Watchman Nee - Igreja em Feira de Santana
Watchman Nee - Igreja em Feira de Santana
Watchman Nee - Igreja em Feira de Santana
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ça. Por isso se esforça para agir <strong>de</strong> maneira justa, ansiando<br />
produzir o fruto <strong>de</strong> Gaiatas 5.22,23. Entretanto<br />
é exatamente aí que está o perigo, pois o cristão ainda<br />
não apren<strong>de</strong>u a odiar a totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua carne. Ele<br />
simplesmente <strong>de</strong>seja livrar-se dos pecados que brotam<br />
<strong>de</strong>la. De alguma forma, ele apren<strong>de</strong>u a resistir às obras<br />
da carne, mas não reconhece que a carne mesma,<br />
no seu todo, precisa morrer. Seu engano está <strong>em</strong> não<br />
saber que a carne não somente po<strong>de</strong> produzir o pecado,<br />
mas também, praticar o b<strong>em</strong>. Se ela estiver praticando<br />
o b<strong>em</strong>, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente ainda está viva. Se tivesse<br />
morrido <strong>de</strong>finitivamente, teria perecido com ela a<br />
habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar, tanto o b<strong>em</strong> quanto o mal. Se<br />
t<strong>em</strong>os a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> praticar o b<strong>em</strong>, isso mostra que<br />
a carne ainda não morreu.<br />
Sab<strong>em</strong>os que os homens originalmente pertenc<strong>em</strong><br />
à carne. A Bíblia ensina com toda clareza que não há<br />
ninguém no mundo que não seja da carne, pois todo<br />
pecador é nascido da carne. Por outro lado, reconhec<strong>em</strong>os<br />
que muitos, antes <strong>de</strong> nascer<strong>em</strong> <strong>de</strong> novo, e até<br />
mesmo pessoas que <strong>em</strong> toda sua vida nunca creram<br />
no Senhor, realizaram e continuam a realizar numerosos<br />
atos recomendáveis. Alguns parec<strong>em</strong> já nascer<br />
com bonda<strong>de</strong>, paciência e benignida<strong>de</strong>. Observ<strong>em</strong>os o<br />
que o Senhor Jesus diz a Nicod<strong>em</strong>os (Jo 3.6). Embora<br />
ele seja naturalmente bom, não obstante, é consi<strong>de</strong>rado<br />
como sendo da carne. Isso confirma que a carne<br />
po<strong>de</strong> realmente fazer o b<strong>em</strong>.<br />
Em sua carta aos gálatas, Paulo também mostra<br />
que a carne é capaz <strong>de</strong> fazer o b<strong>em</strong>. "Sois assim insensatos<br />
que, tendo começado no Espírito, estejais,<br />
agora, vos aperfeiçoando na carne?" (3.3.) Os crentes<br />
da Galácia tinham caído no erro <strong>de</strong> fazer o b<strong>em</strong> movidos<br />
pela carne. Haviam começado pelo Espírito<br />
Santo, mas não perseveraram para ser<strong>em</strong> aperfeiçoados.<br />
Pelo contrário, queriam ser aperfeiçoados por<br />
meio da justiça própria, até mesmo da justiça segundo<br />
a lei. Foi por isso que o apóstolo lhes dirigiu essa pergunta.<br />
Se os crentes da Galácia, pela carne, só pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong><br />
fazer o mal, não haveria necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levantar<br />
essa questão. Por si mesmos, eles sabiam que os pecados<br />
da carne não pod<strong>em</strong> aperfeiçoar aquilo que o<br />
Espírito Santo iniciou. No entanto estavam <strong>de</strong>sejando<br />
aperfeiçoar, por meio da carne, a obra que o Espírito<br />
Santo iniciara. Isso mostra que, para alcançar a perfeição,<br />
eles estavam recorrendo à capacida<strong>de</strong> inerente<br />
à carne <strong>de</strong> praticar o b<strong>em</strong>. Realmente, eles tentaram<br />
isso com todo afinco. Contudo o apóstolo ensina aqui<br />
que os atos <strong>de</strong> justiça da carne e as obras do Espírito<br />
Santo são duas realida<strong>de</strong>s distintas. O que faz<strong>em</strong>os através<br />
da carne, faz<strong>em</strong>os sozinhos. Ela não po<strong>de</strong> jamais<br />
aperfeiçoar algo que o Espírito Santo iniciou.<br />
No capítulo anterior, o apóstolo t<strong>em</strong> outra palavra<br />
séria sobre o assunto: "Porque, se torno a edificar aquilo<br />
que <strong>de</strong>struí, a mim mesmo me constituo transgressor"<br />
(Gl 2.18). Ele estava mencionando aqueles<br />
50<br />
que ainda insistiam <strong>em</strong> alcançar a justiça segundo a<br />
lei (vv. 16,17,21), por meio da própria carne, apesar<br />
<strong>de</strong> ter<strong>em</strong> sido salvos e <strong>de</strong> haver<strong>em</strong> recebido o Espírito<br />
Santo. Fomos salvos por meio da fé no Senhor, e não<br />
através das nossas obras. Era a elas que Paulo se referia<br />
quando falou <strong>em</strong> coisas <strong>de</strong>struídas. Sab<strong>em</strong>os que<br />
ele s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>sprezava as obras dos pecadores, consi<strong>de</strong>rando-as<br />
<strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> valor para a salvação. Ora,<br />
se por agir segundo a justiça estamos tornando a "edificar<br />
aquilo" que <strong>de</strong>struímos, então, concluí Paulo, "a<br />
mim mesmo me constituo transgressor". O apóstolo<br />
está dizendo, portanto, que, assim como os pecadores<br />
não pod<strong>em</strong> ser salvos por meio dos próprios esforços,<br />
da mesma forma nós, que somos regenerados, não<br />
pod<strong>em</strong>os ser aperfeiçoados por intermédio <strong>de</strong> nenhum<br />
ato <strong>de</strong> justiça da nossa carne. Como é inútil praticarmos<br />
tais obras <strong>de</strong> justiça!<br />
No capítulo 8 <strong>de</strong> Romanos, Paulo afirma que "os<br />
que estão na carne não pod<strong>em</strong> agradar a Deus" (v. 8).<br />
Isso significa que os carnais tentaram, mas s<strong>em</strong> sucesso,<br />
agradar a Deus. Com certeza ele está se referindo<br />
especificamente aos atos <strong>de</strong> justiça da carne,<br />
que são <strong>de</strong> todo inócuos quando se trata <strong>de</strong> agradar a<br />
Deus. Precisamos estar muito b<strong>em</strong> cientes acerca daquilo<br />
que a carne é capaz <strong>de</strong> fazer. Ela po<strong>de</strong> realizar<br />
obras justas, e muito b<strong>em</strong>. Em geral imaginamos a<br />
carne apenas sob o aspecto da cobiça. Por isso a consi<strong>de</strong>ramos<br />
extr<strong>em</strong>amente corrupta, não reconhecendo<br />
que nela existe algo além da cobiça. As várias faculda<strong>de</strong>s<br />
da alma produz<strong>em</strong> frutos que pod<strong>em</strong> não ser<br />
tão corruptos como a cobiça. Além do mais, a palavra<br />
"cobiça" é usada algumas vezes na Bíblia s<strong>em</strong> a conotação<br />
<strong>de</strong> imundícia, como, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> Gálatas<br />
5.17: "a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito<br />
contra a carne" (Darby). V<strong>em</strong>os aí que o Espírito<br />
também cobiça - contra a carne. A cobiça, nesse caso,<br />
exprime simplesmente a idéia <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo intenso.<br />
Tudo o que um hom<strong>em</strong> faz, ou é capaz <strong>de</strong> fazer,<br />
antes da regeneração, é apenas esforço da carne. Desse<br />
modo, ele po<strong>de</strong> praticar tanto o b<strong>em</strong> como o mal. O<br />
erro do crente consiste exatamente <strong>em</strong> achar que apenas<br />
o mal que está na carne precisa ser <strong>de</strong>struído, s<strong>em</strong><br />
compreen<strong>de</strong>r que o b<strong>em</strong> também precisa. Ele ignora<br />
que a justiça da carne pertence à carne, tanto quanto o<br />
mal. A carne s<strong>em</strong>pre é carne, seja ela boa ou má. O<br />
perigo do cristão está <strong>em</strong> ignorar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> livrar-se<br />
<strong>de</strong> tudo o que é da carne, inclusive do que é<br />
bom, ou relutar <strong>em</strong> reconhecer isso. Ele precisa se<br />
convencer <strong>de</strong> que, verda<strong>de</strong>iramente, as coisas boas da<br />
carne não são n<strong>em</strong> um pouquinho melhores do que as<br />
más, pois ambas são da carne. E se o cristão não se livrar<br />
<strong>de</strong>ssas coisas boas, jamais po<strong>de</strong>rá ser liberto do<br />
domínio da carne. Se permitirmos que ela faça o b<strong>em</strong>,<br />
daí a pouco a encontrar<strong>em</strong>os fazendo o mal. Se não<br />
<strong>de</strong>struirmos sua justiça própria, a injustiça certamente<br />
se seguirá àquela.