14.04.2013 Views

Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“Um caso fe<strong>de</strong>ral” <strong>do</strong> <strong>DHPP</strong><br />

Luiz Carlos <strong>do</strong>s Santos Gonçalves e Pedro Barbosa Pereira Neto 1<br />

O bem jurídico vida não é, como às vezes se procura<br />

fazer crer, estadual. Sua gran<strong>de</strong>za não permite que ele se<br />

reduza a uma das esferas da repartição <strong>de</strong> competências,<br />

própria <strong>de</strong> um esta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral. Ele não é nem estadual, nem<br />

municipal, nem fe<strong>de</strong>ral. Desta forma, a norma-garantia dada<br />

aos acusa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s crimes <strong>do</strong>losos contra a vida – que serão<br />

objeto <strong>de</strong> julgamento pelo tribunal <strong>do</strong> júri – repercute em<br />

to<strong>do</strong>s os ramos <strong>do</strong> Judiciário Brasileiro. Se, normalmente,<br />

os júris são organiza<strong>do</strong>s pela Justiça Comum Estadual, nem<br />

por isso se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar que um crime <strong>do</strong>loso contra a<br />

vida atente, também, contra interesses da União Fe<strong>de</strong>ral,<br />

<strong>de</strong> forma a atrair a competência da Justiça Fe<strong>de</strong>ral. Teremos,<br />

então, um júri fe<strong>de</strong>ral.<br />

Pois logo na manhã <strong>do</strong> dia 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1998 um<br />

caso <strong>de</strong>sses, tristemente, se apresentou. Foi assassina<strong>do</strong>,<br />

na porta <strong>de</strong> sua casa, num bairro <strong>de</strong> classe média da zona<br />

norte paulistana, o valoroso e sau<strong>do</strong>so Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Polícia</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral Dr. Alcioni Serafim <strong>de</strong> Santana. Ele atuava no setor<br />

<strong>de</strong> Correições da <strong>Polícia</strong> Fe<strong>de</strong>ral em <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e tinha um<br />

inexcedível prestígio, como um policial zeloso, atento aos<br />

<strong>de</strong>talhes, profun<strong>do</strong> conhece<strong>do</strong>r da lei e intolerante com a<br />

incompetência e a corrupção. Sua morte abalou a comunida<strong>de</strong><br />

jurídica <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong> e, em especial, a própria <strong>Polícia</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral e o Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral.<br />

1 Luiz Carlos <strong>do</strong>s Santos Gonçalves e Pedro Barbosa Pereira Neto são<br />

Procura<strong>do</strong>res Regionais da República.<br />

33<br />

Mas, então, surgiram inúmeras perguntas: teria si<strong>do</strong> um<br />

latrocínio? Um crime passional? Uma vingança? Ou um<br />

homicídio para sinalizar que sua ativida<strong>de</strong> correicional estava<br />

incomodan<strong>do</strong> alguém?<br />

Foi então que, nós, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s para acompanhar as<br />

investigações, travamos contato com esse setor tão especial<br />

e <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> da <strong>Polícia</strong> <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>, o <strong>DHPP</strong>. Quan<strong>do</strong><br />

chegamos à cena <strong>do</strong> crime, lá já estava um Delega<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>DHPP</strong>. Ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> inquérito policial fe<strong>de</strong>ral que foi instaura<strong>do</strong><br />

para a apuração <strong>do</strong> crime, houve também um inquérito<br />

conduzi<strong>do</strong> por um Delega<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>DHPP</strong>. As reuniões <strong>de</strong> trabalho<br />

que fizemos foram muitas, às vezes em horas <strong>de</strong><br />

madrugada avançada. Foram ouvidas testemunhas, realizadas<br />

acareações, investigadas <strong>de</strong>núncias telefônicas: to<strong>do</strong>s<br />

os elementos que pu<strong>de</strong>ssem colaborar para a elucidação<br />

daquele crime foram minu<strong>de</strong>nte e pacientemente coligi<strong>do</strong>s<br />

pelo <strong>DHPP</strong>, trabalhan<strong>do</strong> em colaboração, mas com in<strong>de</strong>pendência,<br />

com a <strong>Polícia</strong> Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Então a verda<strong>de</strong> real surgiu <strong>de</strong>sta atuação combinada<br />

e parceira, entre instituições que tantos querem ver<br />

separadas e isoladas: a <strong>Polícia</strong> <strong>Civil</strong>, a <strong>Polícia</strong> Fe<strong>de</strong>ral, o<br />

Ministério Público, Estadual e Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Nós apren<strong>de</strong>mos muito com a meto<strong>do</strong>logia e proficiência<br />

<strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Homicídios e <strong>de</strong> Proteção à Pessoa da<br />

<strong>Polícia</strong> <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> <strong>São</strong> <strong>Paulo</strong>. E quan<strong>do</strong>, nos júris fe<strong>de</strong>rais que<br />

se seguiram, a <strong>de</strong>fesa quis lançar dúvida sobre as provas<br />

coligidas, nós pu<strong>de</strong>mos dizer: vocês não conhecem o <strong>DHPP</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!