br />
narrativa da eterna vitimização, tentando<br />
justificar cada ato de brutalidade<br />
e culpando Israel por todo o<br />
sofrimento. Esta retórica vazia não<br />
muda o fato de que os estilhaços de<br />
suas armas não fazem diferença nem<br />
entre idade nem entre etnias. E a<br />
violência resultante afeta todos israelenses<br />
sem levar em consideração<br />
raça ou religião.<br />
A defesa contra estes ataques<br />
violentos requer ação militar, mas<br />
a solução para os complexos problemas<br />
que nos levaram a este ponto<br />
se encontra nos fortes vínculos<br />
desenvolvidos entre os árabes e os<br />
judeus em Israel. Se nós coexistimos<br />
pacificamente em Haifa e Asifiya,<br />
por que não em Gaza, Beirute<br />
ou no resto da região?<br />
Recentemente, assisti a uma cerimônia<br />
no Capitólio do Estado da<br />
Geórgia, em recordação a vida e ao<br />
trabalho do dr. Martin Luther King<br />
Jr. Como Anwar Sadat e Yitzhak Rabin,<br />
ele deu sua vida em defesa do<br />
sonho da coexistência.<br />
Por causa do que meu avô viu,<br />
minhas crianças e eu podemos viver<br />
este sonho como cidadãos de Israel.<br />
Hoje, nós olhamos para nossas fronteiras<br />
imaginando quando nossos<br />
vizinhos abraçarão o sonho da paz<br />
em lugar do pesadelo da guerra.<br />
dizer que nada poderá ser ganho.<br />
Estávamos melhor antes, quando não<br />
havía governo palestino”.<br />
Pacientes palestinos não são um<br />
fenômeno novo no “Barzilai”. Vêem<br />
todos os anos, tanto em situações<br />
de urgência como para receber tratamentos<br />
por diversas doenças. O dr.<br />
Shimon Sherf, diretor do hospital,<br />
observa que “para mim todos são feridos<br />
e temos que tratá-los de acordo<br />
com suas necessidades, sem que<br />
importe em absoluto de onde vêem”.<br />
Sobre a paz com os palestinos têm<br />
suas ideáis, mas prefere não entrar em<br />
política. O vice-diretor dr. Ron Lobel,<br />
entretanto, não se opõe em dizêlo.”<br />
Não tenho nenhuma dúvida de<br />
que a maioria dos palestinos quer o<br />
mesmo que nós, trabalhar, estar com<br />
seus filhos e viver em paz. Isso é o<br />
que quer a gente toda”, afirma.<br />
“Mas primeiro” — e isso dizem<br />
os próprios palestinos — “terão que<br />
obter, em Gaza, a paz interna”.<br />
* Hana Beris é o pseudônimo da<br />
jornalista uruguaia-israelense Ana<br />
Jerosolimsky, coprrespondente<br />
da BCC e do jornal El Tiempo,<br />
da Colômbia.<br />
17<br />
* Reda Mansour é<br />
escritor e poeta árabeisraelense<br />
de origem<br />
drusa. Ph.D do<br />
Departamento de<br />
História do Oriente<br />
Médio da Universidade<br />
de Haifa, graduado na<br />
Harvard’s Kennedy<br />
School, tem três livros<br />
de poesia em hebraico<br />
(alguns de seus<br />
poemas já foram<br />
traduzidos para o<br />
espanhol e para o<br />
português), e recebeu<br />
os prêmios Miller, da<br />
Universidade de Haifa<br />
e State President<br />
Scholarship para<br />
jovens escritores. É o<br />
primeiro poeta nãojudeu<br />
que escreve<br />
somente em hebraico,<br />
embora fale cinco<br />
línguas. Sua história<br />
“Jumblat in the Negev”<br />
ganhou em 1997 o<br />
Prêmio Anual de<br />
Contos do jornal<br />
Haaretz. Durante sua<br />
carreira no serviço<br />
diplomático, serviu<br />
como Embaixador de<br />
Israel no Equador e<br />
antes disso trabalhou<br />
na Embaixada em<br />
Portugal e no<br />
Consulado em São<br />
Francisco. Devota suas<br />
atividades públicas em<br />
Israel à promoção do<br />
diálogo entre árabes e<br />
judeus, e fazendo parte<br />
de muitos projetos<br />
cujo objetivo é<br />
promover a<br />
coexistência e o<br />
diálogo cultural.<br />
Publicado no Atlanta<br />
Journal Constitution e<br />
traduzido por Ivan<br />
Kelner.
18<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
HIGH-TECH<br />
○<br />
Dispositivo futurista contra câncer<br />
A empresa israelense Immunarray desenvolveu<br />
um teste eletrônico para detectar<br />
o câncer de pulmão em seus<br />
estágios iniciais. Este tipo de doença<br />
é um dos mais devastadores, com cerca<br />
de 1,25 milhão de novos casos diagnosticados<br />
por ano. Mas o diagnóstico<br />
sempre é feito quando os sintomas<br />
já se manifestam e quase sempre é tarde<br />
demais. A empresa está trabalhando<br />
no “I-Chip”, um circuito integrado que<br />
contém moléculas biológicas ao invés<br />
de apenas circuitos eletrônicos. Este<br />
novo conceito, parecido com os equipamentos<br />
de “Jornada nas Estrelas”,<br />
poderá detectar várias doenças a partir<br />
do exame rápido de uma gota de<br />
sangue. O teste pretende ser de baixo<br />
custo. (Immunarray).<br />
Venda de US$ 2,5 bi em armas à Índia<br />
As Indústrias Aeroespaciais Israelenses<br />
(IAI) fecharam um acordo preliminar<br />
para fornecer à Índia, rival do Paquistão,<br />
mísseis antiaéreos no valor de US$<br />
2,5 bilhões. Concretizando-se, este será<br />
o maior contrato de exportação de material<br />
bélico de Israel. O presidente da<br />
empresa, Yitzhak Nissan, obteve da Índia<br />
o compromisso de comprar mísseis<br />
Barak-8, com alcance de 70 quilômetros,<br />
para a proteção a barcos e posições<br />
terrestres contra ataques aéreos.<br />
(Efe/Folha de S.Paulo)<br />
Soluções integradas da eWave<br />
Desde o segundo semestre de 2006 está em<br />
atividade em Curitiba, a subsidiária brasileira<br />
da empresa israelense eWave Software<br />
& Integration Solutions. Segundo Nimrod<br />
Riftin, gerente geral da eWave do Brasil, a<br />
empresa caracteriza~se como uma integradora<br />
de soluções na área de serviços nos<br />
setores bancário-financeiro, telecomunicações<br />
e médico-hospitalar, para grandes e<br />
médias corporações, além de atender a instituições<br />
governamentais. A empresa oferece<br />
projetos que vão desde o planejamento<br />
até a manutenção em três grandes áreas:<br />
Service Oriented Architecture - SOA (em português,<br />
Ar-quitetura Orientada a Serviços),<br />
integração de softwares e desenvolvimento<br />
em Weblogic utilizando tecnologia e knowhow<br />
trazidos de Israel. (eWave/Revista da<br />
Câmara de Comércio Brasil-Israel).<br />
Soluções integradas eWave - 2<br />
A eWave atua também em consultoria<br />
incluindo planejamento e definições de<br />
requerimentos de sistema de desenho de<br />
interface para o usuário, gráficos, análise<br />
e gerenciamento. Uma das primeiras<br />
grandes empresas a usar os serviços<br />
da eWave, que reduzem custos e facili-<br />
tam a construção de novas aplicações é<br />
a operadora de telefonia fixa e de banda<br />
larga para internet GVT, também de<br />
Curitiba. Atualmente a eWave já mantém<br />
um escritório em São Paulo, onde<br />
desenvolve projetos para dois grandes<br />
bancos da capital. (eWave/Revista da<br />
Câmara de Comércio Brasil-Israel).<br />
Diagnóstico de<br />
enfermidades em 20 minutos<br />
Uma nova invenção israelense promete<br />
revolucionar a medicina. Trata-se<br />
de um pequeno aparelho electrônico<br />
que diagnostica enfermedades ou seus<br />
sintomas em 20 minutos numa simples<br />
checagem. O equipamento custa entre<br />
7 mil e 15 mil dólares e foi inventado<br />
pelo dr. Alex Kanevsky (um imigrante<br />
judeu da Rússia) e se chama Medex<br />
Test. A checagem através do aparelho<br />
é indolor, não exige que o paciente<br />
tire a roupa e não tem nenhum tipo<br />
de radiação. Os pacientes ficam deitados<br />
vestidos enquanto um ‘lápis’ com<br />
um eletrodo é colocado num dedo da<br />
mão e outro no dedo do pé. Após uma<br />
leitura inicial é passada uma ‘corrente<br />
elétrica’ não prejudicial e faz-se nova<br />
leitura. O ´lápis’ conectado ao monitor<br />
de um computador qualquer, em<br />
poucos minutos dá ao médico um informe<br />
gráfico da circulação sanguínea,<br />
dos sistemas respiratório, da imunidade,<br />
da espinha dorsal e etc.<br />
(www.medexscreen.com).<br />
Diagnóstico - 2<br />
Segundo a empresa Medex Screen Ltd,<br />
localizada em Arad, um programa de computador<br />
processa a informação, indicando<br />
num gráfico não só se os 15 sistemas<br />
corporais estão funcionando bem, como<br />
também se há alguma desordem temporária<br />
nos órgãos internos, mesmo Numa<br />
etapa inicial. O Medex Test, segundo o<br />
co-fundador da empresa, Moshe Golan,<br />
integra efetivamente principios de<br />
neuroreflexologia e patofisiologia num<br />
aparelho que é simples de operar e provê<br />
resultados em 20 minutos. O aparelho foi<br />
aprovado pelo Ministério da Saúde, é<br />
seguro e pode ser usado tanto em crianças<br />
como em mulheres grávidas. Pode<br />
ainda ser operado por uma enfermeira ou<br />
um técnico após algunas horas de treinamento.<br />
A análise da informação e a<br />
interpretação, entretanto, só pode ser<br />
feita por um médico treinado num curso<br />
de 15 horas da Medex Screen. Várias clínicas<br />
particulares em Israel estão oferecendo<br />
testes a um custo entre 350 a 500<br />
shekels (70 e 120 dólares). A empresa<br />
também exporta o aparelho para vários<br />
países. (www.medexscreen.com).<br />
Contra Israel<br />
são mais felizes<br />
A noiva libertada - A.B.Yehoshua<br />
Companhia das Letras<br />
Pilar Rahola *<br />
Foi Manolo Vázquez Montalbán<br />
quem cunhou uma dessas frases que<br />
marca os palpites de uma geração.<br />
O “contra Franco vivíamos<br />
melhor”, que apontou<br />
como um dardo contra<br />
uma esquerda paralisada<br />
que não avançava mais<br />
além de sua adolescência,<br />
transformou-se na metáfora<br />
de um estado de ânimo.<br />
Ao fim e ao cabo,<br />
toda situação extrema é<br />
fácil de lidar, não em vão<br />
os bons e os maus estão<br />
definidos, algumas tristes<br />
vidas alcançam sonhos épicos, e a<br />
felicidade dos simples chapinhas<br />
nos territórios maniqueístas. Na<br />
atualidade, algum líder político ainda<br />
habita na frase de Manolo, e assim<br />
é com os policiais...<br />
Deixando Franco de lado, o certo<br />
é que a concepção ideológica do<br />
contra, parece cômoda nas explicações<br />
que obrigariam a uma complexidade<br />
intelectual que não se dá<br />
nestes tempos de pensamento fast<br />
food. E assim vemos como muitos<br />
conflitos se medem em função das<br />
lentes antiamericanas e antiisraelenses<br />
que marcam a visão da esquerda<br />
autêntica. Contra os Estados Unidos<br />
vivem tão bem estes solidários de<br />
meia-tigela, que só lhes preocupam<br />
os conflitos onde as listras e estrelas<br />
ou a estrela de David ondeiem ao<br />
vento. E assim, morrem aos milhares<br />
VJ INDICA<br />
em Darfur, porque não interessam os<br />
assassinatos do fundamentalismo do<br />
Sudão. Ou o horror das mulheres<br />
oprimidas do islã. Ou as guerras da<br />
África esquecida.<br />
Agora volta o horror ao<br />
Líbano, e as notícias explicam,<br />
com surpreendente<br />
delicadeza, os movimentos<br />
do Exército libanês.<br />
Sou dos que estão encantados<br />
de que o Líbano acabe<br />
com o santuário terrorista<br />
financiado pela Síria<br />
e o Irã. Mas me chama a<br />
atenção que essa delicadeza<br />
não se desse quando Israel<br />
entrou no Líbano para<br />
a mesma coisa: acabar com um Hezbolá<br />
armado até os dentes, que ameaçava<br />
sua integridade. Se Israel se<br />
defende, é culpado. Se atacar, é culpado.<br />
Quando morrem os seus, são<br />
culpados. Quando matam, são culpados.<br />
É que existe o progressista<br />
que explica o mundo em função da<br />
maldade israelense, e quando não se<br />
enquadra, inventa-a. Disse um sábio<br />
faz tempo: para que preocupar-se<br />
com a realidade, se alguém é dono<br />
de um bom preconceito.<br />
* Pilar Rahola é conhecida<br />
jornalista, escritora e tem<br />
programa na televisão espanhola.<br />
Foi vice-prefeita de Barcelona,<br />
deputada no Parlamento Europeu e<br />
deputada no Parlamento espanhol.<br />
Tradução: Szyja Lorber.<br />
LIVRO<br />
A.B. Yehoshua apresenta neste livro a saga de Rivlin,<br />
professor orientalista, especializado na história da Argélia,<br />
cujo conhecimento dos árabes provinha sempre de<br />
fontes indiretas. Convidado para o casamento de uma<br />
aluna árabe tem a chance de observar mais de perto seu<br />
objeto de estudo, e de reavivar as feridas abertas pelo<br />
fim do casamento de seu filho. A partir da notícia da<br />
morte do ex-sogro do filho, que o leva a prestar condolências<br />
à família do falecido, Rivlin inicia duas investigações<br />
- uma acerca da cultura árabe vizinha, agora,<br />
porém numa espécie de desajeitada pesquisa de campo,<br />
em passeios nos quais é conduzido por um rapaz árabe; e outra acerca<br />
do motivo que levou ao desfecho do casamento do filho. Se nos territórios árabes ele<br />
é sempre bem recebido, a investigação no âmbito familiar lhe rende aborrecimentos<br />
- a mulher e o próprio filho, que mora em Paris, lhe pedem insistentemente que<br />
desista, e o filho chega mesmo a ameaçar um rompimento se o pai não parar com os<br />
questionamentos. Equilibrando-se entre a necessidade de saber e a de respeitar<br />
limites, o professor acaba encontrando uma saída para a estagnação intelectual em<br />
que se encontrava. Unindo todas as pontas, é à aluna que o convida para o casamento<br />
que ele recorre para analisar textos literários árabes; e é a própria ex-nora que,<br />
indo ao seu encontro, acaba por libertá-lo daquela busca.
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
O massacre de políticos no Líbano<br />
Walid Phares *<br />
om o assassinato do<br />
deputado libanês Gubran<br />
Tueni em dezembro<br />
de 2006, meses depois<br />
do assassinato dos<br />
líderes políticos George Hawi e<br />
Samir Qassir durante o verão, a<br />
estratégia do terror sírio-iraniano<br />
abriu a sangrenta temporada<br />
de caça ao Parlamento libanês<br />
eleito democraticamente.<br />
Walid Eido foi o último parlamentar<br />
libanês assassinado. Após<br />
a retirada das forças sírias regulares<br />
do Líbano em abril de 2005,<br />
Bashar Assad e seus aliados de<br />
Teerã traçaram uma contra-ofensiva<br />
para balançar a Revolução<br />
dos Cedros. Um dos principais<br />
componentes da estratégia era (e<br />
continua sendo) o uso de todos<br />
os ativos dos serviços de inteligência<br />
e segurança da Síria e do<br />
Irã no Líbano para “reduzir” a cifra<br />
de representantes que constituem<br />
a maioria anti-Síria no Parlamento.<br />
Tão simples como isso:<br />
assassinar quantos membros forem<br />
necessários para decantar a<br />
maioria quantitativa na Assembléia<br />
Legislativa. E quando acontecer<br />
isso, o governo de Seniora<br />
virá abaixo e se constituirá um<br />
gabinete encabeçado pelo Hezbolá.<br />
Além disso, se a guerra do<br />
terror matar outros 8 legisladores,<br />
o resto do Parlamento pode<br />
eleger um novo Presidente da<br />
República, que colocaria o país<br />
sob a tutela do regime de Assad.<br />
Tão incrivelmente selvagem<br />
como possa parecer isto no Ocidente,<br />
o genocídio dos legisladores<br />
do Líbano a mãos do regime<br />
sírio e seus aliados é “muito<br />
usual” na cultura política baathzista<br />
(e certamente na jihadista).<br />
Durante os anos 80, Saddam Hussein<br />
executou um grande segmento<br />
da Assembléia Nacional de seu<br />
próprio Partido Baath (lê-se Baatz)<br />
com o objetivo de manter intacto<br />
seu regime. Ao longo da mesma<br />
década Hafez Assad erradicava<br />
sistematicamente sua oposição<br />
política, tanto dentro da Síria<br />
como por todo o Líbano de<br />
ocupação síria, com o intuito de<br />
garantir seu controle sobre os<br />
dois países “irmãos”. De modo que<br />
ordenar desde o outono de 2004<br />
o assassinato de seus opositores<br />
políticos por parte de Bashar para<br />
perpetuar seu domínio sobre o<br />
pequeno “império” baath não é<br />
um fato tão surpreendente: é o<br />
procedimento padrão de Damasco<br />
desde 1970.<br />
E para “alcançar” estes obje-<br />
tivos, a junta da Síria tem todo um<br />
leque de ferramentas e ativos deixados<br />
para trás no Líbano. Em primeiro<br />
lugar, a gigantesca rede do serviço<br />
de inteligência sírio profundamente<br />
enraizada ainda no pequeno<br />
país; em segundo lugar o poderoso<br />
Hezbolá financiado pelo Irã, com seu<br />
letal aparato de segurança; em terceiro<br />
lugar, os grupos controlados<br />
pela Síria dentro de diversos acampamentos<br />
palestinos procedentes de<br />
diversos contextos ideológicos, incluindo<br />
baathzistas, marxistas, e até<br />
islamitas como o Fatah al-Islam; em<br />
quarto lugar, os simpatizantes pró-<br />
Síria e do Hezbolá “dentro” do exército<br />
libanês, assim como as unidades<br />
regulares e os serviços de segurança<br />
sob o controle ainda do general<br />
Emile Lahoud; em quinto lugar,<br />
as milícias e organizações satélites<br />
controladas à distância pelo serviço<br />
de inteligência sírio, como o<br />
Partido Nacional-Socialista da Síria;<br />
e em sexto lugar, os agentes introduzidos<br />
dentro dos grupos políticos<br />
que gravitam ao redor de Damasco,<br />
como os de Suleiman Frangieh, Michel<br />
Aoun ou Talal Arslán. Em poucas<br />
palavras, o eixo sírio-iraniano<br />
dispõe de todo um aparato de agentes<br />
de segurança e inteligência do<br />
qual pode escolher a vontade os autores<br />
materiais mais apropriados<br />
para cada uma das “operações de derrubada”.<br />
O regime Assad dispõe de<br />
“seus próprios agentes” sunitas para<br />
matar os sunitas, dispõe de cristãos<br />
para matar os cristãos, de drusos para<br />
eliminar os drusos, e dispõe de todos<br />
os recursos do terror do Hezbolá<br />
para obstruir o governo do Líbano<br />
e finalmente derrocá-lo.<br />
A “redução” — tanto física como<br />
política — da maioria no Parlamento<br />
libanês se iniciou tão logo que<br />
foi eleita a Assembléia, na primavera<br />
de 2005. A oposição libanesa a<br />
Assad e ao Hezbolá obteve originariamente<br />
72 cadeiras das 128 existentes,<br />
uma maioria confortável para<br />
retomar a “libertação” do país da<br />
ocupação e do terrorismo. Em dezembro<br />
de 2006, um carro-bomba<br />
matava o deputado Jebran Tueni, reduzindo<br />
a maioria a 71. Ainda que<br />
rapidamente tenha sido substituído<br />
por seu pai Ghassán, a avançada<br />
idade do segundo e sua reticência<br />
em prosseguir no mesmo ativismo<br />
anti-terror, isso supõe um ponto<br />
negativo na batalha geral. Em janeiro<br />
de 2006 um deputado da maioria,<br />
Edmond Naim, faleceu de causas<br />
naturais. A revolução anti-Cedros<br />
força as coisas colocando Pierre Daccache,<br />
“neutro” em princípio, mas<br />
essencialmente próximo do Hezbolá<br />
e aliado de Michel Aoun. Naquele momento,<br />
a maioria tinha 71 assentos.<br />
Em dezembro de 2006, o deputado<br />
da maioria Pierre Gemayel é assassinado<br />
por agentes sírios. A cifra de<br />
deputados dedicados ao seu trabalho<br />
cai para 70. Faz algumas semanas,<br />
as ameaças sírias procedentes<br />
do norte obrigam o deputado Alawi<br />
a abandonar a maioria, reduzindo a<br />
cifra a 69. O assassinato agora do<br />
sunita Walid Eido, feroz opositor do<br />
regime sírio, reduz a cifra de deputados<br />
a 68. Quatro assassinatos mais<br />
e a maioria parlamentar entrará em<br />
colapso, devolvendo o poder terrorista<br />
de Ahmedinijad e Assad às costas<br />
do Mediterrâneo Oriental.<br />
O que pode ser feito para deter o<br />
massacre de legisladores no Líbano<br />
e suas dramáticas conseqüências? O<br />
Conselho de Segurança da ONU, em<br />
virtude das resoluções 1559 e 1701,<br />
deveria intervir maciçamente, ordenando<br />
e supervisionando os seguintes<br />
passos:<br />
a) Colocar cada um dos 68 deputados<br />
restantes sob a proteção internacional<br />
direta. Uma força de segurança<br />
internacional especial seria despachada<br />
ao Líbano, reuniria os legisladores<br />
em perigo numa ou várias localizações<br />
protegidas, e mais tarde os<br />
escoltaria para que pudessem cumprir<br />
seus deveres constitucionais.<br />
b) Solicitar ao governo libanês<br />
de Seniora a convocação de eleições<br />
legislativas apropriadas nos distritos<br />
de Matn e Beirute com o objetivo<br />
de substituir os deputados assassinados<br />
Gemayel e Eido. Enviar observadores<br />
da ONU para supervisionar<br />
estas eleições.<br />
c) Solicitar ao Parlamento libanês<br />
a eleição de um novo Presidente<br />
durante o período constitucional que<br />
inicia em agosto, e escoltar os 68 deputados<br />
em perigo (mais os dois recém-eleitos)<br />
até o local das eleições<br />
presidenciais e proporcionar segurança<br />
durante o processo de votação.<br />
Ao fazê-lo, o Conselho de Segu-<br />
rança da ONU estará implementando suas<br />
próprias resoluções, assistindo o processo<br />
democrático no Líbano, e combatendo<br />
o terrorismo com o poder do povo do Líbano.<br />
Quando um novo Presidente escolhido<br />
sair eleito democraticamente no Líbano,<br />
o caminho — ainda muito difícil e<br />
perigoso – até a democracia, se abrirá.<br />
Nota da Redação: O PT (Partido dos<br />
Trabalhadores) brasileiro firmou no início<br />
de junho um acordo “de cooperação”<br />
com o Baath sírio (Partido Nacional<br />
Socialista Árabe) para “coordenar<br />
pontos de vista”, “fortalecer a cooperação<br />
entre organizações populares” e “intercâmbio<br />
de experiências”. Não é a toa<br />
que no nome do Baath, se insira a expressão<br />
“nacional-socialista” pois foi<br />
decalcado do Partido Nazista de Hitler.<br />
O PT se diz de esquerda e abraça uma<br />
agremiação partidária extremante fascista<br />
de direita, inspirada no nazismo! Até<br />
agora, as leis da Física não se aplicavam<br />
à política, especialmente a que diz que<br />
os pólos diferentes se atraem...<br />
* Walid Phares é professor de Estudos<br />
do Oriente Médio e especialista em islã<br />
político e da jihad, graduado em<br />
Direito e Ciências Políticas pelas<br />
Universidades Jesuíta e Libanesa,<br />
doutor em Relações Internacionais e<br />
Estudos Estratégicos pela Universidade<br />
de Miami. Lecionou na Saint Joseph<br />
University nos anos 80 e exerceu o<br />
Direito em Beirute até 1990. Editou<br />
também publicações no Líbano e mais<br />
tarde emigrou para os Estados Unidos,<br />
onde dá aulas na Florida International<br />
University e na Florida Atlantic<br />
University. Publicou centenas de<br />
artigos e escreveu sete livros sobre o<br />
fundamentalismo islâmico, e foi<br />
consultado pelo Congresso americano<br />
em três ocasiões, pois trata-se da<br />
maior autoridade sobre o Oriente<br />
Médio nos EUA. De origem libanesa,<br />
dirige a Fundação por um Líbano<br />
Livre e é membro do Middle East<br />
Forum. Colabora com a CNBC e a<br />
MSNBC, e é colunista regular de várias<br />
publicações internacionais.<br />
19
20<br />
* Fred Dalton<br />
Thompson é ator e<br />
advogado norteamericano,<br />
ex-senador<br />
pelo Estado de<br />
Tennessee. É membro<br />
do Council on Foreign<br />
Relations (CFR –<br />
Conselho de Relações<br />
Exteriores) e analista<br />
sênior da ABC News<br />
Radio. Ele publica<br />
diariamente um blog e<br />
um podcast no website<br />
da ABC Radio<br />
(www.abcradio.com).<br />
Como ator, Thompson<br />
atua no cinema e na<br />
televisão, como na<br />
série de sucesso “Law<br />
& Order”,<br />
interpretando o<br />
procurador da<br />
República Arthur<br />
Branch. Entre os<br />
filmes dos quais<br />
participou estão:<br />
“Caçada ao Outubro<br />
Vermelho”, “Dias de<br />
Trovão”, “Duro de<br />
Matar 2”, “Cabo do<br />
Medo” e outros. Em 1º<br />
de junho de 2007<br />
formou um comitê com<br />
vistas a sua possível<br />
candidatura para<br />
Presidente em 2008.<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Vivendo no terror<br />
Fred Dalton Thompson *<br />
eixe-me fazer-lhe uma<br />
pergunta hipotética. O<br />
que você acha que a<br />
América faria se os soldados<br />
canadenses lançassem<br />
dúzias mísseis diariamente<br />
sobre Búfalo, NY.? E qual você<br />
acha que seria a nossa resposta se<br />
tropas mexicanas durante dois anos<br />
tivessem lançado ataques de foguete<br />
diários em San Diego — e se vangloriassem<br />
disso?<br />
Eu posso lhe dizer, nossa resposta<br />
não se pareceria nada com a contenção<br />
israelense definindo pontualmente<br />
as reações aos ataques de projéteis<br />
diários a partir de Gaza. Nós usaríamos<br />
quaisquer meios necessários<br />
para ganhar a guerra. Haveria numerosas<br />
vítimas provavelmente no lado<br />
do nosso inimigo, mas nós asseguraríamos<br />
que aqueles que nos atacaram<br />
são os responsáveis legalmente.<br />
Mais de 1.300 foguetes foram lan-<br />
çados sobre Israel a partir de Gaza<br />
desde que os palestinos assumiram o<br />
controle dois anos atrás. Os israelenses,<br />
põem, foram para distâncias incríveis<br />
para parar a guerra contra eles<br />
e não prejudicar os não-combatentes<br />
palestinos. Mas não cometa nenhum<br />
erro, pois Israel está em guerra.<br />
O governo eleito do Hamas repete<br />
regularmente que seu objetivo oficial<br />
é a promessa de destruir Israel completamente<br />
e substituí-lo por estado<br />
islâmico. O Hamas abertamente assumiu<br />
responsabilidade pela morte de<br />
uma mulher e ferimentos em dúzias<br />
só na semana passada.<br />
A estratégia palestina tem o propósito<br />
de matar civis israelenses.<br />
Então, quando Israel for atacar depois<br />
desses lançamentos, os palestinos<br />
dirão que são as vítimas. Se os<br />
civis palestinos não forem feridos nos<br />
ataques israelenses, eles organizam<br />
danos e mortes. Muito freqüentemente,<br />
eles granjeiam simpatias e<br />
apoio da mídia ingênua ou anti-se-<br />
mita na comunidade internacional.<br />
Os próprios israelenses, muitas<br />
vezes são incapazes de enfrentar os<br />
danos que eles infligem na autodefesa.<br />
Sabendo disto, os extremistas islâmicos<br />
estão usando suas próprias<br />
populações como escudos humanos.<br />
Eu estou começando a me questionar<br />
sobre quanto tempo mais este<br />
plano vicioso ainda irá funcionar. A<br />
simpatia internacional para com os<br />
palestinos diminuiu ao mesmo tempo<br />
em que os extremistas islamofascistas<br />
trouxeram destruição a Madrid,<br />
Bali, Somália, Londres e em<br />
outros lugares. Mais importante ainda<br />
é que os israelenses estão sofrendo<br />
tanto, que eles podem estar à<br />
beira de perder suas simpatias pelas<br />
pessoas que juraram matá-los.<br />
Imagine o que é viver, sabendo<br />
que um foguete pode cair sobre você<br />
ou seus filhos a qualquer minuto.<br />
Metade das pessoas que vivem mais<br />
próximas de Gaza fugiu de suas casas.<br />
O restante vive é traumatizado<br />
diariamente por sirenas de advertência<br />
e as explosões.<br />
A ironia é que Israel tem o poder<br />
militar para ganhar facilmente a<br />
guerra que está sendo lançada contra<br />
eles hoje. Eles não usaram esse<br />
poder, no passado, não só pela compaixão<br />
aos civis palestinos, mas porque<br />
poderia ativar um conflito regional<br />
mais longo.<br />
Entretanto, esse equilíbrio de forças<br />
está a ponto de mudar. Se o Irã<br />
desenvolver armas nucleares, a própria<br />
existência desta pequena nação<br />
chamada Israel estará ameaçada. O<br />
regime iraniano não deixou dúvidas<br />
de que pretende ver Israel “apagado<br />
do mapa.” O Hamas está usando a<br />
mesma linguagem, não coincidentemente,<br />
e anunciou que começará<br />
a lançar projeteis também em<br />
Israel a partir da Margem Ocidental.<br />
Se o mundo não agir para parar<br />
as ambições nucleares de Irã, deverá<br />
estar preparado para as conseqüências<br />
de Israel defende-se a mesmo.
m físico judeu envia<br />
cartas à prima com notícias<br />
das pesquisas da<br />
equipe de Albert Einstein.<br />
Uma soprano, que<br />
dá aulas de música na colônia,<br />
interpreta trechos<br />
de Madame Butterfly<br />
para a vaca Berenice,<br />
acreditando<br />
que a ópera estimula<br />
a produção de leite.<br />
Um casamento judaico<br />
celebrado em plena<br />
mata tropical, o<br />
drama e os sonhos de<br />
uma governanta da<br />
família Matarazzo Suplicy<br />
e a amizade entre<br />
uma senhora judia<br />
e o pintor Cândido<br />
Portinari, são abordadas<br />
no romance com<br />
raízes verdadeiras.<br />
Jornalista lança livro e conta<br />
saga de judeus em Rolândia<br />
Todas estas histórias estão reunidas<br />
no livro ‘A Travessia da Terra<br />
Vermelha’, do jornalista Lucius de<br />
Mello, que conta a saga de refugiados<br />
judeus na cidade de Rolândia,<br />
no Norte do Paraná. Eles vieram<br />
principalmente da<br />
Alemanha, fugindo<br />
de Hitler e dos nazistas.<br />
Com a participação<br />
de um exdeputado<br />
católico,<br />
Otto Proustel, perseguido<br />
político do<br />
nazismo, e da companhia<br />
ferroviária<br />
inglesa Paraná Plantation,<br />
foi possível<br />
montar uma operação<br />
chamada “triangular”.<br />
Judeus compravam<br />
na Alemanha<br />
equipamentos, e em<br />
troca a companhia<br />
concedia <strong>título</strong>s de terras em Rolândia.<br />
De posse dessas terras, famílias,<br />
muitas delas da elite e intelectuais,<br />
puderam escapar assim<br />
da sanha nazista.<br />
A obra, que rememora a vida de<br />
famílias judias, alemãs e cristãs que<br />
fundaram a cidade, fala das dificuldades<br />
que essa gente enfrentou no<br />
meio do mato: as doenças, os insetos,<br />
os bichos, o preconceito, a falta<br />
de socorro médico, a saudade dos<br />
amigos e parentes que não conse-<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
guiram fugir e morreram nos campos<br />
de concentração.<br />
Fundamentado em ampla pesquisa,<br />
o autor constrói um romance histórico<br />
desvendando micro-histórias<br />
de personagens anônimos que, a partir<br />
de 1933, fizeram de Rolândia o<br />
seu porto seguro. Sensível ao drama<br />
humano, Lucius transita entre a<br />
história e a literatura reconstituindo<br />
a memória do Holocausto cuja<br />
sombra estendeu-se além das fronteiras<br />
da Alemanha nazista.<br />
Obra será lançada em Curitiba<br />
"Travessia da Terra Vermelha" será lançada em Curitiba em duas<br />
oportunidades pelo autor Lucius de Mello. A primeira, será no Centro Israelita<br />
do Paraná (CIP) , dia 3 de setembro, às 18h30, quando o jornalista e<br />
escritor fará uma palestra a respeito, aberta à comunidade judaica.<br />
No dia 4/9, às 19 h, o autor lança o livro nas Livrarias Curitiba do<br />
Shopping Park Barigüi. Nos dois eventos haverá noite de autógrafos.<br />
Lucius de Mello<br />
21
22 (com<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
VISÃO<br />
Parlamentares brasileiros em Israel<br />
Os deputados federais Carlos Eduardo<br />
Vieira da Cunha e Gustavo Fruet, estiveram<br />
em Israel onde participaram, em<br />
julho, do III <strong>Sem</strong>inário para Parlamentares<br />
Latino-Americanos. O objetivo é<br />
reforçar as relações entre congressistas<br />
de Israel, do Brasil e de toda América<br />
Latina, além de propiciar contato direto<br />
com a realidade israelense e conhecimento<br />
sobre temas considerados relevantes<br />
para a região do Oriente Médio.<br />
Durante o evento, promovido pelo<br />
Ministério das Relações Exteriores e o<br />
Parlamento de Israel (Knesset), os participantes<br />
se encontraram com a ministra<br />
Tzipi Livni e a vice-presidente do<br />
Parlamento, Colette Avital, com autoridades,<br />
parlamentares e acadêmicos<br />
israelenses. Visitaram Jerusalém, Tel<br />
Aviv e o norte de Israel. Os seminários<br />
anteriores aconteceram em 2003 e<br />
2005. (Embaixada de Israel/Conib).<br />
Pedida demissão de padre polonês<br />
O Centro Simon Weisenthal (CSW) solicitou<br />
ao Papa Bento XVI para que intervenha<br />
contra um padre polonês por<br />
seu manifesto anti-semita, que vem provocando<br />
polêmica no governo do conservador<br />
Lech Kaczynski. Conhecido<br />
mundialmente por sua luta contra o<br />
anti-semitismo, o CSW pediu ao Papa<br />
a demissão de Tadeusz Rydzyk, diretor<br />
da emissora católica polonesa Maryja,<br />
que acusou o chefe de Estado, o conservador<br />
Lech Kaczynski, de ser favorável<br />
às reivindicações dos judeus em<br />
relação à Polônia, conforme o semánario<br />
Wprost. “(...) A questão é que a<br />
Polônia deve dar aos judeus 65 milhões<br />
de dólares. Eles virão até nós e<br />
pedirão: ‘’Me dê esta casa! Pague estas<br />
calças! Me dê estes sapatos!’”,disse<br />
Rydzyk, citado pelo jornal. O comunicado<br />
do Centro Weisenthal cita as mesmas<br />
declarações do padre, qualificadas<br />
como ‘’escandalosas’’ pelo rabino Marvin<br />
Hier, fundador do CSW. (AFP).<br />
Munique quer mudar nome de rua<br />
panorâmica<br />
Um projeto municipal de Munique, capital<br />
da Bavária, no sul da Alemanha,<br />
pretende trocar o nome da Meiserstrasse,<br />
rua que homenageia o bispo protestante<br />
Hans Meiser (1881-1956), conhecido<br />
por resistir ao nazismo, mas<br />
que se recusou a ajudar judeus perseguidos.<br />
As autoridades da cidade —<br />
governada por uma coalizão Social Democrata<br />
e Verdes — propuseram rebatizar<br />
a rua. Medidas semelhantes já foram<br />
adotadas em outras cidades bávaras,<br />
como Nuremberg. “As declarações<br />
anti-semitas tornam seu nome indigno<br />
de uma rua em Munique”, disse o líder<br />
local dos Verdes, Siegfried Benker. Con-<br />
informações das agências AP, Reuters,<br />
AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />
Post, Haaretz e IG)<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Yossi Groisseoign<br />
tra a decisão da prefeitura manifestouse<br />
o bispo protestante regional Johannes<br />
Friedrich, cuja igreja fica exatamente<br />
na Meiserstrasse. Para ele, a prefeitura<br />
foi “demasiado politicamente correta”.<br />
Meiser nos anos 30 colocou-se em<br />
defesa da igreja evangélica da Bavária<br />
contra o regime nazista e contra os planos<br />
de aquisição por parte dos “Cristãos<br />
Alemães”, movimento que apoiava<br />
as idéias racistas do nacional-socialismo.<br />
Ao mesmo tempo, o bispo escrevia<br />
artigos anti-semitas, afirmando que “a<br />
mentalidade dos judeus tem qualquer<br />
coisa de corrosiva e caustica”. (ANSA)<br />
Austríaco anti-nazista beatificado<br />
Em 26 de outubro será beatificado<br />
Franz Jägerstätter, camponês que desafiou<br />
Adolf Hitler e reconhecido como<br />
mártir por Bento XVI. A beatificação<br />
será presidida pelo cardeal José Saraiva<br />
Martins, prefeito da Congregação<br />
para as Causas dos Santos, na catedral<br />
da diocese austríaca de Linz. Jägerstätter,<br />
casado e pai de três filhos, foi<br />
guilhotinado em 9 de agosto de 1943,<br />
aos 36 anos, por sua oposição pública<br />
a Hitler e ao nazismo em nome de sua<br />
fé. Foi recrutado pelo exército do Terceiro<br />
Reich, mas se opôs citando as<br />
palavras de São Pedro: “Há que se obedecer<br />
a D-us antes que aos homens”.<br />
Em seu testamento escreveu: “Escrevo<br />
com as mãos atadas, mas prefiro esta<br />
condição a ter encadeada minha vontade”.<br />
Em 1º de junho Bento XVI autorizou<br />
a publicação do decreto que reconhece<br />
seu martírio e que abriu as<br />
portas a sua beatificação. (Zenit)<br />
Peça de 2.700 anos volta a Jerusalém<br />
As autoridades turcas querem devolver<br />
a Jerusalém uma tabuleta de 2.700 anos<br />
de idade, de grande valor simbólico<br />
para o povo judeu e atualmente exposta<br />
no Museu Arqueológico de Istambul.<br />
O prefeito de Jerusalém, Uri Lupolianski,<br />
obteve o compromisso do embaixador<br />
turco em Israel, Namik Tan, de fazer o<br />
possível para devolver a tabuleta à cidade,<br />
onde foi encontrada por arqueólogos<br />
britânicos em 1880 e a entregaram<br />
ao Império Otomano, que controlava<br />
Jerusalém na época. A tabuleta<br />
contém a denominada inscrição de Siloam,<br />
onde se descreve a época do primeiro<br />
Templo de Jerusalém, destruído<br />
por Nabucodonosor em 586 a.C., e a<br />
construção pelo rei Ezequias do túnel<br />
em que foi localizada. Esta construção,<br />
que é mencionada no Antigo Testamento,<br />
permitia transportar água para Jerusalém<br />
de um arroio situado fora das<br />
muralhas da cidadela em torno de 700<br />
d.C. Lupolianski comprometeu-se a<br />
construir um monumento em homenagem<br />
aos soldados turcos mortos no atual<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Estado de Israel (então Palestina) durante<br />
a Primeira Guerra Mundial. (The<br />
Jerusalem Post)<br />
Amia: Dia de Luto Nacional<br />
O governo argentino declarou 18 de<br />
julho como “Dia de Luto Nacional”,<br />
marcando assim o 13º aniversário do<br />
atentado que destruiu a sede da Associação<br />
Mutual Israelita Argentina<br />
(Amia), deixando 85 mortos e 150 feridos.<br />
O atentado terrorista “foi um<br />
ataque direto à soberania da nação”,<br />
diz o decreto do presidente Néstor Kirchner,<br />
que determina que, neste dia,<br />
a bandeira argentina fique a meio mastro<br />
em edifícios e espaços públicos<br />
para expressar luto - uma homenagem<br />
às vítimas e o “permanente repúdio e<br />
condenação” a “uma agressão aos valores<br />
éticos e jurídicos dos argentinos<br />
e a seu sistema democrático”. O<br />
ataque à Amia, localizada num dos<br />
bairros mais populosos de Buenos Aires,<br />
foi o mais sangrento perpetrado<br />
por terroristas na história do país. Os<br />
22 argentinos acusados de cumplicidade<br />
no atentado, a maioria deles expoliciais,<br />
foram absolvidos por falta<br />
de provas depois de um julgamento<br />
em 2004, quando começou um processo<br />
pelo qual, mais tarde, foi destituído<br />
o juiz Juan José Galeano, que<br />
realizou as primeiras investigações.<br />
Também permanece impune o atentado<br />
que destruiu, em março de 1992,<br />
a embaixada de Israel em Buenos Aires,<br />
deixando 29 mortos e mais de cem<br />
feridos. (Jornal Alef).<br />
Condolências pelo acidente aéreo<br />
"O governo, o povo do Estado de Israel<br />
e a Embaixada de Israel no Brasil<br />
se solidarizam com o povo brasileiro e<br />
com as famílias em luto pelo trágico<br />
acidente aéreo, ocorrido em 17 de julho<br />
de 2007, diz a mensagem do presidente<br />
de Israel", Shimon Peres, encaminhada<br />
ao presidente Lula por causa<br />
da tragédia do acidente da Tam no<br />
aeroporto de Congonhas. Segue o texto:<br />
“É em choque e com profundo pesar<br />
que ouvi sobre o terrível acidente<br />
aéreo no aeroporto de São Paulo com<br />
aproximadamente 200 pessoas, deixando<br />
desoladas suas famílias e a população<br />
do Brasil, por essa horrível tragédia.<br />
Nós em Israel lamentamos junto a<br />
vocês pela perda de vidas inocentes, e<br />
eu gostaria de oferecer meus sinceros<br />
sentimentos nestes dias de luto. Com<br />
muito pesar, Atenciosamente, Shimon<br />
Peres". (B’nai B’rith do Brasil).<br />
Museu em campo de concentração<br />
O presidente da Ucrânia, Viktor<br />
Yushchenko, e o ministro de Assuntos<br />
Exteriores da Alemanha, Frank-<br />
Walter Steinmeier, inauguraram em 22/<br />
7 um museu no antigo campo de concentração<br />
de Flossenbürg, na Alemanha,<br />
como um apelo contra o esquecimento<br />
dos crimes e da barbárie nazista.<br />
“É impossível explicar a morte<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
de milhões de pessoas. O importante<br />
é que a história não se repita”, disse<br />
Yushchenko, que foi com a família ao<br />
lugar em que seu pai, Andrej, passou<br />
seis meses confinado como prisioneiro<br />
de guerra. “Estamos num local que<br />
representa a vergonha da Alemanha”,<br />
afirmou Steinmeier, com relação ao<br />
campo de concentração que reuniu<br />
100 mil pessoas presas, das quais 30<br />
mil morreram. Flossenbürg, no sul da<br />
Alemanha, foi aberto em 1938 pelos<br />
nazistas, e seus prisioneiros foram libertados<br />
pelas tropas americanas em<br />
23 de abril de 1945. Até 1990, o local<br />
quase não era conhecido, apesar<br />
do monumento erguido em 1946, em<br />
memória das vítimas do nazismo. Durante<br />
décadas, o campo de concentração<br />
foi considerado um mero cemitério,<br />
até a construção do novo museu,<br />
que possui uma exposição permanente<br />
que documenta o destino daqueles<br />
que permaneceram confinados<br />
no local. (Efe).<br />
Arafat morreu de Aids<br />
Uma nova versão para a misteriosa morte<br />
de Yasser Arafat, em novembro de<br />
2004 foi apresentada: ele teria sido<br />
vítima de Aids, segundo o fundador da<br />
Frente Para a Libertação da Palestina<br />
(FPLP), Ahmad Jibril. A declaração,<br />
feita em entrevista à televisão Al-Manar,<br />
baseia-se num relatório do hospital<br />
francês onde Arafat ficou internado<br />
antes de morrer. O documento, segundo<br />
Jibril, foi entregue ao presidente<br />
palestino Mahmoud Abbas, que teria<br />
confirmado a informação. Apesar de<br />
Arafat ter se casado e ter tido uma filha,<br />
eram freqüentes as especulações<br />
de que ele era homossexual. Um livro<br />
publicado em 2005 por repórteres do<br />
jornal israelense Haaretz afirma que o<br />
médico do líder palestino confirmou<br />
que ele tinha Aids. Muitos palestinos<br />
porém, apontam Israel como responsável<br />
pela morte de Arafat. Entre as<br />
versões mais citadas é a de que ele foi<br />
envenenado. Na entrevista à TV Al Manar,<br />
Jibril diz que cobrou de Abbas uma<br />
investigação séria sobre a morte de<br />
Arafat. Segundo ele, o presidente palestino<br />
respondeu então que “o relatório<br />
dos franceses é muito claro e esclarecia<br />
que a Aids foi a causa da morte<br />
de Arafat”. (Globo Online).<br />
Não ao boicote britânico<br />
Parece que os esforços na reprovação<br />
aos britânicos que lançaram o boicote<br />
contra Israel na Inglaterra não foram<br />
em vão. Os resultados de uma pesquisa<br />
de opinião realizada pelo British Medical<br />
Journal com mais de 27 mil pessoas<br />
participando, mostram que mais de<br />
76% disseram não ao boicote. A pesquisa,<br />
divulgada em 26/7 pelo jornal<br />
britânico especializado em medicina,<br />
observa que 76,4% dos entrevistados<br />
consideram injusto o a boicote a Israel,<br />
e só 23,6% disseram sim a ele. Ou<br />
seja, o boicote é fracasso total. (British<br />
Medical Journal).
Eduard Yitzhak *<br />
Redação do Objectiv-info<br />
publicou em 16.2.2007<br />
na internet a entrevista<br />
que o diretor do World Net<br />
Daily manteve com o jornalista<br />
árabe norte-americano Joseph<br />
Farah em 11 de outubro de 2000,<br />
no início da Intifada Al Aqsa. Na qual<br />
se desmontam com pertinência dois<br />
mitos do “palestinismo”: o da existência<br />
de um “povo palestino” desde<br />
toda a eternidade, e o do status<br />
de Jerusalém como terceiro lugar<br />
santo do Islã.<br />
É sobre esta base que se pode<br />
compreender melhor a grande comédia<br />
— sobre a moda dos crentes<br />
muçulmanos ultrajados — que procede<br />
de numerosos dirigentes árabes<br />
e/ou muçulmanos a propósito<br />
das obras levadas a efeito por Israel<br />
em sua capital eterna, Jerusalém,<br />
para restaurar a passarela da Porta<br />
dos Magrebins.<br />
Joseph Farah, jornalista árabe<br />
norte-americano:<br />
“A situação no Oriente Médio<br />
parece simples para todo o mundo:<br />
Os palestinos querem uma pátria<br />
e os muçulmanos querem o<br />
controle dos sítios que eles consideram<br />
sagrados”.<br />
Parece elementar e simples, não?<br />
Bem, eu, no entanto, como jornalista<br />
árabe americano que se forjou<br />
num conhecimento profundo da<br />
situação no Oriente Médio, com base<br />
em comentários sobre lançamento de<br />
pedras e disparos de morteiros, posso<br />
atualmente assegurar que a justificativa<br />
da violência e dos motins<br />
não tem sua origem na simples reivindicação<br />
palestina de uma pátria,<br />
nem na vontade dos muçulmanos de<br />
controlar os lugares que eles consideram<br />
sagrados.<br />
Surpresos?<br />
Então como se explica que antes<br />
da Guerra dos Seis Dias em<br />
1967 não houve nenhum movimento<br />
sério de reivindicação da independência<br />
palestina?<br />
Antes de 1967? Você me dirá:<br />
“os israelenses não ocupavam a<br />
Cisjordânia nem a velha cidade de<br />
Jerusalém”<br />
Isto é certo. Mas durante a<br />
guerra dos Seis Dias, isto não estava<br />
nas mãos dos palestinos, nem<br />
de Yasser Arafat; Israel conquistou<br />
a Judéia, a Samária –”Cisjordânia”<br />
e Jerusalém Leste. Estes territórios<br />
estavam ocupados pelo rei Hussein<br />
de Jordânia desde 1948. Alguma<br />
vez foi pedido ao soberano hache-<br />
Mitos do Oriente Médio<br />
mita Hussein que restituísse estes<br />
territórios aos palestinos?<br />
Houve alguma resolução da ONU<br />
sobre este tema, de que os palestinos<br />
ficassem na Judéia, na Samária<br />
e em Jerusalém Leste?<br />
Não e Não.<br />
Não se pergunta por que então<br />
todos estes palestinos subitamente<br />
descobriram sua identidade nacional,<br />
justamente depois que Israel<br />
ganhou aquela guerra?<br />
A verdade é que a Palestina é um<br />
mito!<br />
O nome Palestina foi utilizado<br />
pela primeira vez no ano 135 da era<br />
atual pelo imperador romano Adriano,<br />
que não contente em erradicar a<br />
presença judaica da Judéia (uma presença<br />
que então durava mais de 1000<br />
anos), não satisfeito em haver destruído<br />
seu Templo — ano 70 da era<br />
atual, por Tito —, não contente em<br />
ter proibido o acesso dos últimos<br />
judeus ao país, se convenceu de que<br />
lhe faltava aniquilar qualquer traço da<br />
civilização judaica no país “batizouo”<br />
aproveitando um nome derivado<br />
dos filisteus. Os filisteus eram aquele<br />
povo, ao qual pertencia Golias e que<br />
os hebreus conseguiram vencer muitos<br />
—12 — séculos antes.<br />
Este “batismo” era para os romanos<br />
uma forma de acrescentar o<br />
insulto à ferida. Também eles, os romanos,<br />
fizeram igualmente mudar o<br />
nome de Jerusalém para “Aelia Capitolina”,<br />
mas nisto não tiveram o<br />
mesmo êxito.<br />
A Palestina, no entanto, como<br />
entidade autônoma não existiu nunca<br />
no curso da História. Jamais. Mas<br />
o país foi dominado sucessivamente<br />
pelos romanos, pelos cruzados<br />
cristãos, pelos muçulmanos (os<br />
quais nunca fizeram de Jerusalém<br />
uma capital durante o tempo que<br />
ocuparam o país), pelos otomanos<br />
e brevemente, pelos britânicos ao<br />
dia seguinte da 1ª Guerra Mundial.<br />
Desde 1917, com a Declaração Balfour,<br />
os britânicos mostraram-se favoráveis<br />
em ceder ao menos uma<br />
parte do território ao povo judeu<br />
para que eles pudessem estabelecer<br />
um estado soberano.<br />
Não existe uma língua propriamente<br />
palestina. Nem tampouco cultura<br />
especificamente palestina.<br />
Não existiu nunca uma Palestina<br />
dirigida por palestinos. Estes últimos<br />
são árabes, e são indissociáveis<br />
dos jordanianos (a Jordânia, ela própria,<br />
é também uma invenção recente,<br />
criada em 1922 pelos britânicos).<br />
Coloquem na sua cabeça que o<br />
mundo árabe controla 99,9% das ter-<br />
ras do Oriente Médio e que Israel não<br />
representa mais que 0,1% da superfície<br />
regional!<br />
Mas isto — que Israel tenha 0,1%<br />
da superfície do Oriente Médio — é<br />
muito para os árabes. Os árabes querem<br />
tudo. Isto é precisamente onde<br />
se situa o nó do conflito com o qual<br />
se opõem a Israel. Avidez, avareza,<br />
orgulho, arrogância, inveja, cobiça.<br />
Todas as concessões que possa<br />
Israel fazer nunca serão suficientes.<br />
World Net Daily: E o que diz sobre<br />
os lugares santos do Islã?<br />
Joseph Farah: Simplesmente, que<br />
não há nenhum em Jerusalém.<br />
Estão chocados? Podem ficar.<br />
Estou convencido de que não ouvirão<br />
nunca esta verdade brutal na<br />
mídia internacional. Isto é politicamente<br />
incorreto.<br />
Já sei que dirão: ”A Mesquita de<br />
Al Aqsa e o Domo da Rocha em Jerusalém<br />
representam o terceiro lugar<br />
santo do Islã”, depois de Meca<br />
e Medina.<br />
Bem, saibam que isto é falso! Na<br />
realidade, o Alcorão não faz nenhuma<br />
menção sobre Jerusalém. Meca é<br />
citada centenas de vezes. Medina é<br />
mencionada um número incalculável<br />
de vezes. Mas Jerusalém, jamais (por<br />
outro lado, Jerusalém é citada 669<br />
vezes na Torá!<br />
Não há nenhuma prova histórica<br />
de que Maomé tenha estado em<br />
Jerusalém.<br />
Então como é que Jerusalém se<br />
tornou o terceiro lugar santo do Islã?<br />
Os muçulmanos, hoje em dia, se<br />
referem a uma vaga passagem do Alcorão,<br />
a Sura 17 intitulada “A Viagem<br />
noturna – Al-Isra”. Se havia feito<br />
de um sonho de Maomé que foi<br />
transportado de noite “da mesquita<br />
sagrada à mesquita distante cujo recinto<br />
temos abençoado”.<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
No século 7, os muçulmanos<br />
identificaram os dois templos mencionados<br />
neste versículo como Meca<br />
e Jerusalém. Eis aqui como se mantém<br />
a limitada conexão entre o Islã<br />
e Jerusalém – conexão feita de sonho,<br />
de imaginação, de interpretações<br />
e mito.<br />
Paralelamente, o povo judeu vê<br />
suas raízes em Jerusalém remontando<br />
até a época do patriarca Abrahão.<br />
A última onda de violência que faz<br />
estragos em Israel teve como origem,<br />
diz-se, na visita do chefe do partido<br />
Likud, Ariel Sharon ao Monte do Templo,<br />
onde se encontra os fundamentos<br />
do Templo construído por Salomão.<br />
Este é o lugar mais santo do<br />
judaísmo. Sharon e sua comitiva foram<br />
recebidos a pedradas e insultos.<br />
Eu sei o que parece isto. Eu estava lá.<br />
Podem imaginar o que sentem os judeus<br />
quando são ameaçados, apedrejados<br />
e mantidos distantes do lugar<br />
mais santo do judaísmo?<br />
Então, me dirão, qual é a solução<br />
para conseguir a paz neste<br />
Oriente Médio?<br />
Francamente, não creio que hoje<br />
em dia alguém possa pretender ter<br />
uma solução duradoura. Mas se<br />
há alguma, esta deve começar<br />
por restabelecer a Verdade.<br />
A propagação de<br />
mentiras não trará mais<br />
que o caos. Continuar<br />
desprezando o direito<br />
legítimo de 5 mil anos<br />
de antigüidade dos judeus,<br />
e ainda por cima,<br />
reforçado por claríssimas<br />
provas históricas e arqueológicas,<br />
confrontando-as com<br />
as falsas reivindicações – dos muçulmanos—,<br />
não poderá dar mais que<br />
uma má reputação a esta diplomacia<br />
de embusteiros.<br />
* Eduard Yitzhak é escritor<br />
e um dos principais<br />
colaboradores do website<br />
Es-Israel (www.esisrael.org),<br />
parceiro do<br />
jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
23
24<br />
Capa da revista<br />
comemorativa aos 25<br />
anos do Beit Chabad<br />
em Curitiba<br />
Os vitrais da<br />
sinagoga, criação e<br />
arte de Sérgio Segall<br />
e execução de<br />
Adoaldo Lenzi<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Eli Hasson (E) escreveu a última letra da Torá, doada pelo filho Roland Hasson (C, em 2 0 plano) O rabino Yossef Dubrawsky, diretor do Beit Chabad leva o terceiro Sefer Torá sob a Chupá<br />
Aos 25 anos, Beit Chabad de Curitiba<br />
recebe nova Torá e inaugura Sinagoga<br />
uritiba e sua comunidade<br />
judaica viveram no<br />
domingo 26/8 uma<br />
bela festa de alegria, que<br />
reuniu boa parte das famílias<br />
do ishuv local. A grande e<br />
animada festa significou uma comemoração<br />
quádrupla: A cerimônia de<br />
conclusão do terceiro Sefer Torá, a<br />
inauguração da nova Sinagoga do<br />
Beit Chabad em sua sede na Rua Ângelo<br />
Sampaio, 370, na Água Verde,<br />
em Curitiba, inauguração do Colel<br />
– Centro de Estudos, e a comemoração<br />
dos 25 anos do Beit Chabad<br />
em Curitiba.<br />
Festa marcou também o início das atividades do Colel – Centro de Estudos<br />
A conclusão da escrita e entrega<br />
do terceiro Sefer Torá, começou<br />
logo pela manhã, no salão de festas<br />
do edifício onde reside a família<br />
de Roland Hasson, que fez a doação<br />
dos rolos com o pergaminho<br />
da Torá. Esse evento, de escrita de<br />
algumas letras em espaços deixados<br />
em branco, diante da comunidade,<br />
é um ato sagrado e raríssimo, que a<br />
maioria dos judeus de qualquer parte<br />
do mundo tem poucas oportunidades<br />
de presenciar e participar.<br />
Estar presente à conclusão de Rolo<br />
da Torá, conforme o rabino Yossef<br />
Dubrawsky, do Beit Chabad, escre-<br />
ver uma letra nela, dançar e cantar<br />
com ela, é uma mitsvá que tem o<br />
poder de trazer as bençãos de D-us<br />
para a toda a família. Todas as pessoas<br />
presentes escreveram letras na<br />
Torá e fizeram sua Tsedacá.<br />
Perto das 13 h, finda a cerimônia,<br />
a Torá foi conduzida, a pé, sob<br />
uma Chupá, por uma multidão integrada<br />
por homens, mulheres, crianças,<br />
adolescentes, adultos e idosos,<br />
que dançavam e cantavam alegremente<br />
animados por um trio elétrico,<br />
seguindo da Rua Petit Carneiro até a<br />
sede do Chabad, com as ruas interditadas<br />
pela Diretan de Curitiba.<br />
A Rua Ângelo Sampaio, no trecho<br />
entre a Petit Carneiro e a Brasílio Itiberê<br />
também foi fechada ao trânsito,<br />
para que as pessoas pudessem acompanhar<br />
a solenidade de homenagens<br />
feitas aos casais Saul e Sara Zugman,<br />
Miguel e Cecília Krigsner, e Haroldo e<br />
Sarita Jacobovicz que, com sua generosidade<br />
possibilitaram a concretização<br />
dos projetos do Beit Chabad.<br />
As placas de homenagens foram entregues<br />
respectivamente aos casais<br />
pelos rabinos, Shamai Ende, Shabsi<br />
Alpern e Yossef Dubrawsky. Houve ain-<br />
Continua na página 25
Sara e Saul<br />
Zugman,<br />
Rabino Ende<br />
Shamai,<br />
Noemia e Ari<br />
Zugman<br />
Sarita e<br />
Haroldo<br />
Jacobovicz<br />
ladeados por<br />
Tila e<br />
Yossef<br />
Dubrawsky<br />
Cecília e<br />
Miguel<br />
Krigsner com<br />
o rabino<br />
Shabsi<br />
Alpern, do<br />
Chabad<br />
Central de<br />
São Paulo<br />
Continuação da página 24<br />
da uma homenagem especial a Senhora<br />
Sara Burstein por constante apoio,<br />
dedicação exclusiva e trabalho incansável<br />
que há anos vem realizando no<br />
Chabad de Curitiba.<br />
Após os discursos, foram colocadas<br />
as mezuzót nas portas de entrada<br />
do Chabad, do Colel e da Sinagoga,<br />
bem como descerradas as placas com<br />
mais homenagens às famílias benfeitoras<br />
e às pessoas que há 25 anos<br />
atrás deram tudo de si para que o<br />
Chabad se instalasse em Curitiba.<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
Igualmente foi inaugurado um painel<br />
com azulejos pintados à mão por<br />
alunos do primeiro grau da Escola israelita<br />
Brasileira Salomão Guelmann<br />
com motivos judaicos. A seguir foi<br />
inaugurada a sinagoga e introduzida<br />
a nova Torá, seguindo-se um farto<br />
Lechaim, que na verdade foi um lauto<br />
almoço. Na saída, todas as pessoas<br />
receberam de lembrança uma revista<br />
comemorativa aos 25 anos do Beit<br />
Chabad de Curitiba, com 76 páginas<br />
coloridas em papel couchê, contando<br />
a história do Chabad e também de<br />
parte da vida da comunidade.<br />
25
26<br />
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
* David Harris é jornalista e<br />
este seu artigo foi<br />
publicado no The<br />
Jerusalem Post. Traduzido<br />
por Irene Walda<br />
Heynemann. Publicado no<br />
site De Olho na Mídia<br />
(www.deolhonamidia.org.br)<br />
em 04/6/2007.<br />
Dez modos em que o Estado<br />
de Israel é tratado de forma desigual<br />
David Harris *<br />
qui está a minha lista. Eu<br />
convido os leitores a sugeriram<br />
outros exemplos que<br />
particularmente os aflijam.<br />
Primeiro, Israel é o único<br />
estado membro da ONU, cujo<br />
próprio direito de existir está sob uma<br />
contínua contestação. Apesar do fato<br />
de Israel ter sido criado com a aprovação<br />
oficial da ONU e se tornado um<br />
país membro deste organismo mundial<br />
desde 1949, existe um coro implacável<br />
de nações, instituições e indivíduos<br />
que negam a própria legitimidade<br />
política de Israel. Ninguém<br />
ousaria questionar o direito de existir<br />
da Líbia, da Arábia Saudita ou da<br />
Síria. Por que então está aberta a estação<br />
de caça a Israel? Como se nós<br />
não soubéssemos a resposta.<br />
Segundo, Israel é o único país<br />
membro da ONU que é vítima de<br />
ameaças públicas de aniquilação por<br />
outro país membro da ONU. Pense<br />
nisto. O presidente iraniano clama<br />
para que Israel seja varrido do mapa.<br />
Há qualquer outro país que enfrenta<br />
tal clamor aberto por<br />
sua destruição genocida?<br />
Terceiro, Israel é a<br />
única nação cuja capital,<br />
Jerusalém, não é<br />
reconhecida pelas outras<br />
nações. Imagine o<br />
absurdo disto. Diplomatas<br />
estrangeiros vivem<br />
em Tel Aviv e ao<br />
mesmo tempo conduzem<br />
virtualmente todos o seus<br />
assuntos em Jerusalém. Embora<br />
nenhuma nação ocidental<br />
questione a presença de Israel na<br />
metade ocidental da cidade, onde<br />
estão localizados o gabinete do primeiro-ministro,<br />
o parlamento (Knes-<br />
Um agente do Hezbolá, entrevistado<br />
pelo Canal 10 da TV israelense<br />
afirmou que o grupo terrorista foi<br />
salvo pela decisão do governo Olmert<br />
de pedir um cessar-fogo.<br />
“O cessar-fogo [ao final da Segunda<br />
Guerra no Líbano] serviu<br />
como um colete salva-vidas para a<br />
organização”, disse o terrorista. Ele<br />
explicou que o grupo teria se rendido<br />
se as batalhas prosseguissem<br />
por mais 10 dias.<br />
Ele descreveu a condição do<br />
set) e o Ministério das Relações Exteriores,<br />
não há nenhuma embaixada<br />
lá. Na realidade, se você olhar<br />
listagens de cidades mundiais, inclusive<br />
locais de nascimento em<br />
passaportes, você verá freqüentemente<br />
algo espantoso - Paris, França;<br />
Tóquio, Japão; Pretória, África<br />
do Sul; Lima, Peru; e Jerusalém, sem<br />
país - órfão, se você quiser.<br />
Quarto, a ONU tem duas agências<br />
que tratam de refugiados. Uma, o<br />
Alto Comissariado das Nações Unidas<br />
para os Refugiados (UNHCR, em<br />
inglês), cujo foco são as populações<br />
de refugiados de todo o mundo,<br />
menos um. A outra, a Agência das<br />
Nações Unidas de Assistência aos<br />
Refugiados (UNRWA, em inglês), trata<br />
só dos palestinos. Mas a esquisitice<br />
vai além das duas estruturas e<br />
duas burocracias. Eles têm dois mandatos<br />
diferentes. A UNHCR busca reassentar<br />
os refugiados; a UNRWA não.<br />
Quando, em 1951, John Blanford, o<br />
diretor da UNRWA, propôs reassentar<br />
até 250.000 refugiados em países<br />
árabes, estes países recusaram,<br />
levando à sua renúncia. A mensagem<br />
terminou por aí. Nenhuma autoridade<br />
da ONU desde então pressionou<br />
pelo seu restabelecimento.<br />
Além disso, as definições de “refugiado”<br />
da UNRWA e da UNHCR diferem<br />
consideravelmente. Enquanto<br />
que a UNHCR objetiva aqueles que<br />
fugiram de suas pátrias, a definição<br />
da UNRWA cobre “os descendentes de<br />
pessoas que se tornaram refugiados<br />
em 1948”, sem qualquer limitação<br />
relativa à geração.<br />
Quinto, Israel é o único país<br />
que ganhou todas as guerras principais<br />
pela sua sobrevivência e autodefesa,<br />
e ainda assim é confrontado<br />
pelos adversários derrotados<br />
que teimam em ditar as condições<br />
da paz. Ao fazerem isso, ironicamente,<br />
eles são apoiados por muitos<br />
países que, vitoriosos nas<br />
guerras, exigiram — e conseguiram<br />
— ajustes de suas fronteiras.<br />
Sexto, Israel é o único país que<br />
foi censurado nominalmente — não<br />
uma, mas nove vezes — desde que o<br />
novo Conselho de Direitos Humanos<br />
da ONU foi estabelecido em junho<br />
de 2006. Incrivelmente, ou talvez<br />
não, este organismo da ONU não tem<br />
adotado uma única resolução criticando<br />
qualquer país que realmente<br />
abusa dos direitos humanos. Quando<br />
finalmente discutiu a situação de<br />
Darfur, o Conselho se recusou vergonhosamente<br />
a apontar um dedo sequer<br />
para o Sudão.<br />
Sétimo, Israel é o único país que,<br />
em violação ao espírito do Estatuto<br />
da ONU, não é membro efetivo de um<br />
dos cinco blocos políticos regionais<br />
— África, Ásia, Europa Oriental, América<br />
Latina, e Europa Ocidental e<br />
Outros (WEOG, em inglês) — o que<br />
determina a elegibilidade à candidatura<br />
aos postos principais da ONU.<br />
Embora Israel tenha conseguido uma<br />
brecha em 2000 e se unido ao WEOG,<br />
sua associação é limitada a Nova<br />
Iorque, e não a outros centros da<br />
ONU, além de ser tanto condicional<br />
quanto temporária.<br />
Oitavo, Israel é o único país que<br />
é diariamente alvo de três organismos<br />
da ONU, estabelecidos somente<br />
para fazer progredir a causa palestina<br />
e esmagar Israel — o Comitê para<br />
o Exercício dos Direitos Inalienáveis<br />
o Povo Palestino, o Comitê Especial<br />
para Investigar Práticas Israelenses<br />
que Afetam os Direitos Humanos do<br />
Povo Palestino, e a Divisão pelos<br />
Direitos Palestinos do Departamento<br />
de Assuntos Políticos da ONU.<br />
Nono, Israel é o único país que é<br />
Cessar-fogo salvou Hezbolá<br />
da derrota na guerra o Líbano<br />
equipamento e da moral do Hezbolá<br />
no final da luta, dizendo que eles<br />
estavam quase sem comida, bebida<br />
e munição.<br />
A ministra de relações exteriores,<br />
Tzipi Livni, orgulhou-se perante a<br />
Comissão Winograd de que o cessarfogo<br />
tenha sido uma idéia dela, com<br />
o primeiro-ministro Ehud Olmert afirmando<br />
que esta foi uma das maiores<br />
conquistas da guerra.<br />
O oficial também admitiu disparar<br />
mísseis de dentro de cen-<br />
tros urbanos, sabendo que isto<br />
levaria a vitimas civis no lado libanês.<br />
Ele explicou que atirar de<br />
áreas abertas simplesmente não<br />
era possível, pois rapidamente a<br />
Força Aérea israelense (IAF) iria<br />
atingir os disparadores que operassem<br />
nestas regiões.<br />
Por outro lado, Walid Jumblatt,<br />
o líder druso libanês, acusou o secretário-geral<br />
do Hezbolá, Hassan<br />
Nassrallah de estar preparando o terreno<br />
para uma nova guerra.<br />
objeto de um boicote do Sindicato<br />
Nacional de Jornalistas Britânicos.<br />
Um boicote britânico anterior contra<br />
instituições acadêmicas israelenses<br />
foi cancelado por um detalhe<br />
técnico, porque o sindicato que adotou<br />
a medida fundiu-se com outro.<br />
Há agora uma reivindicação<br />
incipiente da parte de alguns membros<br />
da Associação Médica Britânica<br />
para excluir sua contraparte israelense<br />
da Associação Médica Mundial.<br />
E décimo, Israel é o único país<br />
onde alguns membros da sua população<br />
majoritária, ou seja, judeus,<br />
clamam abertamente, por razões políticas<br />
ou religiosas, pelo desmantelamento<br />
do Estado. Não é comparável<br />
a situação em que vozes religiosas<br />
do Neturei Karta, por exemplo,<br />
viajaram para Teerã para se unir publicamente<br />
a um líder que busca a<br />
destruição de Israel, com a situação<br />
dos extremistas políticos que buscam<br />
deslegitimizar o Estado de Israel<br />
e clamam por uma solução de<br />
“um estado”? Falando de nossos próprios<br />
piores inimigos... Tentar lidar<br />
com qualquer um destes dez assuntos,<br />
ainda mais com todos eles juntos,<br />
é um desafio assustador, para<br />
declarar o dolorosamente óbvio. E,<br />
conforme propus inicialmente, esta<br />
lista está longe de ser completa. Mas<br />
dá uma idéia do que acontece além<br />
das manchetes diárias.<br />
Uma antiga propaganda dizia que<br />
você não tem que ser judeu para amar<br />
o pão de centeio judaico do Levy’s.<br />
Bem, seguramente, você não tem que<br />
ser um ardente ativista a favor de<br />
Israel para se afligir com o tratamento<br />
injusto que é dado a Israel. Tudo<br />
que precisa é uma capacidade para<br />
se indignar com o fato de que coisas<br />
como estas continuem a acontecer<br />
diante de nossos próprios olhos.<br />
Ele explicou que Nassrallah estaria<br />
agindo de acordo com os interesses<br />
do Irã e da Síria ao invés<br />
do Líbano, citando discursos recentes<br />
do chefe do Hezbolá nos<br />
quais ele se orgulha que seus mísseis<br />
podem atingir qualquer ponto<br />
em Israel. A declaração de Jumblatt<br />
foi citado pelo jornal libanês<br />
Al-Mustakbal. (Fonte: Arutz<br />
Sheva/Israel National New, Ezra<br />
HaLevi. Tradução: Daniel Benjamin<br />
Barenbein).
VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768<br />
CSW pede anulação do acordo<br />
do PT com partido Baath da Síria<br />
Centro Simon Wiesenthal,<br />
organização judaica de defesa<br />
dos direitos humanos,<br />
pediu a anulação do acordo<br />
assinado entre o PT e o partido<br />
Baath da Síria. O CSW alertou<br />
em carta para as tendências totalitárias<br />
do compromisso petista.<br />
“O PT assinou em maio, em Damasco,<br />
um acordo de cooperação com o<br />
Partido Baath Árabe Socialista da Síria,<br />
para trocar idéias e pontos de vista<br />
a respeito de causas comuns e coordenar<br />
posições em congressos e fóruns<br />
internacionais. O partido Baath<br />
encabeça há décadas em seu país um<br />
regime autoritário que desconhece o<br />
respeito pelos direitos humanos”, disse<br />
o centro, que tem sede em Los Angeles,<br />
numa correspondência ao presidente<br />
do PT, deputado Ricardo Berzoini<br />
(SP), e ao secretário de relações<br />
internacionais petista, Valter Pomar.<br />
“Causa profunda decepção que um<br />
partido como o PT, que se valeu das<br />
regras do Estado de Direito para ascender<br />
à Presidência do Brasil, omita<br />
a promoção da democracia dos valores<br />
indispensáveis no momento de estabelecer<br />
seus acordos de cooperação em<br />
nível internacional”, afirmou o grupo<br />
judaico na carta.<br />
O PT, entretanto, não deu ouvidos<br />
ao CSW e afirma que vai manter o acordo.<br />
“O Centro Wiesenthal é respeitável,<br />
mas usa argumentos primários e cínicos.<br />
O PT não tem interesse em participar<br />
das operações de isolamento da<br />
Síria. O que uniu os dois partidos foi a<br />
crítica à política norte-americano no<br />
Oriente Médio”, declarou Valter Pomar.<br />
O protocolo de cooperação prevê o<br />
intercâmbio de experiências entre os<br />
partidos PT do Brasil e Partido Baath<br />
da Síria. Uma das intenções do pacto é<br />
promover o intercâmbio de idéias...”. O<br />
que poderia servir do modelo Baath para<br />
o PT? Só se a troca de experiências e<br />
Um kuwaitiano<br />
a favor de Israel<br />
No dia 7 de maio, o jornal<br />
kuwaitiano A-Siasa publicou um<br />
artigo assinado por Ajmed Bagdadi,<br />
jornalista e analista local, intitulado:<br />
“Coisas que nunca ocorrem<br />
– salvo em Israel”. O artigo é<br />
muito favorável ao Estado de Israel,<br />
ao seu povo, seu sistema e<br />
sua democracia. A seguir, um resumo<br />
do artigo.<br />
Há coisas que não podem<br />
ocorrer num país árabe ou muçulmano,<br />
mas que são muito normais<br />
nesse lugar que os árabes denominam<br />
“O ente judaico – Estado<br />
de Israel”. Desejaríamos que isso<br />
acontecesse em nossos países,<br />
mas simplesmente não pode ser<br />
porque nós, árabes, não temos o<br />
valor para fazê-lo. Eis aqui o que<br />
acontece em Israel:<br />
O povo escolhe os seus governantes,<br />
ou seja, o Primeiro Ministro,<br />
em eleições livres e diretas.<br />
O país é o único no qual os ministros<br />
têm a coragem de exigir a<br />
renúncia do Primeiro Ministro por<br />
ter cometido um erro com relação<br />
aos direitos do povo.<br />
É o único país onde o governo<br />
não pode impedir que seus cidadãos<br />
investiguem sobre qualquer<br />
tomada de decisões para inteirarse<br />
sobre a verdade.<br />
É o único país que pode fazer<br />
renunciar o Presidente por<br />
assédio sexual.<br />
O único país em que os intelectuais<br />
ou os líderes de opinião<br />
não são encarcerados por opinar<br />
sobre política ou religião.<br />
O único país cujas universidades<br />
são reconhecidas em<br />
todo o mundo por seu alto nível<br />
acadêmico.<br />
O único país em que o setor<br />
religioso não funciona arbitrariamente<br />
em detrimento da liberdade<br />
de opinião.<br />
O único país que pede as<br />
contas, todos os anos, a cada<br />
um dos seus cidadãos, incluindo<br />
o Presidente e o Primeiro<br />
Ministro, por lei: De onde provêm<br />
seus rendimentos?<br />
É o único país que admite os<br />
palestinos como imigrantes, dotando-lhes<br />
de serviços sociais<br />
e econômicos.<br />
É o único país onde há verdadeira<br />
liberdade jornalística,<br />
sem que se leve ninguém aos tribunais<br />
por expressar suas idéias.<br />
Israel é o único país de uma<br />
nação que deu ao mundo os<br />
maiores cientistas e músicos,<br />
pensadores e filósofos.<br />
Ajmed Bagdadi culmina seu artigo<br />
desafiando os leitores para<br />
que indiquem um só país árabe com<br />
um quarto destas condições. (Fonte:<br />
www.porisrael.org).<br />
idéias for para entender como se tornar<br />
mais autoritário e ditatorial. O acordo<br />
parece ser um claro retorno às raízes<br />
históricas do stalinismo petista.<br />
O Centro Simon Wiesenthal, que<br />
combate o anti-semitismo no mundo,<br />
deixou bem claro ao Partido dos Trabalhadores:<br />
“O partido Baath encabeça há<br />
décadas em seu país um regime autoritário<br />
que desconhece o respeito pelos<br />
direitos humanos... Causa profunda<br />
decepção que um partido como o PT,<br />
que se valeu das regras do Estado de<br />
Direito para ascender à Presidência do<br />
Brasil, omita a promoção da democracia<br />
dos valores indispensáveis no momento<br />
de estabelecer seus acordos de<br />
cooperação em nível internacional”.<br />
Segundo Valter Pomar, secretário<br />
de relações internacionais do PT, “a<br />
crítica à política norte-americana no<br />
Oriente Médio foi o que motivou o<br />
acordo entre o PT e o Baath”. De acordo<br />
com o crítico e blogueiro José Papo<br />
Nahool, a abelha, cuja aparição<br />
seguiu-se ao “assassinato” de Farfur,<br />
estreou no programa “Os Pioneiros do<br />
Amanhã” da TV Hamas, com a seguinte<br />
mensagem às crianças árabes: “Eu<br />
e meus amigos devemos continuar o<br />
caminho de Farfur... O caminho do<br />
martírio, o caminho dos guerreiros da<br />
Jihad... e em seu nome nós nos vingaremos<br />
dos inimigos de Alá... até<br />
que a Al-Aksa (mesquita em Jerusalém)<br />
seja liberada de suas sujeiras”<br />
(referência aos judeus). Recentemente,<br />
foram mostradas gravações na TV<br />
Hamas de crianças árabes graduando-se<br />
em um jardim de infância em<br />
Gaza. No vídeo, as crianças são vistas<br />
marchando em formação segurando<br />
metralhadoras e se jogando no chão,<br />
rastejando e jurando tornarem-se terroristas<br />
quando crescerem. Em outro<br />
(http://josepapomisc.blogspot.com),<br />
“essa resposta deixa óbvia a verdadeira<br />
face do PT. Não interessa para<br />
o Partido a defesa dos direitos humanos.<br />
O que importa é fazer oposição<br />
aos Estados Unidos, mesmo que seja<br />
aliando-se a grupos decididamente autoritários<br />
e que promovem a desestabilização<br />
de todo o Oriente Médio. A<br />
Síria, através de seus dirigentes do<br />
Partido totalitário Baath, realiza assassinatos<br />
de opositores políticos (inclusive<br />
em outro país, o Líbano) e ainda<br />
promove organizações terroristas<br />
como o Hamas e o Hezbolá”. Sobre o<br />
comentário de Valter Pomar de que<br />
“O Centro Wiesenthal é respeitável,<br />
mas usa argumentos primários e cínicos,<br />
Papo observou: “Se a defesa dos<br />
direitos humanos e da democracia é<br />
um argumento primário, então fico<br />
cada vez com mais receio do nosso<br />
atual governo e de suas políticas cada<br />
vez mais autoritárias”.<br />
Após a “morte” de Farfur, a TV<br />
Hamas apresenta a abelha Jihad<br />
trecho, duas meninas conversam...<br />
Saraa: “Sim amiguinhos, nós perdemos<br />
nosso querido amigo, Farfur.<br />
Farfur se tornou um mártir ao proteger<br />
sua terra. Ele se tornou um mártir nas<br />
mãos dos criminosos e assassinos. Os<br />
assassinos de crianças inocentes... Você<br />
viu que os judeus deixaram Farfur morrer<br />
como um mártir. O que você quer<br />
dizer aos judeus?”.<br />
Shaimaa, de 3 anos: “Nós não gostamos<br />
dos judeus porque eles são cães!<br />
Nós lutaremos contra eles!”.<br />
Saraa: “Está correto. Os judeus são<br />
criminosos e inimigos, nós temos que<br />
expulsá-los de nossa terra”.<br />
É assim que se envenena a mente<br />
das pequenas crianças palestinas, ensinando-lhes<br />
ódio, preconceito e niilismo,<br />
dificultando a coexistência e a paz<br />
no Oriente Médio.<br />
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VISÃO JUDAICA agosto de 2007 Elul 5767 / Tishrei 5768