Watchman Nee - Igreja em Feira de Santana
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Consi<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os, primeiro, seu sofrimento físico. O<br />
hom<strong>em</strong> peca através do corpo e nele <strong>de</strong>sfruta t<strong>em</strong>porariamente<br />
dos prazeres do pecado. Conseqüent<strong>em</strong>ente<br />
o corpo <strong>de</strong>ve | ser objeto <strong>de</strong> punição. Qu<strong>em</strong> po<strong>de</strong><br />
avaliar os sofrimentos físicos do Senhor Jesus na<br />
cruz? Os sofrimentos <strong>de</strong> Cristo no corpo estão claramente<br />
preditos nos textos messiânicos. "Traspassaram-me<br />
as mãos e os pés." (SI 22.16.) O profeta Zacarias<br />
chamou a atenção para "aquele a qu<strong>em</strong> traspassaram"<br />
(12.10). Suas mãos, seus pés, sua fronte, seu<br />
lado e seu coração foram traspassados pelos homens,<br />
pela humanida<strong>de</strong> pecaminosa e <strong>em</strong> favor <strong>de</strong>la. Ele recebeu<br />
muitos ferimentos. Teve febre b<strong>em</strong> alta, pois o<br />
peso do seu corpo, totalmente pendurado na cruz, s<strong>em</strong><br />
apoio, impedia que o sangue circulasse livr<strong>em</strong>ente.<br />
Sofreu uma se<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>amente aguda e por isso clamou:<br />
"A língua se me apega ao céu da boca"; "Na<br />
minha se<strong>de</strong> me <strong>de</strong>ram a beber vinagre" (SI 22.15;<br />
69.21). As mãos precisam ser perfuradas, porque elas<br />
amam o pecado. A boca <strong>de</strong>ve sofrer, porque ama o<br />
pecado. Os pés <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser traspassados, porque amam<br />
o pecado. A fronte t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser coroada com espinhos,<br />
porque ela também ama o pecado. Tudo o que o corpo<br />
humano precisa sofrer foi aplicado ao corpo <strong>de</strong>le.<br />
Assim ele sofreu fisicamente até a morte. E fato que<br />
ele po<strong>de</strong>ria escapar <strong>de</strong>sses sofrimentos, pois isso estava<br />
ao seu alcance. Todavia ele ofereceu voluntariamente<br />
o seu corpo para suportar provas e dores incalculáveis,<br />
e não recuou n<strong>em</strong> por um momento, enquanto<br />
não viu que "tudo já estava consumado" (To<br />
19.28). Só então entregou o espírito.<br />
Entretanto não foi apenas o seu corpo que sofreu,<br />
mas sua alma também. A alma é responsável pela<br />
nossa consciência pessoal. Antes da crucificação, <strong>de</strong>ram<br />
a Cristo vinho misturado com mirra, como sedativo<br />
para aliviar a dor, mas ele não aceitou. É que não<br />
queria per<strong>de</strong>r os sentidos. A alma humana t<strong>em</strong> <strong>de</strong>sfrutado<br />
dos prazeres do pecado <strong>em</strong> toda a sua plenitu<strong>de</strong>,<br />
por isso Jesus precisava sofrer a dor dos nossos pecados<br />
<strong>em</strong> sua alma. Ele preferiu beber o cálice que Deus<br />
lhe <strong>de</strong>u, a beber o cálice que entorpece os sentidos.<br />
E como é vergonhoso o castigo na cruz! Ela era<br />
usada para executar escravos fugidos. Um escravo<br />
não tinha n<strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s, n<strong>em</strong> direitos. Seu corpo<br />
pertencia ao seu dono. Portanto po<strong>de</strong>ria ser castigado<br />
na cruz mais vergonhosa. O Senhor Jesus tomou o lugar<br />
<strong>de</strong> um escravo e foi crucificado. Isaías chamou-o<br />
<strong>de</strong> "o servo". Paulo afirma que ele tomou a forma <strong>de</strong><br />
escravo. E, como escravo, ele veio para livrar a nós,<br />
que estamos sujeitos a uma vida inteira <strong>de</strong> escravidão<br />
ao pecado e a Satanás. Somos escravos das paixões,<br />
do t<strong>em</strong>peramento, dos hábitos e do mundo. Somos<br />
"vendidos" ao pecado. Contudo ele morreu por causa<br />
da nossa escravidão e levou sobre si toda a nossa vergonha.<br />
26<br />
A Bíblia diz que os soldados "tomaram" as roupas<br />
do Senhor Jesus (Jo 19.23). Portanto ele estava quase<br />
nu quando foi crucificado. Essa é uma das vergonhas<br />
da cruz. O pecado tira nossa bela roupa e nos <strong>de</strong>ixa<br />
<strong>de</strong>spidos. O Senhor Jesus foi <strong>de</strong>spido diante <strong>de</strong> Pilatos<br />
e, novamente, no Calvário. Como será que sua<br />
alma santa se sentiu diante <strong>de</strong> tal afronta? Isso não era<br />
um insulto à santida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua pessoa, uma agressão<br />
que o cobriu <strong>de</strong> ignomínia? Qu<strong>em</strong> é capaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />
seus sentimentos naquele momento trágico? Todo<br />
hom<strong>em</strong> havia <strong>de</strong>sfrutado da aparente glória do pecado,<br />
por isso o Salvador teve <strong>de</strong> suportar a real vergonha<br />
do pecado. Verda<strong>de</strong>iramente tu (Deus) "o cobriste<br />
<strong>de</strong> ignomínia... com que, Senhor, os teus inimigos<br />
têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu<br />
ungido"; não obstante, ele "suportou a cruz, não fazendo<br />
caso da ignomínia" (Sl 89.45,51; Hb 12.2).<br />
Ninguém jamais po<strong>de</strong>rá avaliar o extr<strong>em</strong>o sofrimento<br />
por I que passou a alma do Salvador na cruz.<br />
Muitas vezes avaliamos seu sofrimento físico, mas<br />
não atentamos para o sentimento <strong>de</strong> sua alma. Uma<br />
s<strong>em</strong>ana antes da Páscoa, ele disse: "Agora, está angustiada<br />
a minha alma" (Jo 12.27). Isso é referência à<br />
cruz. Quando ele estava no Jardim do Getsêmani, novamente<br />
afirmou: "A minha alma está profundamente<br />
triste até à morte" (Mt 26.38). Não fosse por essas palavras,<br />
nunca saberíamos que sua alma havia sofrido.<br />
No capítulo 53 <strong>de</strong> Isaías, o profeta diz que sua alma<br />
se tornou uma oferta pelo pecado, que ela "trabalhou"<br />
e que ele <strong>de</strong>rramou sua alma na morte (vv. 10-12). Jesus<br />
levou sobre si a maldição e a vergonha da cruz.<br />
Por isso todo aquele que nele crê não mais será amaldiçoado,<br />
n<strong>em</strong> envergonhado.<br />
Seu espírito também sofreu <strong>em</strong> extr<strong>em</strong>o. É pelo<br />
espírito que t<strong>em</strong>os comunhão com Deus. O Filho <strong>de</strong><br />
Deus era santo, irrepreensível, imaculado, separado<br />
dos pecadores. Seu espírito achava-se ligado ao Espírito<br />
Santo, existindo entre eles perfeita unida<strong>de</strong>. Em<br />
seu espírito, jamais ocorreu n<strong>em</strong> um momento sequer<br />
<strong>de</strong> perturbação e dúvida, pois ele gozava da presença<br />
permanente <strong>de</strong> Deus. "Não sou eu só", <strong>de</strong>clarou Jesus,<br />
"porém eu e aquele que me enviou... e aquele que me<br />
enviou está comigo." (Jo 8.16,29.) Por essa razão ele<br />
podia orar assim: "Pai, graças te dou porque me ouviste.<br />
Aliás, eu sabia que s<strong>em</strong>pre me ouves" (Jo<br />
11.41,42). Entretanto, quando ele se encontrava pendurado<br />
na cruz - e se houve um dia <strong>em</strong> que o Filho <strong>de</strong><br />
Deus precisou <strong>de</strong>sesperadamente da presença do Pai<br />
foi esse - ele clamou: "Deus meu, Deus meu, por que<br />
me <strong>de</strong>samparaste?" (Mt 27.46). Seu espírito ficou separado<br />
<strong>de</strong> Deus. Ele sentiu a solidão, o abandono e a<br />
separação <strong>de</strong> modo extraordinariamente intenso. O<br />
Filho estava se submetendo, estava obe<strong>de</strong>cendo à<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, o Pai. No entanto, naquele momento,<br />
ele foi abandonado; não por sua causa, mas por<br />
causa <strong>de</strong> outros.<br />
O pecado afeta profundamente o espírito. E o Filho