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a distribuição ea expressão gramatical do futuro do conjuntivo no ...

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A <strong>distribuição</strong> e a <strong>expressão</strong> <strong>gramatical</strong> <strong>do</strong> <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>conjuntivo</strong> <strong>no</strong> Português de Moçambique<br />

uma interpretação genérica habitual ancorada num contexto particular. Sem a presença <strong>do</strong><br />

contexto relevante, a leitura factual é pouco acessível. Deste mo<strong>do</strong>, espera-se que (i) em<br />

frases genéricas universais, o presente seja o tempo ‘quase obrigatório’ e (ii) em frases em<br />

que a leitura genérica habitual depende de legitimação contextual/discursiva, o <strong>futuro</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>conjuntivo</strong> seja o tempo facilmente preferi<strong>do</strong>.<br />

Partin<strong>do</strong> das generalizações formuladas, testámo-las ten<strong>do</strong> em conta as restantes<br />

frases <strong>do</strong> corpus.<br />

Relativamente às condicionais com valor genérico universal, nas quais o presente<br />

<strong>do</strong> indicativo é o tempo ‘quase obrigatório’, não ocorrem outras frases com estas<br />

características para além da frase: Se a cerejeira é/*for uma flor, então pertence ao rei<strong>no</strong><br />

vegetal.<br />

Quanto ao uso preferencial <strong>do</strong> <strong>conjuntivo</strong>, quan<strong>do</strong> as frases, tomadas isoladamente,<br />

dificilmente tornam acessível uma leitura genérica ou habitual, encontramos, <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s,<br />

evidência adicional que apoia essa generalização, pelo facto de terem si<strong>do</strong> consideradas<br />

agramaticais ou marginais por cerca de 40% <strong>do</strong>s sujeitos inquiri<strong>do</strong>s (<strong>no</strong> teste de julgamento<br />

<strong>do</strong> grupo de controlo) sete outras frases (cf. (45)) com o verbo <strong>no</strong> presente <strong>do</strong> indicativo.<br />

Ou seja, o facto de para estes falantes só o <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>conjuntivo</strong> ter si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong><br />

(plenamente) <strong>gramatical</strong> nas frases relevantes, mostra que ao julgarem as frases não<br />

processaram a sua possível leitura genérica/habitual (ou outra que legitime o uso <strong>do</strong><br />

presente <strong>do</strong> indicativo), ten<strong>do</strong>-as interpreta<strong>do</strong> como não ambíguas. Os restantes inquiri<strong>do</strong>s,<br />

<strong>no</strong> entanto, processaram a par da leitura hipotética uma leitura não hipotética (fosse<br />

genérica habitual ou de outra natureza). 48<br />

48 Como se pode observar, nenhuma das frases permite inferir uma leitura genérica da condição ou da<br />

condicional em geral, nem de eventos que possam ser ti<strong>do</strong>s como regulares sem que lhes associe um<br />

determina<strong>do</strong> contexto. As frases (45f-g) diferem das restantes por excluírem, de facto, uma interpretação<br />

genérica habitual (veja-se o contraste entre (a-e) e (f-g) <strong>no</strong> paradigma em (i) abaixo. Nas frases (f-g) parece<br />

ser o conhecimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> por um antecedente discursivo (sei que “vens ao Algarve” porque<br />

acabaste de mo dizer ao telefone, por exemplo), que legitima a interpretação factual e, portanto, o presente <strong>do</strong><br />

indicativo. Isto mostra que a <strong>no</strong>ção de genericidade tem um papel importante mas não exclusivo na<br />

compreensão <strong>do</strong>s factores que determinam a alternância entre <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>conjuntivo</strong> e presente <strong>do</strong> indicativo<br />

nas condicionais de se.<br />

(i) a. Sempre que vocês dão a resposta correcta, somamos um ponto à classificação.<br />

b. Sempre que os professores dispõem de tempo, publicam as <strong>no</strong>tas.<br />

c. Sempre que o/um casal não tem filhos, poderá a<strong>do</strong>ptá-los.<br />

d. Sempre que as crias são fêm<strong>ea</strong>s, ganhamos com isso.<br />

e. Sempre que a água atinge a temperatura de 100ºC, começa a ferver.<br />

f. *Sempre que tu vens ao Algarve, não deixes de ir à praia.<br />

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