16.04.2013 Views

The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG

The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG

The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mas compor as inúmeras possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que se oferecem. Ain<strong>da</strong> para o pensador grego,<br />

mesmo a serviço <strong>da</strong> moral, a arte seria autônoma. Logo, não representa necessariamente<br />

um mo<strong>de</strong>lo a ser seguido. Brait (2004) lembra que Horácio, um dos maiores poetas <strong>da</strong><br />

Roma Antiga e divulgador <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Aristóteles, <strong>de</strong>fendia que os seres ficcionais têm<br />

laços estreitos com a ética e os coloca como mo<strong>de</strong>lo a serem seguidos, imitados pelos<br />

interessados em atingir a excelência moral. Então, enquanto para Aristóteles a arte seria<br />

fruto <strong>da</strong> imitação e <strong>da</strong> construção, para Horácio, seria uma representação <strong>de</strong> cunho<br />

moralista do homem e do mundo. Como reforça Brait (2004), Horácio acredita que ao<br />

entretenimento está associa<strong>da</strong> a função pe<strong>da</strong>gógica. Assim, ao mesmo tempo em que a<br />

arte diverte também <strong>de</strong>ve ensinar, o que enfatiza o aspecto moral <strong>da</strong>s personagens. Essa<br />

visão <strong>da</strong> personagem como instância para aprendizado ético prevalece por to<strong>da</strong> a I<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Média e Renascimento, her<strong>da</strong><strong>da</strong>, conforme Brait (2004), tanto <strong>de</strong> Horácio quanto <strong>de</strong><br />

Aristóteles, aten<strong>de</strong>ndo assim aos i<strong>de</strong>ais cristãos que então predominavam. Brait (2004)<br />

<strong>de</strong>staca que, na Renascença, tornou-se célebre a afirmação do poeta e crítico inglês<br />

Philip Sidney, <strong>de</strong>stacando que a personagem é melhor do que o ser humano. Conforme<br />

<strong>de</strong>staca Brait (2004), ela <strong>de</strong>ve ser a reprodução do melhor do ser humano. Porém, na<br />

meta<strong>de</strong> do século XVIII, cresce a importância do criador. A personagem passa a ser vista<br />

como a representação do multifacetado universo psicológico do seu criador.<br />

Ain<strong>da</strong> assim, Brait (2004) ressalta que “a personagem continua sendo vista como ser<br />

antropomórfico cuja medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> avaliação ain<strong>da</strong> é o ser humano” (p. 37). Segundo Brait<br />

(2004), só a partir <strong>de</strong> 1920 os conhecimentos acerca <strong>da</strong> personagem avançam com<br />

as novas proposições do Gyorg Luckács, em Teoria do romance, quando este coloca a<br />

narrativa como lugar <strong>de</strong> confronto entre o herói problemático e um mundo <strong>de</strong> conformismo<br />

e convenções. Mantém-se, ain<strong>da</strong>, a visão <strong>da</strong> personagem submeti<strong>da</strong> ao mo<strong>de</strong>lo<br />

humano.<br />

As primeiras tentativas <strong>de</strong> classificação <strong>da</strong>s personagens começam com Forster (1927),<br />

que propõe serem planas ou redon<strong>da</strong>s, conforme sua complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>. As personagens<br />

planas<br />

são <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s em poucas palavras, estão imunes à evolução no transcorrer<br />

<strong>da</strong> narrativa, <strong>de</strong> forma que as suas ações apenas confirmem a<br />

impressão <strong>de</strong> personagens estáticas, não reservando qualquer surpresa<br />

ao leitor. (…) [As personagens redon<strong>da</strong>s] são aquelas <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s por sua<br />

complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, apresentando várias quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou tendências, surpreen<strong>de</strong>ndo<br />

convincentemente o leitor. São dinâmicas, são multifaceta<strong>da</strong>s,<br />

constituindo imagens totais e, ao mesmo tempo, muito particulares do<br />

ser humano (BRAIT, 2004, p. 40).<br />

– eLas por eLas 77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!