Vamos ubuntar? Um convite para cultivar a paz; Coleção abrindo ...
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<strong>Um</strong> <strong>convite</strong> <strong>para</strong> <strong>cultivar</strong> a <strong>paz</strong><br />
nenhuma democracia efetiva e as experiências americana e francesa recém iniciavam sua trajetória.<br />
Vejamos o que Kant nos diz a respeito na segunda parte de Pela <strong>paz</strong> perpétua:<br />
O Direito das Nações será baseado em uma federação de estados livres. [...] Considerando<br />
que os vínculos entre os povos da Terra são cada vez mais estreitos, a violação<br />
do direito em determinado lugar é sentida por toda parte; segue-se que a idéia de um<br />
direito cosmopolítico deixou de ser uma forma quimérica e extravagante de conceber<br />
o direito <strong>para</strong> tornar-se um complemento necessário ao código não escrito do direito<br />
nacional e internacional, com o objetivo de chegar ao direito público da humanidade e,<br />
assim, à <strong>paz</strong> perpétua, que só poderá ser alcançada mediante esta condição.<br />
É reveladora a observação de Per Ahlmark, poeta e ex-vice-primeiro-ministro da Suécia, em torno<br />
da contribuição kantiana ao conceito de “<strong>paz</strong> democrática”, hoje uma das questões mais relevantes<br />
no cenário das relações internacionais e na teoria da democracia:<br />
Nas 70 guerras travadas no decorrer dos últimos 175 anos [...] uma democracia nunca<br />
chegou a declarar guerra a outra democracia – sem nenhuma exceção. [...] Em uma<br />
democracia é extremamente difícil obter suficiente apoio da população <strong>para</strong> desencadear<br />
um confronto militar contra outra democracia. 16<br />
Na década de 1950 iniciam-se os estudos sistemáticos sobre a <strong>paz</strong>, que ganham status<br />
acadêmico, primeiramente na Noruega, em virtude do pioneirismo do prof. Johan Galtung – hoje<br />
unanimidade e referência mundial nesta área – e que logo se difundem em outros países da Europa,<br />
na Índia e nos Estados Unidos. Na América Latina é a Costa Rica que abrirá as portas da Universidade<br />
<strong>para</strong> la Paz das Nações Unidas, tornando-se a partir de sua fundação, em 1980, a inspiração teórica<br />
e mobilizadora de todo o continente.<br />
No Brasil é necessário destacar, a partir dos anos 60, a ação inspiradora da educação <strong>para</strong> a <strong>paz</strong>,<br />
encabeçada por Paulo Freire, e a mobilização promovida uma década mais tarde pela Comissão<br />
Brasileira Justiça e Paz <strong>para</strong> a redemocratização do país nos tempos da ditadura. Mais recentemente,<br />
16. AHLMARK, P. A democracia e a <strong>paz</strong>. In: ROMILLY, J. de et al. Imaginar a Paz, op. cit.<br />
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