Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

A importância da papiloscopia no DHPP
Subjaz no significante “papiloscopia” uma série de significados;
um deles emerge da antiga tradição de macular
o malfeitor, tornando-o visível aos olhos da sociedade –
nessa época ainda se aplicavam penas físicas aos condenados.
Se essa prática foi relegada ao tempo histórico,
não se pode dizer que foi o progresso, mas uma obstinação
cientificista em procurar um estereótipo criminoso comum
que criou métodos de investigação sobre o corpo, com o
estabelecimento de categorias e subcategorias de suas partes
a fim de também tornar visível o criminoso aos olhos da
sociedade. Isso se deve a muitos estudos, muito material e
muitas descobertas, entre elas a papiloscopia como técnica
científica.
Três princípios restaram como bases sólidas da papiloscopia,
encerrando-a hermeticamente em suas próprias
verdades. O primeiro princípio é o da “perenidade”, pois
são imperecíveis os desenhos originados pelas cristas
papilares desde o sexto mês de vida intra-uterina até a putrefação
cadavérica completa. A “imutabilidade” dos desenhos,
mesmo nos casos de doenças, como a hanseníase, é o segundo
postulado. O terceiro é a “variabilidade”: não há
impressões papilares idênticas.
1 Ivo Aparecido Franco é Papiloscopista Policial Chefe do Setor de Identificação
de Cadáveres do DHPP; Gisele da Conceição Ta Gein Melo é
Papiloscopista Policial do mesmo setor.
Ivo Aparecido Franco e Gisele Ta Gein Melo 1
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A técnica de coleta das impressões e conseqüente identificação
do ser humano é rápida, de baixo custo e altamente
eficaz e sua importância, infelizmente, só se deixa perceber
em grandes tragédias, tais como os recentes acidentes
aéreos ocorridos no Brasil. Aprimorar o sistema de coleta e
identificação humana ainda é uma meta a ser alcançada,
principalmente quando se fala em implantar um banco de
dados único em todo o país e um registro de identificação
nacional.
Ressaltar a importância da papiloscopia no DHPP é cometer
um excesso, pois talvez já faça parte do imaginário
popular relacioná-la com a investigação criminal; o que se
deve ressaltar, até a exaustão, é a importância da preservação
do local do crime, cenário que exala significados,
cuja capacidade de leitura restringe-se a especialistas.
Esses investigadores utilizam um arsenal de objetos curiosos
e específicos, pois a debilidade das provas exige
materiais muito delicados, como um pincel especial feito
com a pena de uma ave comedora de carniça da África, o
marabu: sua maciez elimina os resíduos indesejáveis, deixando
apenas as marcas da impressão deixada. Pós e
reagentes químicos também fazem parte da maleta de trabalho
dos investigadores.
O trabalho pericial possibilita a elaboração de laudos
conclusivos que certifiquem a identificação de um criminoso;
um bom exemplo disso ocorreu na prisão de Diogo Souza
Veloso, acusado da morte do Policial Militar Edson Roberto