Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias
Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias
Guia para professores e alunos - Vídeo nas Aldeias
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“onde está a aldeia de Kalusi?”<br />
“Tempodepois,quandohaviamuitascrianças,chegouKalusi(KarlVonder<br />
Steinen).EleveioatéKuhikugu,issonaépocaemqueoscaraíbajáeram<br />
bons.FoiKalusiquemtrouxeasmiçangasmuitotempoatrás,dizemas<br />
mulheres.FoiKalusioprimeirodeverdade.”<br />
Os primeiros documentos escritos acerca dos Kuikuro, no entanto, datam<br />
do fim do século XIX. O alemão Karl Von der Steinen, primeiro etnógrafo que<br />
visitou a região, é lembrado por eles como “o primeiro branco que veio em<br />
paz”. O nome Karl, em português ‘Carlos’, se consagrou como Kalusi entre os<br />
índios do Alto Xingu, e entre os Kuikuro. De acordo com os relatos do etnógrafo,<br />
viviam no Alto Xingu, na época da sua viagens (1884, 1887), mais de<br />
3.000 índios em 31 aldeias. No entanto, na história dos povos indíge<strong>nas</strong>, via<br />
de regra, no Brasil e alhures, os encontros com os brancos provocaram quase<br />
sempre resultados catastróficos <strong>para</strong> os povos nativos.<br />
Após a expedição de Steinen, outras expedições científicas e até militares<br />
entraram na região e registraram a presença de seus habitantes. A partir<br />
dos anos 20 do século XX se intensificou a exploração das cabeceiras do<br />
rio Xingu, primeiro por aventureiros movidos pelos mitos de cidades perdidas<br />
e repletas de ouro, depois por militares, funcionários do governo e pesquisadores<br />
com o objetivo de mapear, investigar e ocupar os territórios supostamente<br />
vazios do interior brasileiro.<br />
KaRl Von deR steinen e sua eQuiPe (1883)<br />
Em 1943 é criada a expedição Ron-<br />
cador-Xingu, pela Fundação Brasil<br />
Central, <strong>para</strong> a ocupação das regiões<br />
centrais do Brasil, integrando a Marcha<br />
<strong>para</strong> o Oeste, do governo Vargas.<br />
Os irmãos sertanistas Villas-Boas chegaram<br />
à região dos formadores do rio<br />
Xingu e observaram que os povos que<br />
viviam descendo o rio Culuene eram<br />
os mesmos lá encontrados por Steinen<br />
em finais do século XIX.<br />
e kugihe chegou (feitiços)<br />
“Depoiscomeçaramasmortes.<br />
Chegaramasdoenças/feitiços<br />
[kugihe].Nósficamospoucos.Naépocaemquevieramosbrancos<br />
(caraíba);elestrouxeramasdoenças/<br />
feitiço,eles,osantigos,osdonosdefeitiço.Asflechas/feitiçovoaram.Morrerammuitos.OsdeKuhikuguacabaram,acredite,nostemposdasviagensdoscaraíba.Contamosantigosqueoscolaresde‘olhodepeixe’,oscolaresdasmulheres,eramenterradoscomosmortos.”<br />
Todos os relatos de exploradores, pesquisadores<br />
e sertanistas ao longo da<br />
história dos contatos com os Kuikuro<br />
e outros grupos da região narram um<br />
processo incrivelmente rápido de depopulação,<br />
resultado das doenças (do<br />
A Fundação Brasil Central foi<br />
criada em 1943, no contexto da<br />
política de colonização do Brasil<br />
central do governo de Getúlio<br />
Vargas, que ficou conhecida<br />
como a Marcha <strong>para</strong> o Oeste.<br />
A Fundação marcou o início das<br />
expedições <strong>para</strong> reconhecimento<br />
do oeste brasileiro. Sua primeira<br />
missão foi a Expedição<br />
Roncador-Xingu, cujo objetivo<br />
era ser ponta de lança do avanço<br />
da fronteira econômica, com<br />
a função de mapear o centro<br />
do país e abrir caminhos que<br />
ligassem a região ao resto<br />
do território nacional.<br />
A expedição, liderada pelos<br />
irmãos Villas-Boas, adentrou o<br />
Brasil-Central, explorando o sul<br />
da Amazônia e travando contato<br />
com diversas etnias indíge<strong>nas</strong><br />
ainda desconhecidas.<br />
foto: HeMul sicK – 1953<br />
44 45