The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG
The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG
The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
i<strong>de</strong>ntificados por Balogh (2002) e Lopes (2004), e atribui à telenovela uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
transformadora do indivíduo, levando-se em conta que po<strong>de</strong> conduzir ci<strong>da</strong>dãos a rever<br />
posições, preconceitos, etc. Costa (2002) confirma o <strong>de</strong>stacado por todos os autores<br />
citados ao reconhecer a importância <strong>da</strong> ficção na cultura humana, “tanto na formação<br />
<strong>da</strong>s i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s coletivas e individuais como na constituição <strong>de</strong> mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>s – valores e<br />
comportamentos aceitos e difundidos numa coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>” (COSTA, 2002, p. 32). Des<strong>de</strong><br />
os anos 1990, Lacalle (2001), por sua vez, já <strong>de</strong>stacava a importância <strong>da</strong> TV como esse<br />
espaço <strong>de</strong> discussões caras à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />
(...) os gêneros <strong>de</strong> entretenimento se converteram em um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro<br />
fórum público, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>finem boa parte <strong>da</strong>s questões sociopolíticas<br />
emergentes, e em uma parainstituição, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a suprir as crescentes<br />
carências que as instituições tradicionais manifestam na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> liberal<br />
(p. 14, tradução nossa) 13 .<br />
Ao pesquisar especificamente os reality shows, Lacalle (2001) observa que a televisão se<br />
transformou numa espécie <strong>de</strong> “panóptico do mundo sem nenhum tipo <strong>de</strong> obstáculo ao<br />
olhar do espectador que é ao mesmo tempo observador e observado, que utiliza o cenário<br />
televisivo para olhar e ser visto” (p. 21, tradução nossa) 14 . Assim, a televisão se coloca<br />
como veículo necessário à visibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que alterou por completo a lógica <strong>da</strong>s esferas<br />
priva<strong>da</strong> e pública. O que antes era reservado à privaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do indivíduo – tomar banho,<br />
ter relações sexuais, momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero – aparece, nos reality shows, como momentos<br />
ápices <strong>da</strong> programação, que é <strong>da</strong> esfera pública. Nesse sentido, observamos que nem<br />
mesmo o advento <strong>de</strong> sites como o Youtube, em que o amador po<strong>de</strong> postar seus próprios<br />
ví<strong>de</strong>os, minimizou a importância <strong>de</strong> se estar na televisão, permanecendo a máxima ‘se<br />
não saiu na televisão, não aconteceu’. Apesar <strong>de</strong> trazer o homem comum para o centro<br />
<strong>da</strong>s atenções nos reality shows, a programação se diferencia do Youtube, pois ain<strong>da</strong> mantém<br />
a força, a credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o glamour <strong>de</strong> uma indústria em seus bastidores.<br />
O pensamento <strong>de</strong> Lacalle (2001) também é reafirmado por Tufte (2004, p. 305), ao lembrar<br />
que não é novi<strong>da</strong><strong>de</strong> o uso <strong>de</strong> séries televisivas para expandir mensagens sociais. Buonanndo<br />
(2004) vai além e afirma que, em frente à televisão, participamos e testemunhamos uma<br />
varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> situações que não seria possível experimentar na vi<strong>da</strong> cotidiana. E acrescenta:<br />
“a ficção age como uma potência ‘amplificadora’ <strong>da</strong> gama <strong>de</strong> situações sociais às quais te-<br />
13 “...los géneros <strong>de</strong> entretenimiento han convertido el medio en un ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ro foro público, don<strong>de</strong> se<br />
<strong>de</strong>finen buena parte <strong>de</strong> las cuestiones socipolíticas emergentes, y en una parainstitución, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a suplir<br />
las crescientes carencias que las instituciones tradicionales manifiestan en la socie<strong>da</strong>d liberal.”<br />
14 “...panóptico <strong>de</strong>l mundo, sin ningún tipo <strong>de</strong> obstáculos a la mira<strong>da</strong> <strong>de</strong> un espectador que es a la vez<br />
observador y observado; que utiliza el escenario televisivo para mirar y para ser visto.”<br />
– eLas por eLas 29