A Viagem de Marcus.Rogé2

milagre estar vivo. Era um milagre o barco ainda
flutuar. O raciocinio fugia-me. Tentei, num
esforco desesperado, ficar consciente. Inutil. O
vazio e o escuro tomaram conta de mim,
novamente.
Nao sei por quanto tempo fiquei desacordado.
Estava sendo puxado para fora do que havia
sobrado da cozinha. Senti muita dor em todo o
meu corpo. Abri os olhos, num esforco tremendo.
Vi, com a visao borrada, rostos escuros,
estranhos. Esta visao foi um choque para mim.
Uma descarga de adrenalina pos-me acordado
completamente. Estava consciente, lucido.
Procurei desesperadamente, ate onde meus olhos
podiam ver, pela minha esposa. Nada. Tentei
levantar-me. Nao consegui. Fui impedido por
maos fortes que seguraram-me de encontro ao
assoalho do barco. Angustiado e sem saber ao
certo o que acontecera, gritei a plenos pulmoes
seu nome. Carla ! Debati-me tentando livrar-me
daquelas maos. Senti novamente uma dor terrivel
na cabeca. O sangue que saia de minha boca era
abundante. Um suor frio comecou a tomar conta
de todo o meu corpo. A visao ficou novamente
borrada. Uma sensacao de fraqueza apoderou-se
de mim. Aqueles rostos morenos comecaram a
girar, girar e, como que entrando em um