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Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias

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O piyarentsi, que é também o nome da bebida de mandioca fermentada<br />

consumida nestas ocasiões, possui uma dimensão mais marcadamente festiva,<br />

mas também possui dimensões econômicas, políticas e religiosas. Nos<br />

piyarentsi discute-se de tudo: casamentos, brigas, caçadas, problemas com<br />

os brancos, projetos, etc. O convite <strong>para</strong> beber tem o caráter de uma obrigação<br />

social e rejeitá-lo é considerado uma ofensa. Embriagar-se nessa ocasião<br />

é sempre um objetivo e motivo de orgulho. No auge da embriaguez, os Ashaninka<br />

tocam suas músicas, dançam, riem. Afirmam que fazem piyarentsi<br />

<strong>para</strong> homenagear Pawa, que se alegra vendo os seus filhos felizes. Foi durante<br />

uma reunião de piyarentsi que Pawa reuniu seus filhos, embebedou-os e<br />

realizou as grandes transformações antes de deixar a Terra e subir ao céu.<br />

Os Ashaninka mascam tradicionalmente as folhas de coca (koka). Junto<br />

com o tabaco (sheri), a coca é consumida nos rituais do piyarentsi e do kamarãpi,<br />

mas seu uso não se restringe a essas ocasiões. Os Ashaninka dizem<br />

também que mascar coca permite resistir ao cansaço e superar a fome. Entre<br />

os xamãs, que no cumprimento de suas atividades passam por períodos<br />

de restrições alimentares, o uso de coca é indispensável. O cultivo é realizado<br />

por cada família no pátio da casa ou no roçado e a sua produção é sempre<br />

restrita às necessidades de cada família. No filme “Shomõtsi”, o personagem<br />

narra o mito da origem da coca entre os Ashaninka.<br />

Cultivada em clima tropical e<br />

altitudes que variam entre 450 m<br />

e 1.800 m acima do nível do mar,<br />

há mais de 4500 anos, as folhas<br />

de coca são usadas por índios da<br />

América do Sul. Numerosas lendas<br />

se referem a ela em associação aos<br />

mistérios sagrados da fertilidade, da<br />

sobrevivência e da morte, assim como de práticas curativas. Grande parte<br />

dos preconceitos e questionamentos em torno do consumo da folha de coca<br />

provêm da falta de conhecimento. Ape<strong>nas</strong> o fato de que em inglês não<br />

exista uma diferenciação entre a folha de coca e o produto entorpecente –<br />

a cocaína –, gera, por si só, confusões. Atualmente, pesquisas e estudos<br />

são realizados em países como Bolívia e Peru a fim de conseguir a<br />

descriminalização da folha de coca da lista de entorpecentes da ONU<br />

e adaptar suas políticas públicas no âmbito da luta contra o narcotráfico<br />

e a produção excedente de folhas de coca.<br />

Revitalização cultural e desenvolvimento<br />

sustentável No início dos anos 1990, foi criada a Associação<br />

Apiwtxa <strong>para</strong> oferecer um dispositivo legal capaz de negociar e executar<br />

projetos, bem como defender os interesses dos Ashaninka do rio Amônia.<br />

Os Ashaninka passaram então a investir na produção de artesanato que<br />

representa cerca de 80% do capital da sua cooperativa e sua principal<br />

atividade comercial.<br />

O processo de revitalização cultural se consolida através da “educação<br />

diferenciada” onde as crianças são alfabetizadas na sua própria língua.<br />

Recentemente, os Ashaninka também se apropriaram do uso do vídeo<br />

<strong>para</strong> registrar momentos importantes da comunidade e seus conhecimentos<br />

tradicionais. A escola e o vídeo, instrumentos da sociedade ocidental,<br />

servem hoje <strong>para</strong> fortalecer suas tradições culturais e afirmar a<br />

identidade étnica.<br />

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