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The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG

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tas. Nesse sentido, Jenkins (2008) ressalta que as re<strong>de</strong>s e os anunciantes já começam a<br />

concor<strong>da</strong>r com o argumento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> fãs que pleiteiam mais preocupação com a<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do comprometimento do público do que na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espectadores.<br />

Po<strong>de</strong>-se afirmar que fãs <strong>de</strong> alguns cultuados programas <strong>de</strong> televisão são capazes <strong>de</strong> exercer<br />

maior influência sobre as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> programação numa era <strong>de</strong> economia afetiva.<br />

De tempos em tempos, as re<strong>de</strong>s priorizam certos segmentos do público, e o resultado<br />

é uma mu<strong>da</strong>nça nas estratégias para refletir mais completamente esses gostos – a substituição<br />

<strong>de</strong> espectadores rurais por espectadores urbanos transformou o conteúdo <strong>da</strong><br />

televisão nos anos 1960, um renovado interesse pelas minorias dos espectadores levou a<br />

sitcoms afro-cêntricas em to<strong>da</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, e uma ênfase crescente em espectadores<br />

fiéis está mu<strong>da</strong>ndo o que se veicula no início do século XXI. Os fãs têm visto no ar mais<br />

programas que refletem seus gostos e interesses; os programas estão sendo planejados<br />

para maximizar elementos que exercem atração sobre os fãs; e esses programas ten<strong>de</strong>m<br />

a permanecer por mais tempo no ar, pois, em casos extremos, têm mais chance <strong>de</strong> serem<br />

renovados. Eis o paradoxo: ser <strong>de</strong>sejado pelas re<strong>de</strong>s é ter seus <strong>de</strong>sejos transformados em<br />

mercadorias. Por um lado, tornar-se mercadoria expan<strong>de</strong> a visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural do grupo<br />

(JENKINS, 2008, p. 95).<br />

A influência e a participação dos fãs, <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s por Jenkins (2008), também são evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong>s<br />

por Ross (2008) em sua pesquisa. Dessa forma, ao analisar a relação entre a web, televisão<br />

e fãs, a partir <strong>de</strong> entrevistas com fãs, produtores, críticos e escritores envolvidos na<br />

produção televisiva, a autora retoma Walter Benjamin e traz uma provocação: a internet<br />

resgata a arte <strong>de</strong> narrar, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> em extinção pelo autor. Ross (2008) acredita que os<br />

gran<strong>de</strong>s fóruns <strong>de</strong> discussões <strong>de</strong> séries que se estabeleceram na web resgatam a troca<br />

<strong>de</strong> experiências entre quem relata e quem ouve. Os que ouvem, por sua vez, sentem-se<br />

estimulados a recontar, recriar e retornar às histórias e, consequentemente, fortalecem o<br />

ato <strong>de</strong> narrar, retomando, assim, a arte <strong>de</strong> narrar benjaminiana. Se pensarmos nas fan fictions,<br />

que foram potencializa<strong>da</strong>s pela web, po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar na prática o pensamento<br />

<strong>de</strong> Ross (2008), pois nelas se estimula especialmente o compartilhamento <strong>da</strong> autoria <strong>da</strong>s<br />

histórias. A pesquisadora reafirma que a internet revigorou elementos <strong>da</strong> cultura oral, especialmente<br />

o “contar histórias” na acepção <strong>de</strong> Walter Benjamin. Ross (2008) afirma que<br />

os sites <strong>da</strong>s TVs chamam os participantes a interpretar e enten<strong>de</strong>r as histórias que lhes são<br />

mostra<strong>da</strong>s pela TV. Benjamin, segundo a pesquisadora, afirmou que a participação é a<br />

chave <strong>da</strong> dinâmica <strong>de</strong> contar histórias. Assim, ela conclui que o espaço <strong>da</strong> internet entre<br />

os sites <strong>de</strong> produção e os sites <strong>da</strong> recepção cria um senso <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> ao longo dos<br />

trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos nos sites e encoraja o senso <strong>de</strong> reciproci<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

– eLas por eLas 43

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