The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG
The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG
The L Word - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Para alguns, a série teria o mérito <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r o estereótipo até então utilizado para representar<br />
as lésbicas: feias, cafonas, assexua<strong>da</strong>s. Para outros, aten<strong>de</strong>ria ao estereótipo <strong>da</strong><br />
fantasia masculina <strong>da</strong> lesbian chic. Heller (2006) chama atenção para esse paradoxo: <strong>de</strong><br />
um lado, a série oferece diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural, mas <strong>de</strong> outro está afina<strong>da</strong> com a indústria<br />
televisiva, em que predominam as mulheres mais femininas.<br />
A respeito disso, Vencato (2005) <strong>de</strong>staca que a ausência <strong>da</strong> representação <strong>de</strong> lésbicas<br />
masculiniza<strong>da</strong>s surtiu pouco efeito no Brasil, pois a maioria acreditou ser bom ver lésbicas<br />
bonitas e bem resolvi<strong>da</strong>s na televisão, uma vez que o imaginário social as consi<strong>de</strong>rava<br />
<strong>de</strong>scui<strong>da</strong><strong>da</strong>s, masculiniza<strong>da</strong>s e mal ama<strong>da</strong>s.<br />
Figura 8 – As personagens: lésbicas e lin<strong>da</strong>s<br />
Wolfe e Roripaugh (2006), por sua vez, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que <strong>The</strong> L <strong>Word</strong> se submeteu a uma es-<br />
pécie <strong>de</strong> pacto <strong>de</strong> Fausto, trocando a conquista <strong>da</strong> visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> lésbica no broadcasting pelo<br />
reforço <strong>de</strong> valores interessantes a patrocinadores, como dinheiro e beleza. Por outro lado,<br />
Heller <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a série “persistentemente <strong>de</strong>smantela a dinâmica social convencional,<br />
mostrando caminhos que mu<strong>da</strong>m pressupostos sobre prazer, política e po<strong>de</strong>r” (HELLER,<br />
2006, p. 63, tradução nossa) 28 . Para exemplificar, lembra <strong>da</strong> passagem em que Tim flagra<br />
Jenny e Marina fazendo sexo oral, o que, nos padrões <strong>da</strong> indústria pornográfica, o excitaria.<br />
Entretanto, ao fazer sexo com Jenny horas <strong>de</strong>pois, ele não consegue ter uma ereção.<br />
Também Chambers (2006) aponta esse dilema em <strong>The</strong> L <strong>Word</strong>. Para ele, a série ganha<br />
pontos ao trazer tantas personagens lésbicas. Entretanto, sua avaliação é a <strong>de</strong> que o gru-<br />
28 “...<strong>The</strong> L <strong>Word</strong> persistently dismantles the conventional social dynamics of looking in ways that challenge<br />
typical assumptions about pleasure, politics and power.”<br />
– eLas por eLas 57