DEFIL - Diss - Ana Augusta Carneiro de Andrade Araujo - Ufop
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enquanto ser humano que sente, é informação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. O autoconhecimento tem valor<br />
inestimável <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antiguida<strong>de</strong>. E, parece-nos, que R.G. Collingwood procura vincular a<br />
i<strong>de</strong>ntificação da arte à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações que as emoções conseguem comunicar.<br />
Enfim, a verda<strong>de</strong>ira arte é aquela que torna as emoções do homem, antes <strong>de</strong>sconhecidas,<br />
numa expressão cognitivamente esclarecida 42 . Conforme o artista produz sua obra, vai se<br />
inteirando ou conhecendo sua própria consciência, suas formas <strong>de</strong> perceber o mundo, seus<br />
mistérios. Produzir uma obra <strong>de</strong> arte verda<strong>de</strong>ira é refinar, clarificar e articular uma informação<br />
contribuinte para o conhecimento <strong>de</strong> todos através das emoções 43 . Conforme a obra vai ficando<br />
pronta é que se <strong>de</strong>svela aquilo que ela preten<strong>de</strong>, nada é planejado, todo o processo é autêntico e<br />
espontâneo.<br />
Como dissemos, há embutida nesta concepção a idéia <strong>de</strong> que arte para ser genuína tem <strong>de</strong><br />
ser autêntica e carregar a marca registrada do artista. Tanto é assim, que a teoria <strong>de</strong>staca a<br />
diferenciação entre arte e ofício (craft) 44 . Ofício envolve planejamento e execução, o que implica<br />
distinção entre meios e fins. Ofício é aquilo que resulta <strong>de</strong> uma concepção pré-<strong>de</strong>finida em sua<br />
produção e possui um objetivo <strong>de</strong>finido. Ou seja, é um produto e não arte. E nos produtos:<br />
“I<strong>de</strong>almente, as emoções são dirigidas para ações socialmente apropriadas” 45 .<br />
Collingwood não compreen<strong>de</strong> uma arte <strong>de</strong>sconectada do artista, produzida para outros<br />
fins distintos do refinamento da consciência e da aquisição <strong>de</strong> conhecimento. A arte tem <strong>de</strong><br />
resultar das emoções humanas e não po<strong>de</strong> ter um propósito pré-estabelecido. O artista até po<strong>de</strong><br />
usar <strong>de</strong> técnica que facilite sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressar emoção, mas não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar<br />
42<br />
COLLINGWOOD, 1958, p. 109-110.<br />
43<br />
COSTA, 2005.<br />
44<br />
Entendida aqui como aquilo a que erroneamente se chama arte ou uma tentativa fracassada <strong>de</strong> fazer arte.<br />
45 WARBURTON, 2007, p. 65.<br />
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