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Vamos ubuntar? Um convite para cultivar a paz; Coleção abrindo ...

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<strong>Vamos</strong> Ubuntar?<br />

acarretavam não só perturbações e danos às forças produtivas da natureza, mas também<br />

subvertiam a própria ordem temporal. [...] Eqüidade, justiça e <strong>paz</strong> têm por função<br />

instaurar a boa distribuição dos bens sociais, as boas relações entre humanos e a ordem<br />

que dá ritmo às forças produtivas da natureza. 12<br />

É significativo o fato de, no Olimpo, serem estas três irmãs as responsáveis por guardar as portas<br />

da mansão dos deuses.<br />

O estoicismo é a filosofia representativa de uma outra vertente, que denuncia os horrores das<br />

guerras civis e da discórdia, das lutas intestinas pelo poder, das preocupações, adversidades,<br />

cuidados e das emoções da vida comum como a ambição, a ganância e o caráter ilimitado dos<br />

desejos. Seu ideal é conquistar a imperturbabilidade, a serenidade e <strong>paz</strong> da alma através do cultivo<br />

da razão, da aceitação do destino e da educação das forças irracionais que ameaçam desde o<br />

interior de cada ser humano o desfrute de uma felicidade duradoura. Assim como o animal é guiado<br />

infalivelmente pelo instinto, o homem é infalivelmente guiado pela razão; e é esta que lhe oferece<br />

normas infalíveis de ação que constituem o direito natural.<br />

Esta escola aconselha dedicar-se às questões que verdadeiramente dependem de nós. Fama,<br />

poder e riqueza não dependem apenas de nós, mas de uma série de circunstâncias que as<br />

possibilitam ou não. Entretanto, aquilo que pensamos e fazemos, a qualidade dos relacionamentos<br />

que estabelecemos, o núcleo de interesses que cultivamos, estes sim dependem de nós. A estes<br />

devemos nos dedicar.<br />

A vida contemplativa não levou os estóicos a aceitar tudo que existe como necessário. Eles<br />

exerceram uma poderosa crítica social e política que chegou a promover reformas fundadas nos seus<br />

ideais do sábio e do cosmopolitismo, isto é, a tese de que o homem é cidadão do mundo e não de<br />

um país determinado, idéia revolucionária que afirma a identidade da natureza humana e reconhece<br />

o valor absoluto de toda pessoa. Tais sentimentos eram totalmente desconhecidos <strong>para</strong> o mundo<br />

antigo, onde estão presentes escravos, estrangeiros, forasteiros, inimigos; “onde campeia solitária<br />

uma justiça que de fato existe, porém, apenas <strong>para</strong> os concidadãos livres. [...] Esse cosmopolitismo<br />

12. HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. São Paulo: Iluminuras, 2006. p. 62.<br />

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