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Vinho - Jornal Vinho & Cia

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Há vinte anos,<br />

os austríacos em Mendoza<br />

Euclides Penedo Borges<br />

Presidente da ABS-Rio<br />

euclides@jornalvinhoecia.com.br<br />

No corrente ano de 2009 completam–se<br />

duas décadas desde que o<br />

magnata austríaco Gernot Langes<br />

Swarowski – leia-se Cristais Swarowski<br />

– adquiriu as Bodegas Norton, em Mendoza,<br />

na Argentina.<br />

Os vinhos dessa marca, seguindo-se<br />

ao programa de modernização e melhorias<br />

dos anos noventa, conquistaram lugar<br />

no mercado internacional, de forma que<br />

hoje se pode acompanhar com seus tintos<br />

tanto um “asado” em Buenos Aires ou um<br />

churrasco em São Paulo ou no Rio, quanto<br />

umas costelinhas de cordeiro em Londres<br />

ou um pato laqueado em Beijing.<br />

A história da vinícola precede de muitos<br />

anos essa mudança.<br />

Por volta de 1890 o engenheiro inglês<br />

Edmund James Palmer Norton trabalhava<br />

na construção da estrada de ferro de Mendoza<br />

a Santiago, hoje desativada. Tratavase<br />

do trecho transandino de uma ferrovia<br />

projetada de Buenos Aires ao Pacífi co,<br />

numa época em que a vida política argentina<br />

era monopolizada por exportadores e<br />

latifundiários, nos governos Sáens Peña e<br />

Julio Roca.<br />

Tomando-se de amores pela região,<br />

Edmund resolveu estabelecer-se próximo<br />

da cidade de Mendoza, dedicando-se<br />

ao mundo das uvas e dos vinhos. Adquiriu<br />

um terreno em Luján de Cuyo, na<br />

localidade de Perdriel, trinta e poucos<br />

quilômetros ao sul da capital provincial.<br />

Importou mudas da França e aclimatou-as<br />

ali, no sopé dos Andes, criando as Bodegas<br />

Norton em 1895.<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 41<br />

Na primeira metade do século vinte a<br />

marca já era conhecida internamente por<br />

seus vinhos brancos leves e pelos tintos<br />

ao estilo de Bordeaux, amadurecidos<br />

longamente em grandes tonéis de madeira<br />

francesa de Nancy.<br />

O empreendimento mudou de mãos<br />

várias vezes até ser adquirido pelo grupo<br />

austríaco em 1989, quase um século<br />

depois de sua criação, por ocasião da<br />

grande virada da vinicultura argentina,<br />

que abandonou as produções gigantescas<br />

de vinhos populares para consumo interno<br />

e voltou-se para produções mais discretas<br />

de vinhos de qualidade para o mercado<br />

externo.<br />

A participação austríaca transformou<br />

a pacífi ca e tradicionalista vinícola de<br />

Perdriel em uma das cinco mais importantes<br />

de Mendoza, trocando seu perfi l<br />

anterior para vinhos mais jovens e frutados,<br />

elevando dessa forma sua presença<br />

no mercado internacional.<br />

Quando da comemoração dos cem<br />

anos do empreendimento, em 1995, a<br />

vinícola pode lançar com sucesso o tinto<br />

Perdriel del Centenário, uma mescla<br />

Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec,<br />

adaptação argentina do corte bordalês,<br />

conhecida como “la santísima trinidad de<br />

los cortes argentinos”. Nos dias atuais, o<br />

rótulo mais sofi sticado é o Perdriel Single<br />

Vineyard, que manteve o mesmo corte.<br />

Ao se iniciar o terceiro milênio os<br />

austríacos entregaram a gerência do<br />

empreendimento ao jovem e dinâmico<br />

Michael Halstrick, tendo Jorge Riccitelli<br />

como enólogo geral. Rapidamente a parcela<br />

exportada da produção passou de dez<br />

para trinta por cento, particularmente para<br />

América do Sul<br />

a Europa e para os EUA, mas com importante<br />

presença também no Brasil, onde é<br />

importado pela Expand. As diversas linhas<br />

disponíveis entre nós - Lo Tengo, Barrel<br />

Select, del Centenário, Single Vineyard,<br />

Privado – incluem vinhos na faixa de trinta<br />

a duzentos e trinta reais, tintos, brancos e<br />

de sobremesa, destacando-se os brancos<br />

de Chardonnay e Sauvignon Blanc e<br />

os tintos Malbec, Cabernet Sauvignon,<br />

Merlot, Syrah e cortes.<br />

Na província argentina de Mendoza<br />

formou-se uma espécie de resumo das<br />

Nações Unidas: a espanhola Séptima, as<br />

francesas Alta Vista e Terrazas, a portuguesa<br />

Finca Flichman, a brasileira Finca<br />

Don Otaviano (vinhos Penedo Borges), a<br />

chilena Trivento, etc... E, no centro, bem<br />

no início da rodovia Mendoza-Santiago,<br />

a austríaca Norton.<br />

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