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Classe – O Secretário de Segurança Pública,<br />
José Mariano Beltrame, disse que desejava<br />
um Instituto mais “pró-ativo”, mas o que se<br />
veiculou na época, era que a mudança significava<br />
uma opção do governo por uma linha<br />
ainda mais dura de repressão...<br />
Cel Mário Sérgio – O ISP trabalha episteme. É<br />
marcadamente uma instituição voltada para a construção<br />
do conhecimento e desvelamento de saberes<br />
de interesse da Segurança Pública. Há três eixos no<br />
órgão: o Núcleo de Pesquisas em Segurança Pública<br />
e Justiça Criminal, a Coordenadoria dos Conselhos<br />
Criminais e a Coordenadoria de Projetos de<br />
Segurança Pública. Destes, apenas a Coordenação<br />
dos Conselhos não tem um formato marcadamente<br />
científico e sim sócio-organizacional. Todavia, sua<br />
atuação é fundamental para o Sistema de Segurança,<br />
pois lhe dá a chave necessária à interface com a<br />
população com vistas à participação comunitária. O<br />
ISP, como disse, não formula a política, não sugere<br />
as ações e não determina as estratégias. O ISP apenas<br />
exibe o que mensura e o que conhece.<br />
Classe – Com a demissão da antropóloga Ana<br />
Paula Miranda, da presidência do ISP e sua<br />
substituição por um tenente-coronel, o senhor,<br />
a integridade e a independência desse<br />
órgão não ficam comprometidas?<br />
Cel Mário Sérgio – O ISP é uma autarquia do<br />
Estado vinculada à Secretaria de Segurança. A<br />
isenção que possui hoje é mesma que a doutora<br />
Ana Paula possuía antes de minha assunção. Não<br />
sou o primeiro coronel da PM a assumi-la; antes,<br />
dois já haviam passado pela função. Ocorre que<br />
o ISPestava sendo entendido como uma espécie<br />
de departamento de ciências sociais, quando ele<br />
não deve ser isso. A sociologia, a ciência política<br />
e a antropologia têm grande contribuição a<br />
dar ao ISP, mas há outras ciências e saberes que<br />
podem e devem concorrer para essa construção<br />
de conhecimento. A hegemonia de uma ciência a<br />
partir da “embocadura” da chefia é compreensível,<br />
mas temos que cuidar para não nos fecharmos<br />
em círculos de idéias. Estamos buscando<br />
<strong>fazer</strong> um ISP mais plural.<br />
Classe – Depois de sete meses já é possível<br />
<strong>fazer</strong> um balanço da sua gestão? O ISP está<br />
mais “pró-ativo”?<br />
Cel Mário Sérgio – Estamos trabalhando muito;<br />
celebrando convênios, estabelecendo novas parcerias.<br />
Para exemplificar com trabalhos mais recentes<br />
de nossa gestão, a Secretaria Estadual de Educação,<br />
o DETRAN, a Secretaria Estadual de Saúde e<br />
a Petrobrás nossos mais novos parceiros, com projetos<br />
em fase de desenvolvimento. Da gestão anterior<br />
concluímos o Observatório de Análise Criminal e o<br />
convênio com a Secretaria Especial de Direitos Humanos,<br />
com recursos da União Européia. Sobre estar<br />
mais ou menos pró-ativo eu não gostaria de <strong>fazer</strong><br />
comparações com outras gestões.<br />
Classe – No ano passado, o governador do Rio,<br />
Sérgio Cabral, chamou de “débil mental” o<br />
policial que matou o vigia Rubineu Nobre, de<br />
29 anos, em um posto de gasolina, na Baixada<br />
Fluminense, no dia 10 de fevereiro. Se um governador<br />
se refere assim à sua própria polícia,<br />
como a população pode pensar o contrário?<br />
Cel Mário Sérgio – Creio que “a boca fala daquilo<br />
que está cheio o coração”. Num momento<br />
marcado pelo paroxismo da dor, dizemos muitas<br />
CLASSE – Revista da Associação dos Docentes da UFF – OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO/2008 31