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Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

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pelo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> meia hora. Do valor pago pelos clientes,<br />

que em todas as oportunida<strong>de</strong>s eram homens, uma quantia<br />

fica para o <strong>do</strong>no da casa <strong>de</strong> prostituição. Alguns valores como<br />

alimentação e moradia também eram cobra<strong>do</strong>s, como foi<br />

verifica<strong>do</strong> no Inquérito Policial <strong>de</strong> 2005, em que se cobravam<br />

R$ 10,00 (<strong>de</strong>z reais) como diária <strong>do</strong> alojamento e R$ 5,00<br />

(cinco reais ) para alimentação fornecida durante o dia, fora os<br />

R$ 2,00 (<strong>do</strong>is reais) referentes a cada minuto <strong>de</strong> utilização<br />

<strong>do</strong> telefone. Nos <strong>de</strong>mais casos, o alojamento e a alimentação<br />

não eram cobra<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> as <strong>de</strong>clarações das vítimas.<br />

Todas as casas <strong>de</strong> prostituição também impõem regras<br />

paras as vítimas, algumas sob pena <strong>de</strong> dispêndio monetário.<br />

Verificou-se que há cartazes geralmente espalha<strong>do</strong>s pelo local<br />

como: “Aviso- Por <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m nos quartos, banheiros sujo<br />

molha<strong>do</strong>. Multa <strong>de</strong> R$ 20,00 para todas que estiverem nos<br />

quartos no horário da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m exceto a garota que avisar”.<br />

E ainda, “Escala <strong>de</strong> Atendimento Telefone Março<br />

Segunda-Feira 20/03 Bianca... Por gentileza a escala <strong>de</strong>ve<br />

ser cumprida por todas sem exceções, quem não respeitar o<br />

horário será multada no final <strong>do</strong> dia em R$ 30,00! Grata!”.<br />

Nas oficinas <strong>de</strong> costura há uma única regra básica, que<br />

é trabalhar no horário <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> sem parar. Também há<br />

o <strong>de</strong>sconto <strong>do</strong> valor pago pela peça confeccionada para<br />

custeio da moradia e alimentação.<br />

O meio <strong>de</strong> transporte utiliza<strong>do</strong> pelas vítimas <strong>de</strong> tráfico<br />

interno que vieram <strong>de</strong> outras localida<strong>de</strong>s foi o ro<strong>do</strong>viário.<br />

A gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>las veio <strong>de</strong> ônibus para <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>,<br />

porém algumas chegaram <strong>de</strong> carro, sen<strong>do</strong> trazidas pelo<br />

próprio traficante. As regiões <strong>de</strong> origem das vítimas são:<br />

<strong>do</strong> próprio Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e/ou capital: 17 pessoas; <strong>do</strong><br />

Su<strong>de</strong>ste: 37 pessoas; <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste: 28 pessoas; <strong>do</strong> Centro-<br />

Oeste: 06 pessoas; <strong>do</strong> Norte: 03 pessoas e <strong>do</strong> Sul: 03<br />

61<br />

pessoas. Já no trabalho análogo ao <strong>de</strong> escravo, as vítimas<br />

vieram da Bolívia, num total <strong>de</strong> 67 (sessenta e sete) pessoas,<br />

e <strong>do</strong> Paraguai, num total <strong>de</strong> 76 (setenta e seis) pessoas.<br />

Os motivos nem sempre foram amplamente menciona<strong>do</strong>s,<br />

mas se po<strong>de</strong> verificar que muitas vieram atrás <strong>de</strong><br />

melhores condições <strong>de</strong> vida, para po<strong>de</strong>rem trabalhar e sustentar<br />

a si ou sua família. E mais, os bolivianos e paraguaios<br />

também visam a obtenção <strong>de</strong> alimentação.<br />

Das 90 vítimas <strong>de</strong> tráfico para exploração sexual, todas<br />

são <strong>do</strong> sexo feminino e com faixa etária <strong>de</strong> 17 a 37 anos.<br />

Já o mesmo não se po<strong>de</strong> falar das vítimas <strong>de</strong> trabalho escravo,<br />

em que há ambos os sexos, sen<strong>do</strong> 93 (noventa e<br />

três) homens e 50 (cinqüenta) mulheres.<br />

O tempo médio das vítimas na ativida<strong>de</strong> sexual, segun<strong>do</strong><br />

informações prestadas por elas, é <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos. Com<br />

relação ao trabalho nas oficinas <strong>de</strong> costura, o que se apurou<br />

é que muitas <strong>de</strong>las não eram costureiras, apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o<br />

ofício <strong>de</strong>ntro das próprias oficinas <strong>de</strong> costura.<br />

Todas as vítimas <strong>de</strong> exploração sexual <strong>de</strong>clararam ter<br />

consciência <strong>de</strong> que iriam trabalhar no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> sexo. Já<br />

o mesmo não se po<strong>de</strong> falar das que são exploradas no<br />

trabalho, pois algumas foram contratadas para serem babás<br />

e cozinheiras que ganhariam US$ 200,00 (duzentos<br />

dólares) por mês ou R$ 500,00 (quinhentos reais).<br />

O valor pago pela confecção das roupas é por peça e<br />

varia <strong>de</strong> R$ 0,80 (oitenta centavos) a R$ 3,00 (três reais).<br />

Deste valor o <strong>do</strong>no da oficina <strong>de</strong> costura efetua uma divisão<br />

por três, sen<strong>do</strong> que <strong>do</strong>is terços permanecem com o <strong>do</strong>no da<br />

oficina <strong>de</strong> costura a título <strong>de</strong> moradia e alimentação e um<br />

terço é pago para o costureiro escraviza<strong>do</strong>. A peça feita na<br />

oficina <strong>de</strong> costura em algumas oportunida<strong>de</strong>s era vendida

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