Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias
Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias
Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
tanto, as mais de duzentas etnias que sobreviveram passaram a crescer a<br />
uma taxa muito superior à média nacional. Nos anos 1970 se falava em 150<br />
mil índios no Brasil, enquanto o censo de 2006 registrou 650 mil. Os Panará,<br />
por exemplo, chegaram a 69 indivíduos em 1975, e em 2008 já somavam<br />
374. A população Xavante, depois de fortes abalos demográficos, agora é de<br />
mais de 13.000 pessoas.<br />
Além da elevada taxa de crescimento, o fato de o índio no Brasil hoje ser<br />
mais valorizado e ter mais direitos levou um grande número de pessoas<br />
que procuravam esconder a sua identidade indígena a auto-declararem a<br />
sua origem. Portanto, ao contrário do que muita gente pensa, os índios não<br />
estão acabando, suas populações crescem, saem da invisibilidade, suas culturas<br />
se transformam e, sem sombra de dúvida, os povos indíge<strong>nas</strong> farão<br />
parte do futuro deste país.<br />
A ideia de que os povos indíge<strong>nas</strong> estão desaparecendo é ape<strong>nas</strong> uma<br />
entre uma série de ideias equivocadas a respeito dos índios. Equívocos que<br />
se perpetuam e se reforçam na mídia e na escola, sendo reproduzidos por<br />
nós sem que pensemos sobre eles. Assim <strong>nas</strong>cem os estereótipos que segregam,<br />
geram intolerância, preconceito e mais desconhecimento. No texto a<br />
seguir, o professor José Ribamar Bessa Freire analisa mais alguns destes<br />
equívocos.<br />
a herança cultural indígena,<br />
o u c i n c o i d e i a s e Q u i V o c a d a s s o b R e o s í n d i o s<br />
josé Ribamar bessa freire<br />
PRofessoR da faculdade de educação da ueRj e cooRdenadoR, desde 1992,<br />
do PRogRaMa de estudos dos PoVos indíge<strong>nas</strong>. PRofessoR do PRogRaMa<br />
de Pós-gRaduação eM MeMóRia social da uniVeRsidade fedeRal do estado<br />
do Rio de janeiRo – uni-Rio.<br />
introdução<br />
O que foi mesmo que nós herdamos dos índios? Por que não nos apropriamos,<br />
ainda, do legado que eles nos deixaram? O que é que nós sabemos sobre<br />
a história indígena, que deixou marcas tão visíveis e indeléveis, mas ao mesmo<br />
tempo tão desprezadas e desconhecidas? Como reconstruir as nossas<br />
histórias locais, se não possuímos um conhecimento correto sobre a história<br />
indígena, sem o qual não é possível explicar o Brasil contemporâneo? As sociedades<br />
indíge<strong>nas</strong> constituem um indicador extremamente sensível da natureza<br />
da sociedade que com elas interage. A sociedade brasileira se desnuda<br />
e se revela no relacionamento com os povos indíge<strong>nas</strong>. É aí que o Brasil mostra<br />
a sua cara. Nesse sentido, tentar compreender as sociedades indíge<strong>nas</strong><br />
não é ape<strong>nas</strong> procurar conhecer “o outro”, “o diferente”, mas implica conduzir<br />
as indagações e reflexões sobre a própria sociedade em que vivemos.<br />
No entanto, constatamos que muito pouco foi feito <strong>para</strong> conhecermos a<br />
história indígena. A produção de conhecimentos nesta área não condiz com<br />
16 17