fazer download - Aduff
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Classe - Como foi acontecendo<br />
o interesse por<br />
música?<br />
BNegão – Sempre gostei de<br />
música. Primeiro música de<br />
rádio, normal. Depois, ouvia<br />
alguns discos do meu pai (Martinho<br />
da Vila Chico Buarque...).<br />
Ouvia Kiss(!), depois Michael Jackson<br />
e, em 82, veio o Rap... daí<br />
lascou.... Em 1987, junto com os<br />
primeiros lançamentos de<br />
rap nacional (Cultura de<br />
Rua, Racionais ...), eu comecei<br />
a ouvir muito punk<br />
rock (Inocentes, Cólera,<br />
Ratos de Porão, Garotos Podres, Olho Seco...), via<br />
Rádio Fluminense FM e Circo Voador.<br />
Classe - Tinha gente na família que tocava?<br />
BNegão – Eu tinha um tio que tocava, mas era<br />
considerado a “ovelha negra” da família. Ele<br />
tinha sido o primeiro cara a se separar que eu<br />
vi na vida, desde que o divórcio foi aprovado<br />
como lei (isso foi apenas em 1977,acreditem!!).<br />
Era meu tio Meirelles. Ele sumiu de tudo e<br />
todos por décadas, vendeu o sax, largou a música,<br />
virou semi-mendigo por muito tempo...<br />
Depois, eu já era fã dele há milênios, mas não<br />
ligava o meu tio (que sabia que tinha sido um<br />
maestro importante, por alto e que eu só conheci<br />
quando era criança), ao grande maestro<br />
J.T. Meirelles, que fez os arranjos e tocou sax<br />
e flauta nos cinco primeiros e clássicos discos<br />
do Jorge Ben (aquele sax de “Mas Que Nada”<br />
é composição dele, tocada por ele, naquela<br />
20<br />
clássica gravação que ele mesmo produziu e<br />
arranjou...). Ele comandou a lendária banda<br />
Copa 5, que teve, entre seus componentes, músicos<br />
lendários como Edison Machado, Eumir<br />
Deudato, Dom Um Romão e Roberto Menescal,<br />
entre outros. No final dos anos 90, ele foi resgatado<br />
e voltou com força total. Tocamos juntos<br />
em São Paulo e ele ficou fã dos “Seletores”,<br />
o que para mim foi a maior honra que eu já<br />
tive musicalmente em toda a minha vida.<br />
Classe: Você divulga a cultura livre, a generosidade<br />
intelectual e a publicação aberta.<br />
Poderia falar um pouco sobre isso?<br />
BNegão – Não quero que as coisas que eu produzo,<br />
que normalmente freqüentam o meio alternativo,<br />
e que contêm elementos que considero<br />
de mudança (mínima que seja) fiquem restritas<br />
aos que conseguem comprar ou achar. Quero<br />
que o maior número de pessoas tenha acesso ao<br />
que faço. Quando comecei tudo isso nem sabia<br />
dessas nomenclaturas. Fiz porque senti e sinto<br />
necessidade de fazê-lo. Respeito quem pensa<br />
por outros caminhos. Cada um dá o destino que<br />
quiser à sua obra, à sua produção, mas o meu<br />
caminho é esse. Mesmo que um dia eu lance<br />
algo por algum selo/editora/gravadora que vete<br />
essa postura, ficarei muito feliz quando vir que<br />
alguém publicou meus textos ou minhas músicas<br />
na net para acesso gratuito.<br />
Classe – Por isso você disponibiliza seus<br />
CD´s na internet?<br />
BNegão – Para facilitar o acesso. E também<br />
porque, na época, estava tendo a primeira campanha<br />
mais forte contra o <strong>download</strong> no mundo,<br />
OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO/2008 – Revista da Associação dos Docentes da UFF – CLASSE