Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo
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Em um espaço <strong>de</strong> aproximadamente 1 milhão e 500 mil<br />
metros quadra<strong>do</strong>s são força<strong>do</strong>s a conviver 5% da população<br />
<strong>do</strong> Brasil; sobrevivem e interagem entre si, com as coisas<br />
produzidas e instituições, ou seja, são 10 milhões e 800<br />
mil habitantes cujos <strong>de</strong>sejos são, supostamente, controla<strong>do</strong>s<br />
pela legislação e moral vigentes. Presume-se o controle, pois<br />
na busca contínua <strong>do</strong> viver e na administração das vonta<strong>de</strong>s,<br />
reprimidas ou não, dá-se o choque, principalmente<br />
pela enorme <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre as gentes.<br />
Situações <strong>do</strong> acaso, cotidianamente vivenciadas, são<br />
responsáveis pela criação e manutenção <strong>de</strong> disputas e conflitos<br />
intersubjetivos. Por isso, a soma da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pessoas à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos insaciáveis, infundi<strong>do</strong>s<br />
pela mídia e pari<strong>do</strong>s pelo consumismo irrefrea<strong>do</strong>, rompe a<br />
estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ethos, geran<strong>do</strong> flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamento<br />
nas mais diversas situações.<br />
Diferentes oportunida<strong>de</strong>s e meios trazem fadiga às já<br />
frágeis relações humanas. Daí o mal-estar, a náusea,<br />
acinzentan<strong>do</strong> a alma <strong>do</strong> homem, acorrentan<strong>do</strong>-o aos próprios<br />
<strong>de</strong>sejos ambiciona<strong>do</strong>s. A escolha, quan<strong>do</strong> se dá, é<br />
pelo consumo: possível ou não! O matiz que aguça o olhar<br />
<strong>do</strong>s homens provém das ilícitas bugigangas esparramadas<br />
pelos ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res ambulantes: um só produto não basta para<br />
saciar a vonta<strong>de</strong>, é preciso sempre mais. Acolá, o brilho<br />
<strong>do</strong>s olhos maquila<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mulheres povoa o Parque da Luz,<br />
meros objetos entre as obras <strong>de</strong> arte que brotam <strong>de</strong>sse ponto<br />
ver<strong>de</strong> da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. O velho centro da capital<br />
é colori<strong>do</strong> e, tanto quanto as cores que se espalham, o<br />
micropo<strong>de</strong>r em forma <strong>de</strong> teia acentua ainda mais a peque-<br />
INTRODUÇÃO<br />
1<br />
nez humana, encerran<strong>do</strong> o homem em intransigências mil,<br />
sufocan<strong>do</strong>-o e geran<strong>do</strong> <strong>de</strong>sesperança.<br />
É nessa ebulição <strong>de</strong> sentimentos que o crime <strong>de</strong> homicídio<br />
cinge o ápice da agressivida<strong>de</strong> humana, rematan<strong>do</strong> o<br />
ciclo <strong>de</strong> emoções com a extinção <strong>do</strong> outro. Tão complexo<br />
quanto o próprio ser humano, seu trato exige uma lógica<br />
distinta da persecução meramente burocrática. Não se trata<br />
aqui <strong>de</strong> personagens cria<strong>do</strong>s pelo escritor escocês Sir<br />
Arthur Conan Doyle, mas sim <strong>de</strong> homens e mulheres <strong>de</strong><br />
carne e osso, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, nada obstante, <strong>do</strong> brilho e da obstinação<br />
sherlockianas.<br />
A criação <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Homicídios e <strong>de</strong> Proteção<br />
à Pessoa (<strong>DHPP</strong>) em 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1986, pelo<br />
então governa<strong>do</strong>r Franco Montoro, só fez aglutinar esses<br />
homens e mulheres, que na condução da investigação<br />
<strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> homicídio <strong>do</strong>loso e <strong>de</strong> roubo com resulta<strong>do</strong><br />
morte acumularam expertise que irradia nos corre<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong>ste prédio, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> quaisquer vicissitu<strong>de</strong>s<br />
pessoais.<br />
É fato que o vigor da polícia paulista é exemplo interestadual<br />
e, no caso <strong>do</strong> <strong>DHPP</strong>, as constantes visitas <strong>de</strong><br />
profissionais da área, que buscam conhecimento e aprimoramento,<br />
recompensam com orgulho o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>.<br />
Ainda há muito que conquistar, porém, nosso trabalho é<br />
fonte <strong>de</strong> citações e exemplo para as congêneres das <strong>de</strong>mais<br />
unida<strong>de</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração, principalmente porque o <strong>DHPP</strong><br />
soube receber e assimilar as transformações históricas ocorridas<br />
nas últimas décadas, agregan<strong>do</strong> ao estereótipo<br />
clássico <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r astuto a imagem <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r