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atividades e funções das universidades para<br />
fundações inteiramente privadas, chamadas<br />
eufemisticamente de fundações de apoio.<br />
Não existe, por maiores que sejam as demandas<br />
acadêmicas, nenhum argumento capaz<br />
de legitimar a necessidade de fundações<br />
privadas em uma universidade pública. Criadas<br />
com o pretexto de contornar dificuldades<br />
de natureza administrativa e entraves legais,<br />
acabaram por gerar enormes distorções nas<br />
atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas<br />
na universidade, submetendo-a à<br />
lógica do mercado. Lógica essa da qual derivam<br />
prioridades incompatíveis com a atividade<br />
acadêmica crítica e socialmente referenciada,<br />
que é a essência da universidade pública.<br />
Diante do descaso dos governos com o financiamento<br />
das universidades públicas e das<br />
dificuldades administrativas, os burocratas têm<br />
incentivado e tirado proveito da fuga pela via<br />
paralela, privatizante e ilegal, pelo desvio de<br />
caráter acadêmico imprimido pelas fundações.<br />
No sentido inverso, o equacionamento daquelas<br />
dificuldades só terá sucesso com o fortalecimento<br />
do caráter público da universidade, da sua<br />
autonomia e da sua democracia, pois é esta a<br />
16<br />
“Investimento”: 15 parcelas de R$ 450,00, num total de R$ 6.750,00.<br />
razão que lhe tem garantido sustentação<br />
social desde quando e<br />
onde existem universidades como<br />
as que conhecemos.<br />
Desvio de caráter, no caso,<br />
não se refere ao componente moral,<br />
mas às características essenciais<br />
da instituição universitária,<br />
em particular aquelas que justificam<br />
o atributo da autonomia.<br />
Pelo menos dois pólos externos vêm<br />
atuando no sentido de tirar proveito particular<br />
do patrimônio social representado pelas<br />
universidades públicas. Por um lado, governantes<br />
tentam reduzi-las a meras repartições,<br />
obrigadas a cumprir caprichos e acordos<br />
imediatistas muitas vezes condicionados aos<br />
períodos de governo e aos interesses eleitorais.<br />
Por outro, setores econômicos operam a<br />
des-instituição do espaço público destinado à<br />
produção de conhecimento para transformálo<br />
em mais um campo dos seus empreendimentos.<br />
Ambos incorporam em suas táticas<br />
a transferência de funções das universidades<br />
públicas para as fundações privadas. Somente<br />
a existência desses interesses externos é<br />
capaz de explicar o acobertamento das afrontas<br />
à Constituição e a neutralização dos efeitos<br />
de tantas condenações dos Tribunais de<br />
Contas, apontamentos de irregularidades<br />
das controladorias, denúncias do Ministério<br />
Público e das comunidades universitárias.<br />
As fundações privadas ditas de apoio nada<br />
mais são do que entes privados intermediando<br />
a relação financeira entre órgãos públicos, evadindo-se<br />
dos controles e imprimindo, a partir<br />
OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO/2008 – Revista da Associação dos Docentes da UFF – CLASSE