Anuário DHPP - Polícia Civil - Governo do Estado de São Paulo

para se conseguir efetivamente fazer valer as regras dos
direitos humanos e precisa ser combatida.
Infelizmente, a naturalização alcança os operadores do
direito e até a educação recebida pelas pessoas traficadas.
Leva muitas vezes as vítimas a não se enxergarem como
sujeitos de direitos porque, na verdade, nunca foram tratadas
como pessoas garantidoras de todos os direitos
universais. Isto causa, muitas vezes, um ciclo vicioso que
é muito difícil de ser exterminado.
O tema é ainda para o Direito Pátrio muito novo e deve
ser bastante discutido, pois pessoas são traficadas e exploradas
sexualmente, não sendo esse mundo da prostituição
só de distração, farra, balada, noitada e do trabalho análogo
ao de escravo de roupas com custo baixo.
O tráfico de seres humanos é, na verdade, considerado
a terceira maior fonte de lucro do crime organizado, somente
perdendo para drogas e armas.
Segundo o relatório da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) em 2005, o comércio ilegal de pessoas movimenta
quantias exorbitantes de dinheiro, podendo-se estimar um
lucro anual de cerca de 31,6 bilhões de dólares.
As principais causas do tráfico de seres humanos, segundo
Jesus (2003), são: ausência de direitos ou baixa aplicação
das regras internacionais de direitos humanos; discriminação
de gênero e violência contra a mulher, pobreza e desigualdades
de oportunidades e de renda; instabilidade econômica;
guerras; desastres naturais e instabilidade política.
Há no Brasil situações de extrema disparidade de ordem
econômica e cultural. Essa realidade faz com que as pessoas
se desloquem para os grandes centros empresariais, como
São Paulo e Rio de Janeiro. Estas cidades recebem muitos
adolescentes, mulheres e homens que saem de outras regiões
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do país em busca de uma nova vida, distante das condições
de miserabilidade de suas cidades de origem.
Estudos mencionam que as vítimas e os aliciadores passam
principalmente pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás
e Ceará (Colares, 2004). Na capital paulista, os atrativos são
os grandes aeroportos e portos, além de ser o principal centro
econômico nacional, conforme esclarece o pesquisador Colares.
Com mais de quarenta milhões de habitantes (Fundação
Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), 2005), São
Paulo é o Estado mais populoso do Brasil e a terceira unidade
administrativa mais populosa da América do Sul. É
considerado o “motor econômico” do Brasil e o mais importante,
o mais rico e o que tem o maior Índice de Desenvolvimento
Humano de todos os Estados. São Paulo é responsável
por mais de 31% do produto interno bruto (PIB) do país.
São Paulo também possui um elevado número de pessoas
que se deslocam das diferentes localidades do país, a fim
de obterem melhores condições de vida ou para realizarem
negócios, além de ser considerada a “porta” preferida
de saída de pessoas vítimas de tráfico.
A cidade é um local de destino interno das vítimas de
exploração sexual, para permanência provisória ou definitiva,
mesmo porque muitas delas já estando no mercado do
sexo, desejam completar o ciclo da cadeia do tráfico, que
seria a obtenção de condições e chance de ir para países
estrangeiros. É também um estado de destino para os habitantes
de países da América do Sul que migram para cá, a
fim de conseguir um trabalho nas oficinas de costura.
O número de habitantes de São Paulo, com as condições
econômicas do local, mais a naturalização da prostituição
foram fatores de instalação do mercado do sexo, que nada
mais é do que um jogo entre oferta e demanda de serviços