Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias
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a revolta de santos atahualpa<br />
A insurreição indígena dirigida por Juan Santos Atahualpa ocupa<br />
um lugar de destaque na história peruana. Auto-proclamado Inca<br />
ou “filho de Deus”, herdeiro legítimo do Império roubado pelos<br />
espanhóis, Atahualpa pretende restaurar seu Reino perdido e<br />
expulsar os intrusos com a ajuda de seus irmãos indíge<strong>nas</strong>, unidos<br />
na luta contra o branco.<br />
Com a notícia da chegada do Messias libertador, mensageiros<br />
indíge<strong>nas</strong> se espalham pela Selva Central. Entre 1742 e 1752, os<br />
enfrentamentos entre índios e tropas espanholas se multiplicam,<br />
oferecendo aos rebeldes uma série de vitórias que garantiram<br />
a autonomia política dos índios da Selva Central peruana e a<br />
inviolabilidade de seus territórios tradicionais durante mais de<br />
um século. O ideal revolucionário de Atahualpa não se limitava<br />
às terras baixas, mas pretendia reunir todos os índios contra<br />
os “não-índios”.<br />
os ashaninka e a economia caucheira<br />
O primeiro passo da reconquista da Selva Central é uma expedição militar<br />
peruana organizada em 1847 em direção ao Cerro de la Sal. Apesar da resistência<br />
indígena no final do século XIX, os peruanos controlam o Cerro de la<br />
Sal e começam a produção industrial do produto. Enquanto a perda do sal<br />
anuncia a dependência econômica, uma história dramática atinge as terras<br />
baixas da Amazônia peruana: o boom do caucho.<br />
A procura pela borracha, inicia-se na década de 1870 e atinge os Ashaninka<br />
na região do Alto Ucayali. É importante salientar que a principal produção<br />
de borracha nessa área é o caucho (Castilloa elastica) e não a seringa<br />
(Hevea brasiliensis). Contrariamente ao seringueiro, assentado no seringal,<br />
a extração do caucho exige a derrubada da árvore e conduz a uma expan-<br />
são territorial permanente da força de trabalho, à medida que a produção<br />
de cada área é esgotada. A economia da borracha, tanto seringueira como<br />
caucheira, está baseada no sistema do aviamento, ou seja, o fornecimento<br />
de mercadorias em troca da borracha produzida. Os preços mantêm a dívida<br />
dos trabalhadores, que nunca se extingue, um sistema moderno de escravidão<br />
que amarra o seringueiro ao patrão seringalista.<br />
A exploração caucheira na Amazônia peruana está associada às figuras<br />
sanguinárias dos grandes patrões. Mas, a partir de 1912, esta economia entra<br />
progressivamente em crise com a queda dos preços da borracha no mercado<br />
internacional. As correrias <strong>para</strong> matar e afastar os índios das áreas<br />
cobiçadas pelos caucheiros vão diminuindo durante as primeiras décadas<br />
do século XX, até desaparecerem. Frente à violência da economia caucheira,<br />
muitos Ashaninka também lutaram com as armas, alguns migraram <strong>para</strong><br />
as regiões brasileiras e bolivia<strong>nas</strong> fronteiriças.<br />
“gringos” e “comunistas”<br />
Para muitos Ashaninka, as missões norte-america<strong>nas</strong> que se mul tiplicaram<br />
na Amazônia peruana durante o século XX constituíram uma forma de proteção<br />
contra os patrões. A presença missionária nor te-americana intensifi-<br />
ca-se en tre os Ashaninka e a tinge números recordes.<br />
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