14.04.2013 Views

Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias

Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias

Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>para</strong> o Parque Indígena do Xingu, os Panará continuaram caçando, pescando,<br />

plantando e realizando a coleta de frutos, mas as condições ecológicas<br />

do Xingu, por serem bem diferentes da encontrada em suas florestas originais<br />

reduziu em muito a variedade de seus alimentos.<br />

Os Panará plantam milho, batata, cará, várias espécies de banana, mandioca,<br />

abóbora e amendoim. Nas terra férteis do Peixoto e do Iriri as mesmas<br />

bananeiras dão frutos durante anos a fio, enquanto no Xingu requeriam pés<br />

novos a cada ano. A dificuldade do trabalho sem ferramentas de aço foi suplantada<br />

com a aquisição de facas, facões e machados. A pesca ocorre tanto<br />

no período de cheia ou de seca, já que as técnicas de captura dos peixes variam<br />

de acordo com o nível da água: timbó na estação de águas baixas e<br />

arco e flecha <strong>nas</strong> águas cheias. A caça é a atividade masculina mais prestigiada.<br />

Sobretudo o conhecimento dos animais e do ecossistema, mais do<br />

que força ou tecnologia, garante os resultados das empreitadas.<br />

Para os Panará todo o processo de produção de subsistência é organizado<br />

pelas relações sociais. O trabalho diário de cada família nuclear – a mulher<br />

colhendo mandioca ou outras plantas da roça, o homem indo caçar ou<br />

pescar – dá conteúdo a um ciclo ritual transcendente, através do qual toda<br />

a força do trabalho coletivo é mobilizada por complexos pedidos e presta-<br />

ções mútuas de serviços entre clãs, culminando na pre<strong>para</strong>ção coletiva de<br />

uma grande quantidade de mandioca ou milho, que tem como complemento<br />

o resultado de uma caçada coletiva que dura até sema<strong>nas</strong>.<br />

Da mesma forma, a roça é não só um espaço altamente socializado como<br />

também um campo de trabalho material e social fundamental. O desenho<br />

circular da roça, com certas plantas na periferia, e suas linhas, às vezes<br />

cruzadas, de bananeiras ou milho cortando o centro, é uma reprodução<br />

(parcial) do espaço da aldeia, com oposição entre centro e periferia, usando<br />

os mesmos conceitos de espaço que orientam a pintura corporal e o corte<br />

de cabelos, sempre em ressonância com o sistema social.<br />

A questão dos recursos naturais é crucial <strong>para</strong> se compreender porque<br />

era um problema viver no Xingu. Sob o ponto de vista deles, não só estavam<br />

em terra alheia como em terra pobre. Enquanto viviam no Xingu, os Panará<br />

não cansavam de repetir que sua sociedade era um simulacro, uma versão<br />

reduzida, inferior e empobrecida da sociedade como fora outrora no Peixoto<br />

de Azevedo.<br />

histórico *<br />

fugindo do contato<br />

Segundo a tradição oral Panará, seus ancestrais vieram do Leste, onde ocupavam<br />

uma extensa área de campos cerrados, habitadas por brancos extremamente<br />

selvagens que com suas armas de fogo mataram muitos de seus<br />

antepassados. Naqueles tempos, eram muitos e guerreavam com outras<br />

tribos. Faziam seus rituais e viviam da pesca e da caça abundantes.<br />

Dados etno-históricos recentes mostram que os Panará do Peixoto Azevedo/cabeceiras<br />

do rio Iriri são os últimos descendentes de um grupo bem<br />

maior e mais conhecido como Cayapó do Sul. Nos séculos 18 e 19, os Cayapó<br />

(*) extRaído do texto de RicaRdo aRnt, no liVRo “PanaRá: a Volta dos índios gigantes”.<br />

são Paulo, instituto socioaMbiental, 1998<br />

76 77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!