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Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

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na loja por R$ 49,90 (quarenta e nove reais e noventa centavos)<br />

e R$ 69,90 (sessenta e nove reais e noventa centavos).<br />

Todas as oficinas <strong>de</strong> costura funcionam em casas ou apartamentos<br />

e no mesmo local em que trabalham, <strong>do</strong>rmem e<br />

se alimentam. Muitas vezes, as vítimas chegam a dividir o<br />

cômo<strong>do</strong> com outras famílias. Os locais têm pouca iluminação<br />

porque as janelas ficam fechadas para que ninguém<br />

perceba o que está funcionan<strong>do</strong> ali. Os trabalha<strong>do</strong>res ocupam<br />

pequenos espaços com fiação exposta e com mau<br />

cheiro. Passam cerca <strong>de</strong> 10 a 15 horas trabalhan<strong>do</strong> diariamente<br />

e só param para comer e <strong>do</strong>rmir. Nenhum <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res tem Carteira <strong>de</strong> Trabalho e Previdência Social<br />

assinada, convênio médico ou equipamentos <strong>de</strong> segurança.<br />

As condições econômicas das vítimas são precárias, vindas<br />

<strong>de</strong> famílias pobres <strong>de</strong> seus países ou cida<strong>de</strong>s.<br />

A análise <strong>do</strong>s Inquéritos Policiais pesquisa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstra<br />

que as vítimas <strong>de</strong> exploração sexual na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong><br />

<strong>Paulo</strong> sabiam que iriam trabalhar em prostituição. Já as <strong>de</strong><br />

trabalho análogo ao <strong>de</strong> escravo nem sempre tinham conhecimento<br />

das condições que iriam enfrentar.<br />

Portanto, os da<strong>do</strong>s concretos compila<strong>do</strong>s das ocorrências<br />

policiais confirmam as práticas <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> exploração sexual<br />

e trabalho escravo em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e tangibilizam a questão<br />

com <strong>de</strong>talhamento suficiente para permitir o planejamento <strong>de</strong><br />

ações para combater <strong>de</strong> forma estratégica este mal que permeia<br />

nossa socieda<strong>de</strong>, que é a exploração <strong>de</strong> seres humanos.<br />

Ações estratégicas para coibir este fenômeno partem <strong>do</strong><br />

Departamento <strong>de</strong> Homicídios e <strong>de</strong> Proteção à Pessoa. Dentre<br />

elas: a estruturação <strong>de</strong> uma Delegacia Especializada<br />

para prevenir e combater o tráfico <strong>de</strong> seres humanos; a<br />

criação <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s específico <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> seres<br />

humanos, na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Inteligência Policial, que proces-<br />

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sará as ocorrências registradas pela <strong>Polícia</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>,<br />

com aplicativos mo<strong>de</strong>rnos, on<strong>de</strong> será registra<strong>do</strong> o perfil da<br />

vítima, <strong>do</strong>s alicia<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>mais envolvi<strong>do</strong>s na exploração<br />

sexual e laboral. Alia<strong>do</strong> a estas iniciativas, <strong>de</strong>stacamos o<br />

trabalho <strong>de</strong> proteção à pessoa executa<strong>do</strong> pela 3ª Delegacia<br />

<strong>de</strong> Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, on<strong>de</strong><br />

as vítimas que estão sen<strong>do</strong> ameaçadas ou temerosas pelos<br />

problemas enfrenta<strong>do</strong>s pela exploração recebem proteção<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> por intermédio <strong>do</strong> Proteção às Vítimas e Testemunhas<br />

Ameaçadas (PROVITA/SP).<br />

É necessário que as pessoas tomem consciência <strong>de</strong> que o<br />

problema existe e <strong>de</strong>ve ser enfrenta<strong>do</strong> e combati<strong>do</strong>, afinal a<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>tém papel fundamental para combater as violações<br />

<strong>de</strong> direitos humanos. Sem dúvida, conscientizar, eliminar<br />

as formas <strong>de</strong> discriminação, promover o trabalho sério e<br />

com competência é uma tarefa difícil, mas totalmente possível<br />

se a socieda<strong>de</strong> e órgãos públicos se unirem para atuar.<br />

Urge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se realizar um trabalho <strong>de</strong> transformação<br />

da mentalida<strong>de</strong>, da cultura e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> agir,<br />

que hoje permitem a naturalização da situação <strong>de</strong> exclusão<br />

absoluta <strong>de</strong> certos segmentos da socieda<strong>de</strong>, como é o caso<br />

das pessoas exploradas sexualmente. A conscientização é<br />

um <strong>do</strong>s pilares nesta mudança e as medidas visan<strong>do</strong> romper<br />

esse perverso ciclo <strong>de</strong> violações precisam tomar cada vez<br />

mais assento em nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Sem dúvida é um trabalho <strong>de</strong> transformação da mentalida<strong>de</strong>,<br />

da cultura e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> agir, que proporcionará um<br />

futuro em que prevalecerá a intolerância da socieda<strong>de</strong> e<br />

<strong>do</strong>s indivíduos com as práticas <strong>de</strong> afronta aos direitos humanos<br />

e notadamente com situações <strong>de</strong> exclusão absoluta<br />

<strong>de</strong> certos segmentos da socieda<strong>de</strong>, como é o caso das vítimas<br />

<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> seres humanos.

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