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Foto: Stela Guedes Caputo<br />
Professora do curso de Psicologia da<br />
UFF, Cecília Maria Bolsas Coimbra, é presidente<br />
do Grupo Tortura Nunca Mais, fundado<br />
em 1985, por iniciativa de ex-presos políticos<br />
torturados durante o regime militar brasileiro<br />
e por familiares de mortos e desaparecidos políticos.<br />
A entidade, que faz questão de afirmar<br />
que não é uma ONG e sim um Movimento Social,<br />
tornou-se uma das principais referências<br />
nas lutas em defesa dos Direitos Humanos. Cecília<br />
é uma sobrevivente de 67 anos. Foi presa<br />
e torturada em agosto 1970, mas teimou em<br />
viver para contar a sua e outras histórias dos<br />
que foram massacrados pela Ditadura brasileira.<br />
Seu objetivo não é vingança, é justiça<br />
e, para isso, é incansável na luta para denunciar<br />
e responsabilizar torturadores neste País.<br />
Em entrevista, ela critica o governo Lula que,<br />
segundo Coimbra, “faz uma política pífia de<br />
Direitos Humanos. Fala também da ligação<br />
entre a tortura e o extermínio dos presos políticos<br />
durante o regime militar e a tortura e o<br />
extermínio dos pobres de nossos dias.<br />
36<br />
Entrevista: Cecília Coimbra, Presidente do Grupo<br />
Tortura Nunca Mais e professora da UFF.<br />
“Vivemos a fascistização<br />
do cotidiano”<br />
Classe – Como está a questão da luta pela<br />
abertura dos arquivos da Ditadura? O Legislativo<br />
aprovou a lei de reparações, mas<br />
retrocedeu com a lei do sigilo de documentos.<br />
Que pacto é esse, mantido pelo Governo<br />
Lula, que faz com que, mesmo submetido à<br />
jurisdição da Corte Interamericana de Direitos<br />
Humanos, não haja justiça para as vítimas<br />
da Ditadura e para suas famílias?<br />
Cecília - Tem duas questões aí. A primeira é a interpretação<br />
que foi dada à lei da Anistia, uma interpretação<br />
dos juristas da Ditadura naquele período<br />
e que até hoje é vigente, ou seja, aqueles que teriam<br />
cometido os chamados “crimes conexos” teriam sido<br />
anistiados também. O Grupo Tortura Nunca Mais,<br />
desde que surgiu, questiona essa interpretação da Lei<br />
da Anistia porque não existe nenhuma conexidade<br />
entre o fato de você seqüestrar, prender ilegalmente,<br />
torturar, ocultar cadáveres, com a oposição que se fez<br />
ao regime militar naquele período. Crime conexo é a<br />
forma deles dizerem que a repressão usada contra os<br />
opositores políticos é uma ação conexa aos atos praticados<br />
contra a Ditadura Militar, o que é uma coisa<br />
OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO/2008 – Revista da Associação dos Docentes da UFF – CLASSE