Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

Vítimas: Francisco Ferreira de Oliveira Neto (14 anos) /
Josenildo José de Oliveira (13 anos)
Autor: Ademir Oliveira Rosário
Equipe: Grupo Especial de Crimes Contra a Criança e o
Adolescente
A megalópole São Paulo é capaz de esconder de
seus habitantes a maior floresta urbana do mundo. Serpenteiam
os 79 milhões de metros quadrados da Serra
da Cantareira trilhas por árvores centenárias sombreadas,
cuja beleza foi capaz de seduzir os irmãos Francisco e
Josenildo, de 14 e 13 anos de idade, respectivamente.
Era sábado, dia 22 de setembro, quando saíram de
casa rumo à mata, buscavam colher uma jaca. Não
retornaram.
Os corpos dos dois adolescentes foram encontrados
embrenhados na mata atlântica, cuja remoção só foi
possível com o uso de helicóptero. Estavam desnudos,
apresentavam várias perfurações e indícios de violência
sexual.
A repercussão do delito ensejou várias denúncias.
Horas depois restava uma alcunha: “Mudinho”.
No mesmo dia, um retrato falado descrevia o autor como
sendo um homem de compleição forte, de cor negra e cabelos
curtos.
Antes do pôr do sol, individualizada a residência de um
indivíduo que respondia pela alcunha de “Mudinho”, de
forma velada a equipe de investigação começou a fazer
entrevistas, até que, surpreendementemente, o irmão daquele
que se procurava, assim se identificando, reconheceu-o
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como a pessoa do retrato falado, relatando ainda que
“Mudinho” encontrava-se preso.
Preso!
Ademir Oliveira do Rosário, também conhecido como
“Maníaco da Cantareira”, cumpria medida de segurança
no Hospital Psiquiátrico de Franco da Rocha e, beneficiário
que era do regime de “Desinternação Progressiva”, possuía
autorização para sair do hospital aos fins de semana,
mesmo contando com três condenações: uma em 1990
por roubo, um homicídio em 1991 e atentado violento ao
pudor em 1998, praticado contra dois meninos de 12
anos de idade.
Já no Hospital Franco da Rocha, entrevistado Ademir,
que relebrando a cena do crime, chorou e acabou por confessar
o crime na presença de médicos e enfermeiros,
acrescentando, porém, a participação de um outro partícipe:
um “Pai de Santo”.
Vinte e quatro horas após a comunicação do crime o
DHPP já havia esclarecido o brutal assassinato dos dois
menores, restava identificar o comparsa de “Mudinho”.
Dias se passaram até que o indivíduo com as características
físicas descritas por Ademir recebeu uma investigadora,
que fazendo-se passar por uma “cliente” marcou uma “consulta
espiritual” com Elson José Messaggi, preso pela
participação do duplo homicídio.
Além de toda a repercussão social gerada pela brutalidade
do caso em si, uma acalorada discussão sobre a
desinternação progressiva ocasionou por parte do Juiz
Corregedor dos Presídios, Cláudio do Prado Amaral, o início
de uma acurada avaliação deste processo.