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The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG

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dúvi<strong>da</strong>s” (FURQUIM, 2008, p. 265). Para a autora, <strong>The</strong> L <strong>Word</strong> esclarece e “<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, em<br />

um tom quase didático”, as particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s do universo lésbico. (FURQUIM, 2008, p.<br />

265) Tudo indica que, <strong>de</strong>ssa forma, o programa, além <strong>de</strong> trazer visibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, consegue<br />

fazê-lo sem preconceitos.<br />

Para <strong>da</strong>r ênfase a essa “cartilha” do cotidiano lésbico, obviamente foi preciso que as autoras<br />

investissem nas personagens, o que certamente também envolveu a escolha do<br />

elenco. A série conta com atrizes <strong>de</strong> renome no cinema como Jennifer Beals e Rosanna<br />

Arquette, resgata nomes como o <strong>de</strong> Cybill Shepherd, conheci<strong>da</strong> por protagonizar a série<br />

A gata e o rato, exibi<strong>da</strong> no Brasil na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980, e lança talentos pouco conhecidos<br />

do público, algumas <strong>de</strong>las assumi<strong>da</strong>mente lésbicas. O núcleo <strong>da</strong>s protagonistas, que é<br />

gran<strong>de</strong>, passa por uma série <strong>de</strong> conflitos ao longo <strong>da</strong>s seis tempora<strong>da</strong>s, revê valores,<br />

posicionamentos, atitu<strong>de</strong>s e formas <strong>de</strong> agir. Há espaço, inclusive, para a reformulação<br />

ou questionamento <strong>da</strong> própria sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>. São personagens complexas, cujo passado é<br />

revelado a ca<strong>da</strong> tempora<strong>da</strong>, sendo o futuro nunca muito previsível, <strong>da</strong>dos os novos elementos<br />

que se apresentam a ca<strong>da</strong> capítulo ou o próprio amadurecimento <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma.<br />

Assim, as personagens <strong>da</strong> série fazem rir, chorar, criam situações <strong>de</strong> suspense, passam<br />

por surpresas, o que parece ser o que mantém os olhos <strong>da</strong>s telespectadoras presos a elas.<br />

Não importa, por exemplo, se uma <strong>de</strong>las tem menos ênfase em <strong>de</strong>terminado capítulo e/<br />

ou tempora<strong>da</strong>, pois a telespectadora é chama<strong>da</strong> a acompanhar o cotidiano <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma<br />

ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a trama. Aliás, a estratégia <strong>de</strong> manter várias protagonistas e não girar a<br />

trama em torno <strong>de</strong> uma única personagem facilita, ao que tudo indica, a fi<strong>de</strong>lização <strong>de</strong><br />

telespectadoras, que têm um leque <strong>de</strong> opções <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação. Essa possível relação <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação talvez seja um dos componentes que colabore para intensificar os <strong>de</strong>bates<br />

entre as fãs, o que po<strong>de</strong> ser observado em sites <strong>de</strong> relacionamento como o Orkut.<br />

Como seria, então, analisar a série e sua relação com as telespectadoras a partir <strong>de</strong>ssas<br />

personagens e seus estilos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>? São muitos os estudos que buscam problematizar<br />

a personagem, <strong>de</strong>fini-las e elencar suas funções, especialmente na literatura. Segundo<br />

Brait (2004), o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> concepção <strong>da</strong> personagem proposto por Aristóteles, o primeiro<br />

a tratar do tema, vigorou até meados do século XVIII. Aristóteles teria consi<strong>de</strong>rado<br />

dois aspectos com os quais <strong>de</strong>vemos encarar a personagem: reflexo <strong>da</strong> pessoa humana<br />

ou construção cuja existência obe<strong>de</strong>ce a leis particulares que regem o texto. Para Brait<br />

(2004), ambos revelam que o filósofo estava preocupado não apenas com o que é imitado<br />

ou refletido no texto, mas também com a maneira pela qual a obra é elabora<strong>da</strong>.<br />

Para Aristóteles, não caberia à narrativa poética simplesmente reproduzir o que existe,<br />

– eLas por eLas 76

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