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Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias

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Ashaninka do rio Amônea, que ao longo da história migraram do Peru <strong>para</strong><br />

o Brasil, procuraram ocupar regiões onde não havia seringa no Acre, <strong>para</strong><br />

não se submeterem diretamente aos patrões seringalistas, já que a borracha<br />

era um produto cobiçado na época. Quando a borracha perdeu seu valor<br />

econômico, a exploração madeireira passou a ser o alvo da invasão territorial<br />

e os Ashaninka caíram em redes de exploração de madeira.<br />

Os Ashaninka do rio Amônea entenderam que a passagem de um território<br />

flexível do passado <strong>para</strong> uma reserva com limites fixos exigia deles<br />

uma mudança na prática de exploração dos recursos naturais da sua reserva:<br />

não derrubar mais palmeiras <strong>para</strong> tirar palha <strong>para</strong> as casas, repovoar a<br />

reserva com espécies em extinção. Assim como outros povos da região, e<br />

com o apoio de centros de formação de <strong>professores</strong> indíge<strong>nas</strong> como a Comissão<br />

Pró-Indio do Acre (CPI-AC), os Ashaninka e os Huni Kuĩ começaram a<br />

implantar sistemas de “Agroflorestas” em áreas degradadas em volta da aldeia<br />

de maneira a atrair os bichos <strong>para</strong> perto.<br />

A agrofloresta é um conjunto de estratégias de plantio, reflorestamento,<br />

e manejo de uma área que parte da coexistência simbiótica de espécies<br />

nativas, matas, e espécies úteis <strong>para</strong> a alimentação humana. Esses sistemas<br />

de manejo partem de uma compreensão de que os recursos naturais são<br />

finitos. Podemos ver um pouco deste trabalho em “A gente luta mas come<br />

fruta”. As atividades indíge<strong>nas</strong> de manejo sustentável do meio-ambiente<br />

com base na agrofloresta são opostas ao modelo colonial brasileiro da monocultura<br />

– na qual uma única espécie é plantanda extensivamente <strong>para</strong> a<br />

venda – e investe na coexistência próxima de diferentes espécies de plantas<br />

– na biodiversidade. Alguns dos cineastas indíge<strong>nas</strong> cujos trabalhos estão<br />

presentes nesta série são também agentes agro-florestais indíge<strong>nas</strong>, como<br />

é o caso de Benki e Zezinho Yube.<br />

Os Panará, como vários outros grupos, fugiram do contato e resistiram o<br />

quanto puderam, mas a abertura da estrada Cuiabá-Santarém (BR-163)<br />

atravessou o meio do seu território e o contato foi então inevitável. Dizimados<br />

pelas doenças, tiveram que ser realocados <strong>para</strong> dentro do parque Xingu,<br />

o que causou a morte de boa parte da população que já tinha sobrevivido.<br />

Como vemos em “De Volta à Terra Boa”, quando os Panará retornaram ao<br />

seu território, já na década de 90, viram com desgosto o impacto da entrada<br />

de mineradores e garimpeiros, que em busca do ouro, estragaram destruíram<br />

e poluíram o solo e os rios.<br />

Os Xavante foram contatados no momento da grande “Marcha <strong>para</strong> o<br />

Oeste”, e foram vencidos pela doença e pela fome. No passado eram um<br />

povo com economia de subsistência baseada na coleta e na caça. Viviam<br />

uma agricultura reduzida, ocupando de forma semi-nômade um território<br />

extenso, porém árido e escasso em termos de recursos naturais. O momento<br />

de sedentarismo forçado, de serem fixados num território, com a reconstrução<br />

de espaços muito limitados pra o seu uso, abalou profundamente<br />

seu modo de vida. Uma alimentação nova e pouco equilibrada gerou o alastramento<br />

de casos de diabetes e outras doenças, com resultados catastróficos.<br />

Hoje em dia, como vemos em “Sangradouro”, têm que enfrentar os<br />

grandes latifundiários que plantam soja sobretudo <strong>para</strong> a venda internacional<br />

como ração, que pressionam os poucos espaços que lhes resta.<br />

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