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vezes o que não diríamos em outro momento.<br />

Classe – O governador também já defendeu o<br />

modelo colombiano de polícia.O ISP tem uma<br />

avaliação sobre esse modelo, que também recebe<br />

críticas por parte da esquerda por considerar<br />

que este modelo criminaliza a pobreza<br />

e os movimentos sociais?<br />

Cel Mário Sérgio – Avaliação não, mas eu conheço<br />

o trabalho realizado na Colômbia, marcadamente<br />

em Bogotá e Medellín. Estive três vezes com o sociólogo<br />

colombiano Hugo Acero somente neste ano de<br />

2008. Como policial, digo sem medo de errar que deveríamos<br />

seguir o mesmo caminho. Sobre críticas da<br />

esquerda àquele modelo, conversei com pessoas nas<br />

ruas e nas favelas que visitei e mesmo na esquerda<br />

encontrei aprovação do projeto, mas, claro, não estive<br />

com ninguém das FARCS e nem do ELN.<br />

Classe – O que é e o que deveria ser a Segurança<br />

Pública?<br />

Cel Mário Sérgio – Deveria ser o conjunto de ações<br />

necessárias à promoção da ordem pública e da paz<br />

social. Todavia, embora seja uma opinião pessoal, o<br />

Rio de Janeiro tem um quadro que ultrapassa a dimensão<br />

da Segurança Pública, neste conceito, quando<br />

se fala de normalidade. Há pelos menos quinze<br />

anos o Rio convive com um “conflito urbano armado<br />

de baixa intensidade”, com combates cotidianos travados<br />

entre agentes da lei e quadrilhas, e essas entre<br />

si. Faz-se mister a retomada definitiva dos espaços<br />

onde o poder público perdeu o controle para as “facções”<br />

criminosas que dominam os territórios das áreas<br />

mais carentes do Rio de Janeiro. Através de uma<br />

estrutura de coerção despótica e assassina, assente<br />

32<br />

no poder de fogo das armas de guerra que dispõem,<br />

o narcotráfico se exibe como um pequeno exército imprevisível<br />

na dimensão de suas violações. Sua força<br />

motriz é a “ideologia de facção”, que se sobrepõe à<br />

vontade de lucro no comércio ilícito de drogas.<br />

Classe – Qual seria o papel da polícia dentro<br />

da Segurança Pública?<br />

Cel Mário Sérgio – Seu papel constitucional.<br />

Classe – De acordo com os jornais, a Secretaria<br />

de Segurança do Rio comprou mais<br />

nove blindados, os chamados “caveirões”,<br />

ao custo de R$ 403 mil cada que se somarão<br />

aos 12 atuais. Os novos veículos são mais<br />

potentes e com mais saídas para armas, ou<br />

seja, vai matar mais?<br />

Cel Mário Sérgio – O “Caveirão” não é uma<br />

viatura militar, mas um carro civil; não possui<br />

acopladas metralhadoras, lança-granadas e outros<br />

petrechos. É utilizado, essencialmente, para<br />

conduzir policiais a locais de alto risco e nenhum<br />

equipamento mortal transporta além do armamento<br />

dos soldados. É forçoso utilizá-lo em áreas onde<br />

os traficantes estão à espreita, seja em lajes, becos,<br />

interior de construções ou trilhas de florestas para<br />

letal emboscada. A viatura blindada é uma estratégia<br />

de ação policial que preconiza a proteção do<br />

policial individual e coletivamente.<br />

Classe – É verdade que a Secretaria quer, ainda,<br />

comprar um blindado israelense capaz de<br />

explodir pequenas áreas? Qual a função de um<br />

veículo assim atuando em favelas?<br />

Cel Mário Sérgio - Não creio ser verdade. Embora<br />

eu não mais acompanhe a seleção de equipamen-<br />

OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO/2008 – Revista da Associação dos Docentes da UFF – CLASSE

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