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Vinho - Jornal Vinho & Cia

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Comportamento<br />

Pernod 65º<br />

......................................<br />

Didú Russo<br />

Confraria dos Sommeliers<br />

didu@jornalvinhoecia.com.br<br />

Na minha juventude, que foi outro<br />

dia, gostava demais da boemia.<br />

Isso era fi nal da década de sessenta,<br />

e a minha bebida era o Pernod, que<br />

ainda vinha com 65º de álcool. O mundo<br />

andava ainda em voltas ao rock, mas de<br />

repente surgiu um movimento de valorização<br />

da nossa cultura, algo como está<br />

30<br />

acontecendo agora com a cachaça. Surgiram<br />

os endereços de samba e os melhores<br />

de São Paulo eram no Bexiga: Catedral do<br />

Samba e Telecoteco na Paróquia.<br />

Para vocês terem idéia do tempo que<br />

isso faz, o Martinho da Vila dava canja lá<br />

cantando coisas que não eram suas, pois<br />

estava no início de carreira com aquela<br />

música que falava do vestibular... Bem,<br />

lá na Catedral havia o Martinho da Vila e<br />

o Benito di Paula... Lembram-se? “Trabalhei<br />

o ano inteiro e ela jurou desfi lar pra<br />

mim...” estava bombando.<br />

Bem, mas acontece que o Telecoteco<br />

estourou de repente e lá fomos nós... Eu<br />

bebia, como disse, nessa época Pernod 65º<br />

copo long drink repleto de gelo picado e<br />

Pernod. Nossa! Era o máximo, pois para<br />

quem gostava de se embriagar, o Pernod<br />

trazia uma nova perspectiva, já que ele ia<br />

te amortecendo e depois é que te deixava<br />

louco... Era especial.<br />

Eu sempre fumei charutos. Na minha<br />

vida já fumei mais de U$ 200 mil em<br />

charutos e não me arrependo, outros U$1<br />

milhão gastei com vinhos e viagens e o<br />

resto foi com umas bobagens que não me<br />

lembro direito...<br />

Bem, voltando ao Telecoteco. Cantava<br />

o Benito di Paula, mas o Didú estava com<br />

o quarto ou quinto copo long-drink de<br />

Pernod 65º em cima da mesa e cantando<br />

o grande sucesso do ano que era do Gilberto<br />

Gil... “Chô chuá, cada macaco no<br />

seu galho...” e eu lá em cima da mesa até<br />

conseguir que o Benito di Paula cantasse<br />

o sucesso. De repente, surge um cheirinho<br />

incrível e sedutor de churrasco!<br />

Puxa vida, que grande idéia, são duas<br />

da manhã e até agora não comi nada, um<br />

churrasquinho vai cair como uma luva...<br />

Bem, olho para a minha mão que fumaçava...<br />

Era o meu dedo médio e indicador<br />

que fumegavam com a brasa do meu charuto<br />

que tostava meus próprios dedos... E<br />

eu feliz e amortecido pelo Pernod olhava<br />

admirado para aquela cena... E Cho chuá<br />

cada macaco no seu galho...<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 41

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